Como é possível uma globalização mais humana

O que te vem à mente quando falamos de globalização?

Integração economia, mercado financeiro global, tecnologias (especialmente as de informação), cultura de massa, geopolítica, enfraquecimento do estado-nação e das fronteiras etc...

Tudo isso está sim relacionado à globalização.

Como nos lembra o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, Globalização "é um conjunto de relações sociais que se traduzem na intensificação das interações transnacionais, sendo o processo de globalização um fenômeno multifacetado com dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais, religioso e jurídicas interligadas de modo complexo".

Mas, há uma discussão sobre a origem da globalização. De quando ela começou. Alguns estudiosos identificam seu início no período das grandes navegações e grandes descobertas ou até mesmo antes. Porém, é possível perceber claramente seu aprofundamento a partir da década de 1980 especialmente do ponto de vista econômico-financeiro.   

Para Milton Santos, geógrafo brasileiro, a globalização é o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Neste contexto, ele enxerga três diferentes mundos em um só: O primeiro seria o mundo como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o outro, o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e por fim, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.

As fábulas presentes nos discursos sobre globalização querem que acreditemos na ideia de que o mundo se tornou uma aldeia global graças à possibilidade de comunicação instantânea mundial e que a contração do espaço-tempo é uma realidade para todos, já que os meios de transportes evoluíram acelerando a movimentação de pessoas e mercadorias pelo mundo.

O desfacelamento das fronteiras e a cidadania mundial são outras fábulas do mundo globalizado. Basta lembrarmos da atual crise migratória que vivemos e as promessas de construção de muros pelos países ricos.

Para Milton Santos, apesar de o mundo tornar-se unificado, em virtude das atuais condições técnicas que são uma base sólida para as ações humanas mundializada, a globalização se impõe à maior parte da população como perversidade. Vive-se uma dupla violência: a tirania do dinheiro e a tirania da informação. A apropriação das técnicas de informação por alguns Estados e por algumas empresas aprofundam os processos de desigualdades.

Para Bauman ao mesmo tempo que a globalização divide, ela une. Ao mesmo tempo que ocorre o processo globalizador, é colocado em movimento o processo localizador. Ser local num mundo globalizado é sinal de privação e degradação social.

Continuando com a leitura que Milton Santos faz, temos o mundo como ele pode ser. Uma globalização mais humana. Para ele, a globalização como está posta hoje não é irreversível. Outros usos são possíveis para os sistemas técnicos que hoje são usados pelos atores hegemônicos. Nota-se hoje tecnologias, criadas dentro do capitalismo e a seu serviço, sendo usadas por e para as classes subalternas, possibilitando visibilidade, voz e organização. As lutas sociais e ecológicas ganham o mundo a partir das novas técnicas criando condições favoráveis à mobilização das populações do mundo.

E para você, como a globalização pode ser?

Publicado por: Bruno Magnum Pereira

O processo de globalização é um fenômeno do modelo econômico capitalista, o qual consiste na mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política, social e cultural em âmbito planetário.

É possível uma globalização mais humana?

É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, outro tipo de globalização.” Podemos concluir com este trabalho que, temos como concertar a globalização, apenas temos que melhorar nossos atos. Assim podemos tornar a globalização mais humana.

Quais os principais fatores que podem influenciar uma globalização mais humana *?

Vários fatores contribuem para a força motriz da globalização atualmente.

  • Tecnologia da informação. Os avanços na tecnologia têm tornado possível compartilhar e processar informações entre nações e indivíduos independentemente da localização geográfica. ...
  • Organização Mundial do Comércio. ...
  • Migração humana. ...
  • Transporte.

Quais argumentos são utilizados para caracterizar a globalização como perversidade?

A globalização como perversidade é o mundo tal como ele é. Para Santos, o caráter perverso da globalização atual baseia-se em duas violências: a tirania da informação, expressa no modo como ela é distribuída à humanidade, e a tirania do dinheiro, que representa o motor da vida econômica e social.

O que é globalização características?

A globalização ou mundialização do espaço geográfico é caracterizada pelo processo de interligação econômica, política, social e cultural, em nível global. ... Pois a abertura econômica realizada por esses países proporcionou que essas empresas expandissem seu foco de atuação.

É possível uma outra globalização?

A produção se dá em escala mundial, por intermédio de empresas mundiais, gerando uma mais-valia em escala mundial, que se torna o único motor do processo de globalização. ... A lógica do dinheiro se impõe à vida social, econômica e política.

Por que a globalização pode ser considerada perversa?

Uma globalização, nas palavras do sociólogo francês, citando o relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), além da revista do Cepal ( Comissão Econômica para a América Latina), que é perversa, pois “o fato principal é o aumento da pobreza e sobretudo da desigualdade social.” O mais importante ...

Quais são as consequências da globalização?

  • O processo de globalização tem suscitado várias reflexões e críticas, que apontam para o fato de que a globalização tende a aumentar ainda mais as desigualdades sociais, fazendo com que a concentração da riqueza mundial esteja cada vez mais nas mãos de poucos, aumentando a situação de pobreza e miséria social.

Por que a globalização parece ser um fenômeno?

  • Anthony Giddens (2006) destaca que a globalização parece ser um fenômeno de ocidentalização ou até de americanização, já que a maioria das gigantescas empresas multinacionais tem sede nos Estados Unidos, ou em algum grande país europeu, onde “os países em desenvolvimento do Sul têm um papel discreto ou não têm nenhum papel.

Qual o resultado de uma globalização perversa?

  • “Um mercado global utilizando esse sistema de técnicas avançadas resulta em uma globalização perversa” (SANTOS, 2000, p. 24). A tirania do dinheiro e do capital se impõe como resultado de um motor único que, aliado as novas técnicas permitiram às empresas fazer crescer sua produtividade e seu lucro gerando uma “mais-valia universal”.

Qual a ótica da globalização?

  • Milton Santos observa a globalização sob três óticas: “o primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo tal como ele pode ser: uma outra globalização”.

  1. 1. Página 1 de 5 "Por uma globalização mais humana" Texto do geógrafo Milton Santos da Folha Online A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural. Vivemos um novo período na história da humanidade.
  2. 2. Página 2 de 5 A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção. Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas. Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra. A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial,
  3. 3. Página 3 de 5 buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica. Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos -- a competitividade. Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais. Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
  4. 4. Página 4 de 5 Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais. A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época. O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas. Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados
  5. 5. Página 5 de 5 de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade. Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem- estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.