Filosofia não ensina a pensar introduz a suspeita qual imagem melhor representa tal afirmação

Questão 1

O filósofo contemporâneo Peter Singer argumenta que cada indivíduo no mundo tem responsabilidade ética diante do sofrimento pela fome dos demais indivíduos. A omissão e a falta de ações efetivas na distribuição das riquezas por parte dos governos, das empresas, dos indivíduos fazem que aqueles que vivem nos países mais pobres sofram com a miséria, a doença, a morte. Para ele, permitir que alguém morra não é intrinsecamente diferente de matar alguém. As diferenças entre essas atitudes são meramente externas e não nos eximem da responsabilidade ética diante do sofrimento dos demais indivíduos. Acerca dos conceitos de justiça distributiva e da responsabilidade social no pensamento contemporâneo, assinale o que for correto.

01) Segundo a visão liberal clássica, a preocupação com as consequências éticas das atividades econômicas seria um obstáculo à eficiência dos negócios. A economia não poderia, portanto, ser gerida com base em virtudes morais.

02) De acordo com Peter Singer, o mundo é capaz de produzir alimento suficiente para todos os seus habitantes, porém populações sofrem de fome e de desnutrição devido à má distribuição dos recursos.

04) As posturas éticas adotadas pelas empresas em suas atividades econômicas são baseadas nas decisões morais livres de seus dirigentes.

08) O indivíduo tem a responsabilidade ética de calcular as consequências de suas ações e de suas omissões antes de tomar quaisquer decisões.

16) Uma das diferenças externas entre “matar” e “deixar morrer” é o fato de que é mais difícil obedecer ao princípio ético de que sempre devemos salvar todas as vidas possíveis do que obedecer ao princípio de que nunca devemos matar pessoas.

Resposta: 1 + 2 + 16.

Questão 2

O período da história da filosofia grega que cobre os séculos V e IV a.C. é entendido como o despertar de um ideal consciente de educação e cultura. Dele fazem parte, além de Sócrates e de seu discípulo Platão, os chamados sofistas. A propósito dos sofistas, assinale o que for correto.

01) Os sofistas foram responsáveis pelo desenvolvimento da reflexão antropológica e da reflexão ética na filosofia.

02) Os sofistas foram os mestres da nova areté (virtude, excelência) política, e o instrumento desse processo foi a retórica.

04) Os sofistas eram comumente vistos como especialistas do pensamento e não propriamente como filósofos.

08) Sócrates adotou uma postura bastante complacente com os sofistas na Atenas do século V a.C.

16) Ao afirmar que “o homem é a medida do que é e do que não é”, Protágoras confirmou o papel do subjetivismo na sua concepção filosófica.

Resposta: 1 + 2 + 4 +16.

Questão 3

“Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural. É um fato que estes princípios naturalmente inatos à razão humana são absolutamente verdadeiros; são tão verdadeiros, que chega a ser impossível pensar que possam ser falsos. Tampouco é possível considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que Deus confirmou de maneira tão evidente. Já que só o falso constitui o contrário do verdadeiro, […] é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios que a razão humana conhece em virtude de suas forças naturais. […] Todavia, já que a palavra de Deus ultrapassa o entendimento, alguns acreditam que ela esteja em contradição com ele. Isto não pode ocorrer.”

(AQUINO, T. de. Suma contra os gentios. Apud ARANHA, M. L de. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2ª ed. p. 103).

A partir do texto citado e de conhecimentos do pensamento filosófico de Tomás de Aquino, assinale o que for correto.

01) Fé e razão não se opõem, porque seus princípios são verdadeiros.

02) Tomás de Aquino tomou por tarefa compatibilizar, a partir da relação fé e razão, a filosofia aristotélica com a verdade cristã.

04) O âmbito do racionalmente demonstrável é restrito se comparado com a imensidão dos mistérios divinos.

08) Para Tomás de Aquino, o conteúdo da fé é revelado por Deus aos homens, segundo a sua sabedoria.

16) A existência de Deus para Tomás de Aquino é tão somente afirmada pela fé, jamais reconhecida pela razão.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8.

Questão 4

“O que chamamos aqui saber é conhecer por meio da demonstração. Por demonstração entendo o silogismo científico e chamo científico um silogismo cuja posse constitui para nós a ciência [….]; é necessário também que a ciência demonstrativa parta de premissas que sejam verdadeiras, primeiras, imediatas, mais conhecidas que a conclusão, anteriores a ela e causa dela. [….] Um silogismo pode seguramente existir sem essas condições, mas não será uma demonstração, não será produtor de ciência.”

(ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In CHAUÍ, M. et alii. Primeira filosofia. Lições introdutórias. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 183 e 184).

Considerando o texto transcrito e conhecimentos da filosofia de Aristóteles, assinale o que for correto.

01) O que se caracteriza como teoria do conhecimento para Aristóteles está estritamente vinculado à lógica.

02) O silogismo se caracteriza pela extração de conhecimentos particulares de outros conhecimentos mais gerais e anteriores.

04) A dedução é a característica básica da concepção aristotélica de ciência.

08) O saber obtido através do raciocínio dedutivo não parte de um conhecimento preexistente.

16) Para Aristóteles silogismo científico é “mediato e necessário”.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16.

Questão 5

“A alienação social se exprime numa teoria do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida. […] A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideia

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 218).

Acerca do conceito de ideologia e de suas formas de proceder, assinale o que for correto.

01) Como forma de conhecimento por meio do senso comum, a ideologia é um discurso crítico às teses científicas predominantes nas ciências sociais e exatas.

02) Uma ideologia procede por meio de “inversão” de causas e efeitos quando afirma, por exemplo, que mulheres devem ser submissas aos homens porque isso seria natural, tomando aquilo que é o efeito de condições históricas e sociais contingentes como a justificativa para essa própria organização social.

04) Um discurso ideológico é caracterizado pela lógica e pela coerência interna de seus argumentos, ainda que suas proposições não possam ser consideradas corretas.

08) A ideologia produz o imaginário social ao representar a experiência social imediata como um conjunto de normas e explicações para as relações sociais. Aquilo “que todo mundo faz” constitui o comportamento “normal”, “correto”, sem que se questionem suas razões.

16) A diversidade das posições ideológicas indica que os indivíduos são livres para aderirem às visões de mundo que melhor correspondem às suas preferências.

Resposta: 2 + 8.

Questão 6

“Concebei agora, se quiserdes, que a pedra, enquanto continua a mover-se, saiba e pense que se esforça tanto quanto pode para continuar a mover-se. Seguramente, essa pedra, visto não ser consciente senão de seu esforço e não ser indiferente, acreditará ser livre e perseverar no movimento apenas porque quer. É essa a tal liberdade humana que todos se jactam de possuir e que consiste apenas em que os seres humanos são cônscios [conscientes] de seus apetites [desejos], mas ignorantes das causas que os determinam. É assim que uma criança crê apetecer livremente o leite; um rapazinho, se irritado, querer vingar-se, mas fugir quando intimidado.”

(ESPINOSA. Carta 58. Apud SAVIAN FILHO, J. Filosofia e filosofias. Existência e sentido. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 213).

A partir do fragmento citado e do pensamento ético de Espinosa, assinale o que for correto.

01) A passagem acima aponta a crítica de Espinosa à concepção tradicional de livre-arbítrio.

02) A imagem da pedra, segundo o texto, sugere que o seu “querer” provém de sua “consciência”.

04) O homem, para Espinosa, imagina-se livre porque acredita que é a origem ou o princípio de suas ações.

08) Para Espinosa, as paixões ou os desejos não influenciam na tomada de nossas decisões.

16) Espinosa defende uma definição de liberdade na qual existe a possibilidade de cooperação entre razão e paixão.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 16.

Questão 7

“No século XX, a humanidade passou a se preocupar cada vez mais com a preservação dos recursos naturais e as questões ambientais em geral. Segundo o filósofo Bruno Latour, um problema ecológico é um híbrido, pois não envolve apenas uma ciência ou um conjunto de ciências; tem também um aspecto político. Por essa razão, Latour fala em ‘políticas da natureza’: já não basta produzir uma ciência, um conhecimento da natureza, é necessário também construir ações políticas na relação entre o ser humano e a natureza.”

(GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p. 283). A partir das noções de ética ambiental e das relações entre o ser humano e a natureza, assinale o que for correto.

01) A partir da revolução científica no início do período Moderno, o conhecimento dos fenômenos naturais levou o ser humano a uma convivência harmoniosa com a natureza.

02) A noção de “direito natural”, que emerge na filosofia política da Modernidade, diz respeito somente à natureza humana e não considera digno de direitos o mundo natural.

04) A ética ambiental critica o antropocentrismo, isto é, a ideia de que o ser humano ocupa lugar central na natureza em relação aos demais seres vivos.

08) A ética ambiental contemporânea prescreve que as relações entre o ser humano e a natureza devem ser estabelecidas na forma de leis.

16) Na ética contemporânea, a teoria da responsabilidade propõe que é dever do ser humano agir de maneira compatível com a permanência da vida humana e com a conservação do planeta.

Resposta: 2 + 4 + 16.

Questão 8

“Não há ninguém tão jovem e inexperiente que não tenha formado, a partir da observação, muitas máximas gerais e corretas relativas aos assuntos humanos e à conduta da vida; mas deve-se confessar que, quando chega a hora de pô-las em prática, um homem estará extremamente propenso a erros até que o tempo e as experiências adicionais venham a expandir essas máximas e ensinar-lhe seu adequado uso e aplicação. […] A verdade é que um raciocinador inexperiente não poderia de forma alguma raciocinar se lhe faltasse por completo a experiência; e, quando dizemos que alguém é inexperiente estamos aplicando essa denominação num sentido apenas comparativo e supondo que ele possui experiência em um grau menor e mais imperfeito.”

(HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. In FIGUEIREDO, V. B. de. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2013, p. 336).

Com base no fragmento transcrito e em conhecimentos sobre a filosofia de Hume, assinale o que for correto.

01) Hume, no fragmento, contrapõe-se aos filósofos que defendem o poder da razão em estabelecer verdades.

02) A importância dada à temporalidade é condição para formar as máximas gerais e corretas do nosso agir.

04) Para Hume a experiência não é determinante para a elaboração de nossas regras de conduta pois podemos nos equivocar sobre o que sentimos.

08) Em assuntos de moral e de teoria do conhecimento, Hume é considerado um empirista.

16) De acordo com a filosofia moral de Hume, o tempo é a condição para o adequado uso e para a adequada aplicação das regras morais por parte do homem.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16.

Questão 9

Na obra Discurso do método, René Descartes, filósofo francês do século XVII, propõe quatro regras que esclarecem a forma como a liberdade do arbítrio deve ser disciplinada segundo a razão, a fim de se aplicar na tarefa de separar os juízos verdadeiros dos juízos falsos, e, com isso, realizar o projeto do conhecimento humano a partir de fundamentos sólidos. De acordo com o pensamento de Descartes, assinale o que for correto.

01) Uma das quatro regras do método cartesiano afirma que só se deve aceitar alguma coisa como verdadeira se não houver causa para dela duvidar.

02) A filosofia de Descartes é uma forma de ceticismo, porque propõe suspender o juízo sobre a existência do mundo exterior.

04) O método cartesiano pressupõe que todo problema verdadeiro tem uma solução, porque, sendo o mundo racional, deve ser sempre possível descobrir as razões que nele se encontram.

08) A quarta e última regra do método cartesiano estipula que se deve garantir a correta aplicação das regras anteriores a um problema por meio da revisão exaustiva de todos os passos de sua solução.

16) O uso disciplinado da razão exige que a construção do conhecimento comece com os objetos mais complexos para decompô-los em seus elementos mais simples.

Resposta: 1 + 4 + 8.

Questão 10

Considere os seguintes argumentos

a) Todos os silogismos são inferências triviais distantes da experiência cotidiana.

b) Nenhuma inferência trivial distante da experiência cotidiana vale a pena ser estudada.

c) Portanto, nenhum silogismo vale a pena ser estudado.

d) Todo conhecimento verdadeiro é formado por argumentos válidos.

e) Todos os argumentos válidos são silogismos.

f) Portanto, todos os silogismos são conhecimentos verdadeiros.

De acordo com os princípios da lógica silogística, assinale o que for correto.

01) O argumento “1” é dedutivo, enquanto o argumento “2” é indutivo.

02) Os argumentos “1” e “2” são ambos válidos, pois suas respectivas premissas são verdadeiras.

04) A partir de duas premissas afirmativas, tais como as premissas “d” e “e” do argumento “2”, não é possível inferir uma conclusão negativa.

08) A premissa “a” é uma sentença universal afirmativa, e a premissa “b” é uma sentença universal negativa.

16) Os argumentos “1” e “2” são contraditórios entre si.

Resposta: 4 + 8.

Questão 11

O argumento de autoridade, também chamado pelo termo em latim de argumento ad verecundiam (isto é, argumento por “respeito” ou “reverência”), é um tipo de argumento que apela a uma autoridade em um determinado assunto, reconhecida pelo público a quem nos dirigimos, para provar que nossas afirmações são verdadeiras. A partir da noção do argumento de autoridade e de seus usos, assinale o que for correto.

01) Um argumento de autoridade não é dedutivo, porque sua conclusão não segue necessariamente suas premissas.

02) Ao apelar a autoridades reconhecidas em determinados assuntos, argumentos de autoridade têm usos legítimos para fins de convencimento dos interlocutores.

04) Argumentos de autoridade são válidos à medida que citam um determinado indivíduo para sustentar uma tese; são falaciosos quando não identificam a fonte de suas afirmações.

08) Porque os argumentos de autoridade refletem diferentes perspectivas e visões de mundo, eles não podem ser utilizados em contextos científicos, os quais exigem o uso de argumentos cujas premissas devem ser universalmente verdadeiras.

16) Os argumentos de autoridade seguem princípios éticos, porque exigem o respeito às leis e às autoridades em geral.

Resposta: 1 + 2.

Questão 12

“[….] uma observação que deverá servir de base a todo sistema social: o pacto fundamental, em lugar de destruir a igualdade natural, pelo contrário substitui por uma igualdade moral e legítima aquilo que a natureza poderia trazer de desigualdade física entre os homens, os quais, podendo ser desiguais na força ou no gênio, todos se tornam iguais por convenção e direito. Afirmo, pois, que a soberania, não sendo senão o exercício da vontade geral, jamais pode alienar-se, e que o soberano, que nada é senão um ser coletivo, só pode ser representado por si mesmo. O poder pode transmitir-se; não, porém, a vontade.”

(ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. Apud ARANHA, M. L. de A. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993, p. 229).

A partir desse fragmento e do pensamento político de Rousseau, assinale o que for correto.

01) O contrato social para Rousseau se origina do consentimento unânime, em que cada associado se aliena de todos os seus direitos.

02) Ao alienar-se em favor da comunidade, cada associado nada perde, pois, como povo incorporado, mantém sua soberania.

04) A soberania do povo para Rousseau é inalienável, ou seja, não pode ser representada.

08) Como a vontade geral é a soma da vontade de todos (considerados individualmente), ela não pode ser a expressão da lei.

16) O homem, no pensamento político de Rousseau, é livre na medida em que oferece o livre consentimento à lei.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16.

Questão 13

O positivismo, tal como formulado em meados do século XIX, estabeleceu critérios rígidos para o domínio da ciência, mesmo para as chamadas ciências humanas, as quais compartilhavam nessa época o pressuposto metodológico de que os fatos humanos deviam ser observados como coisas. A respeito do positivismo nas ciências humanas, especialmente no campo da psicologia, assinale o que for correto.

01) A psicologia surgiu como ciência no final do século XIX, relacionada com problemas da psicofísica.

02) A psicologia, em seus primórdios, principalmente com Wilhelm Wundt, desenvolveu um método no qual imita a fisiologia.

04) A fenomenologia representou, nos campos da filosofia e da psicologia, uma reação crítica ao positivismo.

08) A psicologia behaviorista, entendida como comportamentalista, adota o princípio do positivismo para ser considerada uma ciência.

16) A psicologia do tipo comportamental reconhece como fundamental o papel dos instintos e da inteligência inata para a compreensão do ser humano.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8.

Questão 14

Acerca da relação entre o conhecimento e a experiência estética, assinale o que for correto.

01) A intuição estética é uma espécie de conhecimento pela qual se apreendem aspectos inteligíveis dos objetos.

02) O pintor é capaz de expressar em sua obra determinados sentimentos por meio do uso de cores e de traços, assim como o músico o faz por meio do ritmo e da melodia.

04) Embora o artista compreenda o sentido de sua própria obra de arte intuitivamente, é preciso que o crítico de arte traduza a linguagem simbólica da obra para a linguagem verbal, a fim de que o público a compreenda.

08) As tradições mitológicas e cosmológicas do mundo antigo não podem ser atribuídas à intuição de um artista, motivo pelo qual não são capazes de expressar uma compreensão da estrutura do mundo para além da mera aparência.

16) A intuição artística da forma organizadora do mundo tem a função pedagógica de ensinar determinadas visões de mundo ao público.

Resposta: 2.

Questão 15

A partir do fragmento e das teses tradicionais sobre a estética, considere a relação entre a obra de arte e a natureza, e assinale o que for correto.

01) A arte não figurativa, tal como a pintura abstrata, não imita aspectos sensíveis da natureza, porém imita princípios e conceitos segundo os quais a natureza se organiza.

02) A intuição estética é característica das formas artísticas que dependem da imaginação do artista, como a pintura e a escultura; não é característica de formas naturalistas, como o teatro e a fotografia.

04) Para Aristóteles, a mimese artística não imita primariamente os aspectos sensíveis da natureza, mas sim o ato mesmo da criação ou da produção das coisas.

08) Segundo Kant, o sentimento do sublime, que eleva a alma acima do lugar-comum vulgar, é despertado pela experiência dos grandiosos espetáculos da natureza, revelando o belo natural como superior ao belo artístico.

16) Para Platão, as formas artísticas que apresentam meras cópias de aspectos sensíveis não são capazes de levar ao entendimento da ordem racional do mundo.

Resposta: 4 + 8 + 16.

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Questão 1

Sócrates admitia a Filosofia em uma dimensão ética, voltada para melhorar a vida humana. O seu modo de filosofar se identificava com o questionamento: um diálogo travado com seus interlocutores a fim de saber se era sólido aquilo em que acreditavam. A partir da filosofia socrática, exposta por Platão, assinale a alternativa correta.

01) Sócrates se vale da chamada ironia como pano de fundo de seus diálogos.

02) Sócrates mostra a seus interlocutores que eles nada sabiam dos assuntos que acreditavam conhecer.

04) O conhecimento adquirido não é assimilação de coisas desconhecidas, mas a maneira de relacionar coisas já conhecidas.

08) A estrutura argumentativa de Sócrates em seus diálogos, como é exposta por Platão, conduz ao ceticismo.

16) Alguns dos acusadores que levaram à condenação de Sócrates eram homens de letras, comediógrafos, poetas.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 2

No período do idealismo alemão, entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, pensadores como Hölderlin e Schelling defendiam a tese de que a experiência estética seria capaz de revelar a identidade entre a atividade livre do espírito e a necessidade das leis que regem os fenômenos naturais, ou seja, revelar um fundamento único para o âmbito da moral e para o âmbito do conhecimento teórico. Acerca da experiência estética no período do idealismo alemão, assinale o que for correto.

01) Segundo Schelling, a obra de arte tem caráter simbólico porque é capaz de revelar ideias universais na forma do objeto de arte particular.

02) Durante o período do idealismo alemão, percebe-se um renascimento das teses medievais acerca da relação entre arte, religião e ciência.

04) O gênio artístico é a capacidade inata do criador de estabelecer regras para a produção do objeto de arte.

08) Os pensadores do período defendiam a necessidade de uma educação estética como forma de promover a autonomia do indivíduo.

16) Immanuel Kant propôs que o sentimento estético do sublime permitiria a intuição da coisa-em-si.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 3

Tomás de Aquino, teólogo e frade dominicano do século XIII, desenvolveu no início de sua obra Suma teológica, uma reflexão sobre Deus (acerca de sua existência e de seus atributos), que se constitui um dos capítulos essenciais da história da metafísica. A partir do pensamento de Tomás de Aquino e do sentido do termo “metafísica”, assinale o que for correto.

01) A existência de Deus não é algo evidente por si mesmo, daí a necessidade de provar a sua existência.

02) A metafísica, ao tratar sobre Deus, não se confunde com a experiência religiosa de Deus.

04) A metafísica nos apresenta uma reflexão sobre o ser das coisas, especialmente sobre o ser primeiro.

08) A metafísica, tal como desenvolvida por Tomás de Aquino, faz uma abordagem filosófica que tem seu início na consciência pessoal.

16) A noção de causa eficiente é um argumento central para Tomás de Aquino mostrar que Deus é considerado a primeira causa.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 4

No domínio do conhecimento, Descartes aponta duas atitudes que estão na origem do erro: a prevenção e a precipitação. Acerca da teoria do conhecimento de Descartes, como expressa no Discurso do método, assinale o que for correto.

01) Prevenção é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e pelas ideias alheias.

02) Precipitação é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas ideias são verdadeiras ou não.

04) O erro também está relacionado com o conhecimento puramente intelectual, que tem como ponto de partida as ideias inatas.

08) Descartes considera necessária a reforma do entendimento e das ciências para se alcançar o conhecimento certo e seguro.

16) A reforma do entendimento e das ciências implica, segundo Descartes, reformas sociais e políticas.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 5

Segundo Maurice Merleau-Ponty, filósofo do século XX, a experiência do corpo próprio revela-nos um modo de existência ambíguo, pois se o corpo é pensado como um conjunto de processos em terceira pessoa, tais como “visão”, “motricidade”, “sexualidade”, percebe-se que essas “funções” estão implicadas confusamente uma na outra, e não podem estar ligadas entre si por relações de causalidade. (Cf. ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003, p. 333). Por sua vez, Espinosa, filósofo do século XVII, afirma que nem o corpo pode determinar a alma a pensar, nem a alma determinar o corpo ao movimento ou ao repouso, porque o que determina a alma a pensar é um modo do pensamento e não da extensão, quer dizer, não é um corpo, e, por outro lado, o movimento ou repouso do corpo deve vir de outro corpo, e não pode provir da alma, que é um modo de pensar. (Cf. ESPINOSA, B. Ética, III, proposição II. Trad. J. F. Gomes. São Paulo: Abril, 1973, p. 185).

Com base no exposto, assinale o que for correto.

01) Para Espinosa não há relação alguma de causalidade entre alma e corpo.

02) Merleau-Ponty não aceita a ideia segundo a qual o corpo seria a soma de partes sem interior.

04) As filosofias de Espinosa (século XVII) e de Merleau-Ponty (século XX) visam superar a dicotomia entre alma e corpo.

08) O corpo é, para a fenomenologia de Merleau-Ponty, parte integrante da totalidade do ser humano: eu sou meu corpo.

16) Na filosofia de Espinosa o corpo é passivo, e a alma, por sua vez, é ativa.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 8 = 15.

Questão 6

“Em uma de suas principais obras, A república, ele [Platão] desenvolveu ideias sobre um Estado ideal. Em outras palavras, refletiu sobre a melhor maneira de chegar a um Estado perfeito, no qual imperasse a justiça para todos. O Estado perfeito e justo só poderia ser atingido por meio da educação dos cidadãos. Platão acreditava que os sucessivos fracassos dos regimes e governos em Atenas eram decorrentes principalmente do despreparo dos governantes e da falta de respeito pela ordem natural das classes sociais.” (MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em Filosofia. São Paulo: Moderna, 2013, p. 369).

Acerca da filosofia política de Platão, assinale o que for correto.

01) Segundo Platão, o governo da cidade justa deve ser exercido por aqueles que alcançam a excelência em suas respectivas profissões, como o mercador, o artesão, o filósofo.

02) A autoridade dos governantes da cidade ideal pensada por Platão é derivada de sua capacidade e de sua preparação para servir e aplicar leis justas.

04) No diálogo A república, de Platão, a personagem Sócrates procura refutar a tese do sofista Trasímaco de que a justiça é aquilo que convém ao mais forte, pois essa concepção leva a um governo injusto.

08) Platão propõe que a estrutura da cidade ideal é análoga à estrutura da alma humana.

16) Porque o governante da cidade ideal se dedica ao Bem, os seus desejos particulares devem se sobrepor àqueles dos demais cidadãos, pois expressam os interesses mais justos.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 7

O pensamento ético de Sêneca a respeito das paixões apresenta quatro ideias fundamentais: 1) as paixões (fortes ou fracas) não são obedientes à razão; 2) as paixões estão na origem de certos vícios, como a avareza e a crueldade; 3) se não podemos evitar as paixões, não podemos controlar seu grau de intensidade; 4) tudo que é nocivo não pode ter uma justa medida, uma medida equilibrada. (Cf. FIGUEIREDO, V. (Org). Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2013, p. 61 e 62). A respeito dos temas da paixão e da virtude na ética de Sêneca e na Antiguidade Clássica, assinale o que for correto.

01) Sêneca se opõe à ideia de que devemos moderar ou atenuar as paixões.

02) O homem virtuoso é aquele no qual as paixões estão ausentes.

04) Sêneca possui a mesma compreensão da noção de virtude estabelecida por Aristóteles.

08) Os vícios são, para Sêneca, doenças da alma.

16) Paixão é a inclinação da alma fixada em um hábito e decorrente de um assentimento.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 8

O filósofo inglês John Locke (século XVII) propôs que a alma é como uma “tábula rasa”, ou seja, como um papel em branco que não possui ideias inatas, adquirindo conhecimento somente por meio da experiência. Segundo o empirismo de Locke, assinale o que for correto.

01) A sensação é a faculdade por meio da qual os estímulos externos produzem em nós qualidades primárias, como a percepção do movimento, e qualidades secundárias, como a percepção do calor.

02) As ideias simples são formadas a partir da percepção das qualidades universais, tais como “cor azul”, “círculo”, “solidez”, a partir das quais as ideias complexas são formadas.

04) No campo da moral, Locke defendeu uma ética baseada na reflexão acerca dos motivos de nossas ações a partir de seus resultados observáveis.

08) A linguagem é um sistema simbólico construído de maneira independente das sensações, as quais constituem as ideias.

16) Para Locke, embora o conhecimento de nós mesmos e de Deus seja certo, o conhecimento da existência das coisas fora de nós, que dependem do testemunho dos nossos sentidos, é somente provável.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 9

“‘Não faças o que não gostarias que te fizessem’. Ora não se percebe como, de acordo com esse princípio, um homem poderia dizer a outro: ‘Acredita no que acredito, ou morrerás’. É o que dizem, porém, em Portugal, na Espanha, em Goa. […] Se fosse direito humano conduzir-se dessa forma, caberia então que o japonês detestasse o chinês, o qual execraria o siamês. […] O direito da intolerância é, pois, absurdo e bárbaro; é o direito dos tigres, e bem mais horrível, pois os tigres só atacam para comer, enquanto nós exterminamo-nos por parágrafos.” (VOLTAIRE, Tratado sobre a intolerância. In: FIGUEIREDO, V. B. de. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2013, p. 219 e 220). Com base no texto acima e no pensamento de Voltaire, assinale o que for correto.

01) O contexto histórico do Tratado sobre a intolerância remete ao conflito religioso entre protestantes e católicos franceses no século XVIII.

02) Voltaire defende a tese de que a intolerância não se funda nem no direito natural, nem no direito humano.

04) O respeito pelas opiniões e pelas crenças alheias equivale necessariamente a concordar com elas.

08) O fanatismo religioso, uma verdadeira doença do espírito, devia ser submetido à razão.

16) Para Voltaire, o imperativo “não faças o que não gostarias que te fizessem” é o fundamento tanto do direito natural quanto do direito humano.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 10

Michel Foucault, em As palavras e as coisas e em A arqueologia do saber, critica a noção dominante da história como uma sucessão contínua e progressiva de acontecimentos, regidos por finalidades determinadas que poderiam ser investigadas sistematicamente. Acerca das críticas de Foucault à organização tradicional das formas de saber, assinale o que for correto.

01) As ciências históricas se distinguem das ciências naturais porque estas se baseiam em princípios necessários e universais válidos.

02) As relações de poder, os mecanismos de controle e as formas de normalização dos comportamentos humanos constituem as diferentes estruturas do saber em cada época.

04) As condições materiais da sociedade, segundo Foucault, determinam as relações entre indivíduos e conduzem a mudanças históricas.

08) Instituições como hospícios e prisões são formas de excluir os indivíduos das relações sociais, enquanto escolas e quartéis são formas de inclusão na sociedade.

16) O método arqueológico proposto por Foucault compara formas discursivas de diferentes épocas sobre um mesmo assunto, mostrando as rupturas entre elas.

Resposta: 2 + 16 = 18.

Questão 11

“Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam a algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política.” (ARISTÓTELES. Política. Livro I, cap. 1, 1252a. Trad. Mário da Gama Kury. Brasília: Editora da UNB, 1985). Com base no texto acima e no pensamento político de Aristóteles, assinale o que for correto.

01) O bem próprio almejado pela comunidade política é o bem soberano.

02) O homem é um animal político por natureza, isto é, é de sua natureza buscar a vida em comunidade.

04) A comunidade política se distingue da família e da aldeia (vida social) pelo tipo de poder próprio a cada uma delas.

08) Para Aristóteles, o tema da felicidade humana não faz parte da reflexão específica da comunidade política.

16) O Estado (politeia) está sujeito ao perecimento, à corrupção e, por isso, para cada regime político há o seu contrário.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 12

O seguinte argumento é composto por dois silogismos simples:

a) Tudo aquilo que tem uma causa tem um começo no tempo.

b) Tudo aquilo que está em movimento tem uma causa.

c) Tudo o que está em movimento tem um começo no tempo.

d) O mundo está em movimento.

e) Portanto o mundo tem um começo no tempo.

A partir de noções da lógica silogística, assinale o que for correto.

01) A proposição “Tudo o que está em movimento tem um começo no tempo.” é, ao mesmo tempo, conclusão do primeiro silogismo e premissa do segundo silogismo que compõe o argumento.

02) O argumento acima é uma falácia do tipo “petição de princípio”, pois suas premissas são teses que não podem ser comprovadas.

04) A partir das premissas “b” e “d” é possível construir um silogismo cuja conclusão válida é a proposição “o mundo tem uma causa”.

08) A conclusão “o mundo tem um começo no tempo” não é válida, considerando-se como premissas somente as proposições “a” e “b”.

16) A partir das premissas dadas, é válido concluir que “ter um começo no tempo” é causa do movimento.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 13

Segundo Benedito Nunes, o conceito de “expressão”, no sentido dos efeitos exteriores da consciência, é utilizado na estética moderna para explicar a natureza da arte. Segundo o autor, “A palidez é um sintoma do medo, como o rubor da face é um sintoma da cólera. Essas reações constituem a expressão espontânea das emoções com elas relacionadas, única espécie de linguagem natural para Darwin, comum aos animais e aos homens. Sob esse aspecto, a linguagem verbal, que utiliza signos artificiais, as palavras, nada mais seria do que um produto convencional do pensamento. De fato, as palavras, na antiga lição que vem de Aristóteles, estão em lugar das coisas que representam. Elas são “signos”, pertencendo a um gênero vasto e rico, no qual se acham incluídos todos aqueles elementos cuja função é assinalar, indicar, referir e representar.” (NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Editora Ática, 2010, p. 73 e 74). Acerca da arte como expressão da experiência, assinale o que for correto.

01) Para a fenomenologia, os significados são inerentes às próprias palavras que os expressam, de forma que o signo e aquilo que ele indica não estão separados; constituem um mesmo objeto intencional.

02) Formas artísticas como a fotografia e o cinema não podem ser simbólicas, pois expressam a realidade tal como ela é, de maneira naturalista.

04) O juízo de gosto não produz conhecimento sobre um objeto, porém expressa o prazer decorrente da apreciação do belo.

08) A exemplaridade da obra de arte implica a capacidade do artista de criar convenções e regras que servirão de modelo para outros artistas.

16) Porque as palavras são signos que se referem a coisas, as formas poéticas não podem representar objetos cuja existência não pode ser verificada pelos sentidos.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 14

A Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas é um documento que foi promulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2007, com a aprovação inicial de  144 países, inclusive o Brasil. O objetivo dessa declaração é estabelecer um padrão importante para o tratamento dos povos indígenas, servindo como embasamento para eliminar as violações dos direitos humanos dos povos indígenas e auxiliá-los no combate à discriminação e à marginalização. A Declaração contempla direitos individuais, coletivos, culturais e educacionais, assegurando saúde, emprego e o uso da língua, entre outros. O documento afirma que os povos indígenas têm direito de desfrutar individual e coletivamente todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais, reconhecidas na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nas leis internacionais sobre direitos humanos. Acerca da temática dos direitos humanos, assinale o que for correto.

01) A Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela Assembleia Geral da ONU, passou a valer como lei para todos os países membros da organização.

02) A Declaração reconhece tanto os direitos humanos considerados de primeira geração quanto os direitos civis e políticos dos indivíduos; reconhece também os direitos considerados de segunda geração, de natureza econômica, social e cultural, tais como o direito à educação e à habitação.

04) A Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas inclui o direito à autodeterminação, ou seja, os povos indígenas têm o direito de determinar livremente seu status político e de buscar seu desenvolvimento econômico, social e cultural.

08) O conceito de indivisibilidade dos direitos humanos significa que todos os direitos são inerentes à dignidade humana e interdependentes, e não podem ser separados. A negação de um direito significa a obstrução de todos os demais.

16) Apesar do reconhecimento do princípio da soberania e da autodeterminação política dos povos, os acordos internacionais sobre os direitos humanos preveem que o indivíduo pode recorrer a organismos internacionais para se defender contra atos do próprio Estado do qual é cidadão.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 15

A lógica aristotélica está baseada nos princípios de identidade, de não contradição e do terceiro excluído. Esses princípios sustentam as relações possíveis entre proposições descritas no diagrama denominado “quadrado de oposições”. Acerca dos princípios da lógica aristotélica, assinale o que for correto.

01) As proposições “alguns seres humanos são corajosos” e “alguns seres humanos não são corajosos” podem ser ambas falsas ou verdadeiras.

02) Proposições que dizem respeito a estados de coisas futuros, como “se chover amanhã, eu levarei um guarda-chuva”, não podem ser nem verdadeiras nem falsas.

04) Se a proposição “algumas árvores não dão frutos” é verdadeira, a proposição “todas as árvores dão frutos” é falsa.

08) Juízos universais, como “todo triângulo tem três lados” e “nenhum mamífero põe ovos”, são necessariamente verdadeiros.

16) O raciocínio: “todas as leis são criadas pelo Estado; portanto, a lei da gravidade foi criada pelo Estado”, é uma falácia, pois viola o princípio de identidade.

Resposta: 4 + 16 = 20.

Questão 1

A relação entre arte e natureza é discutida pelos filósofos desde Platão e Aristóteles. Para Platão, o artista é capaz de produzir somente cópias das ideias verdadeiras; portanto não podemos confiar nos produtos da arte para conhecer o que são as coisas. Para Aristóteles, a arte é capaz de imitar a realidade de tal forma que representa as coisas, os sentimentos e os fatos tais como são verdadeiramente, e não como meras cópias de coisas reais. Sobre a relação entre arte e natureza, assinale o que for correto.

01) Para Platão, a beleza está na relação harmônica entre as partes e o todo das coisas, e a beleza verdadeira, portanto, não é um aspecto sensível das coisas, porém é captada pelo intelecto.

02) Segundo Aristóteles, a arte é uma espécie de ciência, porque podemos distinguir os diferentes tipos de imitação, seus efeitos e as regras de construção das obras de arte.

04) Para ambos os pensadores, a arte somente é imitação da natureza quando representa seres e coisas que realmente existem; quando ela representa animais míticos como as
sereias ou o minotauro, ela é imaginativa, e não imitativa.

08) Para Platão, embora a ideia do belo esteja ligada à ideia do Bem, que é a ideia suprema, os poetas não são bons educadores, pois em suas obras eles visam somente as
coisas belas contingentes, e não o Bem em si.

16) Para Aristóteles, a arte imita as ações, e não somente aspectos sensíveis; por isso a música, por meio do ritmo e da melodia, e a tragédia, por meio das ações das personagens, são ambas imitações da natureza.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

Questão 2

A partir da publicação de A história da loucura, Foucault mostrou que o capitalismo exige mecanismos disciplinares para que seja mantida a ordem no âmbito do governo: trata-se de normalizar os indivíduos para que sejam aptos ao trabalho. Com base no pensamento de Foucault, assinale o que for correto.

01) Na história do Ocidente a partir do mundo moderno viu-se a progressiva medicalização da loucura e da existência humana.

02) A temática da medicalização constitui um poder que funciona de modo eficaz.

04) O marxismo fornece a Foucault referenciais e conceitos teóricos consistentes sobre o mundo do capitalismo.

08) As relações de poder na sociedade ocidental são complexas por conter um elemento extrajurídico que pesa sobre os indivíduos.

16) A loucura como doença mental é algo relativamente novo no Ocidente.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 3

A Filosofia ocupa um papel crítico no pensamento do jovem Marx. Trata-se da crítica ao estado não democrático e da crítica à religião, como se observa na Introdução de sua obra de 1844, Sobre a crítica da filosofia de Hegel. A respeito do pensamento político de Marx, assinale o que for correto.

01) Marx se insurge contra a monarquia prussiana e trabalha para a constituição de um Estado de Direito na Prússia.

02) Marx rompe com os hegelianos de esquerda ao defender uma democracia radical.

04) Ao colocar a Filosofia a serviço da História sua tarefa principal é desmascarar a autoalienação humana.

08) A crítica de Marx à religião não sofreu influência dos estudos de Feuerbach sobre o cristianismo.

16) A religião é o ópio do povo em uma sociedade opressora e desprovida de cidadania.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 4

A respeito do utilitarismo ético proveniente dos filósofos Jeremy Bentham e John Stuart Mill, assinale o que for correto.

01) O utilitarismo surgiu na Inglaterra no século XIX, onde florescia o capitalismo industrial.

02) O utilitarismo é uma versão moderna dos pensamentos cirenaico e epicurista.

04) A finalidade da ação humana é produzir a felicidade pelo prazer e pela ausência de dor.

08) A felicidade em si mesma não é nada; o que conta é o conjunto dos prazeres ou a ausência de dor.

16) O utilitarismo ético é uma das formas das teorias
deontológicas.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 5

A fenomenologia é uma tendência filosófica desenvolvida no início do século XX pelo alemão Edmund Husserl. Parte da ideia de que a consciência não é vazia ou sem conteúdo, mas é sempre consciência de algo, ou seja, a consciência é sempre intencional. Para compreendermos como podemos conhecer as coisas é preciso, portanto, investigar como ocorre essa atividade em que a consciência só existe em relação com as coisas, e as coisas só podem ser pensadas de acordo com o modo como aparecem para a consciência, isto é, como fenômenos. Acerca da fenomenologia, assinale o que for correto.

01) A fenomenologia é um tipo de filosofia empirista, pois seu objeto são as experiências vividas da consciência.

02) Para Husserl, a fenomenologia é uma filosofia transcendental, pois investiga as estruturas a priori que constituem a realidade.

04) O método fenomenológico de Husserl propõe suspender o juízo sobre a existência da realidade exterior à consciência.

08) A fenomenologia considera, ao contrário do que afirmava Kant, que as “coisas em si” são acessíveis para a consciência.

16) O objetivo da fenomenologia de Husserl é estabelecer critérios de distinção entre a verdade e a falsidade das proposições das ciências naturais.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 6

“Tales de Mileto, o primeiro a indagar estes problemas, disse que a água é a origem das coisas e que deus é aquela inteligência que tudo faz da água.” (Cícero, Da natureza dos deuses). “Princípio (arkhé) dos seres […] ele disse que era o ilimitado […]. Pois donde a geração é para os seres, é para onde também a corrupção se gera segundo o necessário; pois concedem eles mesmos justiça e deferência uns aos outros pela injustiça, segundo a ordenação do tempo.” (Anaximandro). In: CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 49-51).

A partir dos dois fragmentos acima, assinale o que for correto.

01) A água é, para Tales, expressão da vida, em que tudo se transforma e se conserva.

02) Tales não indagava sobre a qualidade ou coisa originária, mas qual é a qualidade ou coisa originária.

04) A physis (natureza), para Anaximandro, não é nenhuma das qualidades percebidas nas coisas.

08) A escola jônica protagonizou um grande debate sobre as questões de ontologia.

16) A origem dos seres, para Anaximandro, ocorre por um processo de luta entre os contrários; sua dissolução, por um processo de justiça.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 7

O filósofo Thomas Kuhn, em sua obra Estrutura das revoluções científicas, entende que o progresso da ciência acontece por meio da substituição dos paradigmas nos quais se baseiam os conhecimentos e as hipóteses científicas de uma época por novos paradigmas. Os paradigmas são questionados porque já não podem mais resolver os problemas científicos acumulados, e o surgimento de hipóteses que exigem princípios diferentes e contraditórios para a explicação dos fenômenos revela uma crise que poderá dar lugar à construção de um novo modelo consensual para as ciências. Acerca das teorias sobre as revoluções científicas, assinale o que for correto.

01) Atualmente, os métodos das ciências humanas entendem que as realidades sociais seguem uma progressão constante, de forma que encontramos na história leis e padrões semelhantes àqueles das ciências naturais.

02) Segundo Kuhn, a ciência não possui pontos de vista neutros, pois os cientistas sempre levam em conta o seu contexto histórico.

04) Karl Popper propôs que a verdade das proposições científicas pode ser verificada por meio do método lógico dedutivo.

08) O método da falseabilidade proposto por Karl Popper permitiu que as proposições das ciências humanas fossem avaliadas de acordo com critérios objetivos.

16) Segundo Popper, uma proposição do tipo “choverá ou não choverá aqui amanhã” não é um enunciado científico, pois não pode ser refutada pela experiência.

Resposta: 2 + 16 = 18.

Questão 8

“Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos, ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmos extraem o que lhes serve para a teia. A abelha representa a posição intermediária; recolhe a matéria-prima das flores do jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere. Não é diferente o labor da verdadeira filosofia, que se não serve unicamente das forças da mente nem tampouco se limita ao material fornecido pela história natural ou pelas artes mecânicas, conservado intato na memória. Mas ele deve ser modificado e elaborado pelo intelecto. Por isso muito se deve esperar da aliança estreita e sólida (ainda não levada a cabo) entre essas duas faculdades, a experimental e a racional.” (BACON, F. Novo organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 76).

Com base no fragmento acima, assinale o que for correto.

01) Os “empíricos” mencionados são aqueles que afirmam a prevalência da experiência direta e constituem um saber sem forma.

02) Os “dogmáticos” mencionados são aqueles que afirmam com a autoridade própria e constituem uma razão sem matéria.

04) Pode-se afirmar que, na interpretação de Bacon, o intelecto interfere na produção do conhecimento.

08) Há na alma humana, para Bacon, algumas ideias inatas que permitiriam a compreensão dos dados captados pelos sentidos.

16) Bacon propõe a aliança da faculdade racional com a faculdade experimental até então jamais realizada.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 9

O filósofo inglês Thomas Hobbes elaborou sua filosofia política com a intenção de mostrar como a constituição do Estado pelos indivíduos estabeleceria a paz e cessaria o que ele chamou de o “estado de guerra de todos contra todos”. Ele afirmou que: “A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de os defender das invasões dos estrangeiros e dos danos uns dos outros, garantindo-lhes uma segurança suficiente para que, mediante o seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir todas as suas vontades por pluralidade de votos, a uma só vontade.” (HOBBES, T. Leviat㸠XVII, apud FIGUEIREDO, V. B. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 57).

Sobre a filosofia política de Hobbes, assinale o que for correto.

01) A noção de “estado de guerra de todos contra todos” proposta por Hobbes concorda com a definição de Aristóteles de que o homem é um “animal político”.

02) O Estado concebido por Hobbes é representativo, isto é, cada cidadão se reconhece como autor dos atos que o governante pratica em nome de todos os governados.

04) O soberano não pode estar sujeito às leis civis, pois, se estivesse, seria necessário um juiz, acima do soberano, que pudesse julgá-lo.

08) As vontades de todos os cidadãos devem ser reduzidas à vontade única do soberano. Hobbes não admite a divisão entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, como ocorre nos Estados democráticos modernos.

16) Para Hobbes, a justiça consiste no cumprimento do pacto estabelecido pela comunidade, e não há nada que seja naturalmente justo ou injusto.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 10

“Devemos considerar agora o que é a virtude. Visto que na alma se encontram três espécies de coisas – paixões, faculdades e disposições de caráter –, a virtude deve pertencer a uma destas.” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, p. 54, 1979).

A partir do fragmento acima e de conhecimentos sobre a ética aristotélica, assinale o que for correto.

01) Para Aristóteles, o homem virtuoso será o bom cidadão, ou seja, aquele que vive sob as normas da justiça.

02) A virtude, para Aristóteles, é a equidistância entre dois vícios, um por excesso, outro por falta.

04) Segundo Aristóteles, somos chamados bons e maus pelas nossas paixões, quando agimos, por exemplo, tomados pela ira.

08) A virtude é uma modalidade de escolha ou envolve algum tipo de escolha.

16) Segundo Aristóteles, somos virtuosos pelas nossas faculdades, entendidas como capacidades que temos de sentir emoções.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 11

“Em todos os juízos em que for pensada a relação de um sujeito com o predicado (se considero apenas os juízos afirmativos, pois a aplicação aos negativos torna-se depois fácil), essa relação é possível de dois modos. Ou o predicado B pertence ao sujeito A, como algo que está contido (ocultamente) nesse conceito A; ou B encontra-se totalmente fora do conceito A, ainda que esteja em conexão com ele. No primeiro caso denomino o juízo de analítico, no outro de sintético.” (KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 119).

Com base nas ideias de Kant sobre juízos analíticos e sintéticos, assinale o que for correto.

01) Juízos analíticos, tais como “o triângulo tem três lados”, expressam a identidade entre sujeito e predicado.

02) Os princípios de nossas ações morais devem ser fundados em juízos sintéticos a priori teóricos, isto é, de validade universal e necessária.

04) De acordo com a definição de Kant, as proposições “todos os corpos ocupam lugar no espaço” e “todos os corpos são pesados” são juízos analíticos.

08) As proposições das ciências da natureza obtidas por meio da experiência, à medida que expressam conhecimentos verdadeiros sobre o mundo, podem ser juízos analíticos ou sintéticos.

16) A função do juízo analítico é elucidar aquilo que já está contido no conceito de algo, e nada acrescenta a esse conceito.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 12

“Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: estado teológico […] estado metafísico […] estado positivo […]”. (COMTE, A. Curso de filosofia positiva. Trad. José Arthur Giannotti. São Paulo: Abril, 1985, p. 9-11).

A partir do fragmento transcrito e de conhecimentos sobre o pensamento de Comte, assinale o que for correto.

01) No estado teológico, o espírito humano apresenta os fenômenos como tendo sido produzidos pela ação direta de seres sobrenaturais.

02) No estado metafísico, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas inerentes aos diversos seres do mundo.

04) No estado positivo, o espírito humano procura estabelecer as leis efetivas dos fenômenos, as suas leis invariáveis de sucessão.

08) A Sociologia, na visão de Comte, não pode ser estabelecida como ciência, pois os fatos humanos são variáveis, e não passíveis de exatidão.

16) A filosofia de Comte pode ser vista como uma reação à Revolução Francesa de 1789, ao instituir a ordem de modo soberano.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 13

No campo da lógica, afirma-se que um argumento ou silogismo é válido quando sua conclusão é uma consequência da aceitação de suas premissas. Acerca da validade lógica dos argumentos, assinale o que for correto.

01) O argumento a seguir é dedutivo válido: “Noventa por cento dos estudantes de Filosofia que concluem o curso fazem pós-graduação. Ana concluiu o curso de Filosofia. Logo, Ana fará pós-graduação.”

02) Se um argumento é válido, ele também é necessariamente correto.

04) A partir de duas premissas negativas, como “Nenhum peixe é mamífero. Aranhas não são mamíferos”, nada podemos concluir.

08) Em um silogismo válido, uma das premissas deve sempre ser universal.

16) A análise lógica é utilizada nas ciências para determinar a verdade ou a falsidade das hipóteses científicas.

Resposta: 4 + 8 = 12.

Questão 14

O existencialismo de Sartre declara que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, e que este ser é o homem; em outros termos, a realidade humana. Acerca do existencialismo de Sartre, assinale o que for correto.

01) O pensamento de Sartre privilegiou a existência em lugar de se ater à importância da essência.

02) “A existência precede a essência” significa que o homem primeiramente existe, descobre isso e surge no mundo.

04) O existencialismo sartreano aproxima-se do existencialismo católico ao propor a valorização do homem.

08) O existencialismo sartreano sofreu influências do pensamento marxista e da Psicanálise.

16) O homem, para Sartre, possui um destino que deve ser cumprido.

Resposta: 1 + 8 = 9.

Questão 15

O filósofo alemão Walter Benjamin propôs o conceito de “aura” como forma de compreender a relação entre o “valor de culto” e o “valor de exposição” de uma obra de arte. Chauí explica que: “A obra de arte possui aura ou é aurática quando tem as seguintes qualidades: é única, una, irrepetível, duradoura e efêmera, nova e participante de uma tradição, capaz de tornar distante o que está perto e estranho o que parecia familiar porque transfigura a realidade.” (CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 347).

Acerca das concepções estéticas de Walter Benjamin, assinale o que for correto.

01) Uma obra de arte que originalmente é objeto de culto passa a ter “valor de exposição” quando é percebida independentemente de sua função religiosa original.

02) As técnicas modernas, como a fotografia e a gravação de sons, são utilizadas para reproduzir obras de arte, mas não são capazes de produzir obras de arte originais.

04) A tradição à qual pertence uma obra de arte determina o significado que ela tem para o público.

08) Objetos artísticos que não têm originalmente função religiosa não possuem aura.

16) A reprodução técnica de uma obra de arte, que permite sua divulgação em massa, implica o declínio de sua aura, pois essa obra perde sua condição de ser única e irrepetível.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 16

“muitas vezes lamentamos as nossas ações e que, freqüentemente, quando somos dominados por afecções contrárias, vemos o melhor e fazemos o pior, nada os impediria de crer que todas as nossas ações são livres. […] Um homem embriagado julga também que é por uma livre decisão da alma que conta aquilo que, mais tarde, em estado de sobriedade, preferiria ter calado.” (ESPINOSA, B. Ética III. Trad. Joaquim de Carvalho et al. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 179).

Acerca da compreensão da liberdade para Espinosa, assinale o que for correto.

01) Espinosa se contrapõe à ideia de um ato completamente gratuito.

02) Ser livre para Espinosa é ser causa adequada de seus atos.

04) O espinosismo, assim como o historicismo, oferece-nos um meio de converter a liberdade em necessidade inelutável.

08) O livre-arbítrio para Espinosa é o poder que temos de escolher.

16) É livre o homem que atua pela única necessidade de sua natureza.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 17

Falácias são argumentos que aparentam ter a estrutura de raciocínios válidos, porém suas conclusões não são justificadas. Dentre os diferentes tipos de falácias, as falácias de forma têm falhas lógicas na montagem do argumento, enquanto as falácias de matéria incluem erros no conteúdo de suas proposições, embora suas formas lógicas sejam válidas. Acerca das falácias, assinale o que for correto.

01) O seguinte argumento é uma falácia da tautologia: “Um homem solteiro não é casado. João não é casado. Logo, João é solteiro.”

02) Argumentos de autoridade são falácias formais, isto é, logicamente inválidas.

04) O seguinte argumento é uma falácia formal: “Se o cachorro ouve o trovão, então ele late. O cachorro late. Então, ele ouve o trovão.”

08) Falácias de pessoas ou ad hominem consistem em desconsiderar o conteúdo de um argumento por meio de um ataque à pessoa que propõe esse argumento.

16) Uma petição de princípio é um tipo de argumento logicamente válido, mas que pressupõe como correto aquilo que pretendemos provar por meio da conclusão do próprio argumento.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 18

Em 2015 foi elaborado, após um longo período de negociação multilateral, o chamado Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, primeiro tratado universal de combate ao aquecimento global. Acerca desse acordo e de questões de ética ambiental a ele relacionadas, assinale o que for correto.

01) O objetivo a longo prazo do Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura ao teto máximo de 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial.
02) O desmatamento da Amazônia é o principal responsável pela elevação dos gases do efeito estufa no Brasil nos últimos dois anos.
04) A precificação do carbono é um instrumento econômico cuja função é cobrar um valor de atividades poluidoras do ar, como a indústria e o agronegócio.
08) Preocupar-se com o clima é, conforme a “ecologia profunda”, preservar a natureza das transformações tecnológicas.
16) O Brasil cooperou com a diminuição das emissões de gases do efeito estufa nos últimos dois anos ao diminuir seus índices de desmatamento.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 19

O filósofo alemão Nietzsche realizou em sua obra uma crítica das posições metafísicas dos filósofos anteriores. Ele afirma: “Contraponhamos a isso, afinal, de que modo diferente nós (- digo nós por cortesia…) captamos no olho o problema do erro e da aparência. Outrora se tomava a alteração, a mudança, o vira-ser em geral como prova de aparência, como signo de que tem de haver algo que nos induz em erro. Hoje, inversamente, na exata medida em que o preconceito da razão nos coage a pôr unidade, identidade, duração, substância, causa, coisidade, ser, vemo-nos, de certo modo, enredados no erro, necessitados ao erro; tão seguros estamos, com fundamento em um cômputo rigoroso dentro de nós, de que aqui está o erro.” (NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos ídolos. In: FIGUEIREDO, V. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 175).

Acerca das teses de Nietzsche sobre o ser, a aparência, a verdade e o erro, assinale o que for correto.

01) Nietzsche propõe que é ilusório conceber a verdade como algo único e permanente.

02) A arte é um processo de falsificação pelo qual construímos um mundo verdadeiro.

04) O homem está “enredado no erro” porque precisa contar com a previsibilidade e a racionalidade para sobreviver.

08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a filosofia moderna se desviou das teses dos pensadores présocráticos Parmênides e Heráclito.

16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga as transformações dos fenômenos naturais, por isso compreende que o mundo é fundamentalmente um processo de vir-a-ser.

Resposta: 1 + 4 = 5.

Questão 20

As teses do filósofo alemão Immanuel Kant sobre o caráter pedagógico da arte influenciaram o movimento romântico do início do século XIX. Segundo o filósofo, o sentimento do sublime é a elevação do nosso espírito pela beleza, de forma que, diante do belo, compreendemos a proximidade entre aquilo que é humano, finito, e aquilo que é infinito, e assim nos erguemos acima do lugar-comum vulgar. Acerca das concepções estéticas do Romantismo e da filosofia alemã nos séculos XVIII e XIX, assinale o que for correto.

01) Para Kant, o sublime é um sentimento produzido pelo artista a partir do belo natural.

02) Segundo Kant, o sentimento do sublime estimula o nosso sentimento de liberdade moral.

04) O Romantismo buscou na cultura da Grécia Antiga um exemplo ideal de unidade entre os sentimentos e as paixões.

08) Para Hegel, a arte é educativa porque, na progressão das diversas formas artísticas, exprime a passagem da religião natural para a religião da interioridade.

16) O movimento romântico buscou sistematizar a construção artística por meio de regras objetivas, da mesma forma que filósofos do período, como Hegel, Fichte e Schelling, produziam tratados em que buscavam sistematizar o conhecimento filosófico.

Respostas: 2 + 4 + 8 = 14.

Vestibular de inverno – 2018

Questão 1

“Considera-se que um Estado tenha sido instituído quando uma multidão de homens concorda e pactua, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem ou assembleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembleia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz uns com os outros e serem protegidos dos demais homens.” (HOBBES, T. Leviatã, Livro I, cap. XVIII. In: FIGUEIREDO, V. de. Filósofos na sala de aula. V. 2. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2007, p. 60).

Com base no fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) O texto evidencia o caráter absolutista do Estado para Hobbes, uma vez que o poder político se configura pela ação individual do soberano e nele se concentra.
02) A função da assembleia é apenas confirmar que o poder de decisão se concentra somente na figura do monarca e, após isso, submeter-se obedientemente ao poder desse rei.
04) O Estado, para Hobbes, é instituído a partir de um livre acordo ou pacto entre homens em assembleia.
08) A assembleia de homens ou aquele que foi instituído pelo pacto tem o dever de representar e proteger os contratantes contra os seus inimigos.
16) O representante governa apenas para aqueles que o elegeram, tratando os demais pactuantes como inimigos.

Resposta: 4 + 8 = 12.

Questão 2

Na investigação sobre o fundamento da associação política, o pensamento moderno apresenta as chamadas teorias contratualistas. Caso expressivo desse pensamento é J. J. Rousseau, para quem o contrato que institui a sociedade política é realizado por todo o povo consigo mesmo.

A respeito da teoria contratualista de Rousseau, assinale o que for correto.

01) As duas partes contratantes se reduzem a uma só, o povo, que pode ser considerado soberano e súdito.
02) Somente é legítimo obedecer às leis se elas são expressão da vontade geral.
04) Para Rousseau, diferentemente de Étienne de La Boétie, a história das comunidades políticas não é a história da servidão.
08) Essa nova associação recebe o nome de República ou de corpo político, o que antigamente levava o nome de cidade.
16) Ao violar-se o pacto social o homem perde sua liberdade natural.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 3

“Os homens, em geral, julgam mais com os olhos do que com as mãos, mais pelas aparências, porque se vêem todos e se conhecem poucos; todos vêem aquilo que tu pareces ser, poucos conhecem aquilo que tu és; e aqueles poucos não se atrevem a opor-se à opinião dos muitos que têm o poder do Estado para os defender; e nas ações de todos os homens, sobretudo na dos príncipes, quando não há juiz para quem reclamar, se olha para os fins. Faça tudo, portanto, um príncipe para vencer e conservar o estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos serão louvados, porque o vulgo se deixa levar por aquilo que parece e pelo resultado das coisas …” (MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p. 181-183).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) Para Maquiavel, cabe ao governante atentar para os efeitos de suas ações, visto que as pessoas julgam em função dos resultados alcançados.
02) Para Maquiavel, a ação política é avaliada, em grande parte, pela aparência dos resultados, e não pelo que de fato é.
04) Para Maquiavel, um governante não deve se preocupar com o juízo que a população faz de seu governo, pois ela é composta, em sua maioria, por ignorantes.
08) Para Maquiavel, os poucos que conhecem os mecanismos do poder político e têm o poder de julgar evitam contrariar a maioria, julgando conforme o gosto popular, e não
conforme o que é correto.
16) O fragmento revela que, para Maquiavel, o poder político de um governante se apoia em muito sobre a opinião que o povo possui dele e sobre os efeitos de suas ações de governo.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 4

Na Ética a Nicômaco Aristóteles investiga o gênero ao qual poderíamos identificar as virtudes, se como paixões, ou como faculdades ou ainda como disposição de caráter.

A propósito dessa discussão sobre a virtude no pensamento de Aristóteles, assinale o que for correto.

01) Aristóteles entende as paixões como aqueles sentimentos acompanhados de prazer ou de dor.
02) As virtudes não podem ser entendidas como paixões, uma vez que são modalidade de escolhas ou envolvem a escolha, pois não escolhemos sentir, por exemplo, cólera ou medo.
04) Não somos bons ou maus por nossas paixões, mas por nossas virtudes ou vícios.
08) Como ocorre no âmbito das paixões, a virtude é movida para determinada ação.
16) Para Aristóteles, o estudo da virtude está vinculado com a vida do cidadão na polis (cidade), pois o homem virtuoso será bom cidadão.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 5

“Porque fomos crianças antes de termos nos tornado adultos, e porque julgamos ora bem, ora mal acerca de coisas que se apresentaram a nossos sentidos em uma época na qual não dispúnhamos ainda do inteiro uso de nossa razão, aconteceu que muitos juízos, formados com precipitação, impedem-nos de chegar ao conhecimento da verdade. E o fazem de modo que não há aparência de que possamos nos libertar, salvo no caso de nos dedicarmos a duvidar uma vez em nossas vidas de todas as coisas nas quais encontramos a menor suspeita de incerteza.” (DESCARTES, R. Princípios de filosofia. In: FIGUEIREDO, V. de. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2013, p. 125).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) Os juízos incorretos ou falsos são aqueles formados na infância, quando ainda não se dispõe do inteiro uso da razão.
02) A dúvida deve ser um hábito mental para nos livrarmos das incertezas advindas dos sentidos.
04) Juízos verdadeiros são resultado de um exercício mental que passa pelo questionamento daquilo que conhecemos somente pelos sentidos, pelas aparências.
08) O critério de verdade sobre os juízos depende de cada um, não havendo uma regra universal para a verdade de uma proposição ou de um juízo.
16) A dúvida ou o ceticismo em relação àquilo que advém dos sentidos é o início da busca de um conhecimento que se pretende verdadeiro.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 6

“Qualquer um está pronto a admitir que existe uma diferença considerável entre as percepções da mente, quando um homem sente a dor decorrente do calor excessivo, ou o prazer de um clima moderado, e quando ele traz de novo à sua memória, mais tarde, tal sensação, ou a antecipa em sua imaginação. Essas faculdades podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos; mas elas não chegam jamais a alcançar a força e vivacidade do sentimento original.” (HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 103).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) A memória de uma sensação não possui relação com a sensação percebida pelos sentidos.
02) A percepção da mente é uma imitação daquilo que procede dos sentidos.
04) A sensação na mente tem força sensível igual àquela produzida nos sentidos.
08) A memória produzida pelas sensações nos engana, pois cada experiência sensível é única.
16) A memória da sensação difere das percepções da mente, pois a memória é uma cópia das percepções sensíveis e não possui a força da sensação original.

Resposta: 2 + 16 = 18.

Questão 7

O estoicismo antigo advoga a ideia de que um destino inflexível governa certos aspectos de nossa vida, imprimindo-lhes uma inevitável necessidade.

A respeito do estoicismo antigo, assinale o que for correto.

01) Para os estoicos, o mundo é um sistema de seres e de acontecimentos ordenado por uma razão divina.
02) Todos os acontecimentos do mundo estão concatenados rigorosamente e se relacionam como causas e efeitos.
04) Os estoicos negam qualquer tipo de liberdade, pois defendem rigorosamente a noção de destino.
08) Os estoicos defendiam a ideia de que é preciso “viver segundo a natureza”, que entendiam como “viver de acordo com a virtude”.
16) O homem deve abster-se das paixões para assegurar uma vida tranquila e virtuosa.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 8

No início da Suma teológica (Primeira parte, questão 2, artigos 1-3) encontramos a questão mais importante que se impõe ao pensamento filosófico de Tomás de Aquino referente à existência de Deus: ela se impõe imediatamente à inteligência humana? Dessa questão central decorrem duas outras. Caso a existência de Deus não seja evidente, pode ser demonstrada? Em caso afirmativo, como isso poderia ser feito?

A respeito do tema da existência de Deus, para Tomás de Aquino, assinale o que for correto.

01) Ao ouvir o nome “Deus”, o homem reconhece que ele existe na sua mente e na realidade.
02) Embora a existência de Deus seja evidente em si mesma, ela não o é para nós.
04) A existência de Deus não pode ser demonstrada, pois é um artigo de fé.
08) É possível demonstrar a existência de Deus, mas não conhecê-la.
16) O ponto de partida da reflexão de Tomás de Aquino acerca da existência de Deus é a experiência sensível, fonte segura de todo conhecimento humano.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Questão 9

“Parece que enquanto o conhecimento técnico expande horizontes da atividade e do pensamento humano, a autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação de massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo independente sofreram uma redução. O avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de desumanização.” (HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. In: COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 280).

Com base no fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) As novas tecnologias, principalmente a facilitação do acesso às redes sociais e aos portais de notícias, permitem ao cidadão ter mais acesso à informação.

02) Os avanços tecnológicos reduzem a capacidade do pensamento humano, como as calculadoras simples de nossos celulares, que limitam o conhecimento matemático.

04) O uso intensivo da tecnologia nas consultas médicas, reduzindo a interação médico/paciente, humanizou os tratamentos.

08) O rápido desenvolvimento das tecnologias está produzindo massas de analfabetos funcionais, o que mostra o quanto essas tecnologias são prejudiciais ao avanço do
conhecimento.

16) A tecnologia pode ser usada para manipular grupos sociais, como a disseminação de notícias falsas (fake news) que circulam pelas redes sociais.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 10

“Jamais conhecerá a Natureza quem não a conhece por meio do amor […]. Somente pelo amor e pela consciência do amor o homem se torna homem […]. No amor, em primeiro lugar vem o sentido de um para o outro, e o mais elevado é a crença de um no outro. Entrega é a expressão da crença, e o deleite pode vivificar e apurar o sentido, mas não o produzir, como é a opinião comum. Por isso, durante um breve tempo, a sensibilidade pode dar a pessoas más a ilusão de que poderiam se amar.” (SCHLEGEL, F. Dialeto dos fragmentos. In: SAVIAN FILHO, J. Filosofia e filosofias. Existência e sentidos. BH: Autêntica, 2016).

Com base no fragmento transcrito e em conhecimentos sobre o Romantismo, assinale o que for correto.

01) O amor não é apenas oposto à razão; também é compreendido como a atitude de percepção da vida para os românticos.
02) Os românticos alemães, e Schlegel em um primeiro plano, elegem a razão e o amor como formadores do sentimento humano.
04) A ciência, ao impor-se como uma explicação verdadeira da natureza, fecha os olhos para o sublime.
08) A experiência estética, a exemplo da experiência religiosa, apresenta-se como um novo olhar para a vida; ambas educam o sentimento.
16) Para Schlegel, amor é diferente de crença, pois aquele é um sentimento, e esta é a expressão da fé.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 11

“A concepção científica do mundo rejeita a concepção metafísica […]. É precisamente a rejeição da possibilidade do conhecimento sintético a priori que constitui a tese fundamental do empirismo moderno. A concepção científica do mundo só admite proposições experimentais sobre objetos de qualquer tipo e proposições analíticas da lógica e da matemática.” (A concepção científica do mundo: O Círculo de Viena. In: CHAUÍ, M. et al. Primeira filosofia. Lições introdutórias. São Paulo: Brasiliense, 1987). O fragmento acima é um extrato do manifesto do Círculo de Viena, escrito por Carnap, Hahn e Neurath, em 1929.

Com base nesse excerto e em conhecimentos sobre filosofia da ciência do século XX, assinale o que for correto.

01) Esse manifesto apresenta as principais ideias do chamado positivismo lógico ou empirismo lógico.

02) O Círculo de Viena sofreu influência da lógica de Frege, das filosofias de Russel e de Wittgenstein.

04) Os autores do Círculo de Viena apresentam teorias nas quais a experiência e a linguagem se completam.

08) As proposições da metafísica dizem respeito a situações que são observáveis empiricamente.

16) A principal tese filosófica defendida pelos autores do Círculo de Viena diz respeito à unidade real da ciência.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 12

“A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la como a transformá-la, aumentando-lhe a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade. A arte, ela própria, é uma realidade social. A sociedade precisa do artista, este supremo feiticeiro, e tem o direito de pedir-lhe que ele seja consciente de sua função social. Tal direito nunca foi discutido numa sociedade em ascensão, ao contrário do que ocorre nas sociedades em decadência. A ambição do artista que se apoderou das idéias e experiências do seu tempo tem sido sempre não só de representar a realidade como a de plasmá-la.” (FISCHER, E. A necessidade da arte. In: ARANHA, M.; MARTINS, M. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003, p. 376).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) Cercear e proibir as manifestações artísticas implica limitar aprópria expressão que uma sociedade faz de si mesma.

02) As manifestações artísticas, em função de sua grande influência, devem ser mais controladas nas sociedades avançadas.

04) A arte não inventa costumes, modos, gostos, mas os representam em suas manifestações artísticas.

08) As sociedades em decadência são aquelas que questionam a função social do artista.

16) Os artistas devem possuir consciência de sua função na sociedade e de sua importância para humanizá-la.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29. 

Questão 13

“O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque induz o comportamento e inibe o pensamento. Esse é um dos resultados engraçados (e trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. Quando o médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os medicamentos funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos. Obedecemos. Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos especializados e competentes em pensar.” (ALVES, R. Filosofia da ciência. São Paulo, 2000, p. 10).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) A alta especialização da ciência produz um efeito social danoso, que é o distanciamento entre a produção do conhecimento e os usos desse conhecimento.
02) A alta respeitabilidade social dos cientistas é trágica, pois justifica o acomodamento das pessoas na busca pelo conhecimento, visto ser responsabilidade de especialistas.
04) O conhecimento científico deve ficar restrito aos especialistas, pois são poucas as pessoas com capacidade para conhecer a fundo os problemas da ciência.
08) A existência de uma comunidade científica ratifica a divisão de funções na sociedade, na qual o homem comum não deve se envolver com problemas científicos.
16) O mito do cientista é trágico justamente porque se trata de um mito, ou seja, de uma imagem irreal, produzida para legitimar um discurso social.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 14

O problema do mal foi uma preocupação central para Agostinho (354-430 d.C.) durante grande parte de sua vida. Como existe o mal no mundo criado por um Deus bom? Tal é a
interrogação filosófica que está na base de muitas teodiceias modernas. A resolução desse problema por Agostinho reconhece que a origem do mal não está em Deus, mas no
livre-arbítrio da vontade humana. O homem é livre e não é determinado a agir de um modo ou de outro.

A respeito desse pensamento de Agostinho, assinale o que for correto.

01) Agostinho, quando jovem, fora simpatizante do maniqueísmo, uma religião de origem oriental.
02) O homem é totalmente livre, e a graça divina não ocupa papel algum na constituição da ação humana.
04) O mal é uma força positiva pela qual o homem é impelido a realizar certas ações.
08) O mal é sinônimo do pecado, é resultante da soberba humana.
16) A solução de Agostinho para o problema do mal tem seu ponto de partida nos livros dos filósofos neoplatônicos.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

Questão 15

A bioética se afirma como uma reflexão voltada para enfrentar os problemas do mundo contemporâneo, especialmente aquele da sobrevivência da espécie humana em um ambiente saudável.

Sobre a bioética, assinale o que for correto.

01) O desenvolvimento inicial da bioética esteve relacionado com temas de ética ambiental e de ética médica.

02) O núcleo aglutinador de toda reflexão bioética é aquele relacionado com a noção de pessoa.

04) O liberalismo em bioética define-se pelo cuidado que o Estado oferece à pessoa humana.

08) O princípio da benevolência, presente no código de Hipócrates e central em bioética, afirma que se deve buscar o bem.

16) A casuística em bioética acentua a importância dos estudos de casos particulares, com o intuito de levar em conta o bem do agente.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 16

Considere os seguintes argumentos:

A) Quem gosta de comer carne também gosta de ouvir rock.
Quem não toma banhos demorados gosta de comer carne.
Portanto, quem gosta de ouvir rock não toma banhos
demorados.

B) Débora é paranaense.
Débora toma chimarrão.
Todo paranaense toma chimarrão.

Assinale o que for correto.

01) Os argumentos A e B são válidos.

02) A conclusão do argumento A é válida e o argumento possui estrutura proposicional.

04) As premissas do argumento A são falsas, visto serem generalizações indevidas.

08) A conclusão do argumento B é inválida.

16) A conclusão do argumento B é uma universalização
indevida.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 28.

Questão 17

Platão descreve, na obra A República, as condições de uma cidade justa e os passos necessários para se alcançar uma educação filosófica na busca do bem, assentada em quatro etapas: 1) na percepção das próprias coisas, campo da confiança naquilo que captamos pelos sentidos (nível da opinião); 2) na redução das coisas do mundo às hipóteses matemáticas (nível da inteligência e do conhecimento); 3) na transição para o mundo inteligível (nível em que se reconhecem as próprias formas); e 4) na captação da forma do bem (nível em que se encontra a forma reguladora máxima do nosso conhecimento).

A respeito da noção de educação e da teoria do conhecimento em Platão, assinale o que for correto.

01) Esse procedimento que leva ao bem é chamado de método dialético.

02) A alegoria da caverna é uma metáfora que explicita o procedimento dialético para Platão.

04) Platão valoriza as aparências e os prazeres na busca da verdade e do bem.

08) As entidades matemáticas são sombras das formas e só podem ser compreendidas quando contrastadas com elas.

16) A atitude da crença deve ser entendida como algo falso no domínio do conhecimento.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 18

“… o Estado nasceu da necessidade de conter o antagonismo das classes, e como, ao mesmo tempo, nasceu em meio ao conflito delas, é, por regra geral, o Estado da classe mais poderosa, da classe dominante, classe que, por intermédio dele, se converte em classe politicamente dominante e adquire novos meios para a repressão e exploração da classe oprimida. […] Entretanto, por exceção, há períodos em que as lutas de classes se equilibram de tal modo que o poder do Estado, como mediador aparente, adquire certa independência momentânea em face das classes.” (ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. In: COTRIM, G; FERNANDES, M. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 326).

Considerando o fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) O Estado nasceu como expressão dos interesses da classe dominante.

02) O Estado, em certos momentos, deixa de defender os interesses de uma classe específica, particularmente a burguesia.

04) O conflito de classes é algo inerente ao Estado.

08) A repressão à classe oprimida revela a vinculação dos interesses do Estado à classe dominante.

16) Não é contrário à natureza do Estado se vincular ao interesse de uma classe específica.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 28.

Questão 19

“O conhecimento científico, então, é a disposição graças à qual podemos fazer demonstrações […], o discernimento não pode ser conhecimento científico nem arte. Ele não pode ser ciência porque aquilo que se refere às ações admite variações, nem arte, porque agir e fazer são coisas de espécies diferentes.” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco [1139b25–1140a20]. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985).

Com base no fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) O objeto da ciência para Aristóteles necessariamente é.
02) A arte diz respeito aos aspectos contingentes do individual.
04) Uma pessoa tem discernimento quando é capaz de deliberar bem.
08) Para Aristóteles, a arte não pode ser considerada uma forma de conhecimento.
16) A arte é uma disposição relacionada com o fazer.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 20

“Do justo e do injusto. Também se proferem duplos discursos sobre o justo e o injusto. Uns defendem que uma coisa é o justo e outra coisa o injusto; outros dizem que justo e injusto são o mesmo. Quanto a mim, tentarei defender esse último argumento. E, em primeiro lugar, direi que é justo dizer mentiras e enganar. Dir-se-ia que fazer isto aos inimigos é [decente e justo] e é vergonhoso e perverso fazê-lo [aos amigos]. [Mas como é que é justo fazê-lo aos inimigos] e não aos mais amados? Por exemplo, aos pais: se o pai ou a mãe precisarem beber ou ingerir um medicamento e não quiserem, não é justo dar-lho na comida ou na bebida e não dizermos que se encontra aí? Por conseguinte é justo mentir e enganar os pais.” (Sofista anônimo do século III a.C., Discursos duplos. In: FIGUEIREDO, V. de. Filósofos na sala de aula. Vol. 2. São Paulo, 2007, p. 26).

Com base no fragmento transcrito, assinale o que for correto.

01) As noções de justo e de injusto devem ser extraídas a partir da natureza da ação, e não do seu efeito.

02) Mentir para os inimigos é justo e decente.

04) Há uma incompatibilidade entre justiça e mentira.

08) Mentir para os amados, tendo em vista um fim justo, é algo necessário e louvável.

16) O autor aponta as contradições das ações justas ou injustas quando tomadas em sua aparência, sem a preocupação de se perguntar sobre a natureza da ação.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Vestibular de verão – 2017

Questão 1

Leia os dois textos abaixo.

Texto 1: “Todos os acontecimentos – dizia às vezes Panglos a Cândido – estão devidamente encadeados no melhor dos mundos possíveis; pois, afinal, se não tivesses sido expulso de um lindo castelo, a pontapés no traseiro, por amor da srta Gunegundes, se a inquisição não houvesse te apanhado, se não tivesses percorrido a América a pé, se não tivesses mergulhado a espada no Barão, se não tivesses perdido todos os tais carneiros da boa terra de Eldorado, não estaria aqui agora comendo doce de cidra e pistache. – Tudo isso está bem dito – respondeu Cândido –; mas devemos cultivar nosso jardim.” (VOLTAIRE. Cândido ou o otimismo. São Paulo: Abril, 1984, p.238).

Texto 2: “Vá para o diabo com o teu humanitismo – interrompi-o –; estou farto de  filosofias que não me levam a cousa nenhuma. A dureza da interrupção, tratando-se de tamanho filósofo, equivalia a um desacato; mas ele próprio desculpou a irritação com que lhe falei. Trouxeram-nos café; era uma hora da tarde, estávamos na minha sala de estudo, uma bela sala, que dava para o fundo da chácara, bons livros, objetos d’arte, um Voltaire entre eles, um Voltaire de bronze, que nessa ocasião parecia acentuar o risinho
de sarcasmo, com que me olhava, o ladrão; cadeiras excelentes; fora, o sol, um grande sol, que o Quincas Borba, não sei se por chalaça ou poesia, chamou de um dos ministros da natureza; corria um vento fresco, o céu estava azul. De cada janela – eram três – pendia uma gaiola com pássaros, que chilreavam as suas óperas rústicas. Tudo tinha a aparência de uma conspiração das coisas contra o homem; e, conquanto eu estivesse na minha sala, olhando para a minha chácara, sentado na minha cadeira, ouvindo meus pássaros, ao pé dos meus livros, alumiado pelo meu sol, que não chegava a curar-me das saudades daquela outra cadeira [cadeira na câmara dos deputados], que não era minha.” (ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Martin Claret, 2012, p.173).

A partir dos textos acima e do contexto filosófico e literário de Voltaire e de Machado de Assis, assinale o que for correto.

01) O conto filosófico Cândido, ou o otimismo considera, dentre outros temas, o problema do mal. Trata-se de uma crítica à teoria otimista Leibniziana.
02) O personagem Panglos é o filósofo para quem as coisas do mundo não têm uma finalidade na mente de Deus.
04) A descrição da casa de Brás Cubas alude à situação privilegiada da personagem e à veleidade (vontade inútil, presunção, vaidade) típica de seu caráter, evidenciando uma atitude reflexiva do narrador.
08) Não há uma identificação de ideias entre o ‘filósofo’ Panglos (personagem de Voltaire) e o narrador Brás Cubas (personagem de Machado de Assis).
16) Ao rejeitar as explicações finalistas de Quincas Borba, Brás Cubas volta-se à realidade prática e imediata da vida.

Resposta: 1 + 4 + 16 = 21.

Questão 2

“Com base no que me foi relatado, penso que não há nada de bárbaro e de selvagem nessa nação. Cada um chama de barbárie aquilo que não é de seu costume. Parece verdadeiro dizer que nós só temos como critério para identificar a verdade e a razão o exemplo, as opiniões e os costumes do lugar que estamos. É onde estamos que vemos a verdadeira religião, o governo perfeito, o mais completo e total uso de todas as coisas. Eles [os chamados bárbaros] são selvagens tanto quanto nós chamamos de selvagens os frutos que a Natureza produz por si e em seu ritmo ordinário. Deveríamos chamar de bárbaro, ao contrário, tudo aquilo que alteramos pelo nosso artifício e desviamos da ordem comum.” (MONTAIGNE. M. Ensaios. In: FILHO, J. S. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 480).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Povos com costumes não adequados às sociedades civilizadas são classificados corretamente como bárbaros.
02) Para o filósofo, aquilo que é conforme a natureza não pode ser qualificado como bárbaro.
04) O filósofo chama a atenção para o critério de qualificação de outros povos e de seus costumes, mostrando o quanto tais critérios são particulares e não universais.
08) Barbárie são costumes antinaturais, inaceitáveis em sociedades civilizadas e cultas.
16) Para o filósofo, o critério “bárbaro” ou “selvagem” decorre de uma visão particular e restrita dos costumes dos outros.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 3

“O vício não é o mesmo que o pecado, nem o pecado o mesmo que a ação má. Por exemplo, ser iracundo [enfurecido], isto é, ter propensão ou facilidade para perturbar-se de ira, é vício e inclina a mente, impetuosa e irracionalmente, àquilo que de modo algum convém. […] O vício é o que nos torna propensos a pecar, isto é, o que nos inclina a consentir no que não convém, seja fazendo, seja deixando de fazer. Na verdade é a esse consentimento que chamamos propriamente de pecado, isto é, a culpa da alma pela qual ela merece a condenação ou pela qual se torna culpada perante Deus.” (ABELARDO, Conhece-te a ti mesmo, I, 1-3. In: ESTEVÃO, J. C. Abelardo e Heloísa. São Paulo: Paulus, 2015, p. 67).

Com base no texto acima e em conhecimentos sobre ética medieval, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Ao afirmar que vício e pecado são ações distintas, Abelardo separa-se da tradição agostiniana.
02) O vício para Abelardo é uma inclinação a consentir com aquilo que não convém, e pecado é o consentimento ao que não convém.
04) A ética de Abelardo é uma ética da consciência, uma fonte para a ideia de sujeito moderno.
08) Todo pecado é mais do que uma ação, é uma substância, no sentido de que possui um ser que identifica o pecador.
16) A maldade dos atos humanos está nas coisas que deveríamos evitar, e não na intenção do próprio ser humano.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 4

Sobre o surgimento do teatro na Grécia antiga podemos afirmar: “Essa nova forma de diversão dramática exigia um local apropriado, e logo as cidades gregas tinham cada qual o seu próprio teatro, escavado nas rochas de uma colina próxima. Os espectadores sentavam-se em bancos de madeira de frente para um grande círculo. Nesse meio círculo, que era o palco, ficavam os atores e o coro. Atrás deles havia uma tenda onde se maquiavam com grandes máscaras de argila que escondiam seus rostos e mostravam aos espectadores se os personagens estavam felizes a sorrir ou tristes a chorar. […] Uma vez que as tragédias se inseriram na vida dos gregos, o povo passou a levá-las muito a sério e nunca ia ao teatro para descansar a mente. Uma nova peça era um acontecimento tão importante quanto uma eleição, e o dramaturgo bem-sucedido recebia mais honras e homenagens do que um general vindo de uma grande vitória.” (VAN LOON, H. A história da humanidade. In: MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em Filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 2013, p. 68).

A partir do texto, assinale o que for correto.

01) O teatro nasce como uma forma de entretenimento em face das tragédias vividas na guerra.
02) O teatro possuía, na cultura grega, uma função de indutor da reflexão sobre os problemas da existência humana.
04) No teatro grego, para que houvesse uma melhor compreensão da peça, os espectadores interagiam com os atores, contracenando com os dramas da vida cotidiana.
08) Não somente a performance dos atores, mas também outros elementos que compunham o teatro – máscaras, cenários, figurinos, coro – propiciavam a reflexão ao público.
16) As encenações teatrais buscavam ser um momento de reflexão coletiva da cultura grega, razão pela qual sua importância era igual ou superior ao próprio rito democrático.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Questão 5

No diálogo Teeteto, de Platão, lê-se a seguinte afirmação de Sócrates: “estou vendo, amigo, que Teodoro não ajuizou erradamente tua natureza, pois a admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia.” (PLATÃO, Teeteto. Belém: Editora da Universidade Federal do Pará, 1988, p. 20). A respeito da noção de admiração na filosofia platônica, assinale o que for correto.

01) A admiração está presente no exercício filosófico de Platão sob um duplo ponto de vista: o filósofo é aquele que não sabe e se põe a caminho do saber.
02) A admiração pertence ao regime mítico, e não propriamente ao filosófico, pois o homem se maravilha com o poder sobrenatural dos deuses.
04) O verdadeiro ponto de partida da filosofia de Platão está na dúvida, e não na admiração.
08) É próprio do saber filosófico de Platão o seu aspecto teorético, explicitado como um olhar aberto à realidade.
16) Para Platão, o filósofo é aquele que tem a capacidade de amar a sabedoria, e não a capacidade de admirar-se.

Resposta: 1 + 8 = 9.

Questão 6

“Todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido, e se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e seu alcance, precisamos primeiramente despertar essa experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda. […] As representações científicas segundo as quais eu sou um momento do mundo são sempre ingênuas e hipócritas, porque elas subentendem, sem mencioná-la, essa outra visão, aquela da consciência, pela qual antes de tudo um mundo se dispõe em torno de mim e começa a existir para mim.” (MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. In: MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em Filosofia. São Paulo: Moderna, 2013, p. 280).

A partir do texto citado assinale o que for correto.

01) As representações científicas pressupõem dados da consciência, mas não os explicitam por desconhecimento (ingenuidade) ou dissimulação (hipocrisia).

02) Não é a ciência que determina o ser no mundo, mas a experiência do ser no mundo que deve determinar as explicações científicas.

04) As representações científicas, ao levarem em conta a consciência que temos do mundo, falseiam os seus resultados.

08) As representações científicas captam apenas um momento do ser no mundo.

16) As representações científicas devem se ater somente às coisas experimentadas no mundo, e não levar em consideração os dados da consciência.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 7

As linhas iniciais do Discurso do Método, de Descartes, afirmam, primeiramente, que o bom senso ou razão “é a coisa mais bem partilhada do mundo” e, posteriormente, a modo de complemento, que “não é suficiente ter o espírito bom, mas aplicá-lo bem”. A propósito dessas frases e de conhecimentos sobre o racionalismo de Descartes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) O uso da razão por si só não garante a identificação da verdade.
02) A razão não se estende à análise da moralidade, pois esta diz respeito aos costumes e aos sentimentos humanos.
04) Diferentemente da tradição agostiniana e escolástica, a razão cartesiana não é marcada pelo pecado original.
08) O bom uso da razão está vinculado a condições determinadas de sua aplicação.
16) A razão bem conduzida pode se voltar para os assuntos da fé e da religião.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 8

Considere os trechos selecionados abaixo.

Texto 1: “Todavia, mais do que para qualquer outro animal, é natural para o ser humano ser um animal social e político, ou seja, viver junto a muitos, como o demonstra a necessidade natural. Com efeito, no caso dos demais animais, a natureza preparou-lhes a comida; como vestimento, proveu-os de pelos; […]. Mas a natureza não dotou o ser humano dessas coisas. Ao invés disso, foi-lhe dada a razão que o habilita a preparar tudo isso com suas mãos. Porém, como um único ser humano não é suficiente para fazer todas essas coisas, então um ser humano sozinho não pode levar, de maneira suficiente, sua vida. Logo, é natural ao ser humano que ele viva em sociedade junto a muitos.” TOMÁS DE AQUINO. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 667).

Texto 2: “[…] durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra, e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida.” (HOBBES, T. Leviatã, São Paulo: Abril, 1988, p. 54).

A partir dos textos acima e de teses do pensamento político de Tomás de Aquino e de Thomas Hobbes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A cidade, para Tomás de Aquino, é forma superior de organização natural e visa ao bem viver do homem.

02) Hobbes não considera que haja uma disposição natural à socialização dos homens, sendo necessária a intervenção artificial para congregá-los em sociedade.

04) Para Tomás de Aquino, não é possível pensar a noção de autoridade como meio de alcançar o bem comum para todos aqueles que vivem em sociedade.

08) Para Hobbes, a autoridade coercitiva do Estado é o único meio de assegurar a boa convivência em sociedade.

16) O pensamento político de Tomás de Aquino tem origem comunitária, e o de Hobbes, origem individualista.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 9

“Com o advento do século XX, as técnicas de reprodução atingiram tal nível que, em decorrência, ficaram em condições não apenas de se dedicar a todas as obras de arte do passado e de modificar de modo bem profundo os seus meios de influência, mas de elas próprias se imporem, como formas originais de arte. Com respeito a isso, nada é mais esclarecedor do que o critério pelo qual duas de suas manifestações diferentes – a reprodução da obra de arte e a arte cinematográfica – reagiram sobre as formas tradicionais de arte. À mais perfeita reprodução falta sempre algo: o hic et nunc (aqui e agora) da obra de arte, a unidade de sua presença no próprio local onde se encontra. É a essa presença, única no entanto, e só a ela que se acha vinculada toda a sua história.” (BENJAMIN, W. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: ARANHA, M. L. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 82).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Para o filósofo, a reprodução em escala das obras de arte as desvincula de seu tempo histórico.

02) Para o filósofo, as técnicas de reprodução artística retiraram a originalidade das obras de arte.

04) Para o filósofo, as técnicas de reprodução artística não conseguem produzir obras de mesmo nível artístico daquelas obras elaboradas antes do século XX, visto que essas técnicas se perderam ao longo do tempo.

08) Para o filósofo, a arte cinematográfica e as reproduções artísticas são exemplos da perfeita vinculação da arte com o seu tempo.

16) Para o filósofo, a obra de arte está ligada diretamente ao seu momento histórico de criação, o que é uma marca de sua originalidade.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 10

A discussão sobre os direitos humanos envolve a questão filosófica da dignidade humana e da autonomia ética do ser humano. Assinale o que for correto sobre as noções de direitos humanos e dignidade.

01) Ao considerar a tese da autonomia da vontade humana, como a faculdade de determinar-se a si mesmo, Kant formulou o fundamento da dignidade da natureza humana.

02) A dignidade humana, para Hegel, é o resultado de um reconhecimento, isto é, cada ser humano deve ser pessoa e respeitar os outros como pessoa.

04) A Constituição Brasileira de 1988 considera a dignidade humana princípio fundamental, essencial para todo o ordenamento constitucional.

08) Quando se vincula a dignidade humana ao valor intrínseco da vida humana, tem-se a biologização da dignidade humana.

16) Para Habermas, a dignidade humana decorre da natureza humana, e não do valor de cada pessoa no âmbito da reciprocidade das relações humanas.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 11

“Por natureza, todos os homens desejam o conhecimento. […] a ciência que investiga causas é mais instrutiva do que uma que não o faz, pois é aquela que nos diz as causas de qualquer coisa particular que nos instrui. Ademais, o conhecimento e o entendimento desejáveis por si mesmos são mais alcançáveis no conhecimento daquilo que é mais cognoscível. Pois o homem que deseja o conhecimento por si mesmo vai desejar sobretudo o conhecimento mais perfeito, que é o conhecimento do mais cognoscível, e as coisas mais cognoscíveis são os princípios e causas primeiros; porque é através e a partir destas que outras coisas vêm a ser compreendidas.” (ARISTÓTELES, Metafísica – livro I. In: MARCONDES, D. Textos básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 46-51).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) As coisas cognoscíveis não podem ser conhecidas pelo ser humano.
02) O homem deseja o conhecimento mais perfeito, e isso só é possível pela ciência que investiga as causas.
04) A ciência que investiga a causa das coisas e a ciência dos princípios das coisas são contraditórias.
08) O conhecimento não é natural nos seres humanos, mas um desejo que alguns têm, e outros, não.
16) O conhecimento científico fundamenta-se no conhecimento das causas e dos princípios das coisas.

Respostas: 2 + 16 = 18.

Questão 12

“Eu descobri há poucos anos, como bem sabe vossa alteza Sereníssima, muitas particularidades do céu, que tinham permanecido invisíveis até esta época. Seja por sua novidade, seja por algumas consequências que delas decorrem e que contrariam algumas proposições acerca da Natureza comumente aceitas pelas escolas dos filósofos, essas descobertas excitaram contra mim um bom número de seus professores; quase como se eu, com minha própria mão tivesse colocado tais coisas no céu, para transtornar a Natureza e as ciências. […] esses professores chegaram a negar e a tentar anular aquelas novidades. […] procuravam (esses professores) eles próprios espalhar junto ao público em geral a ideia de que tais proposições são contrárias às Sagradas Escrituras e, por conseguinte, condenáveis e heréticas.” (GALILEU, Carta à senhora Cristina de Lorena, Grã-duquesa, mãe de Toscana (1615). São Paulo: Unesp, 2009, p. 49).

A partir do texto acima e de acontecimentos da ciência moderna preconizados por Galileu, assinale o que for correto.

01) Galileu provou, a partir de vários experimentos, que o peso de um corpo depende do seu tamanho.
02) O esforço de Galileu é defender o sistema de Copérnico e mostrar a sua compatibilidade com as Sagradas Escrituras.
04) Para Galileu, o conflito entre ciência e revelação é apenas aparente, pois ambas são verdadeiras, e seria absurdo admitir um conflito entre duas verdades.
08) Várias passagens da Bíblia relatam a estabilidade da Terra e o movimento do Sol.
16) As descobertas de Galileu confirmaram o modelo heliocêntrico da Astronomia proposto por Copérnico no século XV.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 13

“De que todo o nosso conhecimento comece com a experiência, não há a mínima dúvida; pois de que outro modo a faculdade de conhecer deveria ser despertada para o exercício, se não ocorresse mediante objetos que impressionam os nossos sentidos e em parte produzem espontaneamente representações, em parte põem em movimento a nossa atividade intelectual de comparar essas representações, conectá-las ou separá-las, e deste modo transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em conhecimento de objetos, que se chama experiência? […] Mas, ainda que todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele origina-se da experiência.” (KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 117).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O conhecimento tem seu início na experiência sensível; isso não significa, todavia, que ele esteja preso à experiência e limitado por ela.
02) A faculdade de conhecer está em repouso e é despertada pela experiência sensível, sendo essa a fonte primeira do conhecimento.
04) As representações sensíveis das coisas são espontâneas e não precisam de qualquer interferência dos sentidos.
08) A faculdade de conhecer pode produzir conhecimentos por si mesma, visto que as impressões sensíveis não são a origem de todo o conhecimento.
16) A faculdade de conhecer opera sobre as representações das coisas advindas por meio dos sentidos e produz, assim, novos conhecimentos.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 14

“Enfim, é preciso dizer que não se podem conceber essas relações de poder como uma espécie de dominação brutal com a forma: ‘Faça isso ou eu te mato!’. Não são situações extremas de poder. De fato, as relações de poder são relações de força, de enfrentamentos, então, sempre são reversíveis. Não há relações de poder que sejam completamente triunfantes e cuja dominação seja incontornável. Tem-se dito muito (os críticos me acusam disso) que, para mim, ao por o poder em toda parte, eu exclua toda possibilidade de resistência. Mas é o contrário!” (FOUCAULT, M. Poder e Saber. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 240-241).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Como as relações de força são reversíveis, não há um polo dominador e um dominado.
02) Para o filósofo, a violência é constituinte das relações de poder.
04) Relações de poder não significam necessariamente que o dominado jamais poderia reverter sua relação de dominação.
08) Para Foucault, as relações de poder perpassam as interações humanas, à exceção das relações afetivas.
16) Relações de poder são relações de força, às vezes sutis, que podem se inverter conforme a resistência aplicada pelo dominado em face do dominador.

Resposta: 4 + 16 = 20.

Questão 15

“O assunto deste ensaio não é assim a chamada Liberdade da Vontade, tão desgraçadamente oposta à doutrina erroneamente intitulada Necessidade Filosófica, mas a Liberdade Civil ou Social: a natureza e os limites do poder que pode ser legitimamente exercido pela sociedade sobre o indivíduo. Uma questão raramente colocada, e mesmo dificilmente discutida, em termos gerais, mas que influencia profundamente as controvérsias práticas contemporâneas pela sua presença latente e que provavelmente logo se fará reconhecida como a questão vital do futuro. Ela está tão longe de ser nova que, num certo sentido, dividiu a humanidade desde as eras mais remotas; mas no estágio de progresso no qual as parcelas mais civilizadas da espécie agora entraram, ela se apresenta sob novas condições e exige um tratamento diferente e mais fundamental.” (MILL, J. S. Sobre a liberdade. In: WEFFORT, F. Os clássicos da política. São Paulo: Ática, p. 200).

A partir do texto acima e de seus conhecimentos acerca do liberalismo, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A liberdade civil ou social, para John Stuart Mill, não pode se opor à liberdade da vontade dos indivíduos.

02) A liberdade dos indivíduos, para John Stuart Mill, é algo que possibilitará ao homem alcançar a felicidade em sociedade.

04) Democracia e liberdades cívicas não ocupam um lugar de destaque no liberalismo de John Stuart Mill.

08) Transformações políticas e econômicas da Inglaterra no tempo de John Stuart Mill são fundamentais para o desenvolvimento de suas posições políticas e filosóficas.

16) O indivíduo existe para o grupo social, de modo que suas ações devem espelhar o grupo do qual participa.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 16

Considere os seguintes argumentos:

Argumento 1
Todo brasileiro é mamífero.
Todo mamífero é um animal vertebrado.
Logo, todo brasileiro é um animal vertebrado.

Argumento 2
Políticos são corruptos.
João é presidente da república.
Logo, João é corrupto.

A partir dos argumentos citados, assinale o que for correto.

01) ‘Mamífero’ é o termo médio do argumento 1.
02) O argumento 2 não possui termo médio explícito.
04) As premissas do argumento 1 são universais.
08) No argumento 2, ‘presidente da república’ é uma particularização de ‘políticos’.
16) A conclusão do argumento 2 é uma inferência válida das premissas, mas ela é também incorreta, visto ser uma universalização indevida a partir das premissas.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 17 

“Na percepção, sempre há algo percebido: na fabricação de imagens, há algo representado em imagens; na enunciação, há algo enunciado; no amor, algo amado; no ódio, algo odiado; no desejo, algo desejado; e assim por diante. É isso que se deve reter de todos esses exemplos usados por Brentano quando declarava: ‘Todo fenômeno […] é caracterizado por aquilo que os escolásticos, na Idade Média, chamavam inexistência
intencional (ou mesmo mental) de um objeto; é o que nós chamaremos – embora tenhamos que usar expressões equívocas – de relação a um conteúdo, orientação para um objeto’. Há variedades essenciais e específicas na relação intencional. Em suma: há variedades na intenção (que, para fazer apenas uma descrição, consiste sempre em um ‘ato’). São diferentes o modo como uma ‘simples imagem’ de um estado de coisas visa ao seu objeto e o modo do juízo que considera verdadeiro ou falso o mesmo estado de coisas.” (HUSSERL, Investigações lógicas. In: SAVIAN FILHO, J. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 352).

De acordo com o texto acima, assinale o que for correto.

01) A essência ou ideia das coisas é o modo de ser das coisas em sua autodoação à consciência.
02) Pode-se afirmar que Husserl é um filósofo da representação.
04) O termo ‘inexistência’, indicado acima, significa ‘existir dentro’.
08) A intencionalidade é a unidade radical entre a consciência e o objeto.
16) O intelecto humano é como uma tábula rasa ou folha em branco, na qual as impressões inscrevem dados.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 18

“Aqueles que afirmam que o cético rejeita o aparente não prestaram atenção ao que dissemos. Pois, como dissemos antes, não rejeitamos as impressões sensíveis que nos levam ao assentimento involuntário; e estas impressões são o aparente. […] Mesmo se formulamos argumentos sobre o aparente, isso não se deve à intenção de rejeitarmos as aparências, mas apenas de mostrarmos a precipitação do dogmático, pois, se a razão nos ilude de tal modo que nos tira até mesmo o aparente de debaixo de nossos olhos, então temos de tomar cuidado no caso das coisas não evidentes, para não nos precipitarmos ao segui-la.” (SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes pirrônicas. In: SAVIAN FILHO, J. S. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016, p. 342).

A partir do texto citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) O cético não aceita forma alguma de conhecimento que seja adquirido pelos sentidos.
02) O cético possui atitude filosófica de questionamento do conhecimento, que se funda tão somente na aparência.
04) Para o cético, a concepção dogmática de conhecimento reconhece, sem questionamento, as razões que se fundam sobre as aparências.
08) O cético propõe uma atitude mais criteriosa diante do conhecimento que advém dos sentidos, para não sermos enganados pela falsidade subjacente àquilo que nos aparece.
16) A atitude cética impede a aquisição de conhecimentos racionais, pois rejeita as aparências advindas dos sentidos, sempre enganadoras, como fundamento do conhecimento humano.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 19

“Devemos recorrer a dois princípios bastante manifestos na natureza humana. O primeiro é a simpatia, ou seja, a comunicação de sentimentos e paixões […]. Tão estreita e íntima é a correspondência entre as almas dos seres humanos que, assim que uma pessoa se aproxima de mim, ela me transmite todas as suas opiniões, influenciando meu julgamento em maior ou menor grau. Embora, muitas vezes, minha simpatia por ela não
chegue ao ponto de me fazer mudar inteiramente meus sentimentos e modos de pensar, raramente [a simpatia] é tão fraca que não perturbe o tranquilo curso do meu pensamento, dando autoridade à opinião que me é recomendada por seu assentimento. O segundo princípio para o qual chamarei a atenção é o da comparação, ou seja, a variação de nossos juízos acerca dos objetos segundo a proporção entre estes e aqueles
com os quais comparamos. […]. Nenhuma comparação é mais óbvia que a comparação conosco; por isso, ela tem lugar em todas as ocasiões e influencia a maioria de nossas paixões. Esse tipo de comparação é diretamente contrário à simpatia em seu modo de operar.” (HUME, D. Tratado da natureza humana. In: SAVIAN FILHO. J. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016, p. 272).

A partir do texto, assinale o que for correto.

01) Entende-se que a simpatia consiste na experiência na qual uma pessoa é influenciada por outra.

02) Para Hume, não é a razão que leva os seres humanos a agir, e sim as emoções.

04) Hume desenvolveu um sistema filosófico moral fundamentado na razão e nos limites dela.

08) É próprio da comparação o fechamento em si, pois aquele que compara não está sujeito à influência.

16) Simpatia e comparação não interferem diretamente em
nosso comportamento moral.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 20

“O abade de Châteauneuf contou-me certo dia que a esposa do marechal de Grancey era muito imperiosa e que tinha muitas qualidades. […] Ela passou quarenta anos nesta dissipação e neste círculo de divertimentos que ocupam seriamente as mulheres. Ela não lia nada a não ser as cartas que lhe eram escritas, em nada pensava a não ser nas novidades do dia, nas idiotices dos que a cercavam e nos interesses de seu coração. […] Fizeram-na ler Montaigne: encantou-se com um homem com quem estabelecia uma conversa e que duvidava de tudo. Deram-lhe em seguida os Grandes Homens de Plutarco: ela questionava por que ele não havia feito a história das grandes mulheres.” (VOLTAIRE. Mulheres sujeitai-vos aos vossos maridos. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 702-703).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O filósofo retrata a condição cultural da mulher restrita ao contexto do século XVIII na França, situação social que não se verificou mais em outra sociedade ou em outra
época.

02) A indagação da personagem revela sua visão parcial e distorcida da História, pois deseja ler uma história das mulheres.

04) O questionamento e a dúvida encantam a personagem porque era uma novidade em sua vida, até então presa às trivialidades do seu dia a dia.

08) O filósofo, de forma irônica, retrata a condição feminina em contextos culturais que subjugam a sua capacidade de compreensão e crítica das mulheres.

16) O filósofo ressalta o quanto o acesso a obras históricas e literárias fornece autonomia intelectual aos indivíduos para criticarem seu tempo.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 28.

Vestibular de inverno – 2017

Questão 1

Em uma série de fragmentos, Heráclito de Éfeso (c. 540 – c. 480 a.C.) legou à tradição filosófica ocidental uma explicação teórico-racional acerca da natureza do real e do vir-a-ser.

Considere os seguintes fragmentos do filósofo:

B49a: “Descemos e não descemos para dentro dos mesmos rios; somos e não somos”.

B10: “Correlações: completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia e desarmonia, e todas as coisas, um, e de um, todas as coisas”.

B60: “O caminho para o alto e para baixo é um e o mesmo”.

(MARCONDES, D. Textos básicos de Filosofia: dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. 2ª ed., rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 15 e 16).

A partir dos fragmentos selecionados, e considerando suas repercussões, assinale o que for correto.

01) O fragmento B60 é o fundamento para considerar Heráclito de Éfeso defensor do imobilismo, teoria segundo a qual o ser é imóvel, ou seja, não sujeito ao movimento ou ao vir-a-ser.

02) Heráclito de Éfeso defende que o real resulta do embate e da conjunção de aspectos contrários ou contraditórios, os quais o constituem incessantemente.

04) A teoria platônica das formas (ideias) reafirma a doutrina de Heráclito de que tudo flui, já que as formas estão sempre sujeitas ao movimento e ao vir-a-ser perpétuo.

08) Na teoria da substância, as noções de matéria e de forma e os conceitos de potência e de ato exprimem a tese de Aristóteles, em contraposição à tese de Heráclito, segundo a qual em todo processo de vir-a-ser algo permanece (a forma) e algo se transforma (a matéria).

16) A doutrina de Heráclito de Éfeso provocou grande debate na filosofia grega, influenciando, por exemplo, Aristóteles a elaborar uma defesa do princípio da não contradição, assim como a formulá-lo claramente.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Questão 2

“Em verdade, eu julgo infelizes aqueles príncipes que, por terem como inimigo a multidão, recorrem a vias extraordinárias para assegurarem o seu regime, porque aquele que tem como inimigos os poucos assegura-se mais facilmente e sem muito escândalo. Mas quem tem por inimigo todo o povo não se assegura jamais, e, quanto mais crueldade usa, tanto mais fraco torna-se o seu principado. De modo que o melhor remédio a usar é procurar fazer o povo tornar-se seu aliado”.

(MAQUIAVEL, N. “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, in: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 444). A partir do texto citado, assinale o que for correto a respeito do pensamento de Maquiavel.

01) Os escândalos arruínam os governos que se apoiam nos grupos políticos restritos.
02) O governo que não tem o apoio da multidão revela uma fraqueza política irremediável.
04) Os governos com grande apoio popular são mais resistentes aos escândalos políticos.
08) O aconselhável para um governo impopular é tomar medidas contra o povo, pois isso mostra a força de seu
governo.
16) Os governos fracos, mesmo recorrendo a meios extraordinários e violentos, tornam os seus regimes mais fracos e sem apoio popular.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 3

Isto agora é límpido e claro: nem as coisas futuras existem, nem as coisas passadas, nem dizemos apropriadamente ‘existem três tempos: o passado, o presente e o futuro’. Mas talvez pudéssemos dizer apropriadamente ‘existem três tempos: o presente das coisas passadas, o presente das coisas presentes, o presente das coisas futuras’. Pois os três estão de alguma maneira na alma e eu não os vejo em outro lugar: o presente das coisas passadas é a memória, o presente das coisas presentes é o olhar, o presente das coisas futuras é a expectativa”.

(SANTO AGOSTINHO, Confissões, in: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 43). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O tempo é algo compreendido pela alma, e não algo presente nas coisas.
02) Para Santo Agostinho, existem três tempos distintos: passado, presente e futuro.
04) O futuro é um tempo de expectativa para a alma.
08) O presente é algo que se põe diante do olhar da alma.
16) O passado é visto em outro lugar, e nós o acessamos pela memória.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13,

Questão 4

Platão registra, em seu diálogo Crátilo, a análise de Sócrates acerca do valor das lições dos sofistas: “Sócrates – O ensino sobre os termos não é assunto de pouca importância. Se eu tivesse ouvido a lição de Pródico [de Ceós] de cinquenta dracmas, a qual garantia ao ouvinte ficar inteiramente formado acerca deste assunto, como ele assevera, nada te impediria de saber imediatamente toda a verdade acerca do uso correto das palavras. Mas só ouvi a lição no valor de um dracma.”

(PLATÃO, Crátilo, 483B apud FIGUEIREDO, V. de (org.). Filósofos na sala de aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2, p. 28).

Com fundamento no texto acima, assinale o que for correto.

01) Não havia na sofística qualquer alusão à lógica e ao estudo da argumentação, restando apenas lugar à retórica, voltada à noção de argumento correto no contexto dos intensos debates públicos das assembleias democráticas.
02) A preocupação com o uso da palavra ocorre no contexto da pólis grega, em que isegoria e participação política contrapunham o discurso mitológico ao discurso político. Neste prevaleciam a sagacidade, a discussão e a argumentação.
04) O “ensino sobre os termos” era voltado ao desenvolvimento da argumentação, da habilidade retórica e da análise de doutrinas divergentes ou antilogias. Insuficiências nesse aprendizado eram prejudiciais aos
negócios públicos e privados.
08) Ao cobrarem pelo ensino de conceitos e de estratégias para estabelecer as teses pretendidas, os sofistas contribuíram para valorizar o saber, inaugurando uma forma de magistério que despertou a admiração de filósofos como Platão e Aristóteles.
16) O apreço dos sofistas pelos discursos duplos (dissoi logoi) demonstra certa tendência antidogmática, o que teria levado esses autores, filósofos e pensadores, à formulação de concepções flexíveis sobre o gênero humano, a sociedade e a realidade.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 5

Considere as seguintes premissas:

(a) Se Sócrates estuda filosofia, então Sócrates é sábio.
(b) Sócrates não é sábio.

A partir dessas premissas, é correto concluir que

01) “Sócrates é sábio” é uma conclusão válida das premissas.
02) “Sócrates não estuda filosofia” é uma conclusão válida das
premissas.
04) “Sócrates é não sábio” é uma conclusão válida das
premissas.
08) “Sócrates estuda filosofia” é uma conclusão válida das
premissas.
16) “Sócrates é não não-sábio” é uma conclusão válida das
premissas.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 6

“Ou Deus quer extirpar o mal deste mundo e não pode, ou pode e não o quer; ou não pode nem quer; ou finalmente quer e pode. Se quer e não pode, é sinal de impotência, o que é contrário à natureza de Deus; se pode e não o quer, é malvadez, o que não é menos contrário à sua natureza; se não quer nem pode é simultaneamente malvadez e impotência; se quer e pode (o que de todas as hipóteses é a única que convém a Deus), qual é então a origem do mal sobre a terra?”.

(VOLTAIRE, Dicionário Filosófico, in: FIGUEIREDO, V. Seis filósofos na sala de aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2006, p. 117).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O argumento, ao listar as possibilidades das ações divinas, lança dúvidas sobre se a origem do mal está realmente em Deus.
02) O argumento sugere que pode haver em Deus coisas contrárias à sua natureza, a saber: impotência e maldade.
04) O argumento não leva em conta a existência da liberdade humana, pois, se Deus pudesse impedir as ações más, ele limitaria a liberdade humana.
08) O argumento coloca um falso dilema, pois a onipotência divina não pode interferir nas ações humanas.
16) O argumento demonstra como Deus pode ser responsabilizado pela origem dos males no mundo.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 16.

Questão 7

“Passemos, então, aos atributos da alma e vejamos se há alguns que existam em mim. […] Um outro é pensar, e verifico aqui que o pensamento é um atributo que me pertence; somente ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo: isto é certo; mas por quanto tempo? Durante todo o tempo em que eu penso; pois talvez poderia acontecer que, seu eu parasse de pensar, ao mesmo tempo pararia de ser ou de existir. Nada
admito agora que não seja obrigatoriamente verdadeiro: nada sou, então, a não ser uma coisa que pensa, ou seja, um espírito, um entendimento ou uma razão, que são palavras cujo significado me era anteriormente desconhecido.”

(DESCARTES, R. Meditações, 2ª Meditação. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 260 e 261).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A faculdade de pensar é um atributo que não pode ser separado do sujeito, ligado intimamente ao seu eu.
02) O pensamento é um atributo ligado ao corpo do sujeito, visto que é somente por meio desse pensamento que elaboramos nossas ideias.
04) Os pensamentos são efêmeros, uma vez que desaparecem quando deixamos de pensar, não restando nada em nós.
08) Os pensamentos e o conhecimento das coisas já estão na alma humana, e é necessário rememorá-la por um ato de autorreflexão.
16) No processo de autoconhecimento, a primeira constatação a que se chega é que o homem é, prioritariamente, um ser que pensa, uma coisa pensante.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 8

“É possível que se descubram leis da psicologia de massa que expliquem por que milhões de seres humanos se deixaram levar, sem resistência, às câmaras de gás, embora essas leis nada venham a explicar senão a destruição da individualidade. […] Porque destruir a individualidade é destruir a espontaneidade, a capacidade do homem de iniciar algo novo com os seus próprios recursos, algo que não possa ser explicado à base da reação ao ambiente e aos fatos. Morta a individualidade, nada resta senão horríveis marionetes com rostos de homem, todas com o mesmo comportamento do cão de Pavlov, todas reagindo com perfeita previsibilidade mesmo quando marcham para a morte”.

(ARENDT, H. Origens do Totalitarismo. In: FIGUEIREDO, V. (org). Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2013, p. 203).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A filósofa destaca o quão destrutivo para a humanidade é a perda da individualidade.
02) A individualidade é algo que nos singulariza diante de uma multidão massificada de seres humanos e diante de cada ser humano.
04) A filósofa mostra que a individualidade desaparece diante da certeza da morte.
08) A individualidade somente pode ser justificada por forças externas, como a natureza e a sociedade, atuando sobre os homens.
16) A filósofa alerta para o risco inerente à massificação, que pode implicar a perda da espontaneidade dos indivíduos, que é um traço próprio dos seres humanos.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 9

“Que a Lógica tenha seguido desde os tempos mais remotos esse caminho seguro depreende-se do fato de não ter podido desde Aristóteles dar nenhum passo atrás. […] Digno de nota ainda que até agora tampouco tenha podido dar um passo adiante, parecendo, portanto, ao que tudo indica, completa e acabada.”

(KANT, I. Crítica da razão pura. Tradução de V. Rohden e U. B. Moosburger. 2.ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 9, § VIII).

A partir da passagem transcrita e de conhecimentos sobre o assunto, assinale o que for correto.

01) Kant afirma que a lógica, que é um saber fundamental para a análise filosófica, é uma disciplina que foi inaugurada já perfeita e acabada por Aristóteles.
02) Segundo Kant, a lógica é uma disciplina que evolui com o tempo, a menos que não se tenha mais como ampliar sua área de conhecimentos por esta já ter alcançado sua completude.
04) Contrariando Kant, a partir do século XIX a lógica é modernizada para contemplar novas aplicações, adotando linguagem simbólica de tipo matemático para denotar termos, proposições e inferências.
08) Kant está correto porque, mesmo hoje, acréscimo significativo algum foi feito à lógica, o qual estendesse os resultados, os princípios e as leis lógicas introduzidas por Aristóteles.
16) Os três princípios fundamentais da lógica clássica, os princípios de identidade, de não contradição e do terceiro excluído, válidos na lógica aristotélica, permanecem irrestritamente aceitos, porque sistema lógico alternativo algum foi proposto até agora.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 10

No livro VII da República, Platão introduz a “alegoria da caverna”, na qual sumariza os fundamentos de sua filosofia. Considere o extrato a seguir e conhecimentos relacionados e assinale o que for correto.

“Sócrates – Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma espécie de morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. […] Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.”

(PLATÃO, República, 514a e 514e apud MARCONDES, D. Textos básicos de Filosofia: dos Pré- Socráticos a Wittgenstein. 2.ª ed. rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 40).

01) Na alegoria da caverna, Platão correlaciona as sombras ao que é verdadeiro no mundo inteligível, já que as ideias podem representar verdadeiramente qualquer objeto.
02) Em sua doutrina das formas (ideias), Platão procura conciliar a tese de que o ser é imóvel (de acordo com Parmênides) e mutável (conforme Heráclito) e distingue, em sua teoria, respectivamente, os planos sensível e inteligível.
04) Aqueles que não recebem o grau de educação adequado não conseguem transpor o estado de ignorância; sendo assim, são incapazes de distinguir a verdadeira realidade das coisas.
08) Em Platão não há qualquer oposição entre ser e parecer. Essa tese foi imposta, posteriormente, à filosofia platônica pelos autores cristãos da patrística e da escolástica.
16) Platão defende que apenas aqueles que saíram da caverna podem, pouco a pouco, contemplar a verdadeira realidade das coisas, ou seja, suas formas, habituando-se a distinguir a verdadeira natureza dos objetos.

Resposta: 4 + 16 = 20.

Questão 11

“O trabalho do seu corpo [do ser humano] e a obra das suas mãos, pode dizer-se, são prioritariamente dele. Seja o que for que ele [o ser humano] retire do estado que a natureza lhe forneceu e no qual o deixou, fica-lhe misturado ao próprio trabalho, juntando-se-lhe algo que lhe pertence, e, por isso mesmo, tornando-o propriedade dele. Retirando-o do estado comum em que a natureza o colocou, anexou-lhe por esse trabalho algo que o exclui do direito comum de outros homens. Desde que esse trabalho é propriedade exclusiva do trabalhador, nenhum outro homem pode ter direito ao que se juntou […].”

(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 45 e 46). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O direito ao trabalho é uma concessão daqueles que têm a propriedade para aqueles que não a têm.
02) A propriedade pode ser herdada independentemente de trabalharmos nela ou de adquiri-la.
04) O trabalho confere a propriedade de algo, ou seja, somente temos propriedade daquilo que adquirimos com o trabalho.
08) Somente haverá possibilidade de trabalho se houver propriedades sem donos, independentemente de estarem
ociosas ou não.
16) O trabalho se mistura à natureza da coisa, tornando essa coisa própria daquele que trabalhou, tornando-a sua propriedade.

Resposta: 4 + 16 = 17.

Questão 12

A filosofia medieval é herdeira do legado filosófico da Antiguidade. A recepção das doutrinas metafísicas de Platão e de Aristóteles por autores da antiguidade tardia e do período medieval deu origem a intenso debate que ficou conhecido como “Querela dos Universais”. Acerca desse tópico, assinale o que for correto.

01) Ao defender a existência das formas, Platão influencia parte dos autores realistas, como Anselmo de Cantuária e Guilherme de Champeaux, para os quais um universal, por exemplo, humanidade, possui realidade objetiva e é propriamente coisa (res).
02) Aristóteles defende que cada ser é uma substância, aquilo que é em si mesmo e que resulta do composto de matéria e de forma; a forma é um princípio inteligível, a essência comum aos indivíduos que são da mesma espécie; a matéria é o princípio da individuação, aquilo que distingue os indivíduos da mesma espécie uns dos outros.
04) Os nominalistas defendem que não há universais; a universalidade está restrita às palavras, sem qualquer realidade exterior subjacente ou correspondente a elas. Guilherme de Ockam é um ilustre representante dessa corrente.
08) O problema dos universais, ou seja, se as propriedades universais existem ou não (se existem, se estão nas coisas ou se estão fora delas) e de que modo a linguagem pode denotar a realidade são problemas filosóficos superados, restritos aos debates dos filósofos medievais.
16) Na filosofia medieval, o nominalismo está associado à valorização do mundo empírico, dos fenômenos particulares, da análise dos indivíduos. Essa corrente de pensamento pode ser considerada uma antecipação de tendências modernas.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 13

“Na ciência as convicções não têm nenhum direito de cidadania, assim se diz com bom fundamento: somente quando elas se resolvem a rebaixar-se à modéstia de uma hipótese, de um ponto de vista provisório de ensaio, de uma ficção regulativa, pode ser-lhes concedida a entrada e até mesmo um certo valor dentro do reino do conhecimento – sempre com a restrição de permanecerem sob vigilância policial, sob a polícia da desconfiança.”

(NIETZSCHE, F. Gaia Ciência, aforismo 344 apud FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2, p. 181).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) As hipóteses impulsionam a pesquisa científica e são comprovadas pelas convicções.
02) O conhecimento científico deve ser colocado a todo instante sob o crivo da dúvida, da desconfiança.
04) Não é possível produzir conhecimento científico seguro sem a vigilância do Estado, por meio da sua polícia.
08) O conhecimento científico deve ter como pressuposto o questionamento, que é a expressão da humildade da razão.
16) É próprio da ciência acabar com o caráter provisório das hipóteses e apresentar-se como uma certeza racional inquestionável.

Resposta: 2 + 8 = 10.

Questão 14

“As ações grandiosas e elevadas, de caracteres bons e nobres, possuem a beleza moral que é própria da alma e, por isso, constituem objetos dignos de imitação para a Arte. […] A imitação, no sentido aristotélico, estende-se mesmo àquelas coisas desagradáveis à vista, repelentes porque ameaçadoras, feias porque inermes e sem vida. Como se sofressem uma transfiguração em seu aspecto natural, adquirindo nova existência por efeito da Arte, tais coisas, quando imitadas, tornam-se atraentes, dando-nos prazer contemplar as suas representações. Não é que o Belo se torne feio. É que o Belo, na Arte, não coincide com a beleza exterior dos objetos representados, mas sim com a maneira de apresentar as coisas […].”

(NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Ática, 2010, p. 29). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A figura grotesca do personagem corcunda, do livro O Corcunda de Notre Dame, é bela.
02) O desenho de um pôr do sol por uma criança de quatro anos não é belo.
04) O rap (forma musical popular) não é belo.
08) Os Lusíadas, de Camões, não é belo.
16) O Palácio do Planalto, projetado por Oscar Niemeyer, é belo.

Resposta: 1 + 16 = 17.

Questão 15

Aristóteles assim apresenta o argumento que se obtém em uma corrida entre Aquiles e uma tartaruga: “O segundo argumento é chamado ‘Aquiles’. Conforme esse argumento, o mais lento nunca será alcançado pelo mais veloz, porque é necessário que o perseguidor chegue antes ao ponto do qual saiu o perseguido, de modo que o mais lento, necessariamente tenha alguma vantagem”.

(ARISTÓTELES, Física, VI, 9, 239b, in: FIGUEIREDO, V. (org.). Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2013, p. 350).

A partir desse excerto e de conhecimentos sobre filosofia pré-socrática, assinale o que for correto.

01) O argumento “Aquiles”, que emprega a tese da infinita divisibilidade do espaço, foi formulado, também, por Platão para demonstrar a imobilidade do ser.
02) O argumento “Aquiles” demonstra que os autores gregos da antiguidade clássica detinham o conhecimento e o domínio da noção de infinito, permitindo a introdução, naquela época, da noção matemática de número real.
04) Ao propor uma estratégia argumentativa por redução ao absurdo, Zenão de Eleia demonstra a impossibilidade de conceber racionalmente uma descrição sensata de movimento, ao mesmo tempo em que formula esse tipo de argumento para confundir seus oponentes nos debates.
08) O argumento parte da premissa de que para Aquiles alcançar um ponto do qual a tartaruga saíra antes, com certa vantagem, ele sempre precisa alcançar o ponto do qual a tartaruga partira, e deste para o próximo ponto, e assim sucessivamente.
16) O autor do argumento “Aquiles” pode ser considerado um dos primeiros autores ocidentais a formular argumentações por redução ao absurdo. Tal estratégia dialética foi amplamente utilizada na sofística, na maiêutica socrática e nos diálogos de Platão.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 28.

Questão 16

“Entramos no século XX a cavalo. Sairemos dele a bordo de naves espaciais. Ingressamos neste século morrendo de febre tifoide e varíola, e nos despediremos dele tendo vencido essas doenças. Na virada do século XIX, transplantes de órgãos eram inconcebíveis, enquanto na virada deste século muitos terão sobrevivido por que o coração ou outro órgão vital de uma outra pessoa os sustenta. Em 1900, a expectativa de vida humana era de 47 anos. Hoje é de 75. Adentramos este século comunicando-nos a curta distância com o recém-inventado rádio. Hoje enviamos sinais e imagens coloridas através de bilhões de quilômetros no espaço.”

(BRODY, D. E.; BRODY, A. R. As sete maiores descobertas científicas da história apud ARRUDA, M. L. de; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009, p. 384).

Sobre a noção de progresso científico, assinale o que for correto.

01) Para Thomas Kuhn (1922−1996) não é possível falar em evolução linear do científico, pois, ao longo da história da ciência, com o acúmulo de anomalias dentro de um paradigma (modelo) científico, este é abandonado por um novo paradigma quando sucedem as revoluções científicas, que não são nem cumulativas nem graduais.
02) A ciência evolui de forma contínua e linear, progredindo incessantemente. Prova disso é o grande progresso técnico-científico experimentado na atualidade. A noção de revolução não se aplica ao conhecimento científico.
04) Não cabe impor à ciência qualquer avaliação de progresso, pois, como nas artes e nos juízos de gosto, cada período constrói o conhecimento à sua maneira, a partir de seus próprios critérios.
08) A ciência evolui, segundo Karl R. Popper (1902−1994), quando o cientista admite conjecturas que pode refutar empiricamente; a demonstração de que tais conjecturas sejam falsas é ponto de partida para a formulação de novas teorias.
16) Autores como Henri Poincaré (1854−1912) defendem que as teorias não são nem verdadeiras nem falsas, mas úteis, afirmando que a crença na infalibilidade da ciência é uma ilusão.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

Questão 17

“Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmos extraem o que lhes serve para a teia. A abelha representa a posição intermediária: recolhe a matéria-prima das flores do jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere”.

(BACON, F. Novum Organum. In: ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 400).

A partir desse texto, assinale o que for correto.

01) Bacon acusa os racionalistas de serem dogmáticos.
02) O conhecimento científico elaborado como quem retira de si mesmo o conhecimento, à semelhança das aranhas, não é suficiente para Bacon.
04) O fazer científico, para Bacon, deve ser uma combinação de experiências empíricas e a elaboração racional desses dados.
08) O empirismo é o único modo correto de produzir conhecimento científico.
16) O conhecimento empírico anula o conhecimento racional e se contrapõe a ele.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 18

Acerca do belo e do juízo de gosto, assinale o que for correto.

01) Platão definiu critério objetivo e universal para a arte e a beleza ao propor que, mesmo os objetos sensíveis, devem se conformar ao “belo em si”, essência ideal e objetiva destes.

02) O Classicismo define uma estética normativa na qual o belo é obtido se a obra de arte atende a regras predeterminadas de proporção, produzindo, por exemplo, sensação agradável, independentemente do espectador que aprecia o objeto artístico.

04) Para Kant, o belo é uma propriedade objetiva do objeto belo, e o princípio do juízo estético não se refere ao conceito do objeto. É possível universalizar esse juízo porque a faculdade de julgar é comum a todo o gênero humano.

08) A estética contemporânea quebra a tríade belo-verdadeiro-justo, típica do pensamento clássico, como defendida por Platão na República. Tal ruptura permite reabilitar a representação do feio como obra de arte.

16) A partir do momento em que se abandona o modelo de arte como representação fiel da realidade, a obra de arte passa a ser considerada feia se, e somente se, ela for mal executada pelo artista, não correspondendo, assim, à proposta original a que este se propunha.

Resposta: 1 +2 + 8 + 16 = 27.

Questão 19

“[…] As relações de poder suscitam necessariamente, chamam a todo instante, abrem a possibilidade de uma resistência, e isso porque há a possibilidade de resistência real, que o poder daquele que domina tenta manter-se com tanta força quanto possível, quanto maior a astúcia, maior a resistência. De modo que é muito mais a luta perpétua e multiforme que eu tento mostrar do que a dominação morna e estável de um aparelho uniformizador.”

(FOUCAULT, M. Poder e saber. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 241).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Foucault destaca a importância da resistência dos dominados nas relações de poder.

02) Diante do poder do Estado não há resistência possível, visto que o poder uniformiza os indivíduos.

04) A resistência à dominação é uma luta permanente que os dominados travam contra o poder dominador.

08) A resistência ao poder somente pode ser exercida com o uso da violência, visto que não há astúcia possível contra a força do dominador.

16) Nas relações de poder não há somente dominação de um lado e submissão de outro.

Resposta: 1 + 4 + 16 = 21.

Questão 20

Para decidir se um argumento é válido ou não, a lógica proposicional (clássica) se vale da análise dos valores-verdade das proposições – atômicas (simples) e moleculares (compostas) – envolvidas em uma determinada inferência no método semântico de matrizes lógicas, conhecido como tabelas-verdade. De acordo com esse método, assinale o que for correto.

01) Uma proposição molecular da forma “p e q” é verdadeira, se, e somente se, as proposições denotadas por “p” e por “q” forem ambas verdadeiras.
02) Uma proposição molecular da forma “p ou q” é verdadeira,se, e somente se, ou a proposição “p” ou a proposição “q” forem alternativamente verdadeiras. Não há, na lógica proposicional, distinção entre os usos inclusivo e exclusivo da disjunção.
04) Uma proposição molecular da forma “não não p” é verdadeira, se, e somente se, a proposição “não p” for falsa.
08) Uma proposição molecular da forma “se p, então q” é verdadeira, se, e somente se, as proposições “p” e “q” forem ambas verdadeiras. Nos demais casos, o condicional expresso na lógica proposicional (clássica) é falso.
16) Uma proposição molecular da forma “p se, e somente se, q” é verdadeira, exprimindo equivalência lógica, se as proposições “p” e “q” forem ambas verdadeiras, mas nunca ambas falsas.

Resposta: 1 + 4 = 5.

Vestibular de verão – 2016

Questão 1

“A expressão artística é tanto mais desinteressada quanto menos exclusivista e unilateral. E é sendo abrangente ou, como diz Jean-Paul Sartre, inclusiva, que ela pode revelar-nos, na transparência do mundo criado pelo artista, as possibilidades latentes do ser humano, e dar-nos uma visão mais íntegra e compreensiva da realidade. Em suma, é revelando as possibilidades da consciência moral e não adotando uma moral, que a arte cumpre sua finalidade ética.”

(NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. 5 ed. São Paulo: Ática, 2010, p. 89). A partir desta afirmação de Benedito Nunes sobre a obra de arte, assinale o que for correto.

01) A obra de arte não é universal, pois decorre da subjetividade do artista.
02) A obra de arte é incomunicável, pois não tem significado objetivo.
04) A obra de arte é engajada, pois veicula uma imagem de mundo a partir de regras morais claras e explícitas.
08) A obra de arte amplifica o conhecimento do mundo.
16) A obra de arte espelha o olhar dos homens sobre si mesmos.

Resposta: 8 + 16 = 24.

Questão 2

“Portanto, quem possua a noção sem a experiência, e conheça o universal ignorando o particular nele contido, enganar-se-á muitas vezes no tratamento, porque o objeto da cura é, de preferência, o singular. No entanto, nós julgamos que há mais saber e conhecimento na arte do que na experiência, e consideramos os homens de arte mais sábios que os empíricos, visto a sabedoria acompanhar em todos, de preferência, o saber. Isto porque uns conhecem a causa, e os outros não. Com efeito, os empíricos sabem o ‘quê’, mas não o ‘porquê’; ao passo que os outros sabem o ‘porquê’ e a causa.

(ARISTÓTELES. Metafísica, livro I, cap. 1. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 12).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Segundo Aristóteles, o conhecimento do singular, adquirido pela experiência, não pode ser tomado como um conhecimento universal sobre algo determinado.
02) Segundo Aristóteles, o conhecimento do universal independe dos entes particulares ou singulares.
04) Segundo Aristóteles, conhecer algo é conhecer as suas causas e não apenas constatar “que” algo existe.
08) Segundo Aristóteles, os empíricos, ou pessoas que possuem um conhecimento calcado na experiência, conhecem o porquê e a causa das coisas.
16) Segundo Aristóteles, o conhecimento do sábio é superior ao do empírico porque engloba este, sem que isso signifique desprezo do conhecimento empírico ou das coisas particulares.

Resposta: 1 + 4 + 16 = 21.

Questão 3

Observe a seguinte afirmação sobre a filosofia de Espinosa (1632-1677): “A filosofia procura explicar tanto a ordem do real como a posição do homem nessa ordem (o que para nós é o bem e o mal) sem o recurso a nenhum mistério e nenhuma arbitrariedade. Isso significa encontrar o porquê do real, do bem e do mal sem ter que apelar para a opinião dos outros, à própria opinião ou mesmo à própria experiência, se elas forem insuficientes para mostrar as razões de aceitarmos nossos julgamentos. Apenas serão aceitos como filosóficos os julgamentos fundados na experiência suficiente para demonstrarmos o que julgamos, na razão ou, enfim, na compreensão intelectual daquilo que julgamos.”

(VIEIRA NETO, P. Espinosa. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, p. 193 e 194).

A partir da leitura do excerto, assinale o que for correto.

01) O juízo humano é uma opinião, pois a experiência é insuficiente para conhecer a verdade.
02) O entendimento humano dos fenômenos do mundo é impossível, pois depende da vontade de Deus.
04) O intelecto humano tem preponderância sobre a experiência empírica, pois Espinosa é um filósofo racionalista.
08) O conhecimento do bem e do mal corresponde às ordenações humanas que o entendimento descobre no mundo.
16) O conhecimento sensível é suficiente para a operação racional que produz os juízos do entendimento humano.

Resposta: 4 + 8 = 12.

Questão 4

“O que é racional, é efetivo; e o que é efetivo, é racional. Nesta convicção está toda consciência desprevenida, bem como a filosofia, e é daqui que esta parte para a consideração tanto do universo espiritual quanto do natural. […] O que importa, então, é reconhecer na aparência do temporal e do transitório a substância que é imanente, e o eterno que é presente. Com efeito, o racional, que é sinônimo da ideia, quando ele entra em sua efetividade simultaneamente na existência externa, emerge uma riqueza infinita de formas, fenômenos e configurações, e reveste o seu núcleo com uma casca multicolor, na qual a consciência inicialmente se instala, e que só o conceito transpassa, para encontrar o pulso interno e sentir igualmente o seu batimento nas configurações externas”.

(HEGEL, G. F. Excertos e parágrafos traduzidos. In MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 313 e 314).

A partir do texto de Hegel, assinale o que for correto.

01) A filosofia não pode se ater às manifestações externas, às aparências dos fenômenos e suas diversas configurações.
02) A imanência é uma qualidade sensível da substância, um dado exterior às coisas.
04) O racional torna-se ideia quando a consciência ultrapassa os fenômenos e os leva ao plano dos conceitos.
08) O processo do conhecimento parte do plano sensível, dos fenômenos, e atinge o plano do conceito, quando se torna efetivamente racional.
16) A filosofia busca reconhecer o que permanece na substância apesar dos diversos aspectos transitórios e variáveis presentes, como a cor, a extensão, a quantidade e outros.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 5

“Embora o cristianismo não seja uma filosofia, ele afeta de forma profunda o pensamento filosófico da época [Idade Média], uma vez que o filósofo cristão se depara com o problema da sua realidade finita e imperfeita diante da divindade infinita e perfeita.”

(ARANHA, M. L. de A. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.110).

Sobre a patrística e a escolástica, assinale o que for correto.

01) A filosofia medieval assume a herança dos filósofos gregos, sobretudo Platão (na patrística) e Aristóteles (na escolástica), de forma submissa e dogmática.

02) Santo Agostinho (354-430) é o maior representante da filosofia patrística. A patrística preocupava-se em encontrar justificativas racionais para as verdades reveladas.

04) Segundo a filosofia patrística, a revelação divina ensina quem tem fé a utilizar corretamente o conhecimento sensível.

08) Tomás de Aquino (1225-1274) considera a filosofia como conhecimento racional e tem como um dos seus principais temas filosóficos a adequação entre as coisas e o
entendimento.

16) O problema de maior relevância para a filosofia do século XIII é a querela dos universais, doutrina filosófica segundo a qual os realistas preponderam sobre os nominalistas.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 6

“A passagem do estado de natureza para o estado civil determina no homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando às suas ações a moralidade que antes lhe faltava. É só então que, tomando a voz do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, até aí levando em consideração apenas sua pessoa, vê-se forçado a agir baseando-se em outros princípios e
a consultar a razão antes de ouvir suas inclinações. Embora nesse estado se prive de muitas vantagens que frui na natureza, ganha outras de igual monta: suas faculdades se exercem e se desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos se enobrecem, toda a sua alma se eleva a tal ponto, que, se os abusos dessa nova condição não o degradassem frequentemente a uma condição inferior àquela donde saiu, deveria sem cessar bendizer o instante feliz que dela o arrancou para sempre e fez, de um animal estúpido e limitado, um ser inteligente e um homem.”

(ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 36). A partir do excerto acima, assinale o que for correto.

01) A moral e a razão são produtos da vida social do homem, no sentido de seu completo desenvolvimento.
02) O estado de natureza representa a condição do homem natural em sua essência espiritual e biológica de simples indivíduo.
04) O uso das faculdades racionais representa um benefício para o homem, desde que utilizadas de forma correta.
08) O pacto social significa o retorno ao momento originário em que o homem apresentava suas capacidades instintivas, pulsionais e naturais.
16) Os sentimentos nobres representam o desenvolvimento espiritual do homem em sociedade, ou seja, levam em conta as regras e os padrões sociais do comportamento.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 7

“É justo que se considere uma temeridade imperdoável julgar todo o curso da natureza a partir de um experimento singular, apesar da sua precisão e certeza. Mas quando uma espécie particular de eventos sempre esteve, em todos os casos, conjugada com outra, não temos nenhum escrúpulo em prever um desses eventos a partir da aparição do outro, empregando aquele raciocínio que, sozinho, nos assegura de qualquer fato ou existência. Então, chamamos um objeto de Causa; o outro de Efeito. Supomos que haja alguma conexão entre eles; alguma força, no primeiro, pela qual ele produz infalivelmente o segundo, operando com a maior certeza e a mais forte necessidade. Parece, então, que a ideia de uma conexão necessária entre os eventos surge de uma quantidade de situações similares, que decorrem da conjunção constante desses eventos.”

(HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 107).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O conhecimento da natureza não pode decorrer da consideração de eventos particulares e isolados.
02) A noção de causa é uma força que impulsiona os objetos e a noção de efeito é a ação resultante sobre esse mesmo objeto.
04) A relação de causalidade se estabelece entre objetos parecidos e não necessariamente entre eventos similares.
08) A noção de causalidade entre objetos decorre da inferência de que há uma conexão necessária entre eventos similares e constantes.
16) Não basta analisar um evento singular para emitir juízos sobre o curso da natureza, ainda que ele seja certo e preciso.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

Questão 8

A importância do estado laico, a partir do Iluminismo, representa um benefício para a afirmação de governos democráticos sem a interferência da religião no domínio político. Ora, a seguinte afirmação de Alain Touraine contesta esta tese: “Tal posição é contraditada pela história recente, em particular da América Latina, na qual determinados movimentos populares urbanos de inspiração religiosa lutaram mais eficazmente contra as ditaduras militares do que as classes médias instruídas, quase sempre reduzidas pelas oportunidades de enriquecimento e promoção oferecidas por regimes autoritários que restabeleciam os direitos do mercado.”

(TOURAINE, A. O que é a democracia? In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p.103). Levando em conta a afirmação de Touraine, assinale o que for correto.

01) As classes médias instruída, em contextos específicos das ditaduras da América Latina, aceitaram as ações do Estado a fim de obter benefícios.
02) As ditaduras militares, na América Latina, inspiraram-se nos ideais iluministas.
04) A realidade da política não acompanha o ideal filosófico de um Estado justo.
08) Os movimentos populares de iniciativa religiosa representam uma ameaça para a democracia.
16) A afirmação de Touraine é contra o ideal iluminista que propõe o Estado laico.

Resposta: 1 + 4 = 5.

Questão 9

“Sören Kierkegaard (1813-1885), pensador dinamarquês, é um dos precursores do existencialismo contemporâneo. […] Para Kierkegaard, a existência é permeada de contradições que a razão é incapaz de solucionar. Critica o sistema hegeliano por explicar o dinamismo da dialética por meio do conceito. Ao contrário, deveria fazê-lo pela paixão, sem a qual o espírito não receberia o impulso para o salto qualitativo, entendido como decisão, ou seja, como ato de liberdade. Por isso é importante na filosofia de Kierkegaard a reflexão sobre a angústia que precede o ato livre.”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 461 e 462). A partir do excerto acima, assinale o que for correto.

01) A compreensão filosófica sobre o sentido da vida não pode ser apenas racional, mas também existencial.
02) O pensamento de Kierkegaard sobre a liberdade é determinista, pois nossas decisões são inconscientes.
04) Entre os sentimentos humanos destaca-se a angústia, pois ela possui uma dimensão prática e, ao mesmo tempo, filosófica.
08) As paixões representam as ilusões dos sentidos, razão pela qual Kierkegaard critica o sistema de Hegel.
16) As determinações da existência, longe de serem claras, são enigmáticas e acarretam incertezas.

Resposta: 1 + 4 + 16 = 21.

Questão 10

“O propósito desta crítica da razão especulativa pura consiste na tentativa de reformular o procedimento habitual da metafísica, propondo-nos deste modo uma completa revolução em relação a esta segundo o exemplo dos geômetras e pesquisadores da natureza. Ela é um tratado do método e não um sistema da própria ciência; ainda assim desenha o contorno total da metafísica, tanto no que respeita seus limites quanto à estrutura interna total de seus membros”.

(KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 111).

A partir do texto citado, é correto afirmar que o projeto da crítica de Kant

01) busca ater-se apenas aos métodos das ciências teóricas, como a metafísica.
02) reformula o modo como são adquiridos os conhecimentos metafísicos.
04) volta-se para a razão especulativa, no tocante aos seus procedimentos mais recorrentes.
08) visa ser tão somente uma ciência pura, haja vista sua preocupação com a definição de um método próprio.
16) busca transformar a razão pura, a razão prática e a estética em um sistema científico.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 11

“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e oficial, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das suas classes em luta. […] Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.”

(MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. In ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 2012, p. 449). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A teoria marxiana tem como um de seus fundamentos de análise o antagonismo dos interesses entre o proletariado e a burguesia.
02) O trecho citado evidencia o núcleo da teoria da história marxiana fundada na luta de classes.
04) Este texto apresenta um erro de interpretação, visto que afirma que sempre existiu, em todos os períodos históricos, burguesia e proletariado.

08) O trecho apresenta uma contradição, pois, se de fato houve guerras ininterruptas entre as classes, a sociedade deveria ter sido exterminada por essas guerras.

16) O texto ressalta um dado central para a análise da sociedade: a presença de oposições que envolvem as relações entre classes sociais.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 12

“Para o pragmatismo, a experiência é substancialmente abertura para o futuro (…). Desse ponto de vista, uma ´verdade` não existe porque pode ser confrontada com os dados acumulados da experiência passada, mas por ser suscetível de qualquer uso na experiência futura. Nesse sentido, a tese fundamental do pragmatismo é a de que toda a verdade é uma regra de ação, uma norma para a conduta futura.”

(ABBAGNANO, N. História de filosofia. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 487).

Sobre o pragmatismo, assinale o que for correto.

01) O fundamento filosófico do pragmatismo é a crença racional justificada pelo alcance teórico dos conceitos.
02) O pragmatismo está associado à fenomenologia, pois visa os conteúdos intencionais da consciência.
04) A função da experiência é a possibilidade de formar instrumentos capazes de orientar a ação.
08) Ao recusar um fundamento filosófico fundacionalista, o pragmatismo é relativista.
16) Segundo o pragmatismo, não há verdade absoluta, mas construção do conhecimento através do diálogo e do intercâmbio de experiências.

Resposta: 4 + 16 = 20.

Questão 13

“Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. […] Com efeito, não há dos nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser.”

(SARTRE, J-P. O existencialismo é um humanismo. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com
textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 2012, p. 478). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A responsabilidade existencial do ser humano é prioritária em relação à sua própria essência.
02) A responsabilidade é uma preocupação restrita ao próprio sujeito que reflete sobre esse fato.
04) O existencialismo deve pôr no centro das suas preocupações a responsabilidade que o homem tem com os atos relativos à sua existência.
08) Os atos desejados pelos homens refletem os seus juízos sobre como ele deve ser.
16) O existencialismo é, fundamentalmente, egoísta e centrado nas preocupações do indivíduo.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 14

“Há efeitos de verdade que uma sociedade como a sociedade ocidental, e agora se pode dizer que a sociedade mundial produz a cada instante. Produz-se verdade. Estas produções de verdade não podem ser dissociadas do poder e dos mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque estes mecanismos de poder tornam possíveis essas produções de verdade, as induzem; e elas próprias são efeitos de poder que nos ligam, nos conectam. São essas relações de verdade/poder, saber/poder que me preocupam. Então, esta camada de objetos, ou melhor, esta camada de relações, é difícil de ser apreendida; e como não há uma teoria geral para apreendê-las, eu sou, por assim dizer, um empirista cego, quer dizer que eu estou na pior das situações. Não tenho teoria geral e nem mesmo um instrumento seguro.

(FOUCAULT, M. Poder e saber. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 237).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O conhecimento científico, também entendido como verdadeiro, não está isento das influências dos interesses de poder.
02) Para Foucault, o conhecimento verdadeiro está ligado aos mecanismos de poder.
04) Foucault chama a atenção para a falta de instrumentos para investigar e conhecer melhor os mecanismos que vinculam saber e poder.
08) Para Foucault, poder e verdade são relações reais que atuam decisivamente na produção do conhecimento, a despeito da dificuldade de constatá-las.
16) Para Foucault, há uma teoria geral e um método que explicam as relações inerentes entre saber e poder.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 15

Segundo Karl Popper (1902-1994), todas as teorias científicas falham em apreender completamente o real. No entanto, se uma teoria científica não pode assegurar sua verdade de forma definitiva, podemos escolher qual é a teoria que julgamos explicar melhor os fenômenos da natureza. Nisto reside o progresso científico. Com base na filosofia da ciência de Karl Popper, assinale o que for correto.

01) O progresso da ciência resulta da possibilidade de se perceberem os limites de uma teoria que se mostra mais falsa do que outra.
02) Uma teoria científica não propõe verdades absolutas, mas hipóteses.
04) Toda e qualquer teoria científica pode ser falseada a partir de novos experimentos e descobertas.
08) As teorias científicas são subjetivas, razão pela qual não há uma teoria mais verdadeira do que outra.
16) A filosofia da ciência de Karl Popper é responsável pelo anarquismo científico.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 16

“A ciência antiga era uma ciência teorética, ou seja, apenas contemplava os seres naturais, sem jamais intervir neles ou sobre eles por meios técnicos; a ciência clássica [ou moderna] é uma ciência que visa não só ao conhecimento teórico, mas sobretudo à aplicação prática ou técnica. Francis Bacon dizia que ´saber é poder`, e Descartes escreveu que ´a ciência deve tornar-nos senhores da natureza`.”

(CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: 2011, p. 278). Sobre as transformações da ciência ao longo da História, assinale o que for correto.

01) A concepção científica de Aristóteles visa explicar o movimento dos corpos através de princípios metafísicos.
02) Artefatos técnicos como plano inclinado, termômetro, luneta e relógio de água permitiram um novo olhar sobre os fenômenos físicos.
04) Francis Bacon, ao afirmar que “saber é poder”, defende a sujeição da ciência ao poder da religião e do Estado.
08) O racionalismo moderno, segundo o qual o conhecimento verdadeiro não é sensível, constitui um empecilho para a experiência empírica na prática científica.
16) Para Descartes, o universo não pode ser conhecido senão através de ciências esotéricas, entre as quais o ocultismo e a quiromancia.

Resposta: 1 + 2 = 3.

Questão 17

“A noção de ‘voluntário’ não é tão clara como parece. Em sua Ética a Nicômaco, Aristóteles imagina o caso de um capitão de um navio que deve levar uma certa carga de um porto para outro. No meio da travessia despenca uma enorme tempestade. O capitão chega à conclusão de que só pode salvar o barco e a vida de seus tripulantes se jogar a carga pela borda para equilibrar a embarcação. De modo que ele a joga na água. Pois bem, ele a jogou porque quis? É evidente que sim, pois poderia não se ter livrado dela e arriscar-se a morrer. Mas é evidente que não, pois o que ele queria era levá-la até seu destino final, caso contrário teria ficado sossegado em casa, sem zarpar! De modo que a jogou querendo… mas sem querer. Não podemos dizer que a tenha jogado involuntariamente, nem que jogá-la fosse sua vontade. Às vezes poder-se-ia dizer que atuamos voluntariamente… contra a nossa vontade”.

(SAVATER, F. As perguntas da vida. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 206).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Conforme o texto, podemos concluir que não existe ato involuntário, pois sempre fazemos o que desejamos.
02) Mesmo planejando bem uma ação, somos confrontados com situações em que a tomada de decisão exige algum critério maior, tal como, segundo o exemplo do texto, salvar vidas é mais importante do que levar a carga ao destino final.
04) O capitão do navio deve ser recriminado porque não fez um estudo prévio da ação que deveria empreender, sendo correto qualificá-lo como imprudente.
08) Conforme o texto, verifica-se que, mesmo diante de situações inesperadas, não devemos agir por impulso, mas ponderar qual a atitude mais razoável e adequada para a
circunstância.
16) Jogar a carga e a tripulação na água para salvar o navio foi uma atitude de desespero de alguém que se vê diante da morte.

Resposta: 2 + 8 = 10.

Questão 18

Observe a seguinte afirmação sobre o pensamento de Emmanuel Levinas (1906-1995): “Uma primeira fase da filosofia ocidental, da Antiguidade à Idade Média, foi centrada no estudo do ser. Esse estudo apaga a noção de alteridade, pois o ser é aquilo que é ele mesmo. Estudar o ser é sempre estudar o mesmo, nunca o outro. Depois de pensar o ser, a filosofia pensou o eu e a filosofia moderna constitui-se como uma filosofia do sujeito. Também nessa filosofia do sujeito o outro ficou de fora, pois ele é sempre tematizado com base no eu. É necessário, portanto, voltar-se para o outro. Essa é, pensa Levinas, a tarefa da filosofia contemporânea. Isso significa colocar a ética em primeiro lugar, pois é da relação com o outro que surge o questionamento moral.”

(GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p. 281).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A alteridade é uma temática contemplada pelos tratados de ontologia que estudam o ser enquanto ser.
02) Apesar de apresentar avanços em relação à Antiguidade, a epistemologia moderna não deu a devida importância ao estatuto filosófico do outro.
04) Ao criticar a filosofia do sujeito, a ética ganha destaque, pois a liberdade e a autonomia dos indivíduos devem ser pensadas à luz da questão moral.
08) Ao descrever as categorias transcendentais do sujeito, a filosofia clássica contempla a experiência do outro.
16) O outro não se reduz ao conhecimento do que eu sou, razão pela qual a alteridade não se limita ao problema epistemológico.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 19

Considere os seguintes argumentos abaixo e assinale o que for correto.

A –  Toda virtude é uma ação prudente.
       Ora, a justiça é uma virtude.
       Logo, a justiça é uma ação prudente.

B – Todo cavalo tem cor.
     Ora, branco é uma cor.
     Logo, todo cavalo é branco.

01) “virtude” e “cor” são termos médios nos seus respectivos argumentos.
02) A e B são argumentos válidos logicamente, pois as conclusões são dedutíveis das premissas.
04) O argumento B é uma falácia, pois a conclusão é indevida.
08) A conclusão do argumento A é necessária e verdadeira, visto que é uma inferência válida da verdade das premissas.
16) As premissas do argumento B são inválidas, porque se referem a coisas e não a qualidades ou a predicados das coisas.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 20

“A exigência de que Auschwitz [campo de concentração nazista na Segunda Guerra] não se repita é a primeira de todas para a educação. […] Mesmo assim é preciso tentar, inclusive porque tanto a estrutura básica da sociedade como os seus membros, responsáveis por termos chegado onde estamos, não mudaram nesses vinte anos [1940-1965]. Milhões de pessoas inocentes – e só o simples fato de citar números já é humanamente indigno, quanto mais discutir quantidades – foram assassinadas de uma maneira planejada. Isto não pode ser minimizado por nenhuma pessoa viva como sendo um fenômeno superficial, como sendo uma aberração no curso da história, que não importa, em face da tendência dominante do progresso, do esclarecimento, do humanismo supostamente crescente. O simples fato de ter ocorrido já constitui por si só expressão de uma tendência social imperativa.”

(ADORNO, T. Educação após Auschwitz. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: ed. Moderna, 2012, p. 243).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Os campos de concentração mostraram ao mundo a que ponto pode chegar a banalização da vida humana, quando execuções em massa de seres humanos são planejadas.
02) O fato de tratar as mortes apenas do ponto de vista numérico é desumano, porque mesmo que fosse uma única morte injusta, isto já seria trágico.
04) Para o filósofo, um dos problemas dos campos de concentração nazista foi o alto número de execuções de seres humanos, excessivo para os padrões estatísticos daquele contexto histórico.
08) O texto chama a atenção para o fato de que muitas pessoas morreram de modo planejado pela sociedade, ou seja, o massacre de pessoas revela a falta de humanidade por parte dos executores dessa ação.
16) Para o filósofo, um dos problemas que levaram ao absurdo dos extermínios nos campos de concentração nazistas foi a falta de preocupação com a vida humana em nome da valorização da ciência e do progresso.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Vestibular de inverno – 2016

Questão 1

“A liberdade não é uma invenção jurídica nem um tesouro filosófico, propriedade querida de civilizações mais dignas que outras porque só elas saberiam produzi-la ou preservá-la. Resulta de uma relação objetiva entre o indivíduo e o espaço que ele ocupa, entre o consumidor e os recursos de que dispõe. Ainda assim, nada garante que uma coisa compense a outra, e que uma sociedade rica mas densa demais não se envenene com essa densidade (…). Só mesmo muita ingenuidade ou má- fé para pensar que os homens escolhem suas crenças independentemente de sua condição.”

(LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 139).

A partir desta afirmação de Lévi-Strauss sobre a liberdade, assinale o que for correto.

01) Elementos concretos do estado social, como o índice demográfico, são decisivos para determinar a liberdade dos indivíduos.

02) Em virtude dos desenvolvimentos cultural, social e econômico, sociedades mais desenvolvidas, como as da Europa Ocidental, são mais livres do que outras.

04) O pensamento humanista de Lévi-Strauss caracteriza-se por discutir os valores humanos a partir de aspectos filosóficos e metafísicos.

08) Instituições fundamentais, como escola, religião etc, não possuem, no que diz respeito ao estamento social, poder de determinação, pois os indivíduos são livres e autônomos.

16) O grau de riqueza de um grupo social, embora determinante, é insuficiente para garantir a liberdade, pois a relação entre o poder aquisitivo e o bem-estar depende de outros fatores.

Resposta: 01 + 16 = 17.

Questão 02

“Agora – continuei – representa da seguinte forma o estado de nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens em morada subterrânea, em forma de caverna, que tenha em toda a largura uma entrada aberta para a luz; estes homens aí se encontram desde a infância, com as pernas e o pescoço acorrentados, de sorte que não podem mexer-se nem ver alhures exceto diante deles, pois a corrente os impede de virar a cabeça; a luz lhes vem de um fogo que brilha a grande distância, no alto e por trás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa um caminho elevado; imagina que, ao longo deste caminho, ergue-se um pequeno muro […]. Considera agora o que lhes sobrevirá naturalmente se forem libertos das cadeias e curados da ignorância. Que se separe um desses prisioneiros, que o forcem a levantar-se imediatamente, a volver o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos à luz: ao efetuar todos esses movimentos sofrerá, e o ofuscamento o impedirá de distinguir os objetos cuja sombra enxergava há pouco”.

(PLATÃO, República, l. VII [514a-b; 515d]. Guinsburg (org), São Paulo: Perspectiva, 2006, p. 263 e 264).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A metáfora da busca da luz representa o processo de obtenção do conhecimento.

02) Platão faz uma metáfora das sociedades que, mergulhadas na ignorância, estão como que presas a grilhões.

04) O conhecimento é fruto de um exercício à semelhança da ginástica para o corpo; assim como a falta de atividade física enrijece o corpo, a falta de reflexão enrijece a atividade do conhecimento.

08) Para Platão é impossível conhecer algo, visto que tudo é uma representação das coisas, donde o ser humano estar fadado a ficar acorrentado à ignorância.

16) A luz é identificada com o conhecimento, pois o conhecimento gera na alma o reconhecimento das coisas, à semelhança de um objeto quando iluminado.

Resposta: 01 + 02 +04 + 16 = 23.

 Questão 03

“As crises da ciência no final do século XIX e começo do século XX exigiram uma revisão da concepção de ciência e da sua metodologia. Em outras palavras, a epistemologia precisava reavaliar o conceito de ciência, os critérios de certeza, a relação entre ciência e realidade, a validade dos modelos científicos. O matemático e filósofo Henri Poincaré (1854-1912) afirmou a esse respeito que as teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis. Nesse sentido, a crença na infalibilidade da ciência seria ilusória”

(Cf. ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 502).

Sobre as transformações no conceito de ciência, assinale o que for correto.

01) Nos séculos XIX e XX, o surgimento das geometrias não euclidianas e da teoria da relatividade abalaram princípios da ciência moderna segundo os quais o espaço e o tempo são absolutos.

02) Com o conceito de paradigma, Thomas Kuhn define de forma original o nascimento, a crise e a superação de uma teoria científica.

04) Paul Feyerabend pode ser considerado “anarquista epistemológico”, pois, segundo ele, não há norma de pesquisa que não tenha sido violada ao longo da história.

08) O neobarbarismo, assim como o neopositivismo, é a corrente científica que defende o uso de métodos paraconsistentes para comprovar hipóteses e postulados.

16) A hermenêutica pode ser definida como uma ciência cognitiva e radical, pois recorre à genealogia da moral para construir os seus princípios.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 04

 “Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundamentei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão muito duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. […] Agora, pois, que meu espírito está livre de todos os cuidados, e que consegui um repouso assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões”.

(DESCARTES, R. Meditações metafísicas in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 74).

Com base no texto citado, assinale o que for correto.

01) Para Descartes, muitas opiniões que recebeu são falsas visto que não foram elaboradas pelo método que está propondo, mas a partir de pressupostos duvidosos e incertos.

02) Para Descartes, o primeiro momento do processo de obtenção da verdade é o questionamento das opiniões que se tem.

04) Para Descartes, é necessário libertar o espírito das ideias falsas, para que elas não atrapalhem a obtenção da verdade.

08) Descartes está fazendo uma crítica à sua formação escolar, que era muito ruim na França do século XVII, pois estudou em colégios de religiosos.

16) Para Descartes, nunca haverá tranquilidade no espírito, pois sempre se estará questionando o conhecimento que se tem.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 05

Francis Bacon (1561-1626) propôs um conhecimento baseado no saber experimental e na lógica indutiva. Criticou o saber contemplativo medieval e a lógica dedutiva aristotélica. Denunciou os preconceitos que dificultam a apreensão da realidade, como as crenças e superstições religiosas. A respeito das ideias de Francis Bacon, assinale o que for correto.

01) A origem do verdadeiro conhecimento é inata, pois somos criaturas divinas.

02) O ideal da ciência é não formular nenhuma teoria sem examinar pela experiência o conteúdo das proposições científicas.

04) As relações causais entre os fenômenos da natureza devem ser intuídas a partir de deduções lógicas e racionais.

08) Através da indução, a experiência científica enumera exaustivamente as variáveis dos fenômenos que analisa.

16) A concepção de ciência de Francis Bacon considera os dilemas morais segundo os quais “saber não é poder”, mas “proteger a natureza”.

Resposta: 02 + 08 = 10.

Questão 06

 Baseado na metafísica de Aristóteles, durante a Escolástica Tomás de Aquino (1225-1274) reformulou os argumentos que provam a existência de Deus. a) Movimento, b) causa eficiente, c) contingência, d) graus de perfeição, e) causa final constituem, para Tomás de Aquino, as “cinco vias” da prova da existência de Deus. Anselmo de Aosta (1033-1109) é conhecido pelo argumento ontológico, que também aparece em Descartes (1596-1650), no início da era moderna. Analise, a seguir, os argumentos racionais apontados para provar a existência de Deus e assinale o que for correto.

01) Tudo o que se move deve seu movimento a algo que provocou este movimento, pois nada se moveria por si mesmo. Ora, para evitar a regressão ao infinito, é necessário que exista um motor que mova todas as coisas e que, por sua vez, não é movido por nenhuma: Deus.

02) O argumento ontológico toma por pressuposto a ideia de que a infinitude do mundo constitui uma prova da existência de Deus, pois o infinito cria o finito e vice-versa.

04) Seria absurdo e contraditório conceber a possibilidade de um Deus onipotente e perfeito que não tenha por atributo a existência, pois a não existência seria uma imperfeição em choque com a perfeição concebida. Logo, Deus existe.

08) A teoria das três metamorfoses de Friedrich Nietzsche, em Assim falou Zaratustra, segundo a qual o homem nasce um camelo (a), torna-se um leão (b) e morre uma criança (c), prova a existência de Deus pelo fato de aceitar as três formas da vida: infância, juventude e maturidade.

16) Um ser contingente é aquele cuja existência depende da existência de outro ser que o criou. Se todos os seres fossem contingentes, nada existiria. Portanto, para que exista o mundo, existe um ser necessário e criador de tudo: Deus.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 07

 Segundo a operação do silogismo, diferenciam-se os conceitos de verdade e de validade. Enquanto que a indicação de verdade/falsidade decorre do sentido das premissas e da conclusão tomadas isoladamente, a propriedade de ser considerado válido/inválido decorre do encadeamento formal dos argumentos, isto é, da relação lógica existente entre as premissas e a conclusão. Observe a indicação dos silogismos a seguir e assinale o que for correto.

01) Argumento válido, com premissas falsas: Todos os homens são louros. Rex é homem. Logo, Rex é louro.

02) Argumento inválido, com premissas falsas: Todos os paulistas são brasileiros. Algumas pessoas são paulistas. Logo, algumas pessoas são brasileiras.

04) Argumento válido, com premissas verdadeiras: Todo brasileiro é sul-americano. Algum brasileiro é índio. Logo, algum índio é sul-americano.

08) Argumento inválido, com premissas falsas: Todos os cães são mamíferos. Alguns gatos são mamíferos. Logo, todos os gatos são cães.

16) Argumento válido, com premissas verdadeiras: Todos os feriados caem no domingo. Dia 2 de novembro é feriado. Logo, dia 2 de novembro é sábado.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 08

“Este poder soberano pode ser adquirido de duas maneiras. Uma delas é a força natural, como quando um homem obriga os seus filhos a submeterem-se e a submeterem os seus próprios filhos à sua autoridade, na medida em que é capaz de os destruir em caso de recusa. Ou como quando um homem sujeita através da guerra os seus inimigos à sua vontade, concedendo-lhes a vida com essa condição. A outra é quando os homens concordam entre si em se submeterem a um homem, ou a uma assembleia de homens, voluntariamente, confiando que serão protegidos por ele contra os outros. Esta última pode ser chamada uma república política, ou por instituição. À primeira pode chamar-se uma república por aquisição”.

(HOBBES, T. “Leviatã” in MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 366).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O poder soberano aqui é tão somente o do monarca absoluto que detém os poderes de vida e de morte dos seus súditos.

02) República política é a instituição fundada pelo acordo dos homens em assembleia, gerando a confiança de que eles serão protegidos por esta instituição.

04) O poder soberano se contrapõe ao poder paterno, visto que este ocupa a autoridade perante os descendentes de uma família, tanto filhos quanto netos.

08) O poder também teria uma natureza política quando fundado sobre o consentimento dos membros de uma comunidade, que fazem um pacto e delegam esse poder a um homem que irá protegê-los dos seus inimigos.

16) República por aquisição é a instituição conquistada por meio de guerra, sujeitando os inimigos ao poder soberano.

Resposta: 02 + 08 + 16 = 26.

Questão 09

“O que é então a liberdade? Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no mundo. O mundo está já constituído, mas também não está nunca completamente constituído. Sob o primeiro aspecto, somos solicitados, sob o segundo, somos abertos a uma infinidade de possíveis. Mas esta análise ainda é abstrata, pois existimos sob os dois aspectos ao mesmo tempo. Portanto, nunca há determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou coisa e nunca sou consciência nua”.

(MERLEAU PONTY, M. “Fenomenologia da Percepção” in ARANHA, M. L. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. SP: Moderna, 2012, p. 211).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A liberdade não significa, necessariamente, um agir totalmente livre, sem qualquer limitação ou controle.

02) Para o filósofo, a liberdade se contrapõe ao determinismo do mundo, sendo necessária uma ruptura com o mundo para a realização de uma existência livre.

04) O mundo, nosso campo de ação, se apresenta como uma impossibilidade para a liberdade do indivíduo.

08) O indivíduo, no âmbito de sua liberdade, tem que equilibrar-se entre as limitações do mundo e as possibilidades do agir segundo sua consciência.

16) A liberdade pensada fora do mundo é tão somente uma ideia abstrata.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 10

 A estética kantiana diferencia os juízos estéticos dos juízos morais e dos juízos de conhecimento. Sua perspectiva visa apontar para as condições subjetivas e racionais contidas no juízo de gosto. Para Kant, uma dessas condições é o desinteresse, isto é, a apreciação artística não está submetida à utilidade prática ou ao conhecimento teórico do objeto que considera belo. A partir da estética kantiana, é correto afirmar que o juízo estético

01) é um sentimento irracional.

02) proporciona o conhecimento do objeto belo.

04) é facultativo, isto é, não ocorre em todos os indivíduos.

08) é sinônimo de juízo de gosto.

16) reconhece a beleza de forma livre e desinteressada.

Resposta: 08 + 16 = 24.

 Questão 11

Segundo Sílvio Gallo, “a opinião é um pensamento subjetivo, uma ideia vaga sobre a realidade, que não tem fundamentação e na maioria das vezes nem pode ser explicada. (…) É muito fácil manipular as opiniões das pessoas não dispostas à reflexão. Os meios de comunicação fabricam ideais e desejos por meio da propaganda e de sua grade de programação. (…) A indústria cultural – expressão que designa a produção da cultura segundo os padrões e interesses do capitalismo, para consumo de massa – esforça-se por definir o que todos querem ler, os filmes que preferem, as músicas da moda. As respostas já vêm prontas, como nos livros de autoajuda. A filosofia, diferentemente, é uma prática de elaboração própria de ideias.”

(GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Ed. Scipione, 2013. p.18 e 19).

Com base na citação acima, assinale o que for correto.

01) A indústria cultural representa um modelo de valores transmitidos sem uma perspectiva crítica e filosófica.

02) O senso comum é um conjunto de opiniões falsas e inúteis.

04) As opiniões manifestam diversas formas de superstições e de crenças.

08) O método científico é manipulado pela indústria cultural.

16) Os livros de autoajuda são como livros de filosofia, pois auxiliam o homem a ser livre e autônomo.

Resposta: 01 + 04 = 05.

Questão 12

 “‘Bárbaro’ é uma palavra de origem grega, por meio da qual os gregos da antiguidade designavam aqueles que não eram gregos, isto é, os estrangeiros. Ao mesmo tempo, a palavra ‘barbárie’ costuma ser utilizada em oposição à ‘civilização’. Juntando as duas coisas, seríamos conduzidos à conclusão de que o ‘estrangeiro’ é o ‘não-civilizado’. Toda questão recai, como se vê, sobre a relação que uma cultura assume diante dos indivíduos que não pertencem a ela. O termo ‘barbarismo’ designa o uso deliberado de palavras estrangeiras. Quando, por exemplo, digo que vou pegar minha ‘bike’, isso caracteriza um barbarismo ou estrangeirismo.”

(FIGUEIREDO, V. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendis & Vertecchia editores, 2013, p. 30).

A partir do texto citado e das práticas linguísticas em nossa cultura, assinale o que for correto.

01) Barbarismo ou estrangeirismo são noções que dizem respeito apenas aos usos de termos em uma determinada comunidade linguística.

02) “Barbarizar” tem apenas uma conotação negativa, pois significa, em nossa comunidade linguística, destruição de algo.

04) Os termos situados no mesmo campo semântico de “bárbaro” (barbárie, não civilizado, estrangeiro) demonstram as várias conotações preconceituosas embutidas nessa noção.

08) Um dos dilemas do mundo contemporâneo é lidar com as trocas culturais entre os diferentes povos, nas quais esses povos buscam manter suas identidades sem perder os ganhos advindos de outras culturas.

16) O “bárbaro”, na medida em que não conhece adequadamente a língua de uma comunidade, empobrece a cultura dessa comunidade na qual ele está inserido.

Resposta: 04 + 08 = 12.

Questão 13

“Não temos efetivamente, segundo Hume, nenhuma experiência da relação causa efeito como uma conexão necessária entre eventos que ocorrem no real, isto é, não temos nenhuma experiência propriamente dita da causalidade. Tudo que percebemos são relações entre fenômenos de continuidade e regularidade que, pela repetição e pelo hábito, acabamos como que projetando no real e atribuindo à própria natureza, sem termos nenhuma evidência empírica disto.”

(MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. 2ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p.106).

A partir desta afirmação sobre o empirismo de David Hume, assinale o que for correto.

01) Hume é considerado cético em razão de sua crítica à causalidade como princípio fundamental que sustenta a unidade do mundo natural.

02) O que sustenta o empirismo de Hume é o princípio racionalista segundo o qual o conhecimento é consequência das relações das ideias com as coisas e das ideias entre si.

04) Causa e efeito é a expressão para o que Hume chama de uma sequência regular e contínua de eventos que julgamos associados pela experiência.

08) O conhecimento das leis que regem o mundo físico depende da relação de identificação com a vontade divina que imprimiu essas leis no mundo.

16) O hábito e a crença são disposições metafísicas que nos permitem intuir a verdade, isto é, as conexões causais que imprimem o movimento ao mundo.

Resposta: 01 + 04 = 05.

Questão 14

 “Há várias maneiras de lidar com o fato de que todas as vidas, incluídas as das pessoas que amamos, têm um fim. O fim da vida humana, que chamamos de morte, pode ser mitologizado pela ideia de uma outra vida no Hades ou na Valhalla, no Inferno ou no Paraíso. Essa é a forma mais antiga e comum de os humanos enfrentarem a finitude da vida. Podemos tentar evitar a ideia da morte afastando-a de nós tanto quanto possível – encobrindo e reprimindo a ideia indesejada – ou assumindo uma crença inabalável em nossa própria imortalidade – ‘os outros morrem, eu não’. […] A morte é um problema dos vivos. Os mortos não têm problemas. Entre as muitas criaturas que morrem na Terra, a morte constitui um problema só para os seres humanos”.

(ELIAS, N. A solidão dos moribundos. In CHALITA, G. Vivendo a filosofia, São Paulo: Ática, 2011, p. 373).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Refletir sobre a morte implica analisar o sentido da existência humana na Terra.

02) As demais criaturas não refletem sobre a morte porque não possuem consciência de sua vida e de sua existência tal como o ser humano possui.

04) A tristeza e a melancolia expostas no texto são uma postura típica do existencialismo, que nega o valor da vida humana.

08) A questão posta pela certeza da morte nos leva a refletir não somente sobre a morte, mas sobre a vida e o significado de uma existência que pode pensar sobre si mesma.

16) O autor do texto é um ateu que não crê em vida após a morte e, por isso, encara a morte com pessimismo.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

 Questão 15

 “Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve sofrer a fome, a sede e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não escutar a prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata de bastar-se a si própria. Realmente não sei conceber o bem se suprimo os prazeres que se apercebem com o gosto, e suprimo os do amor, os do ouvido e os do canto, e ponho também de lado as emoções agradáveis causadas à vista pelas formas belas, ou os outros prazeres que nascem de qualquer outro sentido do homem. Não é também verdade que a alegria espiritual seja a única da ordem dos bens, porque sei também que a inteligência se alegra pelo seguinte: pela esperança de tudo aquilo que nomeei antes e em cujo gozo a natureza pode permanecer isenta de dor”.

(EPICURO, Antologia de textos. In CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 77).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Epicuro defende uma conduta humana que evite os prazeres, visto que a alma não se incomoda com a dor.

02) Para Epicuro, a satisfação espiritual deve, se possível, estar aliada à satisfação sensível, pois uma não anula necessariamente a outra.

04) Para Epicuro, há duas dimensões de prazeres a serem buscadas: o prazer intelectual e o prazer sensível. A dificuldade está na conciliação dessas duas ordens de bens.

08) Para Epicuro, a alma não consegue resistir aos desejos carnais, visto que isso seria antinatural.

16) Os prazeres carnais ou sensíveis não são antinaturais e nem contrários à razão.

Resposta: 02 + 04 + 16 = 22.

Questão 16

 “Deve-se compreender, nesse sentido, que, menos do que o número de votos, aquilo que generaliza a vontade é o interesse comum que os une, pois nessa instituição cada um necessariamente se submete às condições que impõe aos outros: admirável acordo entre o interesse e a justiça, que dá às deliberações comuns um caráter de equidade que vimos desaparecer na discussão de qualquer negócio particular, pela falta de um interesse comum que una e identifique a regra do juiz à da parte. Por qualquer via que se remonte ao princípio, chega-se sempre à mesma conclusão, a saber: o pacto social estabelece entre os cidadãos uma tal igualdade, que eles se comprometem todos nas mesmas condições e devem todos gozar dos mesmos direitos”.

(ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 427).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O filósofo destaca a busca de uma igualdade política por meio de um pacto social que fundamente as relações em comunidade.

02) As discussões particulares ou privadas não visam o interesse comum e nem a equidade, por isso elas não podem normatizar a esfera pública.

04) Para o filósofo, o número de votos e mesmo as eleições são irrelevantes e descartáveis em uma comunidade política fundada no pacto social.

08) O contrato social nasce do comprometimento dos membros de uma comunidade em respeitar os direitos e princípios básicos que fundam essa comunidade.

16) A submissão à vontade geral propicia a realização de algo raro na vida política: a conjunção de justiça e interesse comum.

Resposta: 01 + 02 + 08 + 16 = 27.

Questão 17

 “O impulso sensível exclui de seu sujeito qualquer espontaneidade e liberdade; o impulso formal exclui toda dependência e passividade. A exclusão da liberdade é necessidade física, a da passividade é necessidade moral. Os dois impulsos impõem necessidade ao espírito: aquele por leis físicas, este por leis da razão. O impulso lúdico, entretanto, em que os dois se conjugam, irá regrar o espírito física e moralmente a um só tempo; pela superação da contingência ele irá superar, portanto, qualquer necessidade, libertando o homem tanto moral como fisicamente.”

(SCHILLER, F. Cartas sobre a educação estética da humanidade. In: MARÇAL, J. (org.) Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 652).

A partir da citação acima, assinale o que for correto.

01) O impulso sensível é regrado pela necessidade da matéria física, cujo princípio de determinação é objetivo.

02) O impulso formal é regrado pela liberdade da razão, cujo princípio de determinação é subjetivo.

04) O impulso sensível, assim como o impulso formal, são necessários e, ao mesmo tempo, livres.

08) Contingência e necessidade são características de leis físicas e morais que são idênticas entre si.

16) O impulso lúdico permite a possibilidade de superação da relação existente entre dois impulsos antagônicos.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

 Questão 18

“Com Hegel, portanto, completa-se o movimento iniciado por Maquiavel, voltado para apreender o Estado tal como ele é, uma realidade histórica, inteiramente mundana, produzida pela ação dos homens. Nesse percurso foram definitivamente arquivadas as teorias da origem natural ou divina do poder político; afirmada a absoluta soberania e excelência do Estado; a especificidade da política diante da religião, da moral e de qualquer outra ideologia; reconhecida a modernidade e centralidade da questão da liberdade e, sobretudo – pois é esta a principal contribuição de Hegel –, resolvido o Estado num processo histórico, inteiramente imanente”.

(BRANDÃO, G. M. “Hegel: o Estado como realização histórica da liberdade” in ARANHA, M. & MARTINS, M. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. 316).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O Estado passa a ser entendido ao final da modernidade, ou seja, com Hegel, como uma instituição construída pelos homens, de origem eminentemente humana.

02) O Estado não nasce naturalmente, ele é inserido na vida humana como uma realidade a-histórica.

04) Para Hegel o Estado é uma entidade originada a partir de um mandato divino.

08) Para os pensadores políticos modernos – de Maquiavel até Hegel – a questão sobre a natureza do Estado implica a negação da liberdade humana.

16) A noção de Estado é fruto de uma elaboração teórica que se completa com Hegel, conferindo centralidade ao processo histórico na fundamentação deste conceito.

Resposta: 01 + 16 = 17.

Questão 19

 Segundo Augusto Comte, “o espírito humano pode observar diretamente todos os fenômenos, exceto os seus próprios. Pois quem faria a observação? (…) Ainda que cada um tivesse a ocasião de fazer sobre si tais observações, estas, evidentemente, nunca poderiam ter grande importância científica. Constitui o melhor meio de conhecer as paixões sempre observá-las de fora. Portanto, todo estado de paixão muito pronunciado, a saber, precisamente aquele que será mais essencial examinar, necessariamente é incompatível com o estado de observação.”

(COMTE, A. Curso de filosofia positiva. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009, p. 397).

A partir desta citação que assinala algumas dificuldades para a avaliação dos fenômenos psíquicos, assinale o que for correto sobre a psicanálise e o behaviorismo.

01) Para a psicanálise de Sigmund Freud, a análise simbólica dos sonhos deve ser evitada, pois compromete a estrutura do dado.

02) O behaviorismo pretende alcançar o ideal positivista pelo qual a psicologia deve seguir o exemplo das ciências naturais, tornando-se mecanicista, materialista e determinista.

04) Através do princípio do prazer e do princípio de realidade, Sigmund Freud visa compreender a relação entre a satisfação e a repressão dos desejos.

08) Segundo o processo de Estímulo-Resposta de Ian Pavlov, é possível controlar o comportamento a partir do condicionamento de reflexos.

16) A observação dos fenômenos mentais, segundo os ensinamentos da neurociência e da biologia celular, determina o complexo de Édipo como conceito chave das ciências cognitivas.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 20

 “Nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo o conhecimento começa com ela. Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento da experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecimento […] fornece de si mesma. […] Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na experiência”.

(KANT, I. Critica da razão pura in ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 414).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Para Kant, o conhecimento a priori origina-se na experiência.

02) Para Kant, a experiência é o começo de todo o nosso conhecimento.

04) Para Kant, há conhecimentos que se originam da experiência e da faculdade do conhecimento.

08) Para Kant, começar e originar indicam uma distinção do lugar da experiência na fundamentação do conhecimento humano.

16) Para Kant, o conhecimento a posteriori não tem suas fontes na experiência.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Vestibular de verão – 2015

Questão 1

“Não vivemos a princípio na consciência de nós mesmos, masna experiência do outro. Só sentimos que existimos depois de já ter entrado em contato com os outros, e nossa reflexão é sempre um retorno a nós mesmos que deve muito à nossa frequentação do outro. […] Nosso contato conosco sempre se faz por meio de uma cultura, pelo menos por meio de uma linguagem que recebemos de fora e que nos orienta para o conhecimento de nós mesmos. De modo que, afinal, o puro si mesmo, o espírito, sem instrumentos e sem história, só se realiza, em liberdade de fato, por meio da linguagem e participando da vida do mundo”.

(MERLEAU-PONTY, M. “Conversas – 1948”. In FIGUEIREDO, V. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendiz & Vertecchia, 2013, p. 207).

A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Para o filósofo, o conhecimento de si mesmo é mediado pelas experiências com o outro.
02) A experiência cultural, que nos permite o autoconhecimento, é mediada pela linguagem.
04) Para o filósofo aquelas pessoas que não sabem falar não possuem conhecimento próprio.
08) Para o filósofo, a cultura de um indivíduo não compreende a sua linguagem.
16) Para o filósofo, são os outros que fornecem o conhecimento que temos sobre nós mesmos.

Resposta: 01 + 02 = 03.

Questão 2

“Antes que a arte polisse nossas maneiras e ensinasse nossas paixões a falarem a linguagem apurada, nossos costumes eram rústicos, mas naturais. (…) No fundo, a natureza humana não era melhor, mas os homens encontravam sua segurança na facilidade de se perceberem reciprocamente, e essa vantagem, de cujo valor não temos mais noção, poupava-lhes muitos vícios. Atualmente, quando buscas mais sutis e um gosto mais fino reduziram a princípios a arte de agradar, reina entre nossos costumes uma uniformidade desprezível e enganosa, e parece que todos os espíritos se fundiram num mesmo molde: incessantemente a polidez impõe, o decoro ordena; incessantemente seguem-se os usos e nunca o próprio gênio. Não se ousa mais parecer tal como se é e, sob tal coerção perpétua, os homens que formam o rebanho chamado sociedade […]”.

(ROUSSEAU, J-J. Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.336).

A partir da transcrição acima, assinale o que for correto.

01) As relações intersubjetivas representam uma ameaça para a vida em sociedade.
02) O exercício das ciências e das artes colaborou para obscurecer as virtudes.
04) O estado de natureza é rústico, mas favorável às manifestações espontâneas das emoções.
08) O estado de vida social é coletivo, uniforme e amorfo.
16) O estado de natureza é artificial, requintado e polido.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 3

“Em tudo o que há de finalidade, é em vista disso que se executa o que vem antes e o que vem depois. Então, o modo como se produz algo é o mesmo em que surgem os seres naturais, e o modo como esses seres naturalmente vêm a ser é o mesmo em que se produz algo, se não houver impedimento. E se produz tendo uma finalidade; portanto, é também com uma finalidade que se dão os processos naturais. Por exemplo, se
uma casa surgisse naturalmente, surgiria tal como agora é feita pela arte. Geralmente, a arte aperfeiçoa o que a natureza é incapaz de completar e a imita. Se, então, os produtos da arte têm finalidade, evidentemente também têm finalidade os seres naturais.”

(ARISTÓTELES, “Física”: in FIGUEIREDO, V. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendiz & Vertecchia, 2013, p. 294).

A partir do texto acima, assinale o que for correto.

01) Para Aristóteles, o critério do bem agir é orientado pelo fim a que se deseja chegar.
02) As produções artísticas revelam o quanto a natureza é imperfeita.
04) Para Aristóteles, a natureza imita a arte.
08) Para Aristóteles, o agir conforme a natureza deve visar a alguma finalidade.
16) A produção dos entes naturais deve, necessariamente, obedecer aos processos naturais, sem intervenção de qualquer artifício.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 4

Constitui um dos alicerces do racionalismo a ideia de que “uma verdade, por referir-se à essência das coisas ou dos seres, é sempre universal e necessária e distingue-se da aparência, pois esta produz apenas opinião, a qual é sempre particular, individual, instável e mutável”.

(CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 126).

Sobre as informações deste enunciado e os conceitos básicos do racionalismo, assinale o que for correto.

01) O dispositivo epistemológico do racionalismo inicia-se com a experiência empírica para, depois, considerar a dimensão racional.
02) Para o racionalismo, uma verdade é conhecida pelo intelecto e não pelos sentidos que, muitas vezes, nos enganam.
04) A adequação entre as coisas e o entendimento modifica-se com o tempo, razão pela qual os racionalistas privilegiam os juízos provisórios.
08) Para o racionalismo, o juízo universal e necessário é todo aquele em que o encadeamento lógico é verdadeiro, qualquer que seja seu teor ou conteúdo.
16) Para o racionalismo, a evidência é atingida através do recurso da intuição, da dedução e da indução.

Resposta: 02 + 16 = 18.

Questão 5

“E pressuporei uma cidade corrompidíssima, na qual acrescentarei tal dificuldade, porque não se encontram nem leis nem ordenamentos que bastam para frear uma corrupção generalizada. Porque, assim como os bons costumes precisam de leis para manterem-se, também as leis, para serem observadas, precisam de bons costumes. Além disso, os ordenamentos e as leis criadas numa república no seu nascimento, quando os homens ainda eram bons, mais tarde deixam de convir, quando eles se tornaram malvados. E, embora as leis de uma cidade variem segundo os acontecimentos, os ordenamentos nunca ou raramente variam: isso faz que as novas leis não vigorem, porque os ordenamentos que estão firmes as corrompem.

(MAQUIAVEL, Nicolau. “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”. In MARTINS, J. Corrupção. São Paulo: ed. Globo, 2008, p. 122 e 123).

A partir do trecho transcrito, assinale o que for correto.

01) A corrupção generalizada na cidade é resultado apenas da índole perversa das pessoas, não importando as leis e nem as instituições (ordenamentos).
02) A corrupção se espalha pela república porque não há um juiz firme e rigoroso para punir os corruptos exemplarmente.
04) Em uma situação de corrupção generalizada, apenas os bons exemplos podem acabar com este estado de coisas.
08) Mais importante do que leis que combatam a corrupção é importante que hajam instituições (ordenamentos) que façam as leis serem cumpridas.
16) A corrupção para Maquiavel é resultado da falência das leis e das instituições (ordenamentos) em coibir os desvios.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 6

“Ninguém nasce livre, torna-se livre: a liberdade não é algo dado, mas resulta de um projeto de ação. […] Construir a liberdade, porém, não se reduz ao trabalho solitário de indivíduos isolados. Os grupos da sociedade civil são importantes como formadores de consciência, para investigar a ação coletiva no sentido de garantir a expressão dos diversos tipos de liberdade.”

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.241). A partir da transcrição acima, é correto afirmar que a liberdade

01) é inata;
02) é predeterminada pelo destino;
04) é individual e solipsista;
08) é uma conquista contínua;
16) é engajada nos fenômenos políticos.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 7

“Que um público se esclareça a si mesmo, porém, é bem possível; e isso é até quase inevitável, se lhe for concedida liberdade. Pois, mesmo dentre os tutores estabelecidos do vulgo, sempre se encontrarão alguns livres pensadores, os quais, após terem sacudido de si o jugo da menoridade, difundirão à volta de si o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e a vocação de cada um de pensar por si mesmo. […] Por isso um público pode chegar ao esclarecimento apenas lentamente. Uma revolução pode, talvez, produzir a queda do despotismo pessoal e da opressão ávida e ambiciosa, mas jamais um reforma verdadeira do modo de pensar; antes, novos preconceitos servirão, assim como os antigos, como amarras à grande multidão destituída de pensamento.”

(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento. In MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed-PR, 2009, p. 408). A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Para Kant, as revoluções não mudam o modo de pensar dos indivíduos.
02) O pensar por si mesmo, o esclarecimento, surge em um contexto de liberdade.
04) A liberdade de pensamento se manifesta à semelhança da retirada de um cabresto do indivíduo, que o oprimia e tolhia sua autonomia.
08) Sem o esclarecimento da população não haverá uma revolução verdadeira.
16) As revoluções podem se valer de antigos preconceitos para controlar a multidão que não pensa de modo livre.

Resposta: 02 + 04 + 16 = 22.

Questão 8

“O filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, no século XVIII, introduziu o termo e o conceito moderno de estética, definindo-o como o conjunto das teorias da arte que discorrem sobre a pintura, a poesia, a escultura, a música e a dança.”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012. p. 65).

Sobre os conceitos fundamentais da estética, assinale o que for correto.

01) O humanismo é a principal novidade do Renascimento, que buscava a dignidade e a expressão da racionalidade do homem em face da natureza.
02) Por obra de arte engajada entende-se a relação entre a estética e a ética ou a política, isto é, considera-se uma função pragmática, intrínseca à obra de arte.
04) Por indústria cultural entende-se a valorização do sujeito e do juízo de gosto, que confere autonomia ao objeto sensível.
08) O impressionismo caracteriza o movimento estético que utilizava recortes de jornais e de fotografias colados ao quadro, fortalecendo o naturalismo.
16) Na Antiguidade e na Idade Média, o conceito de arte encontrava-se ligado ao fazer técnico, isto é, ao “saber fazer”, de forma artesanal e engenhosa, os objetos estéticos.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Questão 9

“[…] eu existia sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria para enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.”

(DESCARTES, R. “Meditações metafísicas”. In MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 79).

A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) A proposição eu sou, eu existo é verdadeira apenas quando eu falo, não sendo necessariamente verdadeira quando eu a formulo em minha mente.
02) A dúvida e o engano são frutos da ação de um “espírito enganador” exterior a mim, e não é algo que nasça em minha própria mente, por mim mesmo.
04) Para Descartes, a certeza da existência de si e do pensamento decorre de um processo de dúvida e problematização das certezas que possuímos.
08) Mesmo sob a ação de um “espírito enganador”, não tem como duvidar de que eu existo.
16) As certezas fundamentais do conhecimento humano (eu penso, eu existo) são consequências da resolução de questionamentos e dúvidas também fundamentais sobre o eu, o pensamento e a existência.

Resposta: 04 + 08 + 16 = 28.

Questão 10

Considere os dois argumentos abaixo.

Argumento 1

Todas as cobras são mortais.
Alguns mortais são ovíparos.
As cobras são ovíparas.

Argumento 2

Todo cavalo é um mamífero.
Alguns mamíferos são bípedes.
Todos os cavalos são bípedes.

Assinale o que for correto.

01) “Mortais” e “mamíferos” são termos médios.
02) As premissas dos dois argumentos são universais, pois se referem a todos os indivíduos indicados.
04) O argumento 1 é válido, pois suas premissas são verdadeiras e a conclusão é verdadeira.
08) O argumento 2 é inválido, pois a conclusão é uma inferência indevida das premissas.
16) Os argumentos são válidos, embora suas conclusões sejam falsas.

Resposta: 01 + 08 = 09.

Questão 11

“Pode-se no entanto perguntar: ‘Pode alguém possuir um fundamento plausível para crer que a Terra exista só há pouco, digamos, só a partir de seu nascimento?’ – Admitindo-se que isto sempre lhe teria sido dito – teria ele um bom fundamento para duvidar disso? Houve homens que acreditaram poder fazer chover; por que não se poderia criar um rei na crença de que o mundo teria começado com ele? E então, se Moore e esse rei se encontrassem e discutissem, poderia Moore efetivamente provar que sua crença é a correta? Não digo que Moore não seja capaz de converter o rei para a sua concepção, mas esta seria uma conversão excepcional: o rei seria levado a ver o mundo de outra maneira. Observe-se que às vezes uma concepção convence mediante sua simplicidade ou simetria, isto é: leva a que se adote esta concepção.”

(WITTGENSTEIN, “Sobre a certeza”. In FIGUEIREDO, V. Filosofia: temas e percursos. São Paulo: Berlendiz & Vertecchia, 2013, p. 141 e 142). A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Para o filósofo a certeza é algo que não pode ser modificada com a argumentação.
02) O argumento convincente não precisa ter nenhuma relação com a realidade.
04) A dúvida e a certeza podem ser modificadas por uma correta exposição de razões, não necessariamente reais.
08) Argumentos simples e bem estruturados podem ter um potencial de convencimento maior do que explicações complexas.
16) O debate e a discussão, ou seja, a argumentação, não é capaz de convencer sobre temas irreais e impossíveis.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 12

A ciência é um empreendimento essencialmente anárquico: o anarquismo teórico é mais humanitário e mais apto a estimular o progresso do que suas alternativas que apregoam lei e ordem. (…) A condição de consistência, que exige que hipóteses novas estejam de acordo com teorias aceitas, é desarrazoada, pois preserva a teoria mais antiga e não a melhor. (…) A proliferação de teorias é benéfica para a ciência, ao passo que a uniformidade prejudica seu poder crítico. (…) Toda a história do pensamento é absorvida na ciência e utilizada para o aperfeiçoamento de cada teoria. E nem se rejeita a interferência política.

(FEYERABEND, Paul. “Contra o método”. In GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p.46).

A partir da transcrição acima, assinale o que for correto.

01) O anarquismo teórico favorece o progresso científico, pois é contrário a um estado de coisas consumado ou predeterminado.
02) A disputa hegemônica, entre teorias científicas, é prejudicial para a ciência, visto que divide os cientistas.
04) Uma teoria científica nova tem menor grau de evidência do que as teorias vigentes.
08) A prática científica é imune a influências ideológicas e políticas.
16) A formação filosófica, cultural e humana contribui para a evolução das ciências.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 13

“O surgimento de um espaço público faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a quem eles deveriam obedecer. Agora, com a pólis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.”

(CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 47). Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.

01) O surgimento da filosofia é um milagre grego, pois, entre Homero e Hesíodo (narradores épicos) e os filósofos pré-socráticos (fisiólogos) não há correspondências.
02) O mito pressupõe o mistério, isto é, algo que não podemos compreender através da razão.
04) A retórica pressupõe a lógica da confrontação de posições, isto é, aceitar que a verdade não está pronta ou dada.
08) Mito e lógos são experiências distintas da linguagem: palavra sagrada, inspirada (mito) e palavra dialogada (lógos).
16) A utilização da palavra na praça pública supõe a isegoria (igualdade de direito para fazer uso da palavra) e a isonomia (igualdade de direitos perante a lei).

Resposta: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Questão 14

“Aqueles que compõem as Assembleias Legislativas (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) com muita frequência representam os interesses da elite, que já detém vantagens. […] Além disso, no Brasil, a justiça é lenta e cara. E não deixa de ser intrigante o fato de encontrarmos os presídios superlotados de gente pobre, enquanto os crimes do ‘colarinho branco’ permanecem impunes.”

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.273).

A citação acima corrobora a distância entre a teoria democrática ideal, defendida no papel, e a democracia efetiva, que ocorre na prática. Sobre a realidade prática da política democrática brasileira, assinale o que for correto.

01) A democracia real não pressupõe o governo exclusivo do Estado, mas, também, das instituições e dos organismos da sociedade civil.
02) A atuação das mídias sociais (rádio, jornal e televisão, entre outros) interfere na educação para a cidadania e na experiência democrática.
04) A defesa do valor da educação não favorece a democracia, razão pela qual o Estado deve combater os professores com violência explícita.
08) A prática democrática não é o autogoverno do povo, mas a representatividade política pela qual a minoria eleita fala em nome da maioria.
16) Na democracia real, as disputas ideológicas dão lugar ao consenso em torno de argumentos racionais compartilhados de forma unânime.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 15

“Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. Com efeito, a corrupção é nociva e se não reduzisse o bem não seria nociva. Portanto, ou a corrupção não prejudica em nada, o que não é admissível, ou todas as coisas que se corrompem são privadas de algum bem; quanto a isso não há dúvidas.”

(AGOSTINHO, “Confissões”. In MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 63). A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Há coisas sumamente boas que não podem se corromper.
02) Somente aquilo que possui algum aspecto de bondade pode se corromper.
04) A corrupção não prejudica em nada aquilo que possui bondade, visto que esta suplanta todo mal.
08) As coisas corrompidas não podem se corromper.
16) A corrupção é nociva apenas nas coisas sumamente boas.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 16

“Foi por volta de 1870 que os psiquiatras começaram a constituí-la [a homossexualidade] como objeto de análise médica: ponto de partida, certamente de toda uma série de intervenções e de controles novos. É o início tanto do internamento dos homossexuais nos asilos quanto da determinação de curá-los. Antes eles eram percebidos como libertinos e às vezes como delinquentes (daí as condenações que podiam ser bastante severas – às vezes o fogo, ainda no século XVIII – mas eram inevitavelmente raras). A partir de então, todos serão percebidos no interior de um parentesco global com os loucos, como doentes do instinto sexual”.

(FOUCAULT, M. Microfísica do poder. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 486).

A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Já vem de séculos o uso dos conhecimentos da ciência para controlar o corpo humano.
02) A terapia denominada “cura gay”, defendida por alguns políticos e organizações religiosas, é uma terapia médica utilizada desde o século XIX com êxito.
04) Segundo Foucault, a homossexualidade tem um parentesco com a loucura e outras doenças mentais.
08) A ciência sempre se vale da certeza racional e científica para prescrever terapias, pois na sua racionalidade reside o seu poder.
16) Foucault denuncia a violência contra os indivíduos “diferentes”, violência que se esconde por trás do discurso científico.

Resposta: 01 + 16 = 17.

Questão 17

“A reflexão a respeito de como evitar a repetição de Auschwitz é obscurecida pelo fato de precisarmos nos conscientizar desse elemento desesperador, […]. Milhões de pessoas inocentes – e só o simples fato de citar números já é humanamente indigno, quanto mais discutir quantidades – foram assassinadas de uma maneira planejada. Isto não pode ser minimizado por nenhuma pessoa viva como sendo um fenômeno superficial, como sendo uma aberração no curso da história, que não importa, em face da tendência dominante do progresso, do esclarecimento, do humanismo supostamente crescente. O simples fato de ter ocorrido já constitui por si só expressão de uma tendência social imperativa.”

(ADORNO, T. Educação após Auschwitz. In ARANHA, M. Filosofar com texto: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 243).

A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Adorno se reporta às inúmeras agressões aos direitos humanos que se banalizam nas estatísticas oficiais.
02) Adorno chama a atenção para as ações dos governos em defesa da vida humana, visto que os cidadãos, individualmente, nada podem fazer a respeito.
04) Os fatos descritos pelo filósofo ocorrem em países atrasados ou nas periferias das grandes cidades, onde as populações não são esclarecidas e educadas.
08) Para Adorno, o que marcou o genocídio em Auschwitz foi a banalização do valor da vida humana, algo que se repete ainda em nossos dias.
16) O extermínio de seres humanos em Auschwitz é algo que não ocorrerá novamente, visto que a humanidade não admite mais campos de concentração.

Resposta: 01 + 08 = 09.

Questão 18

Leia atentamente os fragmentos atribuídos a Heráclito (1) e Parmênides (2) e assinale o que for correto.

1: “[49A] Descemos e não descemos para dentro dos mesmos rios; somos e não somos. [53] A guerra (pólemos) é o pai de todas as coisas, rei de tudo. [59] O caminho da espiral sem fim é reto e curvo, é um e o mesmo. [91] Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. [65] O Fogo: carência e fartura.”

2: “[2] E agora vou falar (…) dos únicos caminhos de investigação concebíveis. O primeiro [diz] que [o ser] é e que o não ser não é. [6] Deixam-se levar, surdos e cegos, mentes obtusas, massa indecisa, para o qual o ser e o não-ser é considerado o mesmo e não o mesmo, e para o qual em tudo há uma via contraditória. [8] (…) Imóvel nos limites de seus poderosos liames, é sem começo e sem fim (…). Permanecendo idêntico e em um mesmo estado, descansa em si próprio, sempre imutavelmente fixo e no mesmo lugar”.

(MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p.12-17).

01) Parmênides é monista, ou seja, defende a unidade de todas as coisas e considera a multiplicidade e o movimento como forma aparente do ser.
02) Heráclito é dialético, ou seja, defende o conflito entre opostos como o movimento real do ser.
04) Ao tratar da guerra, Heráclito defende a polêmica como o caminho natural para compreender o estado das coisas.
08) A arqué, princípio de unidade de todas as coisas, para Parmênides, é a água.
16) O fogo, elemento arquétipo de Heráclito, é responsável pelo devir.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.

Questão 19

“Desde sempre o Iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores. Mas, completamente iluminada, a Terra resplandece sob o signo do infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão era a de dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do saber. (…) A técnica é a essência
desse saber. Seu objetivo não são os conceitos ou imagens, nem a felicidade da contemplação, mas o método, a exploração do trabalho dos outros, o capital. (…) Poder e conhecimento são sinônimos.”

(HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Conceito de iluminismo. In: COTRIN, G. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 249).

Sobre o Iluminismo e a crítica da Escola de Frankfurt à racionalidade moderna, assinale o que for correto.

01) O pensamento iluminista conduz a humanidade ao saber autônomo e livre de crença; porém, comprometido com a essência da técnica.
02) Faltou ao projeto iluminista retirar o homem completamente das trevas, razão pela qual a Escola de Frankfurt o critica.
04) O projeto emancipador moderno tem por efeito a dominação da natureza e o crescimento das desigualdades sociais.
08) Através da luz natural que é a razão, o Iluminismo visa à contemplação da Terra, que resplandece a imagem divina.
16) O método científico, válido para o conhecimento da realidade objetiva, ignora as relações entre saber e poder.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 20

Na passagem a seguir, Jean-Jacques Rousseau considera a natureza e as modificações da linguagem falada: “Tais progressos não são nem fortuitos nem arbitrários; prendem-se às vicissitudes das coisas. As línguas se formam naturalmente baseadas nas necessidades dos homens, mudam e se alteram de acordo com as mudanças dessas mesmas necessidades. Nos tempos antigos, quando a persuasão constituía uma força pública, impunha-se a eloquência. De que serviria hoje, quando a força pública substitui a persuasão? Não se tem necessidade nem de arte nem de figura para dizer: assim o quero.”

(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Ensaio sobre a origem das línguas. 2ª. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.198).

Sobre a passagem acima, assinale o que for correto.

01) O estado originário das línguas não corresponde ao estado atual em que se encontram.
02) As transformações linguísticas são inexplicáveis e independentes das necessidades humanas.
04) Nos tempos antigos, o controle social era acompanhado pela eloquência de quem exercia o poder.
08) A prática da linguagem proporciona a livre adesão intersubjetiva, ao contrário da violência, que a obriga.
16) O uso da força e da violência pressupõe o uso de figuras de linguagem.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Vestibular de inverno – 2015

Questão 1

“É pois com direito que a filosofia é também chamada a ciência da verdade: o fim da [ciência] especulativa é, com efeito, a verdade, e o da [ciência] prática, a ação; porque, se os práticos consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo e o presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a causa.”

(ARISTÓTELES, Metafísica (L. II, cap. 1). Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 39-40).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Para Aristóteles, a verdade deve ser eterna e imutável.

02) Segundo Aristóteles, a filosofia é a única ciência verdadeira.

04) Conhecer a causa de uma ação é conhecer a sua verdade.

08) Para Aristóteles, a verdade de algo se conhece por meio das causas desse algo.

16) Para Aristóteles, a ciência prática volta suas atenções para como as coisas estão dispostas e não para as causas destas.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 2

“Francis Bacon (1561-1626), com o seu lema ‛saber é poder’, critica a base metafísica da física grega e medieval e realça o papel histórico da ciência e do saber instrumental, capaz de dominar a natureza. Rejeita as concepções tradicionais de pensadores ‘sempre prontos para tagarelar’, mas que ‛são incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta de palavras, mas estéril em obras’.”

(Novum organum, Livro I, LXXI. In ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. 68). Sobre o pensamento de F. Bacon, assinale o que for correto.

01) Enquanto na Idade Média o saber contemplativo era privilegiado em detrimento da prática, F. Bacon valorizava a técnica de experimentação empírica.

02) O conhecimento dos estados da matéria possibilita o controle sobre os fenômenos da natureza, como controlar a evaporação, por exemplo.

04) Entre os conhecimentos práticos da filosofia de F. Bacon destaca-se a oratória, arte de utilizar técnicas de linguagem a fim de persuadir o espectador.

08) Ao defender a alquimia, F. Bacon valoriza aspectos mágicos da matéria, revelados pela ciência química.

16) Em sua obra filosófica mais importante, “A poética da natureza”, F. Bacon descreve o modo pelo qual a mão de Deus permanece ativa sobre os fenômenos da natureza.

Resposta: 01 + 02 = 03.

Questão 3

“Devemos entender por espírito o universo feito de realidades morais e sociais, ou, segundo Paul Valéry, ‛potência de transformação’ da realidade. Mais ainda, espírito é trabalho de criação, como tão bem definiu Alain: ‘O que torna o espírito real é o que ele faz. Separado da obra, ele não é senão subjetividade sem expressão’.”

(NOVAES, A. A ciência do corpo. In O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 11). A partir da citação acima, é correto afirmar que o espírito

01) restringe-se ao conceito de alma na sua atribuição religiosa;

02) é a possibilidade de ultrapassar a matéria física ou natural;

04) é uma faculdade imprescindível para a obra de arte;

08) é inato e concupiscível;

16) faz o homem procurar um sentido para si.

Resposta: 02 + 04 + 16  = 22.

Questão 4

“A luz, a cor, o volume, o peso, o espaço, enquanto dados sensíveis, não são experimentados da mesma maneira na vida do dia a dia e na arte. […] O artista, portanto, não copia o que é; antes cria o que poderia ser e, com isso, abre as portas da imaginação.”

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009. p. 418). Sobre a experiência estética, assinale o que for correto.

01) O juízo estético pode ser identificado com o juízo moral e com o juízo de conhecimento.

02) A arte é uma manifestação sensível.

04) A arte explora as disposições formal e material dos objetos de modo inédito e contrário à expectativa usual dos mesmos.

08) Na experiência estética pós-moderna, a imaginação está submetida a regras de imitação da natureza.

16) A representação fiel dos objetos do mundo, por mais “naturalista” que seja, contém elementos espirituais e interpretativos.

Resposta: 02 + 04 + 16 =  22.

Questão 5

Segundo Sergio Paulo Rouanet, o pensamento ilustrado gerou duas linhagens espirituais: “Uma tem sua origem em pensadores como Diderot, Helvétius, Holbach. Para eles, o homem é determinado pelo meio, e conseqüentemente a mudança das relações sociais pode modificar suas condições de existência. Essa linha prolongou-se nos séculos XIX e XX nos utilitaristas, como Jeremy Bentham, e nos liberais, como Stuart Mill, para os quais o homem novo pode ser produzido pela legislação e pela educação, bem como nos marxistas, para os quais ele pode ser produzido pela revolução social. A outra linhagem parte de La Mettrie. Ela acredita que o organismo determina o essencial da vida do homem. É tão eudemonista quanto a primeira linhagem, mas acha que a felicidade deve ser buscada no bom funcionamento do corpo, e não na transformação social. A linhagem de La Mettrie prosseguiu no darwinismo social, e no uso dos bio-poderes, segundo Foucault, a tentativa de provocar a docilidade social pela ação sobre os corpos”.

(ROUANET, S. P. O homem-máquina hoje. In: NOVAES, A. (org.). O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 40).

A partir da citação acima, assinale o que for correto.

01) Ao limitar a razão a fim de fundamentar o conhecimento, o pensamento ilustrado não tem efeitos sobre as teorias políticas, econômicas e sociais dos séculos XIX e XX.

02) A biopolítica, segundo a prerrogativa de Foucault, caracteriza-se pelo controle das instituições sociais sobre a percepção dos indivíduos.

04) A linha divisória estabelecida pelas duas linhagens espirituais do iluminismo identifica-se com a separação entre “res cogitans” e “res extensa” (pensamento e extensão), de René Descartes.

08) O pensamento marxista visa à reorganização do corpo social por meio da transformação das condições materiais de produção.

16) O darwinismo opõe-se às teorias criacionistas e pré- formacionistas.

Resposta: 02 + 08 + 16 = 26.

Questão 6

“[…] quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito. […] É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas de excelência moral se constitui em nós por natureza, pois nada que existe por natureza pode ser alterado pelo hábito. […] Portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza a excelência moral é engendrada em nós, mas a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito”.

(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco in MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 53).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Segundo Aristóteles, alguém que nasce com falta de moralidade não poderá alterar essa condição de sua personalidade.

02) Segundo Aristóteles, o hábito significa a repetição de ações morais, com vista a seu aperfeiçoamento.

04) Segundo Aristóteles, as pessoas já nascem com excelências morais, isso é algo inato.

08) Segundo Aristóteles, a excelência moral é algo que os indivíduos podem ou não adquirir.

16) Segundo Aristóteles, todos os seres humanos possuem a capacidade de se aperfeiçoar moralmente.

Resposta: 02 + 08 + 16 = 26.

Questão 7

“A linguagem, o mito, a arte, a religião, a ciência são elementos e condições constitutivas desta forma superior de sociedade [humana]. São os meios pelos quais as formas de vida social, que encontramos na natureza orgânica, evoluem para um novo estado, o da consciência social, que depende de um duplo ato, de identificação e discriminação. O homem não pode encontrar-se, não pode ter consciência de sua individualidade, senão por intermédio da vida social. Para ele, contudo, esse meio significa mais que uma força externa determinante. Como os animais, o homem se submete às regras da sociedade, mas, além disso, participa ativamente da produção e da mudança das formas da vida social.”

(CASSIRER, E. Antropologia filosófica. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 30).

A partir da citação acima, assinale o que for correto.

01) A natureza orgânica não possui a faculdade de viver em sociedade.

02) A identificação é o processo de reconhecimento de um ser da mesma espécie.

04) A discriminação é o processo que nos diferencia enquanto indivíduos.

08) A força de viver em sociedade impede a emancipação dos indivíduos.

16) Na humanidade, a consciência individual é anterior à consciência social.

Resposta: 02 + 04 = 06.

Questão 8

Para Thomas Kuhn, as revoluções científicas são explicadas através dos conceitos de “ciência normal”, “crise” e “novo paradigma”. Segundo Eduardo Barra: “o que realmente deve deter nossa atenção nessa concepção proposta por Kuhn sobre as chamadas ‘revoluções científicas’ é o fato de que ele jamais menciona a falsidade das antigas teorias abandonadas nem a verdade das novas teorias aceitas. […] Ao ser aceito pela comunidade após uma revolução científica, um novo paradigma, em geral, é capaz de explicar apenas alguns daqueles problemas que o anterior explicava. Isso explica por que, com frequência, muitos problemas antes relevantes são abandonados após uma revolução científica. […] Não existe o melhor paradigma para qualquer situação possível. O que existe é o melhor paradigma para determinados fins, fins esses que também podem ser amplamente modificados com o tempo.”

(KUHN, T. A função do dogma na investigação científica. Curitiba: UFPR, SCHLA, 2012, p. 19-20).

A partir da citação acima, assinale o que for correto.

01) A função de um paradigma é propor soluções inéditas para determinadas questões do nosso tempo.

02) A disputa entre paradigmas é nociva à ciência, pois divide a comunidade científica.

04) O melhor paradigma é aquele que responde a questões metafísicas, como a existência de Deus e a finalidade da natureza.

08) O que define a escolha de um paradigma não é a verdade de uma teoria científica.

16) A crise de um paradigma está ligada a interesses econômicos e políticos do primeiro mundo.

Resposta: 01 + 08 = 09.

Questão 9

“O nascimento da filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração a geração […]. Os mitos apresentavam uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrada na tradição oral, é isso que se entende por teogonia”.

(Filosofia / vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 18). Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.

01) Na Grécia Antiga, o conhecimento dos mitos era transmitido pelos padres da Igreja.

02) O livro do Gênesis repete o primeiro capítulo da Teogonia de Hesíodo, que trata da criação do mundo.

04) A teogonia visa explicar a genealogia dos deuses e sua relação com os fenômenos do mundo.

08) A oralidade constitui a forma privilegiada de transmissão do pensamento mítico.

16) O mito representa uma forma de pensamento religioso contrário à racionalidade filosófica de Platão e dos filósofos pré-socráticos.

Resposta: 04 + 08 = 12.

Questão 10

“Todo ser humano tem um direito legítimo ao respeito de seus semelhantes e está, por sua vez, obrigado a respeitar todos os demais. A humanidade ela mesma é uma dignidade, pois o ser humano não pode ser usado meramente como um meio por qualquer outro ser humano (quer por outros, quer, inclusive, por si mesmo), mas deve sempre ser usado ao mesmo tempo como um fim. […] não posso negar todo respeito sequer a um homem corrupto como um ser humano, não posso suprimir ao menos o respeito que lhe cabe em sua qualidade como ser humano, ainda que através de seus atos ele se torne indigno desse respeito.”

(KANT, I. A metafísica dos costumes. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 261).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Humilhar, agredir ou não tratar bem um criminoso não fere sua humanidade e nem é uma usurpação dos direitos humanos.

02) Ao afirmar que o ser humano deve ser usado com um fim, o filósofo destaca o utilitarismo inerente à doutrina dos direitos humanos.

04) Respeitar a dignidade de todo ser humano é algo que não precisa, necessariamente, estar escrito em lei, pois é princípio inerente à convivência humana.

08) Os diversos tipos de criminosos, particularmente os corruptos, não merecem o respeito humano em função das consequências de seus atos para a sociedade.

16) A dignidade própria da condição humana não se anula com um crime, donde o respeito a essa condição mínima para todos os seres humanos.

Resposta: 04 + 16 = 20.

Questão 11

Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.”

(DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 62).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A intenção primeira da filosofia de Descartes era a refutação dos céticos.

02) Descartes buscava um fundamento seguro racionalmente para elaborar sua filosofia.

04) “Eu penso, logo existo” era uma afirmação extravagante dos céticos.

08) Descartes sempre pensou que tudo era falso, inclusive a ideia “eu penso, logo existo”.

16) O princípio primeiro da filosofia de Descartes está no pensamento individual que fundamenta a existência humana.

Resposta: 02 + 16 = 18.

Questão 12

“Há efeitos de verdade que uma sociedade como a sociedade ocidental, e agora se pode dizer que a sociedade mundial, produz a cada instante. Produz-se verdade. Estas produções de verdade não podem ser dissociadas do poder e dos mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque estes mecanismos de poder tornam possíveis essas produções de verdade, as induzem; e elas próprias são efeitos do poder que nos ligam, nos conectam.”

(FOUCAULT, M. Poder e Saber In MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 237).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O poder induz à produção da verdade na medida em que estabelece os meios para obtê-la.

02) Para o filósofo, o poder político é o único que pode produzir uma verdade científica.

04) Os mecanismos de poder determinam a produção da verdade.

08) Se a verdade é produzida pelas sociedades, então ela não é de fato verdade, já que foi elaborada para manipular e controlar politicamente.

16) O filósofo destaca a íntima relação que há entre conhecimento científico e as formas de poder.

Resposta: 01 + 04 + 16  = 21.

Questão 13

“Uma das conquistas do liberalismo clássico é o ideal do Estado não intervencionista, que deixa o mercado livre para sua autorregulação. Trata-se do Estado minimalista, de baixa intervenção, ou seja, de prevalência do livre mercado.”

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. 335).

Sobre a teoria liberal, assinale o que for correto.

01) O liberalismo, enquanto teoria econômica e política, manifesta princípios ideológicos.

02) Os pressupostos teóricos do liberalismo se originam do pensamento de Karl Marx.

04) A privatização de instituições estatais e a abolição da reserva de mercado são ações de políticas neoliberais.

08) O liberalismo clássico defende o laissez-faire econômico (“deixem fazer”) como uma política de Estado.

16) A finalidade do liberalismo é o equilíbrio social e a distribuição igualitária de renda entre os trabalhadores.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 14

“Como qualquer sociedade política não pode existir nem subsistir, sem ter em si o poder de preservar a propriedade, e, para isso, castigar as ofensas de todos os membros dessa sociedade, haverá sociedade política somente quando cada um dos membros renunciar ao próprio poder natural, passando-o às mãos da comunidade em todos os casos que não lhe impeçam de recorrer à proteção da lei por ela estabelecida. […] Sempre que, portanto, qualquer número de homens se reúne em uma sociedade de tal sorte que cada um abandone o próprio poder executivo da lei de natureza, passando-o ao público, nesse caso e somente nele haverá uma sociedade civil ou política.” (

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 67).

A partir do texto citado, é correto afirmar:

01) Um dos fundamentos da sociedade política é a renúncia entre os membros contratantes do poder natural em nome do poder político.

02) A sociedade política é fundada para a preservação da propriedade.

04) A lei na sociedade civil é estabelecida com base na lei da natureza.

08) Para que haja sociedade política se faz necessário um número mínimo de cidadãos.

16) A sociedade política não anula ou suprime os direitos e garantias da lei natural, ao contrário, as protege de qualquer um que queira violá-las.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Questão 15

“A ciência grega […] não constituiu uma tecnologia verdadeira porque não aperfeiçoou a física. Mas por que, ainda uma vez, ela não o fez? Pelo que parece, porque não procurou fazê-lo. E isso, sem dúvida, porque ela acreditava que não era factível. De fato, fazer a física no nosso sentido do termo – e não naquele dado a esse vocábulo por Aristóteles – quer dizer aplicar ao real as noções rígidas, exatas e precisas das matemáticas, e, antes de tudo, da geometria. Uma tarefa paradoxal, caso houvesse, porque a realidade, aquela da vida cotidiana, no meio da qual nós vivemos, não é matemática. Nem mesmo matematizável.”

(KOYRÉ, A. Du monde de l’à- peu-près à l’univers de la précision. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 176).

A partir do texto citado, é correto afirmar:

01) Para os filósofos gregos, na vida cotidiana não se faziam necessários conhecimentos matemáticos.

02) Os filósofos gregos desconheciam a matemática e por isso foram incapazes de produzir conhecimentos físicos.

04) O conhecimento físico em nossos dias pressupõe um conhecimento matemático em razão da ciência moderna ser matematizável.

08) A física aristotélica buscava uma explicação racional do mundo sem recorrer à fundamentação matemática.

16) A matematização da ciência moderna é resultado de sua exigência por rigor e precisão, algo inerente a esse tipo de conhecimento.

Resposta: 04 + 08 + 16 = 28.

Questão 16

“O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo.”

(EPICURO. Carta sobre a felicidade. In ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. 251).

A partir desta citação de Epicuro, assinale o que for correto.

01) Felicidade e infelicidade são estabelecidas pelos efeitos do prazer e da dor.

02) O sentimento de prazer é inato à natureza humana.

04) Epicuro defende o prazer sem medidas.

08) O prazer corporal é um mal causado pelo pecado original.

16) O hedonismo de Epicuro não é imediatista, mas moderado.

Resposta: 01+ 02 + 16  = 19.

Questão 17

“Os direitos do homem, tais como em geral têm sido enunciados a partir do século XVIII, estipulam condições mínimas do exercício da moralidade. Por certo, cada um não deixará de aferrar-se à sua moral; deve, entretanto, aprender a conviver com outras, reconhecer a unilateralidade de seu ponto de vista. E com isso está obedecendo à sua própria moral de uma maneira especialíssima, tomando os imperativos categóricos dela como um momento particular do exercício humano de julgar moralmente. Desse modo, a moral do bandido e a do ladrão tornam-se repreensíveis do ponto de vista da moralidade pública, pois violam o princípio da tolerância e atingem direitos humanos fundamentais.”

(GIANOTTI, J. Moralidade pública e moralidade privada. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 204).

A partir do texto citado, é correto afirmar:

01) A moralidade pública julga a partir dos critérios de quem ocupa o poder político.

02) A moralidade pública estabelece condições mínimas para a convivência entre os homens em face da multiplicidade de posições morais existentes.

04) A moral privada está relacionada ao ponto de vista do indivíduo de tal modo que ela possui uma conotação particular.

08) Existem duas esferas de moralidade: uma pública e outra privada e elas não necessariamente se identificam.

16) Os ladrões e demais criminosos não possuem moralidade, pois não aceitam os princípios morais da sociedade.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 18

“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de produção espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas, ao mesmo tempo e em média, as ideias daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual.”

(MARX, K., ENGELS, F. A ideologia alemã. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 453).

A partir do texto citado, é correto afirmar:

01) A elite ou classe dominante, por deter os meios de produção, consegue veicular suas ideias e impô-las ao restante da sociedade.

02) As ideias da classe dominante são hegemônicas, pois são as concepções que venceram, no debate público, as ideias das outras classes.

04) Força espiritual neste texto se refere, entre outros aspectos, aos valores culturais de uma sociedade e não apenas aos valores religiosos.

08) A classe dominante controla os meios de divulgação do conhecimento, os meios de informação, realizando assim sua dominação espiritual sobre a sociedade.

16) As ideias da classe dominante formam uma força espiritual por serem dotadas de maior racionalidade.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 19

“O princípio motor do conceito, enquanto ele não só dissolve as particularizações do universal, mas, também, enquanto os produz, eu chamo de dialética – dialética, portanto, não no sentido de que ela dissolve, confunde e conduz daqui para lá e de lá para cá um ob-jeto, uma proposição, dados ao sentimento, à consciência imediata em geral, e só tem a ver com a derivação do seu contrário –, uma modalidade negativa de dialética, tal como ela frequentemente aparece também em Platão. […] A dialética superior do conceito não consiste em produzir e apreender a determinação meramente como barreira e como contrário, mas, sim, em produzir e apreender a partir dela o conteúdo e o resultado positivos, enquanto por essa via, unicamente, a dialética é desenvolvimento e progredir imanente”.

(HEGEL, F., Fenomenologia do Espírito in MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 315).

A partir do texto citado, é correto afirmar:

01) A dialética platônica é negativa por não redundar em desenvolvimento e progredir imanente do conceito.

02) A dialética hegeliana não é confusão e nem dissolução de uma proposição.

04) As determinações de um objeto não são obstáculos ao conhecimento, mas um dado a partir do qual se apreendem os conteúdos positivos desse objeto.

08) Por ser oposição de teses, a dialética hegeliana não redunda em desenvolvimento do conceito.

16) Dialética é o princípio motor dos conceitos desenvolvimento e progredir imanente.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.

Questão 20

“Nem aos mais cuidadosos dentre eles [os metafísicos] ocorreu duvidar aqui, no limiar, onde mais era necessário: mesmo quando haviam jurado para si próprios de omnibus dubitandum [de tudo duvidar]. […] Com todo o valor que possa merecer o que é verdadeiro, veraz, desinteressado: é possível que se deva atribuir à aparência, à vontade de engano, ao egoísmo e à cobiça um valor mais alto e mais fundamental para a vida. É até mesmo possível que aquilo que constitui o valor dessas coisas boas e honradas consista exatamente em serem insidiosamente aparentadas, atadas, unidas, e talvez até essencialmente iguais a essas coisas ruins e aparentemente opostas. Talvez! – Mas quem se mostra disposto a ocupar-se de tais perigosos ‛talvez’? Para isso será preciso esperar o advento de uma nova espécie de filósofos, que tenham gosto e pendor diversos, contrários aos daqueles que até agora existiram – filósofos do perigoso ‛talvez’ a todo custo. – E, falando com toda a seriedade: eu vejo esses filósofos surgirem.”

(NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. In MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré- socráticos a Wittgenstein. 2ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 145-146).

A partir da citação acima, assinale o que for correto.

01) “Além do bem e do mal” representa a suspeita de que o valor da verdade não se opõe ao valor da mentira.

02) Os positivistas são, para Nietzsche, uma nova classe de filósofos, que surgirá depois da teologia empirista.

04) O exercício da dúvida, entre muitos filósofos que diziam duvidar de tudo, era apenas o primeiro passo para fundamentar a certeza.

08) A filosofia é perigosa, razão pela qual F. Nietzsche e Giordano Bruno foram queimados na fogueira.

16) A aparência, mesmo oposta logicamente ao conceito de verdade, é necessária para a manutenção da vida.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Vestibular de verão – 2014

Questão 1

“Contudo, não posso negar todo respeito sequer a um homem corrupto como um ser humano; não posso suprimir ao menos o respeito que lhe cabe em sua qualidade como ser humano, ainda que através de seus atos ele se torne indigno desse respeito. Assim, pode haver punições infamantes que desonram a própria humanidade (tais como o esquartejamento de um homem, seu despedaçamento produzido por cães, o cortar fora seu nariz e orelhas). Não só são estas punições mais dolorosas do que a perda de posses e da vida àquele que ama a honra (que reivindica o respeito alheio, como devem todos fazê-lo).”

(KANT, I. A metafísica dos costumes, in ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2005, p. 234).

A partir do texto citado é correto afirmar que:

01) O respeito à humanidade deve se manifestar para com todos os seres humanos, independentemente dos crimes que tenham cometido.

02) As punições dos crimes não podem desconsiderar a condição de ser humano do criminoso.

04) Há punições que extrapolam a dignidade humana, como o esquartejamento.

08) O filósofo defende que não haja equiparação entre a pena e a infâmia cometida, ou seja, a pena não pode ser desonrosa.

16) O filósofo entende que certos atos criminosos tornam o criminoso indigno do respeito humano.

Resposta: 01+ 02 + 04 + 08 = 15.

Questão 2

“Foucault chamou a atenção para a dificuldade de construir uma ‘ética do eu’ em nossos dias, marcados pelo consumismo exacerbado, pelo culto do corpo nas academias e pela exaltação das imagens como propaganda, que poderiam levar a um hedonismo muito diferente daquele de Epicuro, preocupado apenas com os prazeres materiais e imediatos. Mas, ao mesmo tempo, afirmou que essa seria uma tarefa urgente, pois a única possibilidade de construir uma autonomia nos dias de hoje, resistindo aos poderes políticos, estaria numa relação consigo mesmo. […] Em outras palavras: não viver submetido às regras morais que são impostas de fora, mas assumir-se sujeito de suas próprias escolhas, criar e construir sua vida. […] É conhecendo a si mesmo e cuidando de si mesmo que cada um pode construir sua vida na relação com os outros. Uma ética do cuidado de si não implica, portanto, isolamento ou egoísmo.”

(GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. 1ª. ed. São Paulo: Scipione, 2013, p. 165).

Segundo a afirmação acima, assinale o que for correto:

01) As éticas de Foucault e de Epicuro são equivalentes, pois valorizam o prazer material e o prazer sensível.

02) O cuidado de si está caracterizado pelo surgimento das academias de ginástica e de centros de estética.

04) Em nome da autonomia do indivíduo, Foucault afirma a necessidade de resistência ao poder do Estado.

08) A ética de Foucault, ao privilegiar o cuidado de si, desvaloriza o aspecto social, coletivo.

16) A autonomia do indivíduo frente aos mecanismos de controle é uma responsabilidade pessoal e intransferível.

Resposta: 04 + 16 = 20.

Questão 3

“Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser humano, porém, há coisas que não lhe pertencem como ser humano. Contudo, não se isenta delas na existência como, por exemplo, a definição de suas medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas coisas, mesmo sendo humanas, não são condições para que ele seja humano, caso contrário, todas as pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar disso, inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que pobre é o discurso daquele que afirma o seguinte: o ser humano é esta totalidade percebida (pelos sentidos)!”

(AVICENA. A filosofia e sua divisão, in MARÇAL, J., Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 90-91).

Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que for correto:

01) A definição do ser humano depende de suas atribuições sensíveis.

02) A classe social de um indivíduo compõe um dos elementos da definição do ser humano.

04) A identidade racial distingue os seres humanos de outros seres vivos.

08) O conceito de ser humano é inteligível.

16) Qualificações como peso, altura e aparência física distinguem um ser humano de outro ser humano.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 4

A história da filosofia possui momentos distintos (antiga, medieval, moderna e contemporânea), que marcam, de forma genérica, temáticas distintas (ser, razão, verdade, linguagem etc.) e escolas distintas (sofística, patrística, escolástica, fenomenologia, filosofia analítica etc.). Assinale, segundo os conceitos bases da tradição filosófica, o que for correto.

01) Chamamos de sofistas os filósofos cuja interlocução com Sócrates, Platão e Aristóteles é marcada pelo debate de ideias políticas e metafísicas.

02) Chamamos de pré-socráticos os filósofos preocupados com o princípio unificador da realidade.

04) Chamamos de fenomenologia a tradição empíricoracionalista que estuda a teoria das quatro causas: formal, material, eficiente e final.

08) Chamamos de patrística a filosofia de influência neoplatônica que surgiu a partir do século II com os Padres da Igreja, responsável pela formulação da base filosófica da doutrina cristã.

16) Chamamos de flovística a escola de Siracusa (Magna-Grécia) que toma como ponto de partida os ensinamentos de Pirro de Élis.

Resposta: 01+ 02 + 08 = 11.

Questão 5

“Ao contrário de seus contemporâneos – como Parmênides – Heráclito não rejeitava as contradições e queria apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: ‘Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio’, pois, na segunda vez, não somos os mesmos, e também as águas mudaram. Para Heráclito, o ser é múltiplo […] por ele estar constituído de oposições internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples surgimento de novos seres, mas a luta dos contrários […]. É da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p.287).

A partir desta afirmação sobre a filosofia de Heráclito, assinale o que for correto.

01) O princípio motor do movimento é a tensão de forças contrárias entre si.

02) Na Grécia arcaica ou pré-socrática, o curso dos rios não estava estabelecido, razão pela qual eles mudavam de lugar de um dia para outro.

04) O princípio do devir ou da transformação contínua visa compreender a ordenação cosmológica do mundo.

08) O surgimento de novos seres é explicado pela intermediação divina, criadora ex nihilo.

16) A multiplicidade do real é pensada a partir do princípio lógico de não contradição entre o ser e o não ser.

Resposta: 01 + 04 = 05.

Questão 6

“A ciência manipula as coisas e renuncia a habitá-las. Fabrica para si modelos internos delas e, operando sobre esses índices ou variáveis as transformações permitidas por sua definição, só de longe em longe se defronta com o mundo atual. Ela é, sempre foi, esse pensamento admiravelmente ativo, engenhoso, desenvolto, esse parti pris de tratar todo ser como ‘objeto em geral’, isto é, a um tempo como se ele nada fosse para nós, e, no entanto, se achasse predestinado aos nossos artifícios. Mas a ciência clássica guardava o sentimento de opacidade do mundo, era a este que ela pretendia juntar-se por suas construções, e por isto é que se acreditava obrigada a procurar para as suas operações um fundamento transcendente ou transcendental. Há, hoje em dia – não na ciência, e sim numa filosofia das ciências assaz difundida –, isto de inteiramente novo: que a prática construtiva se toma e se dá por autônoma, e que o pensamento deliberadamente se reduz ao conjunto das técnicas de tomada ou de captação, que ele inventa.”

(MERLEAU-PONTY, M. O olho e o espírito, in: Textos selecionados. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p.85).

Com base nesta citação de Merleau-Ponty, assinale o que for correto:

01) Merleau-Ponty diferencia o pensamento científico contemporâneo do pensamento científico clássico.

02) Merleau-Ponty diferencia a prática científica da reflexão filosófica sobre a ciência.

04) Para Merleau-Ponty, a ciência abandona a realidade do mundo para produzir objetos técnicos e modelos operacionais eficientes.

08) Para Merleau-Ponty, o dever do filósofo é manipular as coisas do mundo no lugar dos cientistas.

16) Para Merleau-Ponty, a prática científica é abusiva quando decide concorrer com o fundamento transcendente.

Resposta: 01+ 02 + 04 = 07.

Questão 7

“Já existem agora operários, aos quais a luta de classes deu um significado novo de dignidade e de liberdade que, quando leem os cantos dos poetas ou ouvem os nomes dos artistas e dos pensadores, se perguntam com mágoa: ‘Por que a escola não ensinou essas coisas também a nós?’ Mas se consolem: a escola, como se apresentou nos últimos dez anos, como é feita agora pela classe dirigente, não ensina mais nada a ninguém, ou bem pouco. A tarefa educativa tende agora a realizar-se por outros caminhos, livremente, por meio de associações espontâneas de homens motivados pelo desejo comum de melhorarem a si mesmos. Por que um jornal não poderia tornar-se o centro de um desses grupos? […] Na realidade existem, no conjunto de noções transmitidas por um milenário trabalho do pensamento, elementos que possuem um valor eterno, que não podem e não devem perecer. Um dos mais graves sinais da degradação à qual nos levou o regime burguês está no fato de que se perde a consciência desses valores; tudo se torna objeto de comércio e instrumento de guerra.”

(GRAMSCI, A. Crônicas de L’ordine Nuovo. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p.294).

A partir desta afirmação de Antônio Gramsci, assinale o que for correto:

01) A escola enfraqueceu o ensino de valores filosóficos, científicos e culturais por razões políticas e ideológicas.

02) A imprensa expressa interesses econômicos e políticos, portanto a escolha de um jornal é um momento da luta de classes.

04) A crise da burguesia determina o aumento do déficit público, favorecido pelo reajuste das mensalidades escolares.

08) A prática do comércio e da guerra representa uma ameaça aos valores historicamente reconhecidos.

16) A escola pública dilapidou a prática científica em razão do comprometimento dessa escola com as classes desfavorecidas.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 8

“Na Copa do Mundo de Futebol de 1994, realizada nos Estados Unidos, o Brasil se consagrou tetra-campeão mundial. Por interesses de transmissão televisiva, boa parte dos jogos, inclusive a final, teve início […] sob um calor extenuante. […] Mas o que levou os organizadores do evento a submeter os ‘artistas da bola’ a esse sacrifício? Novamente os interesses do mercado, da propaganda e das empresas predominam. Quase todas as produções artísticas e culturais têm de se submeter à lógica da indústria cultural ou viver em um processo de marginalização, definhamento e extinção.”

(MELANI, Ricardo. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. 1ª. ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2013, p.223).

Com base no texto, assinale o que for correto.

01) O futebol é uma mercadoria utilizada pela mídia do entretenimento.

02) O aparelhamento técnico da televisão prejudica a indústria cultural.

04) A indústria cultural é criteriosa e atende a padrões elevados de crítica.

08) O futebol é financiado por empresas de divulgação em massa.

16) A super exposição de determinados eventos esportivos causa o enfraquecimento de outros esportes.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 9

“Afinal, um laboratório terá uma boa performance tanto por seu pessoal ser bem organizado e ter acesso a aparelhos precisos como por raciocinar corretamente. A fim de produzir resultados científicos, é preciso também possuir recurso, acesso às revistas, às bibliotecas, congressos etc. É preciso também que, nas unidades de pesquisa, a comunicação, o diálogo e a crítica circulem. O método de produção da ciência passa, portanto, pelos processos sociais que permitem a constituição de equipes estáveis e eficazes; subsídios, contratos, alianças sociopolíticas, gestão de equipe etc. Mais uma vez, a ciência aparece como um processo humano, feito por humanos, para humanos e com humanos”.

(FOUREZ, Gerard. A construção das ciências, in ARANHA, M. Filosofar com textos. São Paulo: Moderna, 2012, p. 175).

A partir do texto é correto afirmar que:

01) Os resultados de uma boa pesquisa dependem, principalmente, dos recursos financeiros do laboratório.

02) A qualidade das pesquisas científicas está vinculada estritamente às qualidades intelectuais do pesquisador.

04) A pesquisa científica mantém uma relação com os aspectos humanos dos envolvidos com ela, mesmo quando consideramos tão somente os seus aspectos metodológicos.

08) Os processos sociais, como o debate e a convivência com outros cientistas, não interferem no resultado final de uma pesquisa.

16) Os resultados das pesquisas científicas refletem as várias relações humanas, sociais, nas quais o pesquisador está inserido.

Resposta: 04 + 16 = 20.

Questão 10

“O abuso do tempo é um grande mal. Outros males ainda piores decorrem das letras e das artes. Assim é o luxo, nascido como elas da ociosidade e da vaidade dos homens. O luxo raramente anda sem as ciências e as artes, e estas nunca andam sem ele. Eu sei que nossa filosofia, sempre fecunda em máximas singulares, pretende, contra a experiência de todos os séculos, que o luxo faz o esplendor dos Estados; […] Nós temos físicos, geômetras, químicos, astrônomos, poetas, músicos, pintores. Não temos mais cidadãos, ou se ainda os restam, dispersos em nossos campos abandonados, eles perecem indigentes e desprezados. Este é o estado a que foram reduzidos, estes são os sentimentos que recebem de nós aqueles que nos fornecem o pão e que dão o leite a nossas crianças”.

(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes, segunda parte, in MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 580/581).

A partir do texto assinale o que for correto.

01) Segundo Rousseau, muitos males decorrem das ciências, das letras e das artes.

02) Rousseau defende que as ciências e as artes sejam luxuosas.

04) Rousseau chama a atenção para a separação entre as ciências e as artes em relação aos problemas políticos reais.

08) Para Rousseau, os cidadãos são os mendigos e os indigentes.

16) Rousseau ressalta o desprezo dos aspectos políticos em relação à exaltação dos saberes artístico e científico.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 11

“Contudo, embora o nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, notaremos, baseados em um exame mais detalhado, que na realidade ele está confinado dentro de limites muito estreitos, e que todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. […] Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam ou do nosso sentimento exterior ou do interior: a mistura e a composição de ambos dizem respeito à mente e à vontade. Ou seja, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, percepções mais débeis, são cópias de nossas impressões, mais vivas.”

(HUME, D. Tratado sobre a natureza humana in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 104.)

A partir do texto citado é correto afirmar que:

01) A liberdade do pensamento é delimitada pelas impressões sensíveis, pelas percepções que os sentidos captam do mundo.

02) Podemos pensar numa montanha de ouro sem ter essas experiências sensíveis, pois a mente humana é criativa.

04) Há uma contradição entre a liberdade infinita do pensamento e suas reais possibilidades de operação a partir da experiência sensível.

08) O pensamento opera de modo infinito com as impressões sensíveis, em inúmeras formas de transposição, composição, mistura de elementos.

16) A capacidade criativa do pensamento não pode conceber coisas sem conexão com as experiências sensíveis.

Resposta: 01 + 04 + 08 + 16 = 29.

Questão 12

“[…] Talvez alguém diga: ‘Sócrates, será que você não pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quieto, calado?’ Ora, eis a coisa mais difícil de convencer alguns de vocês. Pois se eu disser que tal conduta seria desobediência ao deus e que por isso não posso ficar quieto, vocês acharão que estou zombando e não acreditarão. E se disser que falar diariamente da virtude e das outras coisas sobre as quais me ouvem falar e questionar a mim e a outros é o bem maior do homem e que a vida que não se questiona não vale a pena viver, vão me acreditar menos ainda.”

(PLATÃO, Apologia de Sócrates, in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 20).

A partir do texto citado é correto afirmar que:

01) Sócrates não aceita a sentença de seus interlocutores porque a rebeldia e a não aceitação das ordens são próprias de um filósofo.

02) Sócrates defende uma atitude permanente de questionamento para os homens, sem a qual a vida não valeria a pena ser vivida.

04) Para Sócrates, o questionamento é mais do que um momento na vida humana, é uma conduta permanente que deve ser cultivada.

08) Para Sócrates, o questionamento é algo intrínseco da natureza humana e não somente dele, um filósofo.

16) Ao citar deus, Sócrates compreende que está zombando de seus interlocutores, pois seus questionamentos não possuem nenhuma relação com a religião.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 13

“É, pois, com direito que a filosofia é também chamada a ciência da verdade: o fim da [ciência] especulativa é, com efeito, a verdade, e o da [ciência] prática, a ação; porque, se os práticos consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo e o presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a causa.”

(ARISTÓTELES, Metafísica, livro II, cap. I. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 39-40).

A partir do texto é correto afirmar que:

01) Aristóteles diferencia a ciência especulativa da ciência prática.

02) A ciência prática volta-se para conhecer as coisas relativas à ação humana.

04) A ciência especulativa busca conhecer como as coisas são, sua condição presente, sua relação.

08) Para Aristóteles, conhecer verdadeiramente algo é conhecer a sua causa.

16) Para Aristóteles a verdade é eterna e imutável.

Resposta: 01+ 02 + 08 + 16 = 27.

Questão 14

“Do ponto de vista do conhecimento, o subjetivismo é a projeção de sua visão de mundo na interpretação dos fatos. Ora, as ciências da natureza aspiram à objetividade, a uma avaliação que seja aceita por todos, o que supõe um distanciamento da subjetividade. Para tanto, as ciências da natureza utilizam instrumentos de controle para testar as hipóteses, além da facilidade de examinar um objeto que é exterior a si mesmo. No caso das ciências humanas, o sujeito que conhece é o próprio objeto que se quer conhecer, circunstância que torna mais difícil a neutralidade.”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 188).

A partir desta afirmação sobre a aplicação do método científico na produção do conhecimento, assinale o que for correto:

01) O elemento subjetivo, no processo de interpretação dos fatos empíricos, constitui um desafio para a neutralidade científica.

02) A objetividade científica depende de uma maior utilização de máquinas automáticas, não controladas por humanos.

04) Os interesses psicológicos, econômicos e políticos dos cientistas participam do processo de produção de conhecimento das ciências humanas.

08) Ciências exatas, como a matemática, são aquelas em que o teor subjetivista é minimizado ou, dependendo do caso, anulado.

16) O elemento subjetivo não se aplica a ciências cujo objeto é o próprio homem, como a psicologia, por exemplo.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 15

Diz Spinoza: “Proposição XXX: Nenhuma coisa pode ser má pelo que tem de comum com nossa natureza, mas é má para nós na medida em que nos é contrária. Demonstração: Chamamos mau o que é causa de Tristeza, isto é, o que diminui ou reduz nossa potência de agir. Se portanto uma coisa, pelo que tem de comum conosco, fosse má para nós, essa coisa poderia diminuir ou reduzir o que tem de comum conosco, o que é absurdo. Coisa alguma portanto pode ser má para nós pelo que tem de comum conosco, mas, ao contrário, na medida em que é má, isto é, na medida em que pode diminuir ou reduzir nossa potência de agir, ela nos é contrária.”

(Spinoza, in MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 93).

A partir do texto é correto afirmar:

01) Segundo o filósofo, é absurdo que uma coisa má tenha algo de comum conosco.

02) As coisas são consideradas más em função de sua própria natureza.

04) As coisas más não reduzem a nossa potência de agir.

08) A tristeza é causada pelos efeitos das coisas más.

16) O filósofo demonstra a contrariedade entre natureza humana e maldade.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 16

Considere os seguintes argumentos:

A) Todos os ovíparos são mortais.

Ora, os cavalos são mortais.

Logo, os cavalos são ovíparos.

B) Todas as plantas verdes têm clorofila.

Ora, algumas coisas que tem clorofila são comestíveis.

Logo, algumas plantas verdes são comestíveis.

Assinale o que for correto.

01) “… os cavalos são ovíparos” e “… algumas plantas verdes são comestíveis” são conclusões dos argumentos.

02) “Mortais” e “clorofila” são termos médios dos silogismos A e B, respectivamente.

04) No silogismo A, apesar de as premissas serem verdadeiras, a conclusão é falsa.

08) No silogismo B, a conclusão é falsa, pois não define quais plantas são comestíveis ou não.

16) A e B são argumentos válidos, pois suas conclusões são consequência lógica das premissas.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 17

“Para Umberto Eco, ‘o mau gosto em arte é definido como a pré-fabricação e a imposição do efeito’. Isto significa que em vez de deixar o público, com pelo menos algum conhecimento de arte, encontrar a proposta e os sentidos de cada obra, esse significado já vem pronto. A partir de meados do século XIX, o mau gosto passou a ser designado pela palavra alemã kitsch e é assim conhecido até hoje.”

(ARANHA, M. L. de A. Temas de Filosofia. 3ª.ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.211-212.)

É característica do kitsch a mistura de cores e estilos de forma excessiva e extravagante, a procura por objetos artísticos industrializados, a reutilização de estilos e de objetos deslocados do contexto de origem e a redundância (repetição exaustiva de signos com o mesmo significado). A partir destas características do kitsch, assinale o que for correto.

01) Recuperar um sítio arqueológico, contendo obras de arte da antiguidade clássica, é kitsch.

02) Construir uma casa de estilo neoclássico, típico do século XIX, com falsas colunas gregas e romanas, é kitsch.

04) Decorar as vitrines das lojas com corações vermelhos para a venda de objetos associados ao dia dos namorados é kitsch.

08) Produzir miniaturas de monumentos, como a Torre Eiffel e a Estátua da Liberdade, para vendê-las nas lojas de souvenirs, é kitsch.

16) Pintar um quadro à moda impressionista, para vendê- lo em feira de artesanato, é kitsch.

Resposta: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Questão 18

“Resta agora ver quais devem ser os modos e os atos de governo de um príncipe para com os súditos ou para com os amigos. E porque sei que muitos escreveram sobre isso, temo, escrevendo eu também, ser considerado presunçoso, sobretudo porque, ao debater esta matéria, afasto-me do modo de raciocinar dos outros. Mas, sendo a minha intenção escrever coisa útil a quem a escute, pareceu-me mais convincente ir direto à verdade efetiva da coisa do que à imaginação dessa. E muitos imaginaram repúblicas e principados que nunca foram vistos, nem conhecidos de verdade.”

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Hedra, 2009, p. 159).

A partir do texto citado assinale o que for correto.

01) Maquiavel defende uma teoria imaginária de governo, e não uma proposta real e factível.

02) Maquiavel afirma que as repúblicas e os principados nunca foram conhecidos de verdade.

04) Maquiavel se considera presunçoso por conhecer demais o tema.

08) Maquiavel propõe um discurso político que trate de coisas reais e possíveis no mundo da política.

16) Maquiavel propõe um discurso político que se volte para o comportamento do governante, para sua atuação e para o modo como ele deve se comportar no governo.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 19

Encontra-se no positivismo de Auguste Comte a “lei dos três estados”. Segundo este princípio básico de classificação, o primeiro estado é o teológico (quando os fenômenos da natureza são explicados a partir de forças divinas e sobrenaturais); o segundo estado é o metafísico (quando os fenômenos da natureza são explicados a partir de teorias arbitrárias e especulativas) e o terceiro estado é o positivo (quando os fenômenos da natureza são explicados a partir da observação empírica).

Sobre a lei dos três estados de Auguste Comte, assinale o que for correto:

01) O estado metafísico representa a expectativa de superação do estado teológico, pois o sobrenatural é substituído pela razão teórica.

02) O estado positivo dispõe de leis causais, segundo as quais os fenômenos físicos são explicados a partir da observação empírica.

04) A lei dos três estados influenciou as “metamorfoses de Zaratustra”. Nessa metaforização de Nietzsche, o camelo representa a infância da humanidade.

08) Segundo a disposição dos três estados, a ciência moderna corresponde ao estado positivo.

16) Segundo a disposição dos três estados, a mitologia grega corresponde ao estado teológico.

Resposta: 01+ 02 + 08 + 16 = 27.

Questão 20

“A bem dizer, não me formulava minhas descobertas. Mas creio que agora me seria fácil colocá-las em palavras. O essencial é a contingência. O que quero dizer é que, por definição, a existência não é a necessidade. Existir é simplesmente estar presente; os entes aparecem, deixam que os encontremos, mas nunca podemos deduzi-los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só que tentaram superar essa contingência inventando um ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência: a contingência não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o absoluto, por conseguinte a gratuidade perfeita”.

(SARTRE, J. P. A Náusea, in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 167/168).

A partir do texto assinale o que for correto.

01) A presença dos entes é alcançável por dedução lógica.

02) Um aspecto fundamental dos entes é a sua contingência.

04) Sartre opõe a contingência evidente dos seres à necessidade de um ser que é causa de si próprio.

08) A existência é absoluta e não deduzível por argumentos.

16) Outros filósofos, além de Sartre, já haviam demonstrado a necessidade dos entes.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Vestibular de inverno – 2014

Questão 1

“[…] ‘dogmatismo’ é uma atitude filosófica caracterizada pela ausência da crítica em relação ao que podemos conhecer através da razão. Em filosofia, o dogmatismo corresponde ao intuito de apresentar verdades últimas sobre as questões mais essenciais ao homem, tais como a imortalidade da alma, a origem do mundo (incluindo nisto o tema da liberdade) e a existência de Deus, sem, todavia, indagar-se preliminarmente se, de fato, podemos avançar enunciados teórico-especulativos sobre esses objetos. É isto o que a crítica cuida de examinar, ao instituir o que está ao nosso alcance conhecer. Ao fim deste exame, Kant conclui pela ilegitimidade dos enunciados dogmáticos acerca do que se encontra para além da experiência, isto é, o suprassensível. A resposta negativa de Kant representa o fim da metafísica tradicional: ao contrário do que haviam pretendido os filósofos dogmáticos, não há como fornecer, com base apenas na razão, um conhecimento de matiz teórico sobre a alma, a liberdade e Deus. Por outro lado, isso não significa que a razão não possa pensar tais ‘objetos’. Ao contrário, Kant […] mostra que esses temas são imprescindíveis para nossa razão em sua dimensão prática e moral.”

(FIGUEIREDO, V. Kant e a liberdade de pensar publicamente. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 402).

Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) A impossibilidade de conhecimento sobre objetos suprassensíveis não anula a importância desses objetos para o desempenho da religião e do comportamento moral.

02) O dogmatismo é decorrente da atitude pseudofilosófica que consiste em confundir, na ordem do conhecimento, objetos sensíveis e suprassensíves.

04) Os objetos da razão, quando não pertencem à experiência sensível, estão comprometidos com o imperativo categórico e não podem ser conhecidos.

08) A metafísica tradicional desejava conhecer a existência de Deus, a imortalidade da alma e a finalidade do mundo.

16) Kant se apresenta como o pai da metafísica tradicional, pois confunde conhecimento racional e empírico.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11

Questão 2

“Para explicar convenientemente a verdadeira natureza e o caráter próprio da filosofia positiva, é indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a marcha progressiva do espírito humano, considerado em seu conjunto, pois uma concepção qualquer só pode ser bem conhecida por sua história. […] Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir.”

(COMTE, Augusto. Curso de Filosofia Positiva. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 2005, p. 22- 23).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Para o positivismo, é uma impossibilidade conhecer noções absolutas, a origem e o destino do universo, bem como as causas mais íntimas dos fenômenos.

02) O positivismo postula uma atitude de investigação baseada nas experiências individuais para formular noções absolutas.

04) Para o positivismo, o conhecimento humano perfaz um movimento de progressos e de avanços ao longo da história.

08) Segundo o positivismo, o progresso da ciência diminui o conhecimento possível dos fenômenos.

16) Para o positivismo, a utilização adequada do raciocínio e da observação dos fenômenos permite conhecer as semelhanças e as relações causais entre eles (os fenômenos).

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 3

“O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos pode ser formulado em poucas palavras: na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. […] A totalidade dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.”

(MARX, Karl. Para a crítica da Economia Política. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2007, p. 121-122).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A sociabilidade para Marx é fruto de escolhas livres e autônomas do indivíduo.

02) A superestrutura jurídica e política, no limite, o Estado, são oriundas das relações de produção materiais estabelecidas na sociedade.

04) A vida social é determinada pelos modos de produção da vida material.

08) O ser social dos homens, fruto das relações materiais, é que condiciona a consciência dos homens.

16) As relações de produção material, ou seja, a esfera econômica da vida não anula as vontades e a liberdade dos homens.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 14.

Questão 4

“É, pois, manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a quididade (essência) (o ‘porquê’ reconduz-se pois a noção última, e o primeiro ‘porquê’ é causa e princípio); a segunda [causa] é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde [vem] o início do movimento; a quarta [causa], que se opõe à precedente, é o ‘fim para que’ e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento).”

(ARISTÓTELES. Metafísica, livro I, cap. III. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 16).

A partir do trecho citado e com base nos conhecimentos da filosofia de Aristóteles, assinale o que for correto.

01) As causas são os princípios dos seres.

02) Conforme o texto, só há uma única causa de todos os seres.

04) A terceira causa, também conhecida como gênese ou origem, opõe-se à quarta causa, que é a finalidade ou o fim de algo.

08) A matéria de algo é causa na medida em que não pode existir ser ou substância sem matéria.

16) O conhecimento verdadeiro de algo implica o conhecimento de suas causas.

Resposta: 01 + 04 + 08 + 16 = 29.

Questão 5

“Um laboratório terá uma boa performance tanto por seu pessoal ser bem organizado e ter acesso a aparelhos precisos como por raciocinar corretamente. A fim de produzir resultados científicos, é preciso também possuir recursos, acesso às revistas, às bibliotecas, aos congressos etc. É preciso também que, nas unidades de pesquisa, a comunicação, o diálogo e a crítica circulem. O método de produção da ciência passa, portanto, pelos processos sociais que permitem a constituição de equipes estáveis e eficazes; subsídios, contratos, alianças sociopolíticas, gestão de equipes etc. Mais uma vez, a ciência aparece como um processo humano, feito por humanos, para humanos e com humanos.”

(FOUREZ, G. A construção das ciências. In: ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3.ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 193).

Com base nessa afirmação de Gérard Fourez sobre os processos de produção de conhecimento científico, assinale o que for correto.

01) Fourez desqualifica a utilização das máquinas e dos aparelhos técnicos para a produção de conhecimentos científicos.

02) Fourez estabelece as condições de trabalho da comunidade científica como uma instituição humana aberta e suscetível a interferências sociais, econômicas e políticas.

04) Fourez afirma que os mecanismos intersubjetivos contidos no processo de produção do conhecimento pertencem à ordem da biopolítica.

08) Fourez afirma que a comunidade científica não alcança seus objetivos quando faz alianças políticas.

16) Fourez afirma que a comunidade científica é uma camuflagem para fazer negócios que visam ao lucro.

Resposta: 01 +02 = 03.

Questão 6

Sobre os movimentos e as revoluções estéticas ao longo da História da Arte, o filósofo G. Bornheim diz o seguinte: “Cabe afirmar que nunca a pesquisa e a elaboração estéticas foram tão intensas quanto em nosso tempo, e nunca também a preocupação com a normatividade se fez tão ausente. A razão mais palpável para explicar tal situação parece uma decorrência do seguinte. É que a estética passa a integrar de modo completamente novo o ato criador do artista. No passado, a estética preexistia à ação criadora e impunha-se a ela, ao passo que agora as inquietações estéticas são por assim dizer compostas juntamente com a elaboração da obra”

(BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 140).

Segundo a afirmação acima e os conhecimentos de estética, assinale o que for correto.

01) Bornheim está se valendo do conceito hegeliano de morte da arte, isto é, a mudança funcional da arte ao longo da História.

02) A normatividade pertence ao conceito de imitação, decorrente do movimento inaugural da arte e da crítica.

04) A elaboração estética do nosso tempo não mais defende regras ou cânones objetivos.

08) A crítica de arte tornou-se obsoleta e descompromissada com os artistas e com as obras de arte.

16) O ato criador retornou ao conceito de obra-prima, segundo os ideais de acabamento e perfeição formal do produto artístico.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 7

A lógica megárico-estoica distingue o válido (do ponto de vista lógico) e o verdadeiro (do ponto de vista empírico), isto é, distingue a “apresentação formal” do enunciado e a “significação material” de um argumento.

Com base nessa distinção e nos conhecimentos sobre o silogismo, assinale o que for correto.

01) A utilização de letras do alfabeto para a formulação de premissas leva em conta o teor formal do enunciado.

02) A lógica formal não trata da semântica ou do significado proposicional de uma inferência.

04) Enunciados verdadeiros estão classificados como válidos. Enunciados falsos estão classificados como inválidos.

08) O silogismo leva em conta a concatenação ou o encadeamento entre premissas que permitem inferir uma determinada conclusão.

16) A validade de um enunciado lógico não pode ser determinada, pois os estoicos defendiam o ceticismo.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 8

– Logo, a arte de imitar está muito afastada da verdade, sendo que por isso mesmo dá a impressão de poder fazer tudo, por só atingir parte mínima de cada coisa, simples simulacro. O pintor, digamos, é capaz de pintar um sapateiro, um carpinteiro ou qualquer outro artesão, sem conhecer absolutamente nada das respectivas profissões. No entanto, se for bom pintor, com o retrato de um carpinteiro, mostrado de longe, conseguirá enganar pelo menos crianças ou pessoas simples e levá-las a imaginar que se trata de um carpinteiro de verdade.

– Como não?

– Mas a meu ver, amigo, o que devemos pensar dessa gente é o seguinte: quando alguém nos anuncia que encontrou um indivíduo conhecedor de todas as profissões e de tudo o que se pode saber, e isso com a proficiência dos maiores especialistas, seremos levados a suspeitar que falamos com um tipo ingênuo e vítima, sem dúvida, de algum charlatão e imitador, e que se o tomou por sábio universal foi apenas pelo fato de ser incapaz de fazer a distinção entre o conhecimento, a ignorância e a imitação.”

(PLATÃO. A República, Livro X. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 557-558).

A partir do trecho citado e dos conhecimentos sobre a filosofia de Platão, assinale o que for correto.

01) Para Platão, a reprodução de algo não comporta a Verdade desse algo, sua essência verdadeira.

02) Para Platão, conhecer um objeto sensível implica tomar contato apenas com o simulacro dele.

04) Para Platão, a reprodução de algo espelha uma parte do ser e não o que ele é verdadeiramente.

08) Para Platão, a verdade de algo está para além de sua manifestação sensível.

16) Para Platão, é impossível haver conhecimento de qualquer coisa.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 9

“Por volta de 700 a.C., com o surgimento do alfabeto, facilitando a linguagem escrita, teve início uma transformação cujas consequências se observam até os dias atuais. O relato oral foi perdendo a relevância exclusiva de antes, pois o texto escrito, que lentamente se difundia, falava por si mesmo e, para escutá-lo, o orador deixou de ser imprescindível. E a linguagem da reflexão foi gradativamente suplantando o papel antes desempenhado pelo relato oral dos acontecimentos: passou-se a perguntar ‘o que é a sabedoria?’, ‘o que é a coragem?’, sem recorrer aos exemplos de Ulisses ou Aquiles.”

(ECHEVERRÍA, R. Ontología del lenguaje. In: COTRIN, G. Fundamentos da filosofia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006, p. 16).

Sobre a afirmação acima e os conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.

01) A prática da escrita, depois do surgimento do alfabeto, fez crescer a importância da retórica e da oratória.

02) São representantes da oralidade as antigas formas de pensamento, marcadas pelas teogonias e pelas cosmogonias.

04) Perguntas especulativas, como o que é a sabedoria e a coragem, são características da mitologia, formuladora de questões abstratas sobre o homem.

08) As narrativas míticas encontram-se presentes na rapsódia dos poetas, representantes da cultura oral.

16) Com o advento da escrita, a prática de narrativas lendárias ou míticas ganhou mais potencialidade.

Resposta: 02 + 08 = 10.

Questão 10

“É universalmente admitido que a matéria, em todas as suas operações, sofre a atuação de uma força necessária, e que todo efeito natural está tão precisamente determinado pela energia de sua causa que nenhum outro efeito, naquelas circunstâncias particulares, poderia ter resultado dela. A magnitude e a direção de cada movimento estão prescritas com tal exatidão pelas leis da natureza que, do choque de dois corpos, seria tão plausível surgir uma criatura viva quanto um movimento de magnitude ou direção diferentes do que efetivamente se produziu. Se quisermos, portanto, formar uma ideia justa e precisa de necessidade, deveremos considerar de onde surge essa ideia, quando a aplicamos à operação dos corpos.”

(HUME, David. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 378).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A magnitude e a direção de cada movimento da matéria, na medida em que estão prescritas nas leis da natureza, não podem sofrer qualquer desvio que resulte em outra criatura ou movimento diferente.

02) O efeito natural de uma força aplicada sobre uma matéria é determinado necessariamente pela energia que o causou.

04) A matéria está imune às operações e às forças naturais, visto ser o princípio primeiro dos corpos.

08) A origem da ideia de necessidade parece nascer da operação dos corpos.

16) Causa e efeito são relações necessárias nos corpos naturais, motivadas pelas forças que atuam sobre eles.

Resposta: 02 + 08 + 16.

Questão 11

“Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. […] Portanto, todas as coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma substância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível e então seria um grande bem, ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não poderia se corromper. Percebi, portanto, e isto pareceu-me evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma substância que Vós [Deus] não criastes.”

(AGOSTINHO. O problema do mal. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. RJ: Ed. Zahar, 2007, p. 63).

A partir do exposto, assinale o que for correto.

01) Em todas as coisas existe algum bem.

02) Se tudo que existe foi Deus quem criou e o mal existe, logo Deus criou coisas más.

04) O mal existe no mundo e é um algo, uma substância.

08) Mal e bem, para Agostinho, não são juízos que os homens emitem sobre as coisas.

16) Para Agostinho, é impossível que Deus criasse algo que não fosse bom.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 12

“O princípio que rege o anarquismo é a preferência por alternativas de organização voluntária em oposição ao Estado, considerado nocivo e desnecessário. Para os anarquistas, se a religião, o Estado e a propriedade contribuíram em determinado momento histórico para o desenvolvimento humano, passaram depois a restringir sua emancipação.”

(ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. Filosofando. Introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo, Moderna, 2009, p. 327).

A partir dessa afirmação e dos conhecimentos sobre o anarquismo, assinale o que for correto.

01) Desde as comunidades primitivas até a organização social moderna, Estado, religião e direito à propriedade colaboraram para a concretização de projetos de emancipação humana.

02) Os anarquistas defendem o individualismo e o estado de guerra de todos contra todos.

04) Os anarquistas condenam o funcionamento das políticas de Estado e consideram que os homens devem seguir práticas de regramento espontâneas e naturais.

08) Na sociedade anarquista, a ordem deve ser expressão da autodisciplina e da cooperação voluntária. Esse tipo de ordenação é mais legítimo do que as leis do Estado.

16) Apesar do movimento anarquista não reivindicar a formação de partidos políticos estruturados, defende o ativismo político e a propagação de ideologias libertárias.

Resposta: 04 + 08 + 16 = 28.

Questão 13

Entre variadas acepções do realismo, podemos defini-lo como a tese que afirma a autonomia da existência das coisas em relação ao ato de conhecer, isto é, a teoria que sustenta que a existência dos objetos é separada e independente da existência subjetiva. As acepções do idealismo também variam. Podemos definir o idealismo como a tese segundo a qual os fenômenos, isto é, os objetos do conhecimento empírico, dependem de nossas ideias ou representações.

A partir dessa definição de realismo e de idealismo e de suas consequências para o problema do conhecimento, assinale o que for correto.

01) O realismo entende a matéria como a realidade dotada de existência objetiva.

02) A frase de Schopenhauer “O mundo é minha representação” é de teor idealista.

04) O idealismo toma o “eu penso” como princípio fundamental do conhecimento.

08) A atividade do pensamento, segundo o realismo, não produz a realidade empírica.

16) As teses do idealismo e do realismo prejudicam o conhecimento, pois são discussões teóricas sem comprovação empírica.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 = 15.

Questão 14

“Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é, e o nada, ao contrário, nada é: afirmação que bem deves considerar. […] Jamais se conseguirá provar que o não ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecido ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra. Resta-nos assim um único caminho: o ser é.”

(PARMÊNIDES. Poema. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Filosofia. RJ: Zahar, 2007, p. 13).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Afirmar o que o ser é implica uma impossibilidade racional, visto ser impossível descobrir a natureza das coisas.

02) Investigar o que é o ser implica fazer um discurso afirmativo sobre a natureza de algo.

04) As experiências sensíveis não são suficientes para provar a natureza do ser ou o que ele é.

08) Sobre o não ser, o que se pode afirmar é sua impossibilidade, sendo vedado afirmar qualquer coisa.

16) O não ser é impossível de ser demonstrado racionalmente.

Resposta: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Questão 15

“Merleau-Ponty desfaz a ideia tradicional de que, de um lado, existe o mundo dos objetos, do corpo, da pura facticidade e, de outro, o mundo da consciência e da subjetividade, da transcendência. O que ele pretende é compreender melhor as relações entre a consciência e a natureza, entre o interior e o exterior. Essas relações são de ambiguidade e sobreposição.”

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 241).

A partir dessa afirmação e dos conhecimentos sobre fenomenologia, assinale o que for correto.

01) A facticidade é uma dimensão existencial que todo ser humano apresenta, isto é, é um conjunto de determinações concretas e objetivas.

02) A fenomenologia visa superar a dicotomia segundo a qual a liberdade é pensada de acordo com as teses do livre-arbítrio e do determinismo objetivo.

04) A subjetividade é o domínio cognitivo ou mental do ser humano.

08) A ambiguidade de que fala a fenomenologia de Merleau-Ponty é tributária da religião cristã.

16) A facticidade se opõe à transcendência, que é a disposição por meio da qual o ser humano vai além de suas determinações físicas.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Questão 16

“Suponhamos os homens chegando àquele ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua conservação no estado de natureza sobrepujam, pela sua resistência, as forças de que cada indivíduo dispõe para manter-se neste estado. Então, esse estado primitivo já não pode subsistir, e o gênero humano, se não mudasse de modo de vida, pereceria. […] ‘Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes’. Esse, o problema fundamental cuja solução o contrato social oferece.”

(ROUSSEAU. J-J. O Contrato Social. São Paulo: Editora Nova Cultural, 2005, p. 69-70).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A sociedade civil que nasce do contrato social exige a instalação de um poder político absoluto sobre todos os cidadãos.

02) O estado de natureza pode colocar em risco a vida humana e, no limite, até o gênero humano.

04) O contrato social proposto é um acordo entre os homens para solucionar, entre outras dificuldades, os problemas relativos à conservação da vida presente no estado de natureza.

08) A liberdade política na sociedade civil é mais limitada em relação à liberdade presente no estado de natureza.

16) A sociedade civil deve proteger não somente os indivíduos contratantes, mas também as suas propriedades.

Resposta: 02 + 04 + 16 = 22.

Questão 17

“Na introdução ao Princípios, Berkeley lamenta: como garantir a credibilidade da filosofia se, ao invés de responder a esta demanda por fundamentos e satisfazer nossos anseios de paz de espírito, ela nos inunda com uma multiplicidade de teorias que geram disputas e dúvidas sem fim? Depois de fazer levantar uma espessa poeira de palavras, a própria filosofia reclama por não conseguir mais ver com clareza aquilo que aparece claro e sem problemas ao homem comum…”

(SKROCK, E. George Berkeley e a terra incógnita da filosofia. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 103). A partir do exposto, é correto afirmar que a filosofia

01) identifica-se com o senso comum.

02) propõe questões insolúveis.

04) debate teorias diferentes entre si.

08) proporciona a paz de espírito.

16) estabelece verdades absolutas.

Resposta: 02 + 04 = 06.

Questão 18

“A Ciência assume outro aspecto quando concebida como algo que se propõe atingir conhecimento sistemático e seguro, de sorte que seus resultados possam ser tomados como conclusões certas a propósito de condições mais ou menos amplas e uniformes sob as quais ocorrem os vários tipos de acontecimentos. Em verdade, segundo fórmula antiga e ainda aceitável, o objetivo da Ciência é ‘preservar os fenômenos’ – isto é, apresentar acontecimentos e processos como especificações de leis e teorias gerais que enunciam padrões invariáveis de relações entre coisas. Perseguindo esse objetivo, a Ciência busca tornar inteligível o mundo; e sempre que o alcança, em alguma área de investigação, satisfaz o anseio de saber e compreender que é, talvez, o impulso mais poderoso a levar o homem a empenhar-se em estudos metódicos.”

(NAGEL, Ernest. Ciência: natureza e objetivo. In: MORGENBESSER, Sidney. Filosofia da ciência. São Paulo: Edusp, 1975, p. 15).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Buscar tornar o mundo inteligível é saciar um desejo próprio da compreensão humana.

02) Preservar os fenômenos significa expor acontecimentos como padrões não variáveis de relações entre coisas.

04) A ciência busca explicar tudo por meio de uma única lei racional.

08) A ciência objetiva um conhecimento sistemático e seguro obtido a partir de conclusões de estudos metódicos.

16) Os homens possuem um desejo natural por conhecer, de modo que são levados a produzir estudos metódicos, isto é, fazer Ciência.

Resposta: 01 + 02 + 08 + 16 = 27.

Questão 19

“Valores e conceitos nascem de necessidades humanas. A filosofia deve se debruçar sobre a história dos acontecimentos, do concreto, do saber e de certa época que produz práticas com efeitos de poder. A intenção é sempre de compreender melhor o nosso presente e para tal de nada adiantam as análises da existência ou dos dados da consciência.”

(ARAUJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 222).

A respeito dessa afirmação sobre o pensamento de Michel Foucault, é correto afirmar que Foucault

01) critica as correntes fenomenológicas e existencialistas.

02) conserva o ensinamento dos mitos.

04) correlaciona conhecimento empírico e poder.

08) defende o pensamento metafísico.

16) corrobora o uso prático, não só teórico, da filosofia.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 20

“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo.”

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, Livro II, cap. 6. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 73).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A virtude é uma disposição decorrente de um raciocínio que busca um agir equilibrado ou moderado.

02) Os vícios são disposições que fogem à moderação, seja porque não atingem esse equilíbrio, seja porque o ultrapassam.

04) O meio-termo da ação virtuosa não é uma regra única e absoluta, mas deve ser considerada em relação ao indivíduo que age, por isso é uma mediania e não uma média.

08) A coragem é uma ação virtuosa que está a meio-termo entre os vícios da covardia e do destemor.

16) O meio-termo da ação virtuosa implica a concessão de algo e impede que o agente defenda, com contundência, seu ponto de vista.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 = 15.

Vestibular de verão – 2013

QUESTÕES DE FILOSOFIA NA PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS.

Questão 1

A respeito das manifestações populares, o filósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirma: “Eu digo que aqueles que condenam os tumultos entre os nobres e a plebe parecem reprovar aquelas coisas que foram a causa primeira da liberdade em Roma. Consideram mais os rumores e os gritos que nasciam de tais tumultos que os bons efeitos que eles provocavam e não veem que há em toda república dois humores diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos grandes, nem também que todas as leis que são feitas em favor da liberdade nascem desta desunião. […] Não se pode com alguma razão chamar esta república de desordenada quando nela existem tantos exemplos de virtù, porque os bons exemplos nascem da boa educação, a boa educação das boas leis e as boas leis daqueles tumultos que muitos condenam inadvertidamente”

(MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. In: MARÇAL, Jairo. Antologia de textos filosóficos, Seed-PR, p. 432).

Com base no texto citado, assinale o que for correto.

01) Aquilo que é preconizado pelo filósofo como causa da liberdade política apenas caberia para o contexto da Roma republicana e não para toda e qualquer república.
02) Os tumultos referidos no trecho expressam a possibilidade de luta política de um povo, a sua liberdade de participação na vida política do Estado.
04) Os tumultos, na medida em que geram benefícios para a cidade, não podem ser recriminados, apesar do temor que provocam em um primeiro momento.
08) Os tumultos revelam a presença de dois grupos políticos ou de dois humores antagônicos, quais sejam, aqueles que desejam a paz na cidade e aqueles que desejam a desunião entre os cidadãos.
16) Os tumultos não são sinais de fraqueza de uma república, mas um índice de força política, na medida em que revelam o engajamento político dos cidadãos de todas as classes políticas.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 2

Assinale o que for correto.

01) Para Adorno, a indústria cultural resulta da submissão da produção artística aos interesses do mercado.
02) Para a maioria dos estudiosos da área, o termo estética refere-se ao tipo de conhecimento que é captado pelos sentidos.
04) Grande parte dos filósofos da escola de Frankfurt considera a cultura de massa e a cultura popular como fenômenos equivalentes.
08) Baumgarten relacionou o conceito de estética a uma teoria do belo e a suas manifestações por meio da arte.
16) O conceito de estética das vanguardas artísticas do início do século XX está relacionado à racionalidade que se manifesta na arte.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 3

O período medieval compreende um intervalo de tempo de mais de mil anos (do século V ao XV) e reúne, na sua composição cultural, a presença de elementos greco-romanos, germânicos e cristãos, sem esquecer a civilização bizantina e islâmica. Sobre a Idade Média, assinale o que for correto.

01) Denominações da Idade Média, como “a grande noite de mil anos” ou “idade das trevas”, representam uma visão pessimista e tendenciosa da cultura medieval, divulgada pelo Renascimento.
02) A Alta Idade Média na Europa latina foi marcada pelas invasões bárbaras e pela formação dos primeiros reinos germânicos. A desagregação da antiga ordem e a insegurança dos novos tempos forçaram o despovoamento das cidades, provocando um forte processo de ruralização.
04) A patrística, influenciada pelo neoplatonismo e consolidada por Agostinho, constituiu-se pela “querela dos universais”. Essa corrente filosófica é responsável pelo surgimento das primeiras universidades da Europa.
08) Por intermédio dos árabes, surgiram as primeiras traduções de Aristóteles, que foram largamente utilizadas por autores como Tomás de Aquino, no século XIII, que realizou uma síntese entre o aristotelismo e a fé cristã.
16) A influência da Igreja se manifestava tanto no plano espiritual quanto no plano político. Para contar com o apoio da Igreja, reis e chefes germânicos converteram-se ao cristianismo.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Questão 1

“Entre o conhecimento comum e o conhecimento científico, a ruptura nos parece tão nítida que estes dois tipos de conhecimento não poderiam ter a mesma filosofia. O empirismo é a filosofia que convém ao conhecimento comum. O empirismo encontra aí sua raiz, suas provas, seu reconhecimento. Ao contrário, o conhecimento científico é solidário com o racionalismo e, quer se queira ou não, o racionalismo está ligado à ciência, o racionalismo reclama fins científicos. Pela atividade científica, o racionalismo conhece uma atividade dialética que prescreve uma extensão constante de métodos”

(BACHELARD, G. A atualidade da história das Ciências. In: Filosofia, Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 241).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Segundo o filósofo, há duas formas de conhecimento, científico e comum, ambas válidas.
02) O empirismo não pode ser considerado como filosofia.
04) Para o filósofo, os conhecimentos científicos e comuns possuem bases filosóficas.
08) O racionalismo apresenta-se, em geral, como um conhecimento mais científico em relação ao empirismo.
16) As justificações do empirismo apoiam-se no conhecimento comum dos homens.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 2

A palavra auctoritas é derivada do verbo augere, ‘aumentar’, e aquilo que a autoridade ou os de posse dela constantemente aumentam é a fundação. Aqueles que eram dotados de autoridade eram os anciãos, o Senado ou os paires, os quais obtinham por descendência e transmissão (tradição) daqueles que haviam lançado as fundações de todas as coisas futuras, os antepassados chamados pelos romanos de maiores. […] Para compreender de modo mais concreto o que significava usufruir de autoridade, é útil observar que a palavra auctores pode ser utilizada como o verdadeiro antônimo de artifices, os construtores e elaboradores efetivos, e isso justamente quando a palavra auctor quer dizer a mesma coisa que o nosso ‛autor’ ”

(ARENDET, H. O que é autoridade. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 103).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) A autoridade está ligada ao processo de fundação ou de criação de algo.
02) A autoridade é sinônimo de autor, tal qual quando nós dizemos que alguém produziu algo.
04) A autoridade, derivada do processo de criação de algo, vincula a coisa criada ao seu criador.
08) A autoridade política é o uso do poder e da força do Senado ou dos maiores.
16) A autoridade, na medida em que se vincula a um indivíduo, não pode ser transferida para outra pessoa.

Resposta: 1 + 2 + 4.

Questão 3

“É costume de nossos tribunais condenar alguns para exemplo dos outros. Condená-los unicamente porque erraram seria inepto, como diz Platão. O que está feito não se desfaz; mas é para que não tornem a errar ou a fim de que os outros atentem para o castigo. Não se corrige quem se enforca; corrigem-se os demais com ele. Eu faço a mesma coisa. É certo que os meus erros são naturais e incorrigíveis, mas assim como os homens de bem oferecem ao povo o exemplo do que este deve fazer, eu os convido a não me imitarem”

(MONTAIGNE, M. Da arte de conversar. In: Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 2005, p. 245).

A partir do trecho acima, assinale o que for correto.

01) A punição de um crime não desfaz o erro cometido.
02) Os tribunais não fazem justiça, pois aplicam ao sentenciado uma punição em vista dos outros.
04) O efeito educador da punição não está no temor que gera no restante da comunidade, mas no rigor da sentença.
08) A imitação das boas ações não se funda no exemplo, conforme o ditado: “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.
16) A educação dos costumes não se faz visando ao passado, mas às ações futuras.

Resposta: 1 + 8 + 16.

Questão 4

“Com efeito, não seremos capazes de rebater as investidas dos hereges ou de quaisquer infiéis, se não soubermos refutar suas argumentações e invalidar seus sofismas com argumentos verdadeiros, para que o erro ceda à verdade e os sofismas recuem perante os dialéticos: sempre prontos, segundo a exortação de São Pedro, a satisfazer a quem nos peça, razões da esperança ou da fé que nos anima. Se no curso dessas disputações conseguirmos vencer aqueles sofistas, apareceremos como verdadeiros dialéticos; e como bons discípulos, tanto mais nos lembraremos de Cristo, que é a própria verdade, quanto mais fortes nos mostrarmos na verdade das argumentações”.

(ABELARDO, P. Epístola 13. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 146).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) O filósofo mostra a necessidade de argumentos racionais (dialéticos) para a defesa da doutrina cristã.
02) Nos debates, não basta apenas invocar a palavra de Cristo, é preciso elaborar argumentos racionais contra os infiéis.
04) A dialética é um instrumento argumentativo contra os sofismas, inserindo o debate no campo filosófico e não no campo doutrinal da fé.

08) A fraqueza da argumentação dos infiéis está na sua inconsistência lógica e racional.

16) Os hereges e os infiéis serão convencidos somente com argumentos oriundos da Bíblia.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8.

Questão 5

“Designar um homem ou uma assembleia de homens como portador de suas pessoas, admitindo-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que assim é portador de sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e à segurança comuns; todos submetendo desse modo as suas vontades à vontade dele, e as suas decisões à sua decisão. Isto é mais do que consentimento ou concórdia, é uma verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada homem: Autorizo e transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, a multidão assim unida numa só pessoa chama-se República, em latim Civitas”.

(HOBBES, T. Leviatã In: Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 364 365).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A República proposta pressupõe a renúncia à liberdade política dos homens.
02) O consentimento que funda a República não é mera passividade, mas exige aceitação e participação na comunidade política.
04) A República é como um indivíduo que governa o conjunto ou a assembleia dos contratantes.
08) Essa noção de República funda-se na transferência do direito de autogoverno em nome da assembleia, que terá por missão preservar a união de todos.
16) O pacto social que funda a República não se faz entre indivíduos, mas de cada indivíduo com o restante do corpo político.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 6

“A passagem do estado natural ao estado civil produz no homem uma mudança notável, substituindo em sua conduta o instinto pela justiça, e conferindo às suas ações a moralidade que anteriormente lhes faltava. É somente então que a voz do dever, sucedendo ao impulso físico e o direito ao apetite, o homem, que até esse momento só tinha olhado para si mesmo, se visse forçado a agir por outros princípios e consultar a razão antes de ouvir seus pendores. […] Reduzamos todo este balanço a termos fáceis de comparar; o que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e pode alcançar; o que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui”

(ROUSSEAU, J. J. O Contrato Social. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 606-607).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) O estado civil implica a conquista de novos direitos e a conservação da liberdade civil para os homens.
02) A racionalidade inerente ao homem é um dos fatores fundamentais para sua opção em viver no Estado civil.
04) No estado de natureza, não havia moralidade nas ações humanas, porque os homens cediam aos impulsos e aos apetites naturais.
08) A transformação que ocorre no homem na passagem do estado de natureza para a sociedade civil é a troca da ação instintiva pela ação regulada pela razão e pela moralidade.
16) Na sociedade civil, o homem fica limitado politicamente, visto que perde sua liberdade natural.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 7

“A relação da filosofia com sua história não coincide, por exemplo, com a relação entre a ciência e sua história. Neste último caso, são duas coisas distintas: por um lado, a ciência e, por outro, o que foi a ciência, ou seja, sua história. São independentes; a ciência pode ser conhecida, cultivada e existir à parte da história do que foi. Na filosofia, o problema é ela mesma. […] Há, portanto, uma inseparável conexão entre filosofia e história da filosofia. A filosofia é histórica, e sua história lhe pertence essencialmente. Por outro lado, a história da filosofia não é uma mera informação erudita a respeito das opiniões dos filósofos, e sim a exposição verdadeira do conteúdo real da filosofia. É, portanto, com todo rigor, filosofia”

(MARÍAS, Julián. História da filosofia. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 279).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) A história da filosofia também é um objeto de reflexão filosófica.
02) O passado da filosofia, sua história, não é uma coleção de ideias sem sentido filosófico.
04) A investigação científica não necessita do conhecimento da história da ciência para ser verdadeira hoje.
08) A filosofia é uma subárea da disciplina da história.
16) Os conhecimentos passados se apresentam de modos diferentes para a ciência e para a filosofia.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16.

Questão 8

Considere os argumentos a seguir e depois assinale o que for correto.

A) Todos os humanos desejam por natureza conhecer. Débora é um ser humano. Logo Débora deseja conhecer.
B) O sábio Dr. Paulo fez um diagnóstico errado. Logo os médicos são incompetentes.
C) Andréa foi curada de sua gripe com chás caseiros. Logo Camila há de sarar de sua gripe com esses chás.

01) A é silogismo válido, B é um sofisma e C é uma analogia.
02) A é um argumento válido, B é um raciocínio incorreto e C é uma indução.
04) A e B são deduções e C é uma falácia.
08) A é uma falácia e B e C são analogias.

16) A é uma dedução, B é uma falácia e C é uma analogia.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 9

“Pois bem, o que no passado e no presente foi sempre objeto de investigação e sempre objeto de dificuldades, o que é o ser, é isto: o que é a substância (quanto a isto, uns dizem que há uma única, outros que há mais do que uma e uns dizem que é em número limitado, outros que é em número ilimitado); por esta razão, nós devemos investigar, sobretudo, primeira e, por assim dizer, unicamente o que é o ser concebido deste modo”

(ARISTÓTELES. Metafísica, VII, 1028b2-7. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. V. 3, São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2008, p. 14).

Com base no trecho citado e nos conhecimentos sobre o assunto, assinale o que for correto.

01) A investigação da noção de ser é um problema central para a reflexão filosófica.
02) A definição de substância de algo é, no limite, a definição do ser desse algo.
04) A substância não é alvo de estudos no presente, mas foi analisada pelos filósofos do passado.
08) O filósofo defende uma investigação da substância exclusivamente enquanto o ser de algo, aquilo que algo é.
16) A definição do que é algo, o seu ser, não se altera no tempo nem no espaço.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 10

“O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo”.

(EPICURO. Carta sobre a felicidade. In: ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 330).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Todos os seres humanos buscam prazer sempre e em tudo, evitando toda e qualquer dor.
02) Os prazeres imediatos anulam as dores que podem decorrer desses.
04) Dor e prazer não são contraditórios, pois de atos dolorosos podem advir situações prazerosas e vice-versa.

08) A noção de prazer não está ligada somente à sensação imediata, mas aos efeitos que uma ação pode gerar no ser humano.
16) A busca da felicidade na vida não se restringe a escolhas prazerosas, mas a ações que geram prazer, apesar de essas conterem, às vezes, algumas doses de
sacrifício.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 27.

Questão 11

“Enquanto a filosofia se preocupa com a certeza e com o universal, a história só fornecia relatos particulares e incertos. Voltaire […] pensa que o filósofo deve auxiliar o historiador, ou melhor, que o historiador dever ser filósofo. No que se refere à certeza e à prática do historiador, Voltaire sustenta que ele deve ter cuidado com suas fontes, duvidar sempre de relatos inverossímeis e, como se faz em processos judiciários, deve sempre saber se a testemunha é fidedigna. Justamente por não ser possível uma certeza histórica, o historiador deve se preocupar em multiplicar as evidências que permitem a ele relatar este ou aquele fato e defender esta ou aquela interpretação. […] Além disso, Voltaire tentará encontrar um sentido para a história. […] A variedade dos povos mostra que é impossível reduzir toda a história à história de um povo em particular”

(BRANDÃO, R. Voltaire: filosofia, literatura e história. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 698-670).

Com base no trecho citado, assinale o que for correto.

01) Voltaire é favorável ao etnocentrismo.
02) Voltaire defende elementos da prática filosófica ao exercício do historiador.
04) O gênio ou o espírito de uma época não pode ser determinado, pois a história não é objetiva.
08) A interpretação da história deve estar acompanhada de perícia e da reconstituição meticulosa dos fatos.
16) O ofício especulativo do historiador é universal e abstrato, independentemente de quais sejam as fontes que pesquisa.

Resposta: 2 + 8 = 10.

Questão 12

“Nascer é, simultaneamente, nascer do mundo e nascer para o mundo. Sob o primeiro aspecto, o mundo já está constituído e somos solicitados por ele. Sob o segundo aspecto, o mundo não está inteiramente constituído e estamos abertos a uma infinidade de possíveis. Existimos, porém, sob os dois aspectos ao mesmo tempo. Não há, pois, necessidade absoluta nem escolha absoluta, jamais sou como uma coisa e jamais uma pura consciência […]. Há um campo de liberdade e uma ‛liberdade condicionada’, porque tenho possibilidades próximas e distantes […]. A escolha de vida que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar minha vida do sentido espontâneo que teria, mas o faz deslizando sobre este sentido, esposando-o inicialmente para depois afastar-se dele, e não por uma criação absoluta”

(MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. In: CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011. 14.ª ed., p. 421).

Conforme a citação acima, é correto afirmar que a liberdade

01) identifica-se com o determinismo.
02) depende de um campo de possibilidades concretas.
04) é uma faculdade redentora, antinômica ao mundo físico.
08) é uma utopia do espírito humano.
16) é absoluta e incorruptível.

Resposta: 2

Questão 13

“O surgimento da polis como a primeira experiência de vida pública enquanto espaço de debate e deliberação tornou-se campo fértil para o florescimento da filosofia. Na praça pública, Sócrates interrogava os homens e criava um novo método de reflexão que a história conheceu como a ironia e a maiêutica”

(Filosofia. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 43).

Com base nessa afirmação e nos conhecimentos sobre a filosofia de Sócrates, assinale o que for correto.

01) Ao afirmar que “só sei que nada sei”, Sócrates inicia, ainda que de forma irônica, a busca filosófica pelo verdadeiro conhecimento.
02) A maiêutica socrática consiste na prática de ajudar as pessoas a encontrar a verdade que traziam em si mesmas, ainda que elas não soubessem.
04) A prática de interrogar a tudo e a todos não incomodou o poder constituído e levou Sócrates a ser condecorado pelos cidadãos de Atenas como exemplo a ser seguido.
08) Assim como os sofistas, a filosofia de Sócrates acontece na praça pública de Atenas e promove um debate amplo sobre o que é o cidadão e o que deve ser a cidade.
16) A ironia é uma forma de tratar o saber e aparece na história também como reação ao dogmatismo, isto é, quando existem verdades impostas pelas crenças ou pela autoridade, impedindo as pessoas de pensarem livremente.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 14

“O racionalismo não indica apenas o método de quem confia nos procedimentos ou nas técnicas da razão, mas alude também à tese metafísica segundo a qual o mundo seria um organismo racional estruturado de acordo com modos e objetivos inteligíveis. Entendido nesse sentido, o racionalismo constitui o filão dominante do pensamento ocidental e é próprio de todas as doutrinas que acreditam na racionalidade essencial da realidade: do platonismo (que vê no mundo uma cópia das ideias) ao tomismo (que considera o ser à luz dos transcendentais da Verdade, do Bem e do Belo), do espinosismo (que na base de tudo põe a Substância e a ordem) à fenomenologia (que postula ‛essências ideais’) etc. A expressão mais significativa do racionalismo metafísico ocidental é representada por Hegel e pelo conhecido aforisma: ‘o que é racional é real, o que é real é racional’ ”

(ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 968).

Com base nessa definição de Abbagnano e nos conhecimentos sobre o racionalismo, assinale o que for correto.

01) Para o racionalismo, a experiência empírica é o fundamento do real, sem a qual a razão ou não compreende ou distorce a realidade.
02) O pensamento oriental, tal como se apresenta em religiões de orientação budista, está em conformidade com o racionalismo.
04) O ponto de convergência entre Platão, Espinosa, Tomás de Aquino e Edmund Husserl é a religião cristã, a partir da qual o racionalismo se edifica.
08) Segundo o racionalismo, o real e o racional se identificam por meio da inteligibilidade do pensamento.
16) O racionalismo compartilha a tese central das ciências cognitivas, segundo as quais o avanço das pesquisas sobre o processo cerebral esclarecerá os enigmas do pensamento.

Resposta: 8.

Questão 15

“Para os frankfurtianos, contrários ao sistema capitalista, a irracionalidade do ser humano consistiria na utilização de seu conhecimento para fins unicamente instrumentais, voltados para o acúmulo de lucros e riquezas. Assim, manifestaram suas restrições ao progresso científico, que determina a sujeição dos indivíduos autômatos a um sistema totalitário, que encontra na uniformização da indústria da cultura o seu mecanismo dissimulado do poder. […] É possível afirmar que, para essa corrente, o fato de o ser humano ser dotado de inteligência não o torna necessariamente um ser racional. A irracionalidade pode constituir uma dimensão constante na vida se não for desenvolvida uma consciência autocrítica, que esteja sempre direcionada para a própria liberdade. […] Para Adorno, a denominada indústria cultural encontra-se voltada unicamente para a satisfação dos interesses comerciais dos detentores dos veículos de comunicação, que veem a sociedade como um mero mercado de consumo dos produtos por eles impostos, dando origem a um processo de massificação da cultura”

(CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 394-397).

Com base nas afirmações acima, assinale o que for correto.

01) A crítica da Escola de Frankfurt ao capitalismo está na sua prática que visa ao lucro e utiliza a razão como instrumento para esse fim.
02) O otimismo de Adorno em face da indústria cultural está em que ela pode, por meio dos recursos da mídia, alcançar meios de divulgação em massa.
04) Para a Escola de Frankfurt, a razão é inata e o mais compartilhado dos bens.
08) A Escola de Frankfurt associa o domínio científico, proporcionado pelo desenvolvimento racional do homem, como o domínio político.
16) Para a Escola de Frankfurt, a utilização da razão não pode ser apenas instrumental, mas crítica de si mesma.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

Questão 16

“O espírito humano, por sua natureza, emprega sucessivamente […] três métodos de filosofar: […] primeiro o método teológico, em seguida o método metafísico, finalmente, o método positivo. […] No estado teológico, o espírito humano […] apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do Universo. No estado metafísico, […] os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres de mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados […]. Enfim, no estado positivo, o espírito humano […] renuncia a procurar a origem e o destino do Universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude”

(COMTE, A. Curso de filosofia positiva. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 354-355).

Com base nas afirmações acima e nos conhecimentos sobre ciência e senso comum, assinale o que for correto.

01) O método positivo considera a comprovação pelo método científico o único caminho válido para se atingir o conhecimento.
02) A formulação do estado teológico baseia-se na explicação da realidade a partir de forças sobrenaturais, como deuses, anjos e demônios.
04) O estado metafísico personifica, por meio da imaginação criadora, os mitos gregos.
08) Para o estado positivo, postulados metafísicos, tais como os que tratam de entidades como Deus, não podem ser objeto do conhecimento.
16) A sucessão dos estados é cíclica e permanente, razão pela qual o método filosófico retorna, depois do estado positivo, ao seu princípio, renovando-se continuamente.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 17

“Há muito tempo o conceito de ciência faz parte das culturas mais antigas, geralmente para indicar algum tipo de conhecimento teórico superior. O significado variou conforme a época ou o pensador, mas apenas no século XVII configurou-se o conceito moderno de ciência, quando Galileu estabeleceu os novos métodos de investigação da física e da astronomia. […] Ao afirmarmos que a ciência é conquista recente da humanidade, a indagação que nos vem à mente é sobre que tipo de conhecimento existia antes da revolução científica. Pois é inevitável reconhecer as inumeráveis conquistas técnicas das civilizações, em todos os tempos. Ou seja, antes de a física se tornar uma ciência, diversos povos já sabiam como fazer as embarcações flutuarem, como construir palácios, aquedutos, sistemas de irrigação. […] As civilizações desenvolveram o conhecimento e a técnica conforme o senso comum, pelo uso espontâneo da razão e da imaginação. Às vezes, por tentativa e erro, outras vezes, por dedução ou indução. E, por fim, pela tradição que acumulava o saber de cada povo, tornando-o cada vez mais elaborado”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 170-171).

Com base nas afirmações acima e nos conhecimentos sobre ciência e senso comum, assinale o que for correto.

01) O método científico fundamenta-se pelo processo de tentativa e erro, dedução e indução.
02) O senso comum, embora acrítico e espontâneo, revelou-se como fonte de orientação fecunda e relevante para os homens, em todas as épocas.
04) O papel de Galileu é importante por ter idealizado palácios e aquedutos e modernizado o sistema de irrigação terrestre.
08) Ligado a fatores determinantes, o conceito de ciência moderna é decorrente da revolução científica do século XVII.
16) O senso comum está associado ao valor dos mitos, pois não tem natureza científica, apenas imaginativa e cosmológica.

Resposta: 2 + 8 = 10.

Questão 18

“Todo imperativo [moral] impõe-se como dever, mas essa exigência não é heterônoma (exterior e cega), e sim livremente assumida pelo sujeito que se autodetermina. A ideia de autonomia e de universalidade da lei moral leva a outro conceito: o da dignidade humana, e, portanto, do ser humano como fim, e não como meio para o que quer que seja. Assim diz Kant: ‘Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio’ ”

(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 417).

Segundo essa descrição da ética de Immanuel Kant, assinale o que for correto.

01) A dignidade humana é incondicionada e absoluta, isto é, nenhum imperativo moral é válido se utilizar o homem como meio.
02) O imperativo moral depende da análise e da aceitação da moral cristã.
04) Toda pessoa que descobre autonomamente o imperativo moral deve submeter-se a esse imperativo.
08) O imperativo moral é anarquista, pois o que é fim para uma pessoa é meio para outra.
16) O imperativo moral está fundado no sujeito racional que, ao estabelecer o reino dos fins, determina a si mesmo.

Resposta: 1 + 4 + 16 = 21.

Questão 19

“Mesmo que Sófocles tenha tomado do mito o enredo da história, as figuras lendárias apresentam-se com a face humanizada, agitam-se e questionam o destino. A todo momento emerge a força nova da vontade que se recusa a sucumbir aos desígnios divinos e tenta transcender o que lhe é dado, por meio de um ato de liberdade. […] A tragédia consiste justamente em revelar a contradição entre determinismo e liberdade, na luta contra o destino levada a cabo pela pessoa que emerge como ser de vontade. […] A tentativa de reflexão e de autoconhecimento retrata o logos nascente. Daí em diante a filosofia representará o esforço da razão em compreender o mundo e orientar a razão”.

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. revisada. São Paulo: Moderna, 2009, p. 235).

Com base no excerto acima, assinale o que for correto.

01) A reflexão filosófica reelabora elementos disponíveis na sabedoria trágica.
02) Ao tomar conhecimento da determinação divina, o herói trágico assume o destino e anula a sua liberdade.
04) A tragédia de Sófocles reflete o valor do autoconhecimento do homem, a fim de orientar-se como ser de vontade.
08) A tragédia inspira-se na herança mítica, de onde retira os nomes dos heróis e os acontecimentos de suas vidas.
16) Mitologia, tragédia e filosofia se confundem, pois são experiências do pensamento humano em vias de explicar o mundo.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 20

A estética pós-moderna representa uma série de transformações no contexto de produção, de exposição e de fruição da obra de arte, tal como vinha sendo até o
século XX.

Sobre a estética pós-moderna, é correto afirmar que

01) retorna ao naturalismo clássico, segundo o qual a arte imita a natureza.
02) substitui o conceito de obra-prima pelas performances e pelas instalações.
04) constitui uma experiência voltada para a subjetividade do espectador.
08) desenvolve o conceito iluminista de arte para a maioridade da razão.
16) utiliza recursos da mídia e da tecnologia de informação.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Vestibular de verão – 2012

Questão 1

A lógica formal aristotélica estuda a relação entre as premissas e a conclusão de inferências válidas e inválidas (segundo a forma), a partir de proposições falsas e verdadeiras (segundo o conteúdo). Chamamos de falácias ou sofismas as formas incorretas de inferência. Levando em conta a forma da inferência, assinale o que for correto.

01) A inferência “Fulano será um bom prefeito porque é um bom empresário.” é uma falácia.
02) A inferência “Todos os homens são mortais. Sócrates é homem, logo Sócrates é mortal.” é válida.
04) A inferência “Ou fulano dorme, ou trabalha. Fulano dorme, logo não trabalha.” é uma falácia.
08) A inferência “Nenhum gato é pardo. Algum gato é branco, logo todos os gatos são brancos.” é uma falácia.
16) A inferência “Todos que estudam grego aprendem a língua grega. Estudo grego, logo aprendo a língua
grega” é válida.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 2

O filósofo alemão Hegel (1770-1831) afirma que “É tarefa da filosofia conceber o que é, pois, aquilo que é é a razão. No que concerne ao indivíduo, cada um é, de todo modo, um filho de seu tempo; do mesmo modo que a filosofia é seu tempo apreendido em pensamentos”.

(HEGEL, G. W. F. Excertos e parágrafos traduzidos. In: Antologia de Textos Filosóficos. MARÇAL, J. (org.). Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 314).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A razão de algo é o conceito desse algo concebido filosoficamente pelo seu tempo.
02) Aquilo que é, a essência de algo, é para o filósofo um conceito racional.
04) O indivíduo, que é filho de seu tempo, do ponto de vista filosófico, pensa os seus problemas a partir de seu momento histórico.
08) Os conceitos filosóficos, por serem determinados historicamente, estão restritos ao seu tempo e à sua época, não sendo, pois, universais.
16) A reflexão filosófica está intimamente ligada ao seu momento histórico, visto que leva esse mundo ao plano do conceito.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

Questão 3

A filosofia da ciência contemporânea, ao contrário da tradição clássica e moderna, que acreditava no acúmulo linear do conhecimento, questionou a ideia de progresso e de neutralidade científica. Conceitos como crise, anomalia, descontinuidade, ruptura e incomensurabilidade (entre paradigmas científicos), inauguram uma nova orientação epistemológica, voltada para a ideia de ciência construída, mais do que verdadeira ou fiel à natureza do mundo. Sobre a filosofia da ciência contemporânea, assinale o que for correto.

01) As teorias científicas não podem ser verificadas de ponta a ponta, possuindo elementos arbitrários na composição da teoria.
02) Segundo Paul Feyerabend, os cientistas utilizam persuasão, retórica e propaganda para convencer a comunidade científica.
04) A validade de uma teoria científica está na maneira como explica um conjunto ilimitado de fenômenos.
08) As teorias científicas se completam mutuamente, aproximando-se cada vez mais da ciência divina.
16) A prática científica é igual à do senso comum, pois não se ocupa com a verdade dos fatos.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 4

O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirma: “Porque em toda cidade se encontram estes dois humores diversos: e nasce, disto, que o povo deseja não ser nem comandado nem oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce na cidade de um desses três efeitos: ou o principado, ou a liberdade, ou a licença”

(MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p. 109). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) O povo, ao não querer ser comandado, deseja comandar.
02) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o desejo de dominar o povo, no caso os pobres.
04) Povo e grandes formam dois grupos políticos distintos e antagônicos em toda cidade.
08) Os grandes se unem politicamente para se defenderem do desejo de dominação do povo.
16) O fenômeno descrito era restrito às cidades italianas do período histórico do filósofo.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 5

“‘Se Deus não existisse, tudo seria permitido’. Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. (…) Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada ou definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre.”

(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9)

Com base no excerto citado, assinale o que for correto.

01) O existencialismo é uma filosofia teológica que procura a razão de ser no mundo a partir da moral estabelecida.
02) A afirmação “o homem está condenado a ser livre” é uma contradição, pois não há liberdade onde há a obrigação de ser livre.
04) O existencialismo fundamenta a liberdade, independentemente dos valores e das leis da sociedade.
08) Ser livre significa, rigorosamente, ser, pois não há nada que determine o ser humano, a não ser ele mesmo.
16) A existência de Deus é necessária, pois, sem ele, o homem deixaria de ser livre.

Resposta: 4 + 8 = 12.

Questão 6

Na Metafísica, Aristóteles afirma: “O ser se diz de muitos modos, mas se diz em relação a um termo único e única natureza e não de modo equívoco. […] uns são ditos ser porque são substâncias, outros porque são afecções de substâncias, outros porque são um caminho para a substância, ou destruições, privações, qualidades, causas produtivas ou geradoras para a substância ou do que é dito relativamente da substância, ou são negações de uma delas ou da substância; por esta razão dizemos inclusive que o não ser é não ser”

(ARISTÓTELES, Metafísica, livro IV, cap. 2. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. Volume 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 33-34). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Um ser pode ser a negação de uma substância.
02) Do ser pode-se gerar uma substância, sem que isso que a gerou seja necessariamente uma substância.
04) A substância é anterior e prioritária ao ser.
08) A substância é necessariamente um ser.
16) Uma das exigências da definição de ser é que ela seja unívoca.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

Questão 7

“A obra de arte é o resultado de uma operação conjunta da natureza e do espírito, que se dá no artista considerado como “gênio”, isto é, que cria sob o impulso obscuro da natureza; é o resultado de uma conjunção, ou melhor, de uma coincidência entre este impulso natural, inconsciente, e a atividade consciente, livre, voluntária. ‘A atividade livre torna-se involuntária’, e a atividade espontânea, instintiva, torna-se livre. O artista está acima ou aquém dos contrários, na origem das coisas, semelhante a Deus. Ligando-se à origem das coisas, ele consegue decifrar a natureza inteira como um hieróglifo ou como uma obra cujo segredo conhece.”

(HAAR, M. A obra de arte. Tradução de Maria Helena Kühner. 2ª. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 42-3. Coleção Enfoques– Filosofia).

Sobre o excerto citado, assinale o que for correto.

01) A arte é uma forma de saber ou um conhecimento que revela a natureza implícita das coisas.
02) O gênio é um conceito estético utilizado para designar a atividade criadora do artista.
04) Na obra de arte genial, liberdade do espírito e necessidade da matéria são coincidentes.
08) Como os hieróglifos, as obras de arte precisam ser interpretadas.
16) A arte deforma a natureza, pois o artista, ao contrário de Deus, não é perfeito.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Questão 8

Um dos principais problemas de nosso tempo diz respeito à linguagem: seus limites, suas vinculações, em suma, sua capacidade de traduzir em signos as coisas. A esse respeito, o filósofo francês Merleau-Ponty afirma: “A palavra, longe de ser um simples signo dos objetos e das significações, habita as coisas e veicula significações. Naquele que fala, a palavra não traduz um pensamento já feito, mas o realiza. E aquele que escuta recebe, pela palavra, o próprio pensamento”

(In: CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 196).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A palavra torna real um pensamento por meio da fala, conferindo-lhe existência.
02) A palavra não consegue expressar a totalidade do objeto enunciado.
04) A palavra, ouvida ou escrita, é o pensamento manifesto em sua realidade.
08) A palavra faz uma mediação entre as coisas e o pensamento.
16) A palavra vincula-se intimamente aos objetos reais, pois é parte do ser desse objeto.

Resposta: 1 + 4 + 16.

Questão 9

“Ao criticar o mito e exaltar a ciência, contraditoriamente o positivismo fez nascer o mito do cientificismo, ou seja, a crença cega na ciência como única forma de saber possível. Desse modo, o positivismo mostra-se reducionista, já que, bem sabemos, a ciência não é a única interpretação válida do real. De fato, existem outros modos de compreensão, como o senso comum, a filosofia, a arte, a religião, e nenhuma delas exclui o fato de o mito estar na raiz da inteligibilidade. A função fabuladora persiste não só nos contos populares, no folclore, mas também na vida diária, quando proferimos certas palavras ricas de ressonâncias míticas – casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade, morte – cuja definição objetiva não esgota os significados que ultrapassam os limites da própria subjetividade.”

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009, p. 32).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) Ao contrário da ciência, o senso comum, a religião e a filosofia refletem uma imagem incompleta e precária do real.
02) O mito do cientificismo é a aplicação do rigor formal do método científico à dança, à música e a diversas outras formas de expressão popular.
04) O positivismo utiliza o inconsciente e o mito como forma de expressão do mundo.
08) Explicações de caráter mítico, apesar de pertencerem ao período antigo, sobrevivem na modernidade.

16) A função fabuladora recupera aspectos do mito que se distinguem da razão e do método científico.

Resposta: 8 + 16 = 24.

Questão 10

Um texto de um filósofo anônimo da Idade Média apresenta de modo claro um problema central para a filosofia e a ciência do seu tempo. Ele afirma: “Boécio divide em três as partes da ciência especulativa: natural, matemática e teológica. Da mesma forma, o Filósofo [isto é, Aristóteles] divide-a em natural, matemática e metafísica. Assim, isto que Boécio chama teologia, o Filósofo chama metafísica. Elas são, portanto, idênticas. Mas a metafísica não é acerca de Cristo. Logo, a teologia também não o é”

(Quaestio de divina scientia. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. Vol. 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 68). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A teologia apresenta-se na Idade Média como a ciência principal.
02) A teologia é objeto da filosofia de Aristóteles, apesar de ela não ter esse nome para ele.
04) A teologia é uma ciência que não diz respeito à investigação da natureza de Cristo.
08) A teologia é, para esses filósofos, tão científica quanto a matemática.
16) A teologia e a metafísica são conhecimentos adquiridos por meio da ciência especulativa.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 11

“Mais que um saber, a filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações-limite, que exigem decisões cruciais. Por isso, no seu encontro com a tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo, reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade.”

(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p.20).

Com base no excerto citado, assinale o que for correto.

01) A filosofia é uma forma de conhecimento que questiona a realidade.
02) A filosofia é um saber teórico, não pragmático, que desconsidera a aplicação prática.
04) A filosofia é uma experiência de vida que responde às questões fundamentais da existência.
08) A filosofia não pode ser reaberta ou discutida, pois os filósofos já morreram.
16) A filosofia é uma ideologia, pois não se ocupa com o debate político.

Resposta: 1 + 4 = 5.

Questão 12

Segundo o pensador francês Voltaire (1694-1778): “É verdade que os magistrados não são senhores do povo: são as leis que são as senhoras; mas o resto é absolutamente falso no nosso e em todos os Estados. Temos o direito, quando somos convocados, de rejeitar ou de aprovar os magistrados e as leis que nos propõem; não temos o direito de destituir os oficiais do Estado quando nos aprouver: esse direito seria o código da anarquia. O próprio rei da França, quando deu o cargo a um magistrado, não pode destituí-lo a não ser por um processo.”

(VOLTAIRE, Ideias republicanas por um membro do corpo. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 715).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Os magistrados são os senhores do povo e não podem ser destituídos.
02) A lei deve estar acima de todos: reis, magistrados e povo.
04) A liberdade do povo, expressa no poder de aprovação ou rejeição das leis, inexiste contra os magistrados.
08) A destituição dos magistrados de seus cargos públicos deve ser algo previsto em lei e não ao arbítrio da vontade.
16) A liberdade da vontade de um indivíduo não pode estar acima das leis, sob o risco de cair-se na anarquia.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Questão 13

“A filosofia procura explicar tanto a ordem do real como a posição do homem nessa ordem (o que para nós é o bem e o mal) sem o recurso a nenhum mistério e nenhuma arbitrariedade. Isso significa encontrar o porquê do real, do bem e do mal sem ter que apelar para a opinião dos outros, à própria opinião ou mesmo à própria experiência, se elas forem insuficientes para mostrar as razões de aceitarmos nossos julgamentos. Apenas serão aceitos como filosóficos os julgamentos fundados na experiência suficiente para demonstrarmos o que julgamos, na razão ou, enfim, na compreensão intelectual daquilo que julgamos.”

(MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p.193-4).

Sobre o excerto citado e seus conhecimentos sobre o racionalismo, assinale o que for correto.

01) A reflexão sobre o bem e o mal não pertence à filosofia, mas ao domínio da religião e do misticismo popular, que justificam a crença em Deus e no transcendente.
02) A filosofia é o produto de uma tentativa de explicação intelectual do pensamento de Deus, a partir do qual o homem e o mundo empírico são desconsiderados.
04) A matemática, naquilo que depende exclusivamente da razão e da percepção sensível sob o controle do entendimento, é um exemplo de operação intelectual que serve de modelo ao racionalismo.
08) Cada um, por si mesmo, deve ser capaz de alcançar, racional e livremente, os motivos pelos quais acredita em algo, sem apelo a qualquer constrangimento externo.
16) A filosofia é uma forma de discurso que evita a arbitrariedade, devendo trazer em si mesma o argumento ou a prova de sua validade.

Resposta: 4 + 8 + 16 = 28.

Questão 14

Na Ética a Nicômaco, Aristóteles afirma: “Então, quando a amizade é por prazer ou por interesse mesmo, duas pessoas más podem ser amigas, ou então uma pessoa boa e outra má, ou uma pessoa que não é nem boa nem má pode ser amiga de outra qualquer espécie; mas pelo que são em si mesmas é óbvio que somente pessoas boas podem ser amigas. Na verdade, pessoas más não gostam uma da outra a não ser que obtenham algum proveito recíproco”.

(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: Filosofia. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 123).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A amizade comporta uma esfera de interesses particulares.
02) A amizade, em alguns casos, é consequência de condicionantes pessoais dos amigos.
04) As amizades desinteressadas não existem, visto que alguém sempre tem a ganhar na relação.
08) A amizade interessada entre pessoas más também é amizade.
16) A amizade é falsa quando não há interesse ou prazer na relação.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 15

No Leviatã, o filósofo Thomas Hobbes (1588-1679) afirma: “Este poder soberano pode ser adquirido de duas maneiras. Uma delas é a força natural, como quando um homem obriga os seus filhos a submeterem-se e a submeterem os seus próprios filhos à sua autoridade, na medida em que é capaz de os destruir em caso de recusa. Ou como quando um homem sujeita através da guerra os seus inimigos à sua vontade, concedendo-lhes a vida com essa condição. A outra é quando os homens concordam entre si em se submeterem a um homem, ou a uma assembleia de homens, voluntariamente, confiando que serão protegidos por ele contra os outros. Esta última pode ser chamada uma república política, ou por instituição. À primeira pode chamar-se uma república por aquisição”.

(HOBBES, T. Leviatã, cap. XVII. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 366).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) República por aquisição é o poder soberano adquirido pela força natural, como o poder de destruir em caso de desobediência.
02) República política é consequência dos acordos e pactos firmados entre os homens voluntariamente.
04) Os vencedores de uma guerra criam uma república por instituição.
08) Os homens livres, ao pactuarem em assembleia, adquirem uma república.
16) Instituir e adquirir são formas dos processos políticos originários das repúblicas.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 16

“A razão especulativa, porém, embora não possa conhecer o ser em si – abstrato, que não se oferece à experiência e aos sentidos –, pode pensá-lo e coloca problemas que só serão resolvidos no âmbito da razão prática, isto é, no campo da ação e da moral. Ou seja, embora Deus, a liberdade e a imortalidade não possam ser conhecidos (agnosticismo) por não terem uma matéria que se ofereça à experiência sensível, nem por isso têm sua existência negada.”

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 115).

Sobre o excerto citado, assinale o que for correto.

01) Razão especulativa e razão prática se ocupam dos mesmos objetos.
02) Nem tudo o que existe pode ser matéria de conhecimento.
04) A razão prática ocupa-se da moral.
08) O conhecimento é da ordem do sensível.
16) A razão prática se confunde com o agnosticismo.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 16.

Questão 17

“O pragmatismo opõe-se ao intelectualismo e a todas as formas de pensamento da totalidade, buscando dar atenção aos fatos observáveis e às suas consequências. É um método de esclarecimento das diferenças significativas entre ideias, que se assenta na antecipação das consequências futuras que essas ideias possam ter.”

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 118)

Com base no excerto citado e nos seus conhecimentos sobre o pragmatismo, assinale o que for correto.

01) Segundo o pragmatismo, o concretamente experienciável é indispensável para julgar a pertinência das ideias.
02) O pragmatismo requer o conhecimento de verdades inatas.
04) Princípios da teoria evolucionista, que considera a continuidade de um ser vivo ligada à capacidade de adaptação ao mundo, estão em conformidade com o pragmatismo.
08) Ao criticar o intelectualismo, o pragmatismo pretende liberar a metafísica de conceitos vagos e dar lugar a uma filosofia purificada, científica e realista.
16) Segundo o pragmatismo, o significado de uma ideia não é dado por si mesmo, mas em seu valor de uso e nas suas consequências.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 18

Para o filósofo Karl Popper (1902-1994), “Um cientista, seja teórico ou experimental, formula enunciados ou sistemas de enunciados e verifica-os um a um. No campo das ciências empíricas, para particularizar, ele formula hipótese ou sistemas de teorias e submete-os a teste, confrontando-os com a experiência, através de recursos de observação e experimentação. A tarefa da lógica da pesquisa científica, ou da lógica do conhecimento, é, segundo penso, proporcionar uma análise lógica desse procedimento, ou seja, analisar o método das ciências empíricas”.

(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Ed. Cultrix, 1972, p. 27). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Observação e experimentação são procedimentos científicos teóricos.
02) O cientista experimental deve comprovar suas teorias confrontando-as com a experiência.
04) As hipóteses teóricas devem ser submetidas a teste para serem corroboradas.
08) A comprovação científica de uma hipótese não se faz tão somente pela análise lógica dos procedimentos.
16) A lógica do conhecimento dedica-se à análise dos sistemas de enunciados científicos.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

Questão 19

Diversas circunstâncias fizeram do século XX um período de crise radical, devido à ruptura de paradigmas. Aranha e Martins afirmam que “Nem sequer sabemos ser possível alcançar a universalidade até então buscada, tão intensa tem sido a heterogeneidade de comportamento dos mais diferentes segmentos (mulheres, gays, negros, indígenas). Presenciamos, então, uma certa atomização das morais decorrente das reivindicações de grupos emergentes que defendem posições igualitárias na sociedade discriminadora”.

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 232). A partir do excerto citado e dos seus conhecimentos sobre ética contemporânea, assinale o que for correto.

01) Devido à exigência de se respeitar o pluralismo, o laicismo e o perspectivismo da sociedade contemporânea, a reflexão sobre a moral não é mais fundamentalista ou dogmática.
02) O debate a respeito das cotas nas universidades não é filosófico, mas político, pois a ética não pode se ocupar de um segmento ou grupo social, mas da sociedade como um todo.
04) Princípios éticos do período clássico, como a caridade e a tolerância, não são válidos para uma ética que valorize as diferenças entre as culturas.
08) Sociedades Protetoras dos Animais e organizações não governamentais, como a “SOS Mata Atlântica”, são exemplos de entidades que defendem ações afirmativas a partir de um objeto específico.
16) Princípios éticos e econômicos mínimos, como o conceito de desenvolvimento sustentável e o código de defesa do consumidor, defendem os direitos das próximas gerações e diminuem as desigualdades sociais entre patrões e empregados, produtores e consumidores.

Resposta: 1 + 2 +4 + 16 = 23.

Questão 20

O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) afirma que “A totalidade das relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência”.

(MARX, K. Prefácio. In: Para a crítica da Economia Política. SP: Abril Cultural, 1982, p. 23, apud FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. volume 2. SP: Berlendis & Vertecchia Editores, 2008, p. 121-122).

A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A economia determina o que acontece nas outras partes da vida social — tudo tem que ser explicado pela economia.
02) Essa teoria marxiana é reducionista, pois tudo se reduz a um princípio explicativo único, o fundamento material.
04) Antes de serem elementos contraditórios, a superestrutura jurídico-política se articula com a estrutura econômica da sociedade.
08) A consciência humana não tem o mesmo poder que as relações de produção sobre a determinação do ser social dos homens.
16) Para a teoria marxiana, somente pode existir entre os homens relações de produção econômica, que são determinadas materialmente.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8 = 15.

Vestibular de inverno – 2012

Questão 1

Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-1642): “A Filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o Universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras: sem eles nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto”.

(GALILEI, Galileu. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 119 – Coleção Os pensadores).

Segundo esse fragmento, é correto afirmar:

01) Conhecer algo natural implica poder traduzir as informações em conceitos matemáticos.
02) A matemática restringe-se ao estudo do Universo.
04) A matemática é uma língua não escrita.
08) A filosofia é o primeiro momento da investigação, que precede a matemática.
16) O estudo da filosofia identifica-se com o estudo da natureza.

Resposta: 1 + 16.

Questão 2

O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) diz no Contrato Social: “A passagem do estado natural ao estado civil produz no homem uma mudança notável, substituindo em sua conduta o instinto pela justiça, e conferindo às suas ações a moralidade que anteriormente lhes faltava. […] O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e pode alcançar; o que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.”

(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Contrato Social. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 606-607.)

A partir desse trecho, que reproduz uma concepção clássica da filosofia política contratualista, é correto afirmar que:

01) A opção pelo contrato social ocorre porque não há garantias jurídicas no estado natural.
02) O estado natural é pautado por condutas instintivas porque não há limitações cívicas ou legais.
04) O contrato social garante mais liberdade civil porque os homens agem moralmente.
08) A liberdade civil não é uma conquista para os homens porque eles perdem seu maior bem, a liberdade instintiva.
16) O estado natural é inseguro e injusto porque não há homens moralmente corretos.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

Questão 3

“Na época do assim chamado grande racionalismo (séc. XVII), ocorre uma proliferação de filosofias que pode ser vista como sintoma de um descompasso entre o evidente aumento do poder explicativo da ciência moderna e o anseio da filosofia em desvendar os fundamentos últimos dos processos que tornam possível o conhecimento e, por conseguinte, este progresso. É exemplar, nesse sentido, a grande quantidade de sofisticadas respostas à questão tida por todos como fundamental neste momento: como se dá a relação entre matéria e espírito? Apesar de possuírem naturezas evidentemente distintas estas duas realidades devem poder-se comunicar, caso contrário não haveria passagem possível da percepção das coisas materiais para a enunciação de discursos científicos sobre a realidade e nem desta para a produção das tecnologias que a transforma e domina.”

(MARÇAL, J. (Org.) Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 102.)

Segundo esse texto, assinale o que for correto.

01) O grande racionalismo é uma forma de debate epistemológico que discute as teses do materialismo histórico e do espiritualismo de Bergson.
02) A modernidade trouxe ao cenário filosófico a correlação sujeito/objeto, a partir da qual aparece o problema da representação do mundo para o racionalismo, isto é, das relações das ideias com as coisas e das ideias entre si.
04) A dualidade entre matéria e espírito está associada a um debate metafísico sobre a constituição do conhecimento, isto é, a enunciação da realidade passa, no século XVII, pela equação que responde à relação entre matéria e espírito.
08) O debate em torno do grande racionalismo decorre de uma teoria positivista, a partir da qual o conhecimento científico recebe o papel de elucidar a relação entre matéria e espírito.
16) O propósito do grande racionalismo não é perguntar como é possível o conhecimento racional do mundo, mas permanecer em sua contingência fática, onde nada é estável e seguro.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 4

“Perguntar e buscar é precisamente a raiz de toda a atividade do homem: o compreender, decidir e fazer humanos supõem a função ontologicamente prévia do perguntar, isto é, têm a estrutura de resposta a uma questão (teórica ou prática). O homem torna tudo questionável: o seu perguntar não pode terminar nem se esgotar. Esta constatação experiencial mostra que o perguntar ilimitado constitui a dimensão ontológica fundamental do homem.”

(ALFARO, J. O prazer de pensar. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.18).

Sobre o texto e a interrogação filosófica, assinale o que for correto.

01) A interrogação esgota-se com o tempo.
02) A função da filosofia é interrogar.
04) Uma interrogação fundamenta uma ação.
08) A filosofia não tem utilidade prática.
16) A ontologia diz respeito ao ser.

Resposta: 2 + 4 + 16 = 22.

Questão 5

“Compete[-nos] estabelecer um forçoso paralelo entre o conceito de imitação e o de verdade. Realmente, ambos se apresentam, em sua essência, como triádicos. É importante observar que a fundamentação teológica da imitação ocorre paralela à transmutação da essência da verdade. De fato, a compreensão mais anterior da verdade, entendida como desvelamento, cede o seu lugar a esta outra, que a interpreta como adequação; e se passamos a emprestar então certa hegemonia ao sujeito e ao objeto, tal realce atribuído à dicotomia sujeito-objeto não busca preterir a base fundante e, portanto, a função possibilitadora da presença de Deus em todo o processo da verdade; sem o mundo das essências estáveis abandona-se a dicotomia às errâncias inconsequentes da opinião: a episteme encontra o seu espaço possibilitador na tríade que estabelece o comércio entre sujeito, objeto e divindade. Sem Deus, não há conhecimento. E sem Deus, não há imitação. Avancemos, pois, que a adequação está para a verdade assim como a imitação está para a arte.”

(BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p.134.)

Segundo a citação, assinale o que for correto.

01) A função da tríade (sujeito, objeto e divindade) é apresentar garantias de valor absoluto tanto à possibilidade da verdade quanto à possibilidade da arte.
02) O conceito de imitação, apesar de ter recebido um fundamento de caráter teológico, perdeu essa característica num segundo momento, ao ser comparado com o conceito de verdade.
04) Ao contrário da opinião, passível de ser modificada constantemente, a episteme é estável, razão pela qual a objetividade pode, por meio de um trabalho de fundação metafísico, regrar o trabalho científico.
08) A adoção do conceito de verdade como adequação, antes desvelamento, significa a passagem de uma interpretação mítica da natureza para uma perspectiva lógica da linguagem.
16) O conceito de verdade como adequação às essências previamente estabelecidas supõe o trabalho de imitação da natureza, pois, sem arte, não há ciência.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13.

Questão 6

Afirma o filósofo Epicuro (séc. III a.C.), conhecido pela defesa de uma filosofia hedonista: “(…) o prazer é o começo e o fim da vida feliz. É ele que reconhecemos como o bem primitivo e natural e é a partir dele que se determinam toda escolha e toda recusa e é a ele que retornamos sempre, medindo todos os bens pelo cânon do sentimento. Exatamente porque o prazer é o bem primitivo e natural, não escolhemos todo e qualquer prazer; podemos mesmo deixar de lado muitos prazeres quando é maior o incômodo que os segue.”

(EPICURO, A vida feliz. In: ARANHA, M. L.; MARTINS, M. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 228.)

Considerando os conceitos de Epicuro, é correto afirmar que

01) estudar todo dia não é bom porque a falta de prazer anula todo conhecimento adquirido.
02) todas as escolhas são prazerosas porque naturalmente os seres humanos rejeitam toda dor.
04) comer uma refeição nutritiva e saborosa em demasia é ruim porque as consequências são danosas ao bem-estar do corpo.
08) a beleza corporal é uma finalidade da vida humana porque o prazer de ser admirado é a maior felicidade para o ser humano.
16) o prazer não é necessariamente felicidade porque ele pode gerar o seu contrário, a dor.

Resposta: 4 + 16 = 20.

Questão 7

Os sofistas são conhecidos por serem os “antifilósofos”, os adversários preferidos dos primeiros filósofos gregos. Entre as acusações a eles endereçadas estava que “aboliram o critério, porque afirmam que todas as aparências e todas as opiniões são verdadeiras e que a verdade é algo relativo, pois que tudo o que é aparência ou opinião para um indivíduo existe [deste modo] para ele.”

(MARQUES, M. P. Os sofistas: o saber em questão. In: FIGUEIREDO, V. de (Org.) Filósofos na Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, v. 2, p. 31).

Sobre a atitude filosófica dos sofistas, é correto afirmar que

01) os sofistas não desejam a busca da verdade, pois essa era uma tarefa dos filósofos.
02) os sofistas não negavam a verdade, apenas apontavam os problemas relativos à sua aquisição.
04) os sofistas apresentavam, com suas contra-argumentações, problemas relevantes para os filósofos.
08) filósofos e sofistas perfazem duas personagens relevantes da filosofia na Grécia antiga.
16) os sofistas pretendiam desmascarar os filósofos na sua capacidade de desvirtuar e iludir a juventude.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 8

“A partir do século XVIII, filósofos, como Kant, estabeleceram uma diferença essencial entre natureza e ser humano: o reino da natureza é regido por leis necessárias de causa e efeito, é determinado, ao passo que o reino humano, ou da cultura, é dotado de liberdade e razão.”

(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 20).

Sobre as diferenças entre cultura e natureza, assinale o que for correto.

01) A cultura, mesmo quando apresenta a capacidade humana de proibir e repreender, não exime o homem de modificar-se em direção ao que não é. Esse fenômeno é chamado de transgressão.
02) Apesar de utilizar a linguagem simbólica e o trabalho para criar uma “segunda natureza”, o homem apenas se distingue dos animais a partir da racionalidade técnica, que introduziu a internet e o computador.
04) O instinto é que garante, ao reino animal, reações harmônicas com a natureza e com a própria espécie. No homem essas reações podem ser desempenhadas sobretudo pela inteligência.
08) A crença no destino, ou na predestinação divina, tal como aparece na cultura grega, particularmente na tragédia, constitui uma negação do exercício da liberdade.
16) Entre a multiplicidade de conceitos que definem o que é o homem, apenas a definição de Aristóteles sobrevive ao logo do tempo, ao definir o homem como “animal político”.

Resposta: 1 + 4 = 5.

Questão 9

“O pensamento de Foucault gira em torno dos temas do sujeito, verdade, saber e poder. É um pensamento que leva à crítica de nossa sociedade, à reflexão sobre a condição humana. […] Não há verdades evidentes, todo saber foi produzido em algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo pode ser criticado, transformado, e, até mesmo destruído. Foucault considera que a filosofia pode mudar alguma coisa no espírito das pessoas. […] Seu pensamento vem sempre engajado em uma tarefa política ao evidenciar novos objetos de análise, com os quais os filósofos nunca haviam se preocupado. Entre eles se destacam: o nascimento do hospital; as mudanças no espaço arquitetural que servem para punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que governos controlem a população; a constituição de uma nova subjetividade pela psicologia e pela psicanálise; como e por que a sexualidade passa a ser alvo de preocupação médica e sanitária; como governar significa gerenciar a vida (biopoder) desde o nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos mais produtivos, sadios, governáveis.”

(ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 225.)

Segundo o texto, é correto afirmar:

01) A renovação filosófica ocorre no contexto de afirmação positivista das ciências e fundação da subjetividade a partir da fenomenologia.
02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma prática política, não só epistemológica.
04) A sexualidade aparece como tema de análise filosófica em razão da repressão dos desejos individuais e coletivos.
08) A expressão “biopoder” significa a associação entre as potencialidades humanas e o divino.
16) O papel da filosofia é revelar verdades metafísicas, independentemente de serem contestadas ao longo da História.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 10

Aranha e Martins (2005) definem o senso comum como o “primeiro olhar sobre o mundo, ainda não-crítico, a partir do qual as pessoas participam de uma comunhão de ideias e realizam as expectativas de comportamento dos grupos sociais a que pertencem.”

(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.144).

Sobre o senso comum, assinale o que for correto.

01) O senso comum é um conjunto de ideias cuja finalidade é a crítica ao saber estabelecido.
02) O senso comum é um conjunto de ideias e práticas cegas e incompatíveis com a verdade.
04) Ao ser definido como o primeiro olhar, o senso comum é um saber metafísico das causas e dos primeiros princípios.
08) Todos os homens, intelectuais e analfabetos, participam do senso comum.
16) O senso comum confunde-se com as ideologias de uma classe ou de um grupo social.

Resposta: 8.

Questão 11

Tomás de Aquino (1225-1274), no seu livro A Realeza, afirma: “Comecemos apresentando o que se deve entender pela palavra rei. Com efeito, em todas as coisas que se ordenam a um fim que pode ser alcançado de diversos modos, faz-se necessário algum dirigente para que se possa alcançar o fim do modo mais direto. Por exemplo, um navio, que se move em diversas direções pelo impulso de ventos opostos, não chegará ao seu fim de destino se não for dirigido ao porto pela habilidade do comandante”.

(AQUINO, T. de. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 667.)

Conforme esse trecho, é correto afirmar que

01) o rei, como um dirigente, não tem um poder opressor ou dominador sobre os súditos.
02) o rei é aquele que realiza as coisas sem intermediários.
04) o rei não é necessário em todas as decisões, mas somente naquelas que envolvem interesses coletivos.
08) as ações do rei não precisam levar em conta os desejos dos súditos, mas considerar aquilo que é melhor para o reino.
16) o rei ou o comandante tem a função de dirigir, orientar, o que não implica uma imposição de sua vontade aos súditos.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 12

Segundo a lógica clássica ou aristotélica, temos uma teoria do raciocínio como inferência (do latim inferre, “levar para”). “Inferir é obter uma proposição como conclusão de uma outra ou de várias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa. O raciocínio realiza inferências. [Ele] é uma operação do pensamento realizada por meio de juízos e enunciada por meio de proposições encadeadas, formando um silogismo. Raciocínio e silogismo são operações mediatas de conhecimento, pois a inferência significa que só conhecemos alguma coisa (a conclusão) por meio de outras coisas.”

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 141). Segundo o fragmento transcrito, é correto afirmar que

01) todo pensamento humano é um raciocínio.
02) o silogismo é resultado de uma inferência sobre proposições.
04) o conhecimento científico é mediado por raciocínios lógicos.
08) a conclusão é a explicação das proposições das quais foi inferida.
16) o raciocínio é o resultado de um silogismo.

Resposta: 2 + 4 = 6.

Questão 13

“O que são valores? Valorar é uma experiência fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha de vida. Fazer um plano de ação nada mais é do que dar prioridade a certos valores positivos (seja do ponto de vista moral, utilitário, religioso etc.) e evitar os valores negativos, que são prejudiciais, tais como a mentira, a preguiça, a injustiça etc. O objetivo de qualquer valoração é, sem dúvida, orientar a ação prática.”

(ARANHA, M.; MARTINS, M. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 198.)

Sobre os juízos de valor, assinale o que for correto.

01) Ao relacionar os valores à ação prática, a axiologia (filosofia dos valores) não pretende dizer o que são as coisas, mas como nos comportamos diante delas.
02) É determinante para a valoração a passagem do ser ao dever ser, isto é, a consideração dos princípios da ação humana a partir das ideias da razão.
04) Os juízos de valores morais transformam-se em juízos de gosto, ao analisar-se uma obra de arte, pois pertencem ao campo dos juízos de conhecimento.
08) O valor moral apenas se sustenta quando recebe uma fundamentação divina, sem a qual ele perde a noção de bem e mal, justo e injusto, certo e errado etc.
16) A dignidade humana é um valor, independente do fato de o homem poder ser considerado, em determinado momento, bandido, mercenário, traidor.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 14

“O pós-modernismo, movimento iniciado na arquitetura italiana dos anos 1950, coloca-se como reação à busca da universalidade e da racionalidade, propondo a volta do
passado por meio de materiais, formas e valores simbólicos ligados à cultura local.”

(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009, p. 447).

Com base na afirmação acima e nos conhecimentos sobre a filosofia contemporânea, é correto afirmar que o pós-modernismo

01) defende a diferença, o direito das minorias, o pluralismo e a desconstrução das práticas discursivas.
02) pertence à sociedade pós-industrial, dominada pela tecnologia de informação e pelos meios de reprodução em massa.
04) constitui uma síntese dos conhecimentos humanamente transmissíveis.
08) acompanha a modernidade e o projeto de fundação da racionalidade.
16) constitui um retorno aos clássicos e aos conceitos fundamentais da metafísica.

Resposta: 1 + 2 = 3.

Questão 15

“O ser humano sempre foi um tema de reflexão para os filósofos. Capaz de grandes feitos e também das maiores atrocidades, admirado por sua razão e poder de conhecer, ele é também o único animal que se engana e erra. Corpo e alma, desejo e razão, liberdade e escravidão, animal e anjo, são termos opostos e muito utilizados na história da filosofia para descrever, de muitas maneiras, as contradições da natureza humana.”

(BISHAL, T. de S. Pascal e a condição humana. In: FIGUEIREDO, V. de (Org.) Filósofos na Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, v. 2, p. 86.) Sobre as contradições da condição humana e as considerações da filosofia, assinale o que for correto.

01) Na Idade Média, ao mesmo tempo em que se proibia tocar no corpo do morto ou dissecar cadáveres, a escravidão e as práticas de tortura eram permitidas.
02) Em face do grande número de opiniões sobre os mais variados temas, e a impossibilidade de consenso sobre um ponto único, a filosofia adota
inevitavelmente o ceticismo.
04) A dignidade humana não reside apenas no plano das ações dos homens, que podem ser contraditórias, mas também no plano dos princípios, ideais e
pensamentos.
08) As contradições humanas, para alguns filósofos, representam sua grandeza, já que, por meio delas, o homem toma consciência de sua condição concreta.
16) Para a filosofia cristã, a situação da queda humana, proporcionada pelo pecado original, não é definitiva, já que podemos, por meio da fé, trilhar um caminho
de redenção.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

Questão 16

Aristóteles, acerca do cidadão, afirma: “Em nada se define mais o cidadão, em sentido pleno, do que no participar das decisões judiciais e dos cargos de governo. Desses, uns são limitados no tempo, de modo a não ser possível jamais a um cidadão exercer duas vezes seguidas o mesmo cargo, mas apenas depois de um intervalo definido. […] Consideramos cidadão o que assim pode participar, como membro, (quer da assembleia quer da judicatura)”.

(ARISTÓTELES, Política. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 76).

Esse conceito clássico de cidadania ainda é aplicável aos nossos dias. Com base no texto, é correto afirmar que

01) nas ditaduras, quando a população não pode participar das decisões políticas, não há cidadania plena.
02) recusar-se a tomar parte nas decisões políticas não é um direito, mas uma afronta à cidadania.
04) a cidadania é uma concessão dos governantes ao povo.
08) não há cidadania plena quando a população não tem como acessar às instituições públicas, como participar delas.
16) a cidadania se resume à democracia, que é o direito de escolher os governantes.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 17

“O pensamento moderno, não por objeção frontal, mas pelo desenvolvimento do próprio saber, leva a uma revisão das categorias clássicas, a uma reforma da ontologia clássica do sujeito e do objeto. O núcleo desse desenvolvimento – que deve levar, por sua vez, a uma nova filosofia – consiste na descoberta de que a situação, seja do ‛objeto’, seja do ‛sujeito’, não é mais passível de exclusão da trama do conhecimento. Dito de outra forma: o objeto ‛verdadeiro’, aquele de que a ciência trata, não é mais aquele objeto absoluto de que falavam os clássicos, mas se torna, intrinsecamente, relativo. Em suma, não há mais um objeto puro, em si, um objeto tal como o próprio Deus (isto é, um observador absoluto) o veria. Também não há mais esse sujeito absoluto, aquele que começava por afastar toda manifestação sensível, isto é, que começava por afastar, correlativamente, seu próprio corpo para colocar-se como puro espírito.”

(MOUTINHO, L. D. Merleau-Ponty: entre o corpo e a alma. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEEDPR, 2009, p. 494.)

Sobre a nova filosofia de que fala o texto, assinale o que for correto.

01) A fenomenologia critica as distinções clássicas, tais como alma e corpo, sujeito e objeto, matéria e espírito, coisa e representação.
02) O ponto de vista de Deus não é mais possível, nem necessário, para a renovação da filosofia.
04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a ontologia clássica.
08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através dele, o homem constitui-se de uma consciência fática ou concreta.
16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao “meio termo” de Aristóteles.

Resposta: 1 + 2 + 8 = 11.

Questão 18

Afirma o filósofo David Hume (1711-1776): “Todos os objetos da investigação ou razão humana podem ser naturalmente divididos em duas espécies, quais sejam, relações de ideias e questões de fato. Na primeira estão incluídas as ciências da geometria, álgebra e aritmética, ou, em suma, toda afirmação intuitiva ou demonstrativamente certa. […] Questões de fato, que são a segunda espécie de objetos da razão humana, não são passíveis de uma certificação como essa, e tampouco nossa evidência de sua verdade, por grande que seja, é da mesma natureza que a precedente.”

(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. In: Figueiredo, V. (Org.) Filósofos na sala de aula, São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, v. 3, p. 107).

Sobre essa noção de ciência, é correto afirmar que

01) a filosofia da ciência de Hume trata de objetos, ou seja, de coisas concretas e materiais.
02) as ciências matemáticas para Hume possuem certeza e verdade.
04) as relações de ideias podem ser verdadeiras desde que sejam passíveis de demonstração matemática.
08) há um domínio de objetos de investigação humana – a que pertencem as questões de fato – que não pode ser demonstrado matematicamente.
16) a razão humana deve ter como objeto de investigação apenas aquilo que pode ser matematizável.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 19

“O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma teoria se torna um modelo de conhecimento ou um paradigma científico. O paradigma se torna o campo no qual uma ciência trabalha normalmente, sem crises. Em tempos normais, um cientista, diante de um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o explica usando o modelo ou o paradigma científico existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre a revolução científica. Uma revolução científica acontece quando o cientista descobre que o paradigma disponível não consegue explicar um fenômeno ou um fato novo, sendo necessário produzir um outro paradigma.”

(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 281).

Sobre isso, é correto afirmar que

01) o paradigma científico é o campo teórico do cientista porque fornece os parâmetros para a ciência normal.
02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento porque ela se constitui como uma explicação dos fenômenos para o cientista.
04) o paradigma científico é incompleto porque os cientistas estão sempre negando os paradigmas.
08) a revolução científica é um avanço na ciência porque os cientistas sempre descobrem que as teorias anteriores estavam erradas.

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

Questão 20

O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) estabelece uma íntima relação entre a liberdade humana e sua capacidade de pensar autonomamente, ao afirmar: “Esclarecimento é a saída do homem da menoridade pela qual é o próprio culpado. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia. […] É tão cômodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes do meu entendimento; um guru espiritual, que faz às vezes de minha consciência; um médico, que decide por mim a dieta etc.; assim não preciso eu mesmo dispensar nenhum esforço. Não preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar.”

(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 407).

A partir do texto de Kant, é correto afirmar que

01) liberdade é não precisar de ninguém para nada.
02) riqueza não é sinônimo de liberdade, como pobreza não é sinônimo de escravidão.
04) a justificativa para a falta de liberdade é a pouca idade dos seres humanos.
08) a liberdade é, primeiramente, liberdade de pensamento.
16) a liberdade é resultado de um esforço pessoal incômodo para libertar-se das amarras do pensamento.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

Vestibular de inverno – 2010

Questão 1

A amizade, chamada de filia pelos gregos, é definida por Nicola Abbagnano (Dicionário de Filosofia) como, em geral, a comunhão entre duas ou mais pessoas ligadas por atitudes concordantes e por afetos positivos. O conceito de amizade recebe, porém, variações conotativas no decorrer da história da Filosofia. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) A Filosofia epicurista, conhecida também como a Filosofia do jardim, desprezava a amizade, pois acreditava que os homens se corrompem mutuamente, e a virtude só pode ser encontrada se cada indivíduo viver isoladamente.

02) Aristóteles afirma que duas pessoas más podem ser amigas por prazer ou interesse, porém, pelo que são em si mesmas, somente pessoas boas podem cultivar a amizade.

04) No cristianismo, a importância da amizade como fenômeno humano primário declina na literatura filosófica. O conceito mais amplo passa a ser o de caritas, conforme definido por Santo Agostinho, isto é, o amor pelo meu semelhante em Deus.

08) Para Aristóteles, a amizade tem uma função política, já que mantém as cidades unidas, enquanto que, para Epicuro, a amizade e a política não possuem nenhuma compatibilidade.

16) No existencialismo de Jean-Paul Sartre, a amizade consiste no ser-para-outro, momento em que ela deixa de existir como ser-para-mim e estabelece com os homens o principal objetivo da vida, a solidariedade.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

Questão 2

Na Itália, a redescoberta das obras de pensadores da cultura greco-romana, particularmente das antigas teorias políticas, suscita um ideal político: o da liberdade republicana contra o poder teológico-político dos papas e imperadores. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) A história da política da antiguidade greco-romana não desperta interesse para Maquiavel, pois dela não se pode extrair nenhuma ideia para a construção do Estado moderno.

02) Segundo Maquiavel, o Principado é a única forma de governo possível e viável, pois só o príncipe é capaz de instituir um Estado racional segundo a natureza humana.

04) Na sua obra O príncipe, Maquiavel considera que a virtù do príncipe consiste em ter uma ética em que os princípios serão mantidos em qualquer circunstância, pois só assim seria possível garantir a ordem e a estabilidade do governo.

08) Para Maquiavel, qualquer regime político, pouco importa a forma e a origem que tiver, poderá ser legítimo ou ilegítimo, pois o critério de avaliação que mede a legitimidade ou ilegitimidade de um governo é a liberdade.

16) Na obra Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, Maquiavel considera o Estado republicano viável, por permitir o embate de forças políticas com interesses divergentes. Dessa forma, a República, ao reconhecer o antagonismo social como uma realidade inerente à atividade política, realiza-se por meio da conciliação de interesses divergentes.

Resposta: 8 + 16 = 24.

Questão 3

A Antropologia é o estudo sistemático dos conhecimentos relativos ao “homem”: sua cultura, valores, crenças, raças, divisões sociais e políticas, enfim, sua maneira de avaliar e compreender o mundo. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) O antropólogo francês Claude Levi-Strauss, autor de Tristes trópicos, veio ao Brasil em 1935, a fim de pesquisar sobre os índios brasileiros.

02) Destaca-se, na Antropologia filosófica, o nome de Hannah Arendt, autora de A condição humana, obra em que defende a complexidade da natureza humana.

04) Para compreender o homem e a sociedade, JeanJacques Rousseau imaginou um estado hipotético originário, chamado de “Estado de natureza”.

08) A Antropologia filosófica é o estudo sistemático que visa superar as diferenças entre os homens e a diversidade de concepções de mundo.

16) Antropólogos norte-americanos redescobriram, no início do século passado, a pedra filosofal, escondida no Egito, às margens do Rio Sor.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 4

Para Aranha e Martins, o conhecimento é o “… esforço psicológico pelo qual procuramos nos apropriar intelectualmente dos objetos”. (ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 52).

Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) Com o passar dos tempos, o que se entende por conhecimento assumiu diversas definições, dependendo da maneira pela qual os filósofos explicam o modo como se dá o nosso contato com as coisas.

02) Chama-se de intuição o conhecimento imediato, isto é, o pensamento por insight ou visão súbita, que aparece ao espírito sem intermediários.

04) Chama-se de conhecimento discursivo aquele que é produzido sem conceitos, isto é, ideias, predicados e juízos que dispensam a construção lógica da linguagem.

8) Na história da Filosofia, autores, como Henri Bergson, Wilhelm Dilthey e Edmund Husserl, retomaram a discussão sobre o valor da intuição no processo do conhecimento.

16) Para Kant, as intuições sensíveis e as intelectuais são a mesma coisa, já que nossas faculdades de conhecimento são as mesmas para qualquer tipo de objeto.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 5

O corpo tem muita importância para a Filosofia, pois representa uma experiência universal e pré-reflexiva de acesso ao mundo. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) “Dualismo psicofísico” é uma teoria metafísica que explica o ser humano como composto de duas partes diferentes: corpo (material) e alma (espiritual).

02) Durante a Idade Média, o corpo foi cultivado de maneira narcisista, reforçando a liberdade e o amor próprio do indivíduo.

04) No Renascimento e na Idade Moderna, o corpo passa a ser objeto da ciência, associado à ideia mecanicista que o considera uma máquina.

08) Para a fenomenologia, o conceito de corpo não pode estar associado ao conceito de espírito, pois é uma escola filosófica ligada ao materialismo histórico.

16) Para René Descartes, a alma é mais fácil de ser conhecida do que o corpo, já que, na ordem das certezas, a res cogitans é anterior a res extensa.

Resposta: 01 + 04 + 16 = 21.

Questão 6

A epistemologia é marcada por diferentes maneiras de formular critérios de verdade, nem sempre unânimes ou universalmente aceitos. Destaca-se, nesse debate, a figura do cético. O ceticismo instaura, de maneira decisiva, a questão sobre a possibilidade do conhecimento. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) Para Friedrich Nietzsche, “as convicções são prisões”. O filósofo defende o espírito livre e o pensamento nômade, isto é, a produção de valores sem proselitismo ou dogma.

02) O termo ceticismo vem do grego sképsis, que significa “investigação”, “procura”, pois a sabedoria não consiste em alcançar a verdade, mas procurá-la.

04) Destaca-se, na representação do pensamento cético, a figura de Górgias (séc. IV a.C.), um dos mais importantes sofistas.

08) René Descartes, na obra Meditações metafísicas, ao elaborar o método que utiliza a dúvida metódica, demonstra a impossibilidade das ideias claras e distintas, desnecessárias à obtenção da regra.

16) Jürgen Habermas, defensor de uma racionalidade comunicativa, afirma que a possibilidade de um consenso sobre o conhecimento é impossível na pós modernidade, razão pela qual o ceticismo é a posição epistemológica mais correta.

Resposta: 01 + 02 + 04.

Questão 7

O tema felicidade aparece na história da Filosofia em muitos momentos, sendo objeto de reflexão em sistemas filosóficos, os quais lhe atribuem concepções diferentes. Com relação à afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Para Aristóteles, a felicidade é um eudemonismo, pois há uma estreita relação entre ética e felicidade. Assim, o comportamento virtuoso é um meio para alcançar a felicidade.

02) Para o estóico Sêneca, a felicidade não depende da virtude, pois cada homem pode escolher o que for mais conveniente para si mesmo ao seguir seu livre arbítrio.

04) Epicuro acreditava que o homem é por natureza um animal político, por isso só poderia alcançar a felicidade participando da vida política da polis.

08) Santo Agostinho acreditava que a verdadeira felicidade consiste em se distanciar dos prazeres mundanos para poder encontrar a beatitude na união com Deus.

16) A Filosofia utilitarista de Jeremy Bentham acredita que a felicidade é uma quimera, uma utopia que jamais será alcançada pelos homens.

Resposta: 01 + 08 = 10.

Questão 8 

A faculdade de imaginar tem, na história da Filosofia, diferentes acepções. Para os intelectualistas, é uma forma enfraquecida da percepção e, por isso, deformadora da realidade. Para o Romantismo alemão, ao contrário, é a faculdade artística por excelência, colocada acima da razão e do entendimento. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Para Sartre, a imaginação tem uma função irrealizadora, isto é, ela apresenta objetos ausentes, fazendo da consciência intencional uma consciência imaginante.

02) Na obra Crítica da razão pura, de Immanuel Kant, a função da imaginação é fornecer uma imagem a um conceito, razão pela qual a imaginação tem um papel formal no conhecimento.

04) Gaston Bachelard desprezou o papel da imaginação criadora, pois, fundamentalmente, o mundo deve ser objeto da experiência empírica.

08) Através da literatura e das artes cênicas, a experiência artística não se vale do papel produtivo da imaginação, já que utiliza exclusivamente a gramática da linguagem, os conceitos e a razão prática instrumental.

16) Destaca-se, nas teorias da imaginação, a relação da imagem com a analogia, isto é, a produção da semelhança no dessemelhante, tal como ocorre nas metáforas.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Questão 9

“Etimologicamente a palavra alienação vem do latim alienare, alienus, ‘que pertence a um outro’. Alius é o outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu”.

(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 45). Em relação à citação, assinale o que for correto.

01) Karl Marx considera que a alienação acontece numa forma de divisão social do trabalho em que o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu.

02) Para Ludwig Feuerbach, o homem aliena-se na religião, pois o homem religioso confere ao ente sobrenatural sua própria essência e qualidades, como se fossem atributos do ser sobrenatural.

04) Autores expoentes da teoria crítica, tais como Theodor W. Adorno e Herbert Marcuse, afirmam que, na sociedade capitalista, as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, os quais levam os indivíduos a consumirem de maneira alienada.

08) A arte abstrata é alienada, pois perpetua os paradigmas da concepção estética clássica, fundamentada nos princípios aristotélicos da mímesis.

16) O taylorismo e o fordismo são formas de organizar o processo de trabalho que permitem acabar com a alienação do trabalhador.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

Questão 10

A Filosofia patrística, representada principalmente por Santo Agostinho, inicia no séc. I d.C. e termina no séc. VIII d.C., quando teve início a Filosofia medieval. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Um dos motivos pelo qual Santo Agostinho escreve A cidade de Deus foi para eximir o cristianismo, depois da tomada de Roma por Alarico, das acusações de ser a causa da decadência do Império Romano.

02) A patrística introduziu, no pensamento filosófico, ideias desconhecidas pelos filósofos greco-romanos, como a ideia de criação do mundo a partir do nada, a escatologia do fim dos tempos e a ressurreição dos mortos.

04) A patrística é um esforço para conciliar o cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois acreditava que somente com tal conciliação seria possível a conversão dos pagãos.

08) Um dos principais temas da Filosofia patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé. Santo Agostinho considerava que a razão e a fé são conciliáveis, mas subordinava a razão à fé.

16) A Filosofia medieval conserva e discute problemas da patrística e acrescenta outros, como o problema dos universais. A partir do séc. XII, a Filosofia medieval passa a ser chamada de escolástica.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 + 16.

Questão 11

A formação da polis, na Grécia Antiga, caracterizou-se por uma estrutura sociopolítica em que havia uma divisão substancial entre a esfera privada e a esfera pública. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) A divisão entre a esfera privada e a pública não impediu que todos os habitantes de Atenas participassem da vida política que se realizava na esfera pública.

02) A Retórica era mal vista, pois era considerada um recurso linguístico enganoso e demagógico utilizado para ascender ao poder da esfera pública.

04) Na esfera pública, é garantida a igualdade de direitos perante a lei, isto é, o princípio de isonomia, como também é reconhecida a igualdade de direito ao uso público e político da palavra, ou seja, o princípio de isegoria.

08) Aristóteles, na sua obra Política, defende uma democracia em que a participação na esfera pública é concedida a todos os habitantes da polis.

16) Habituados ao discurso, os cidadãos gregos encontram na ágora o espaço social para o debate e o exercício da persuasão, dando-lhes a possibilidade de decidir os destinos da polis.

Resposta: 04 + 16 = 20.

Questão 12

A tragédia grega floresceu em um período curto (525– 406 a.C.). Seus autores mais famosos são Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) A tragédia tem por matéria-prima as fábulas de Esopo e de La Fontaine, densas de personagens míticos e ação dramática.

02) Platão, como se sabe, escreveu tragédias e manifestou, na sua obra mais importante, A República, o apreço pelos rapsodos e poetas.

04) Ao assassinar Laio e se casar com Jocasta, Édipo, na trilogia tebana, é acusado de três crimes: regicídio, patricídio e incesto.

08) A tragédia grega exprime um conflito insolúvel, levado a termo pela morte ou confinamento de suas partes conflitantes.

16) A tragédia confronta, no personagem do herói, o destino e a liberdade, recorrendo ao mito e aos esboços de um ser de vontade.

Resposta: 04 + 08 + 16 = 28.

Questão 13

Os movimentos teóricos em estética, na pós-modernidade, sofrem transformações, destacando-se, nos modos de produção da obra de arte, a reprodutibilidade técnica e a indústria cultural. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. 01) A partir da sociedade industrial ou pós-industrial, os objetos de consumo, produzidos em série, são anônimos, descartáveis e efêmeros, características que encontramos na indústria cultural. Com base nessa informação, assinale o que for correto.

01) A partir da sociedade industrial ou pós-industrial, os objetos de consumo, produzidos em série, são anônimos, descartáveis e efêmeros, características que encontramos na indústria cultural.

02) Com o advento da tecnologia, a fotografia e o cinema são possibilidades de manifestação estética acessíveis a um número maior de espectadores, colaborando para a formação de uma sociedade unidimensional.

04) A sala de concerto e o museu exprimem as formas tradicionais da obra de arte, contrapostas ao CD, DVD, MP3, que são tecnologias portáteis, mas também modificadoras da experiência estética.

08) Com o advento da internet, o livro perdeu totalmente seu lugar, permanecendo restrito aos intelectuais e frequentadores dos museus-biblioteca.

16) No mundo contemporâneo, a modificação do espaço urbano, com o fechamento das antigas salas de cinema do centro das cidades e a construção dos shopping centers, acarreta uma mudança na percepção estética.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.

Questão 14

Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo. Endereçou a todos a mesma crítica, a de não terem compreendido o que há de mais fundamental e essencial à razão: o fato de ela ser histórica. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel considera a razão como sendo relativa, isto é, não possui um caráter universal e não pode alcançar a verdade.

02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a razão e a realidade. Submetida às circunstâncias dos eventos históricos, a razão está condenada ao ceticismo, isto é, “ao duvidar sempre”.

04) A identificação entre razão e história conduz Hegel a desenvolver uma concepção materialista da história e da realidade, negando entre ambas a possibilidade de uma relação dialética.

08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais um modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. O mundo é a manifestação da ideia, o real é racional, e o racional é o real.

16) Karl Marx, ao afirmar, na Ideologia alemã, que não é a história que anda com as pernas das ideias, mas as ideias é que andam com as pernas da história, critica, ao mesmo tempo, o idealismo e a concepção da história de Hegel e dos neo-hegelianos.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 15

A bioética situa-se no campo da axiologia. É um ramo da ética como disciplina que trata da investigação e problematização específica das práticas médicas, das ciências biológicas e das relações humanas com o meio ambiente. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Hipócrates, ao declarar, no seu juramento, que jamais daria a um paciente um remédio mortal e às mulheres uma substância abortiva, age em consonância com a axiologia da bioética.

02) Emmanuel Levinas considera que a bioética deve preocupar-se com uma análise estrutural da sociedade como produção da vida e das condições de saúde, mas também dos processos de exclusão social.

04) Não é atribuição da bioética discutir os princípios morais que orientam a pesquisa científica, pois isso significa colocar obstáculos ao progresso da ciência.

08) A bioética está comprometida com a política, pois o cientista tem uma responsabilidade da qual não pode abdicar.

16) Os resultados das descobertas científicas estiveram sempre a serviço da humanidade, portanto uma reflexão sobre o sentido moral da prática científica é desnecessária.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

Questão 16

A fenomenologia é um dos fundamentos da Filosofia de Maurice Merleau-Ponty. No âmbito da escola da fenomenologia, ele contesta princípios basilares da Psicologia clássica, de cunho mecanicista-racionalista. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) A sensação é concebida, por Merleau-Ponty, pelos efeitos que os estímulos externos dos objetos exercem sobre os sentidos. O campo visual, por exemplo, é concebido como um mosaico de sensações despertadas pelos estímulos do objeto sobre a retina.

02) Para Merleau-Ponty, a percepção é o conhecimento sensorial de formas ou de totalidades organizadas e dotadas de sentido.

04) Conforme um dos princípios da fenomenologia de Edmund Husserl, a consciência, para Merleau-Ponty, não exerce nenhuma atividade na produção de conhecimentos científicos.

08) Para Merleau-Ponty, a consciência de si é o resultado de um esforço intelectual de conhecimento e não depende da facticidade de nosso engajamento.

16) Para Merleau-Ponty, imanência e transcendência são conceitos antitéticos que se comunicam, dada a configuração de nosso corpo no mundo.

Resposta: 02 + 16 = 18.

Questão 17

A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) é marcada por uma nova relação entre o racional e o irracional, na medida em que o irracional adquire validade por corresponder à necessidade de um movimento de afirmação da vida. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os homens de seus prejuízos, mas reforçou ainda mais seus mitos, como a crença na razão e no conhecimento científico.

02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche é a genealogia, isto é, movimento teórico que recorre à gênese de um discurso, conceito ou prática, apontando suas arbitrariedades e interesses.

04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um lento processo de acumulação e comprovação empírica, cuja finalidade é salvar os fenômenos.

08) Contra a moral dos aristocratas e nobres, Nietzsche defende os fracos, isto é, a moral dos escravos.

16) A “vontade de potência” é a afirmação do nacional-socialismo alemão, expresso na doutrina do super-homem e no antissemitismo nietzscheano.

Resposta: 01 + 02 = 03.

Questão 18

Um dos elementos fundamentais da Filosofia contemporânea é o contexto de crise da razão. Nela, criticam-se pilares da racionalidade moderna, como a ideia de fundação do conhecimento a partir do sujeito, e a possibilidade de uma ação moral universal. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Sören Kierkegaard (1813-1885), precursor do existencialismo cristão, fez críticas severas à Filosofia moderna, pois nela o ser humano não aparece como ser existente, mas reduzido ao conhecimento objetivo.

02) Friedrich Nietzsche (1844-1900), ao perguntar sobre o valor dos valores, não representa uma novidade na maneira de formular as questões da Filosofia, sobretudo ao propor o movimento genealógico.

04) Sigmund Freud (1856-1939), fundador da Psicanálise, evidencia o papel da racionalidade da consciência e da unidade do eu, estabelecendo, para determinar as pulsões, a análise sintética a priori.

08) Michel Foucault (1926-1984) introduz, no cenário filosófico, o conceito de microfísica do poder, isto é, a fragmentação do sujeito em torno de um núcleo teórico unívoco, tanto moral quanto epistêmico.

16) A Escola de Frankfurt utiliza-se da razão instrumental para criticar os céticos e fundamentar, em novas bases, o cientificismo.

Resposta: 01 + 08 = 09.

Questão 19

Segundo Marilena Chauí, a metafísica consiste na construção de um sistema teórico a partir da investigação filosófica em torno de uma pergunta fundamental: “O que é?”.

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 180). Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) David Hume, na obra Investigação sobre o entendimento humano, afirma que os tratados de metafísica deveriam ser lançados ao fogo, pois são compêndios de sofismas e ilusões.

02) O nome “metafísica” (meta: “depois”, “após” + tà physica: “aqueles da física”) surge por acaso. Andrônico de Rodes organizou as obras de Aristóteles sobre o tema, colocando-as depois dos tratados de Física ou da natureza.

04) Para Aristóteles, os livros de metafísica eram denominados de escritos de Filosofia primeira.

08) No séc. XVII, Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta para designar os estudos de metafísica deveria ser “ontologia”.

16) Contemporaneamente, o estudo das essências e das causas primeiras de todas as coisas é chamado de holismo hiperbólico dos entes.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 = 15.

Questão 20

Lutas populares intensas e profundas crises econômicas forçaram o Estado liberal a tornar-se uma República democrática representativa, ampliando a cidadania política. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.

01) O Welfare State (Estado de bem-estar social), com fundamentos da teoria do economista John Maynard Keynes, representa uma ruptura com a concepção da ortodoxia liberal de um Estado minimalista.

02) O neoliberalismo amplia a política social do Welfare State, reforçando a intervenção do Estado no sentido de defender e garantir direitos e benefícios sociais no campo da previdência social.

04) Nos Estados Unidos, o presidente Roosevelt, depois da grande crise de 1929, elabora um plano econômico conhecido como New Deal, caracterizado pelo dirigismo estatal e o subsídio financeiro às obras públicas.

08) O liberalismo caracteriza-se pela diferença e distância entre o Estado e a sociedade, pois é essa distância que lhe permite defender a ideia de liberdade econômica e social.

16) O neoliberalismo, como a última das revoluções burguesas, foi decisivo na conquista da cidadania, ao consolidar os direitos da sociedade civil, permitindo, por exemplo, que as mulheres usufruíssem, em 1930, na França e na Inglaterra, do sufrágio universal.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Vestibular de inverno – 2009.

Questão 1

“Dizer que as indagações filosóficas são sistemáticas significa dizer que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado”.

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 21).

Assinale o que for correto.

01) A concepção de mundo de um povo, de uma cultura, de uma civilização com seu conjunto de ideias, de valores e de práticas pelas quais uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma deve ser considerada como filosofia.
02) Pela fé, a religião aceita princípios indemonstráveis e até mesmo aqueles que podem ser considerados irracionais pelo pensamento, enquanto a filosofia não admite indemonstrabilidade e irracionalidade de coisa alguma. Pelo contrário, o pensamento filosófico procura explicar e compreender mesmo o que parece ser irracional e inquestionável.
04) Como fundamento teórico e crítico, a filosofia ocupasse com os princípios, as causas e as condições do conhecimento que pretende ser racional e verdadeiro, com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, religiosos, artísticos e culturais.
08) A filosofia é útil, pois permite superar, pela análise e pela reflexão crítica, a ingenuidade e os preconceitos do senso comum e oferece a possibilidade de libertar o homem das ideias despóticas que o subjugam a um poder dominante e ilegítimo.
16) A filosofia é exclusivamente teórica, isto é, contemplativa, por ser incapaz de incorporar, nos seus procedimentos metodológicos, a observação e a experimentação.

Resposta: 02 + 04 + 08 = 16.

Questão 02

“Dois vocábulos gregos são empregados para compor as palavras que designam os regimes políticos: arkhé – o que está à frente, o que tem comando – e kratós – o poder ou autoridade suprema. As palavras compostas com arkhé (arquia) designam a quantidade dos que estão no comando. As compostas com kratós (cracia) designam quem está no poder.”

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 358).

Assinale o que for correto.
01) Poliarquia designa um regime político constituído pelo governo de alguns homens.
02) Anarquia designa um regime político constituído pelo governo de muitos homens.
04) A autocracia é um regime político em que cada pessoa exerce apenas o poder sobre si mesmo.
08) A aristocracia é um regime político no qual o poder é exercido por uma elite de homens considerados os melhores.
16) A oligarquia é um regime político no qual o poder político é exercido por representantes legitimamente eleitos pelo povo.

Resposta: 08.

Questão 03

Opondo-se ao idealismo de Hegel, para quem a história narra o movimento temporal do Espírito, Marx e Engels afirmam que a história constitui-se nas lutas reais dos seres humanos reais, que produzem e reproduzem suas condições materiais de existência, isto é, produzem e reproduzem as relações sociais dentro de antagonismos de classe. Assinale o que for correto.

01) Para Hegel, o movimento do Espírito é um movimento dialético constituído de uma tese, de uma antítese e de uma síntese, é nesse movimento dialético que o Espírito se manifesta na realidade.
02) O materialismo histórico é dialético, pois afirma que o processo histórico é movido por contradições sociais, sendo a principal a contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a forma de propriedade dos meios de produção.
04) Marx afirma que os homens fazem sua própria história, mas não a fazem em condições escolhidas por eles, pois são historicamente determinados pelas condições em que produzem sua vida.
08) A filosofia política hegeliana preconiza o fim do Estado, pois acredita que, com a extinção do Estado, a violência será eliminada da história e o Espírito encontrará, no quietismo, a paz.
16) Para Marx, o poder político é a maneira legal e jurídica pela qual a classe economicamente dominante de uma sociedade mantém seu domínio sobre as outras classes sociais.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.

Questão 04

“(…) com exceção de Rousseau, o pensamento liberal do século XVIII permanece restrito aos interesses dos proprietários e portanto elitista.” “Embora o pensamento de Montesquieu tenha sido apropriado pelo liberalismo burguês, as suas convicções dão destaque aos interesses de sua classe e portanto o aproximam dos ideais de uma aristocracia liberal.”

(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 249).

Assinale o que for correto.

01) Para Rousseau, o soberano é o povo entendido como vontade geral, pessoa moral coletiva livre e corpo político de cidadãos, portanto o governante não é o soberano, mas o representante da soberania popular.
02) Montesquieu fundamenta-se na teoria política do contrato social de Rousseau para elaborar sua teoria da formação da sociedade civil e do Estado.
04) O Estado republicano, para Montesquieu, permite a melhor forma de governo, pois possibilita aos cidadãos exercer um controle eficaz sobre os governantes eleitos, limitando seu poder.
08) Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu trata das instituições e das leis e busca compreender a diversidade das legislações existentes em diferentes épocas e lugares.
16) Montesquieu elabora uma teoria do governo fundamentada na separação dos poderes, isto é, do poder legislativo, do poder executivo e do poder judiciário, cada um desses três poderes deve manter sua autonomia; é dessa forma que se pretende evitar o abuso do poder dos governantes.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

Questão 05

“(…) para Bachelard, a história das mudanças científicas é feita de descontinuidades (novas teorias, novos modelos, novas tecnologias que rompem com os antigos) mas também comporta continuidades, quando se considera que o novo foi suscitado pelo antigo e que parte deste é incorporado por aquele.”

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 223).

Assinale o que for correto.

01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o erro, pois ele representa um obstáculo definitivo para o progresso da ciência.
02) A ciência, diz Bachelard, não pode ser questionada nos seus princípios e fundamentos, pois isso gera insegurança na pesquisa e conduz a razão a duvidar de si mesma.
04) Bachelard escreveu A Filosofia do Não, obra profundamente cética, na qual afirma que todo conhecimento é ilusório devido à impossibilidade de o homem poder alcançar uma verdade absoluta.
08) A ruptura epistemológica acontece, segundo Bachelard, quando um conjunto de métodos, de conceitos, de teorias, de instrumentos e de procedimentos não alcança os resultados esperados ou não dá conta dos problemas propostos.
16) Diversamente de Bachelard, Thomas Kuhn considera que a história da ciência é feita de descontinuidades e rupturas radicais que ele denomina de revolução científica.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 06

Na obra A Essência do Cristianismo, Feuerbach faz uma crítica à religião cristã. Para ele, o homem aliena sua essência na religião, pois os seres humanos se esquecem de que foram os criadores da divindade e invertem a relação quando acreditam que foram criados pelos deuses.

Assinale o que for correto.

01) Para Feuerbach, o verdadeiro fundamento do homem é apenas ele mesmo; assim, o único fundamento absoluto de todo pensamento humano é o homem como razão, como vontade, como coração.
02) A teoria da alienação religiosa de Feuerbach ofereceu uma contribuição importante à filosofia política, particularmente à de Marx.
04) Feuerbach critica a religião, todavia aceita a teologia, pois acredita que ela pode nos conduzir a um conhecimento racional da essência de Deus.
08) A crítica de Feuerbach à alienação religiosa levou Marx a aderir à filosofia existencialista de Feuerbach.
16) Quando Marx declara que a religião é o ópio do povo, ele concorda com Feuerbach que a religião é uma alienação; para Marx, a religião amortece a combatividade dos oprimidos e dos explorados, porque lhes promete uma vida feliz no futuro e no outro mundo.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Questão 07

Na Grécia arcaica, a geração da ordem do mundo é apresentada por mitos que narram a genealogia e a ação de seres sobrenaturais. A filosofia, com a escola jônica, caracteriza-se por explicar a origem do cosmos, recorrendo a elementos ou a processos encontrados na natureza.

Assinale o que for correto.

01) O mito é incapaz de instituir uma realidade social, pois seu caráter fantasioso não possui credibilidade alguma para seus ouvintes.
02) A transformação de uma representação dominantemente mítica do mundo para uma concepção filosófica expressa, entre os séculos VIII e VI a. C., na antiga Grécia, uma mudança estrutural da sociedade.
04) Os filósofos da escola jônica realizaram uma ruptura definitiva entre a mitologia e a filosofia; depois deles, não é possível encontrar, no pensamento filosófico, presença alguma de mitos.
08) O mito de Édipo, encontrado na tragédia de Sófocles, será aproveitado por Sigmund Freud para explicar o complexo de édipo como causa de determinadas neuroses.
16) Homero foi o primeiro historiador grego. Na Ilíada e na Odisseia, descreve o comportamento de homens heroicos cujas ações não possuem mais componente mitológico algum.

Resposta: 102 + 08 = 10.

Questão 08

Em sentido filosófico, o trabalho é uma forma de o ser humano se autoproduzir; pelo trabalho, o homem desenvolve suas habilidades, conhece a natureza para dela fazer melhor uso. Porém essa concepção positiva desaparece quando se considera a condição das pessoas obrigadas ao trabalho alienado. Em relação ao trabalho no sistema de produção capitalista, assinale o que for correto.

01) O surgimento do proletariado é concomitante ao nascimento das fábricas; no sistema fabril, os trabalhadores, desprovidos dos meios de produção, vendem sua força de trabalho ao empresário, que, por sua vez, visando ao lucro, vende os produtos da atividade dos proletários.
02) Uma característica do sistema fabril é a dicotomia concepção-execução do trabalho, ou seja, o processo no qual um pequeno grupo de pessoas é responsável por conceber ou inventar um produto, enquanto outro grupo executa o trabalho de produção, o qual é sempre parcelado.
04) A partir da segunda metade do século XX, a implantação de tecnologias avançadas modificou os padrões de produtividade; o trabalho em equipe, o maior poder de decisão dos empregados, a mão-deobra melhor qualificada representam uma evolução nas condições de trabalho nas sociedades capitalistas.
08) A chamada sociedade pós-industrial é marcada pela ampliação dos serviços, dos quais dependem as próprias atividades industriais e agrícolas; o enfoque antes dado à produção passa à informação e ao consumo; modos mais flexíveis de trabalho se desenvolvem favorecidos pela tecnologia da informação.
16) O sistema de produção capitalista atinge seu objetivo de gerar mais riqueza com o desenvolvimento das forças produtivas.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 + 16 = 31.

Questão 09

Thomas Hobbes explica a origem da sociedade e do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo entre os indivíduos para regulamentar o convívio social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a teoria política de Thomas Hobbes, assinale o que for correto.

01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o comportamento dos homens é pacífico, o que é condição para instauração do pacto de respeito mútuo às liberdades individuais.
02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o homem dispõe de toda liberdade e poder para realizar tudo quanto sua força ou astúcia lhe permitir.
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada por uma multidão de indivíduos que concordaram em transferir seu direito de governarem a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas que os represente e que possa assegurar a paz e o bem comum.
08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o Leviatã, cuja função é salvar os homens do poder despótico dos reis.
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder absoluto algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano para constranger os súditos, pois o controle do poder instituído, como o próprio poder, deve assentar-se no acordo e no convencimento.

Resposta: 02 + 04 = 06.

Questão 10

A questão dos universais é introduzida na Filosofia Medieval pelos comentários de Boécio à sua tradução da lógica de Aristóteles no século VI. Todavia a polêmica acerca da existência real dos universais assume forma e importância maior a partir do século XI. Sobre a questão dos universais, assinale o que for correto.

01) Para os realistas, os particulares são as coisas mais reais; para os nominalistas, o mais real é o abstrato.
02) As coisas abrangidas por um universal, embora diversas e múltiplas, são semelhantes em alguns aspectos.
04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção dos universais, ou seja, acreditou que os universais têm realidade objetiva.
08) Para os nominalistas, como Roscelino, os universais são simples palavras que expressam os conteúdos mentais.
16) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero, espécie ou propriedade predicada de vários indivíduos.

Resposta: 02+04+08+16 = 30.

Questão 11

O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras vezes, postos sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que ele divaga e perde-se em reflexões sobre questões abstratas que nada têm a ver com o cotidiano das pessoas. Em relação à natureza e à finalidade da filosofia, assinale o que for correto.

01) A filosofia é, em termos gerais, um esforço intelectual para se interpretar o mundo e os eventos que nele se passam, compreender o próprio homem e iluminar o agir que do homem se espera.
02) O termo filosofia foi utilizado durante vários séculos como nome geral para diferentes ramos do saber, como matemática, geometria, astronomia; isso muda a partir do século XVII com a revolução metodológica iniciada por Galileu e com o estabelecimento das ciências particulares pela delimitação de campos específicos de pesquisa.
04) Refletir sobre os valores, sobre os conceitos como liberdade e virtude faz parte da atividade do filósofo.
Nessa medida, a filosofia apresenta-se como uma sabedoria prática que auxilia na orientação da vida moral e política, proporcionando o bem viver.
08) É consenso entre os cientistas que, porque na investigação filosófica o filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na observação empírica, a filosofia não contribui para o progresso do conhecimento.
16) A história da filosofia constitui-se de teorias que se contradizem. Os filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de modo que o pensamento crítico próprio da filosofia consiste em pôr em dúvida toda afirmação, jamais chegando a conclusões.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07

Questão 12

“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda (…) Conservarei imaculada minha vida e minha arte (…) Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário…”

(Juramento de Hipócrates. In: Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 260).

Assinale o que for correto.

01) A medicina de Hipócrates pesquisou a influência dos elementos naturais sobre a saúde humana, tais como o clima, os ventos, a qualidade da água e a alimentação.
02) Chama-se Bioética o ramo da ética que lida com as implicações morais decorrentes das práticas médicas, das descobertas das ciências biológicas e das relações do homem com o meio ambiente.
04) Até o começo do Renascimento, no século XVI, a Igreja Católica proibia a exumação e a dissecação de cadáveres fundamentada na ética do juramento hipocrático.
08) Na filosofia socrática, a arte maiêutica significa a arte de parir o conhecimento; Sócrates fundamentou seu método na prática obstetra da medicina hipocrática.
16) Hipócrates buscou, na Ética a Nicômaco, de Aristóteles, os fundamentos da deontologia médica.

Resposta: 01 + 02 = 03.

Questão 13

Na Idade Média, o patrimônio cultural do Ocidente cristão é enriquecido com valiosas contribuições dos intelectuais muçulmanos. O renascimento cultural promovido pelos árabes no Oriente, nos séculos VIII e IX, é marcado por avanços científicos e pela retomada do pensamento racional grego. Assinale o que for correto.

01) Os cientistas islâmicos foram responsáveis pela introdução da álgebra, da trigonometria e do conceito do número zero na matemática.
02) O islamismo, por ser uma religião de caráter fundamentalista e fanático, perseguia persistentemente os judeus e os cristãos, tendo como consequência a destruição sistemática da cultura judaico-cristã, tanto na península ibérica quanto na itálica.
04) Avicena, com suas obras Livro da cura e O cânon da medicina, monumentais enciclopédias médicas, trouxe à medicina um desenvolvimento significativo.
08) Averróis foi médico e filósofo; na filosofia, destacasse por ser um dos maiores comentaristas da obra do filósofo grego Aristóteles, tornando-se, assim, um dos mais ilustres pensadores da baixa Idade Média.
16) Os grandes cientistas renascentistas Galileu Galilei e Nicolau Copérnico frequentaram as universidades árabes, onde adquiriram conhecimentos que revolucionaram a ciência moderna.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

Questão 14

O postulado básico da fenomenologia é a noção de intencionalidade, pela qual toda consciência é intencional, isto é, visa a algo fora de si; a consciência é sempre consciência de alguma coisa. Assinale o que for correto.
01) Um dos princípios da teoria do conhecimento da fenomenologia é que a verdade do mundo objetivo pode ser conhecida com segurança, pois os fenômenos naturais apresentam-se à consciência do sujeito como dados empíricos.
02) A fenomenologia constrói seus princípios tendo como fundamento a filosofia positiva, acredita, como Auguste Comte, que a observação objetiva é a condição necessária para a formação do conhecimento.
04) A fenomenologia é inatista e idealista, pois acredita que o homem, ao nascer, já possui, na sua mente, todas as ideias necessárias para o conhecimento da realidade objetiva e subjetiva.
08) A realidade, para a fenomenologia, é um conjunto de significações ou de sentidos que são produzidos pela consciência ou pela razão, portanto, para a fenomenologia, não há objeto em si, já que o objeto é sempre para um sujeito que lhe confere significados.
16) À crença na possibilidade de um conhecimento neutro, a fenomenologia contrapõe uma ciência que estabelece uma nova relação entre sujeito e objeto, o ser humano e o mundo, concebidos como polos inseparáveis.

Resposta: 08 + 16 = 24.

Questão 15

A Filosofia Moderna compreende os séculos XVII e XVIII, caracterizando-se por um acentuado racionalismo que se opõe ao pessimismo teórico do ceticismo, o qual duvida da capacidade da razão humana poder alcançar um conhecimento certo fundamentado em uma verdade universal. Assinale o que for correto.

01) René Descartes, no Discurso do Método, instaura a dúvida metódica; deve ser, portanto, considerado um adepto do ceticismo.
02) O dogmatismo opõe-se ao ceticismo, pois é uma doutrina segundo a qual é possível atingir a certeza de verdades inquestionáveis.
04) Para o racionalismo, o ponto de partida do conhecimento é o sujeito como consciência de si reflexiva, isto é, como consciência que conhece sua capacidade de conhecer.
08) Francis Bacon é um dos mais importantes céticos do século XVII, pois, para ele, o homem nunca poderia libertar-se dos ídolos que impedem sua razão de alcançar qualquer saber efetivo.
16) O racionalismo acredita que a vida ética pode ser totalmente racional, visto que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções, podendo dominá-las e governá-las.

Resposta: 02 + 04 + 16 = 22.

Questão 16

O significado etimológico da palavra estética traduz a ideia de uma percepção totalizante e compreensão sensorial do mundo; como disciplina da filosofia, a estética estuda as teorias da criação e da percepção artística. Assinale o que for correto.
01) Considerando que a obra de arte não entende o mundo por meio do pensamento lógico, podemos afirmar que é incapaz de traduzir a realidade e fica, portanto, condenada ao âmbito da ilusão.
02) Aristóteles concebeu a arte como sendo expressão de um mundo ideal, a arte jamais deve imitar a realidade, pois, ao fazê-lo, degrada-se.
04) A arte pode ser realizada com uma função pedagógica; o pensamento estético de esquerda atribui à arte uma tarefa de crítica social e política, a arte deve ser engajada, isto é, comprometida com o processo de mudança capaz de libertar e de emancipar o homem.
08) Schiller acredita que, na prática de uma cultura estética, a humanidade pode reconciliar os impulsos sensuais e intelectivos, harmonizando-os; essa reconciliação se dá por um novo modelo de sociedade em que a arte, com seu poder de criatividade, pode libertar o homem do trabalho alienante, do sensualismo limitante, do prazer puramente físico e de um intelectualismo abstrato por teorias incompreensíveis.
16) A arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares quanto para o apreciador que se entrega a elas para penetrar-lhes o sentido.

Resposta: 04 + 08 + 16 = 28.

Questão 17

Na lógica clássica, três princípios lógicos (as três leis do pensamento), a saber, os princípios de identidade, de não contradição e do terceiro excluído, condicionam o valor de verdade de todo pensamento e de todo discurso.

Assinale o que for correto.
01) O princípio de identidade afirma que cada coisa é aquilo que é; uma proposição verdadeira é então verdadeira.
02) O princípio de não contradição estabelece que não se pode afirmar e negar o mesmo predicado do mesmo sujeito, ao mesmo tempo e na mesma relação.
04) De acordo com o princípio de não contradição, é possível que proposições contraditórias possam ser ambas verdadeiras, mas jamais falsas.
08) O princípio do terceiro excluído afirma que uma proposição é verdadeira ou é falsa, vale dizer, que é verdadeira a disjunção p ou não-p.
16) De acordo com o princípio do terceiro excluído, há casos em que uma proposição é parcialmente verdadeira ou incompletamente falsa.

Resposta:  01 + 02 + 08 = 11.

Questão 18

A linguagem verbal é um sistema de símbolos que permite aos seres humanos ultrapassarem os limites da experiência vivida e organizar essa experiência sob forma abstrata, conferindo sentido ao mundo.

Assinale o que for correto.
01) A linguagem humana, da mesma forma que as linguagens de computador, é altamente estruturada e, por isso, inflexível; não fosse assim, a comunicação entre as pessoas seria impossível.
02) A linguagem oral é o único meio à disposição do homem para sua comunicação e o estabelecimento de relações com os outros indivíduos.
04) A formação do mundo cultural depende fundamentalmente da linguagem. Pela linguagem, o homem deixa de reagir somente ao presente imediato, podendo pensar o passado e o futuro e, com isso, construir o seu projeto de vida.
08) Os nomes são símbolos ou representações dos objetos do mundo real e das entidades abstratas. Como representações, os nomes têm o poder de tornar presente para nossa consciência o objeto que não está dado aos sentidos.
16) O homem é a única espécie animal dotada da capacidade de linguagem mediante a palavra e faz uso de símbolos, isto é, refere-se às coisas por meio de signos convencionados, enquanto na linguagem de outros animais os signos são índices.

Resposta:  04 + 08 + 16 = 28.

Questão 19

Sócrates foi um dos mais importantes filósofos da antiguidade. Para ele, a filosofia não era um simples conjunto de teorias, mas uma maneira de viver. Sobre o pensamento e a vida de Sócrates, assinale o que for correto.

01) Sócrates acreditava que passar a vida filosofando, isto é, a examinar a si mesmo e a conduta moral das pessoas, era uma missão divina na qual um deus pessoal o auxiliava.
02) Nas conversações que mantinha nos lugares públicos da Atenas do século V a.C., Sócrates repetia nada saber para, assim, não responder às questões que formulava e motivar seus interlocutores a darem conta de suas opiniões.
04) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade nasce de um acordo ou de um contrato social, Sócrates escreveu a República, na qual demonstra ser o homem um animal político.
08) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia em questionar e em investigar a natureza dos princípios e dos valores que devem governar a vida. Assim se comportando, Sócrates contraiu inimizades de poderosos que o executaram sob a acusação de impiedade e de corromper a juventude.
16) A maiêutica socrática é a arte de trazer à luz, por meio de perguntas e de respostas, a verdade ou os conhecimentos mais importantes à vida que cada pessoa retém em sua alma.

Resposta: 01 + 02 + 08 + 16 = 27.

Questão 20

“A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral.”

(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 301).

A ética nasce quando a indagação formula duas questões: primeiro, de onde vêm e o que valem os costumes; segundo, o que é o caráter de cada pessoa, isto é, seu senso e consciência moral. Assinale o que for correto.

01) Para Nietzsche, a ética institui um “dever ser” moral, os princípios e os valores que ela dita são universais, portanto válidos para todos os homens, independentemente do tempo e do espaço.
02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos atenienses sobre o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir inauguram a filosofia moral, porque definem o campo no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos pela determinação do seu ponto de partida, isto é, a consciência do agente moral.
04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em princípios ascéticos, em uma moral da abnegação, como condições indispensáveis para impor aos homens um “dever ser” capaz de conter o caráter perverso dos seus instintos e paixões.
08) A ética não se confunde com a política, todavia elas mantêm entre si uma relação necessária, pois a formação ética é, ao sobrepor os interesses coletivos aos individuais, importante para o exercício da cidadania.
16) Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, o homem é egoísta, ambicioso, destrutivo, ávido de prazeres que nunca o saciam e pelos quais mata, mente, rouba; é a razão pela qual precisa do dever para se tornar um ser moral.

Resposta: 02 + 08 + 16 = 26.