Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial

Em meados do século XVIII surgem na Inglaterra as primeiras fábricas modernas, com máquinas movidas pela energia do vapor. Era o início da maquinofatura, o sistema de produção característico da Revolução Industrial.

O que é Revolução Industrial

As mudanças provocadas pela industrialização no modo de os seres humanos viverem, se relacionarem e de produzirem mercadorias foram tão profundas que esse período ficou conhecido como Revolução Industrial.

A Revolução Industrial é um evento ainda em curso. A tecnologia da produção não para de avançar, tornando a fabricação de bens de consumo uma tarefa cada vez mais mecânica e menos humana.

As mudanças da Revolução Industrial

A mudança radical que ocorreu na Revolução Industrial  na Inglaterra entre 1780 e 1840 trouxe a produção mecanizada, também conhecida como maquinofatura.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Os equipamentos movidos pela força da máquina a vapor inventada por James Watt em 1760 substituíram o trabalho humano em atividade repetitivas ou que exigiam o uso da força humana ou pela tração de animais.

Nascia ali a produção em série e a organização da força de trabalho na planta de produção com (longas) jornadas definidas e funções especializadas.

Fatores favoráveis à Revolução Industrial

  • Havia grande concentração de riquezas nas mãos da burguesia inglesa, resultado de seus ganhos com as atividades mercantilistas;
  • A partir do século XVII a Inglaterra controlava a oferta de manufaturados nos mercados coloniais;
  • Desde a Revolução Gloriosa de 1688, ocorrida na Inglaterra, governo inglês apoiava efetivamente a busca do lucro privado pelos comerciantes;
  • A Inglaterra possuía grandes jazidas de carvão e ferro, matérias-primas indispensáveis à fabricação de máquinas e geração de energia, e as extraía para o abastecimento doméstico;
  • Nas cidades inglesas havia concentração de mão de obra, resultado do forte êxodo rural provocado pelos cercamentos.
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Resumo sobre a Revolução Industrial

Confira agora um resumo online do professor Felipe, do canal do Curso Enem Gratuito, com uma visão bem prática para você aprender sobre a Revolução Industrial. Depois da aula, continue no post para ver como aconteceu a Segunda Revolução Industrial.

https://youtu.be/NFrNx3JOXSg

Do artesanato à maquinofatura

Antes do surgimento das fábricas o artesanato era o principal meio de organização do processo produtivo de utensílios básicos utilizados no cotidiano, tais como móveis, ferramentas e roupas. Os artesãos conheciam todas as etapas de fabricação de uma mercadoria: compravam a matéria-prima, confeccionavam o produto e vendiam-no.

A produtividade dependia do ritmo e da habilidade do artesão. Por isso, o artesanato não garantia uma produção volumosa. Ainda convivemos com esse tipo de produção, porém, o artesanato voltou-se para a produção de artigos de luxo, peças artísticas e de decoração etc.

No século XV, desenvolveu-se o sistema doméstico: o artesão recebia encomendas de homens de negócio para produzir certas peças. Estes empresários forneciam a matéria-prima, pagavam o artesão e revendiam o produto final.

Mesmo trabalhando no sistema doméstico, o artesão ainda mantinha grande autonomia, pois conhecia todas as etapas de produção da mercadoria e controlava o tempo necessário para a execução de cada tarefa.

Ruptura no controle dos meios de produção e da família

Os novos processos de organização das fábricas e da força de trabalho implantados pela Revolução Industrial com sua maquinofatura provocaram mudanças de fácil percepção:

  1. Nestes sistemas o artesão deixou de ser o dono dos instrumentos;
  2. O local de trabalho passou a ser nos galpões das fábricas; e,
  3. os trabalhadores passaram a ceder a sua força de trabalho em troca de um salário.

Nesta obra abaixo vemos o cenário anterior, quando um artesão e sua esposa trabalhavam em uma oficina doméstica. Podemos perceber que há uma criança no cesto e outra brincando ao lado enquanto os pais trabalham.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Veja no quadro A oficina de um tecelão, pintura de Gillis Rombouts, 1656. Museu Frans Hals, Holanda. In: BRAICK, Patrícia Ramos. Estudar história: das origens do homem à era digital. 8º. ano. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2011. p. 82.

O sistema doméstico de produção não separava a vida familiar das tarefas do trabalho. A moradia se confundia com o local do trabalho.

Paródia sobre a Revolução Industrial

Veja agora uma música bem divertida com a Paródia do professor Felipe Oliveira, sobre as diferenças entre a produção artesanal, a manufatura e a maquinofatura:

https://youtu.be/Tyvo4UrKtV4

Muito divertida esta paródia, e com ela você aprende, mesmo, as diferenças entre o Modo de Produção Artesanal e o Modo de Produção Industria.

O Controle na Produção Industrial

A manufatura surge no mesmo período, quando estes empresários começam a agrupar os artesãos em grandes galpões para controlar melhor a produção.

Neste sistema a produção era dividida em diferentes etapas, cada qual realizada por um trabalhador, contando com o auxílio de ferramentas e algumas máquinas simples.

Imagem de uma oficina que fabricava botas e que estava organizada a partir da divisão do trabalho.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Fonte: VICENTINO, Cláudio. Projeto Radix: história. 8º. ano. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2012. p. 104.

Na segunda metade do século XVIII, a manufatura foi substituída pela maquinofatura. Os comerciantes queriam mais mercadorias para vender e reclamavam do ritmo de trabalho dos artesãos, o qual achavam lento.

Buscaram, então, uma saída para aumentar a produtividade sem depender do conhecimento do artesão sobre o processo de produção: a máquina.

A tarefa do trabalhador era alimentar a máquina, controlar sua velocidade e zelar por sua manutenção.  A principal conseqüência dessa organização foi a dependência do homem em relação à tecnologia.

O trabalhador deixou de ser o dono dos instrumentos de trabalho e perdeu o conhecimento que tinha de todo o processo de produção.

A imagem representa uma tecelagem na Inglaterra. Na Gravura de 1833 está o registro do ambiente industrial que foi revolucionário para a época.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Fonte da imagem: BRAICK, Patrícia Ramos. Estudar história: das origens do homem à era digital. 8º. ano. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2011. p. 83.

A Segunda Revolução Industrial

A evolução contínua no campo da ciência e da tecnologia permitiu o desenvolvimento de máquinas cada vez mais eficazes na produção em série e nas formas de domínio humano sobre as fontes de energia.

Este ciclo contínuo provocou nas décadas de 1850 a 1870 um novo salto, denominado A Segunda Revolução Industrial. 

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Confira aqui um resumo completo da Segunda Revolução Industrial para as provas do Enem e dos vestibulares.

Simulado Enem sobre Revolução Industrial e maquinofatura

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Simulado A Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi um processo de grandes transformações sociais e econômicas que começou na Inglaterra no século XVIII.

O modo de produção industrial se espalhou por grande parte do hemisfério Norte durante todo o século XIX e início do século XX. Produzir mercadorias ficou mais barato e acessível, porém trouxe a desorganização da vida rural e estragos ao meio ambiente.

O advento da produção em larga escala mecanizada deu início às transformações dos países da Europa e da América do Norte. Estas nações se transformaram em predominantemente industriais e suas populações se concentraram cada vez mais nas cidades.

Por isso, a revolução industrial é caracterizada como o processo que levou à substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico (ou artesanal) pelo sistema fabril.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
O motor a vapor foi essencial para aumentar a produção das máquinas e a velocidade dos transportes

Causas da Revolução Industrial

A expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um extraordinário aumento da riqueza para a burguesia. Isto permitiu a acumulação de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas indústrias.

A burguesia europeia, fortalecida e enriquecida, passou a investir na elaboração de projetos para aperfeiçoamento das técnicas de produção e na criação de máquinas para a indústria.

Logo verificou-se que se obtinha maior produtividade e se aumentavam os lucros quando se empregavam máquinas em grande escala.

Consequências da Revolução Industrial

O longo caminho de descobertas e invenções foi uma forma de distanciar os países entre si, no que diz respeito ao poder econômico e político.

Afinal, nem todos se industrializaram ao mesmo tempo, permanecendo na condição de fornecedores de matérias primas e produtos agrícolas para os países industrializados.

Essas diferenças marcam até hoje as nações do mundo que são divididas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Uma das maneiras de medir se um país é avançado é avaliar o quanto ele é industrializado.

Fases da Revolução Industrial

Foi na Inglaterra que o fenômeno da industrialização começou e por isso a Revolução Industrial Inglesa foi pioneira. Vários fatores explicam as razões desta primazia.

A Inglaterra, possuía capital, estabilidade política e equipamentos necessários para tomar a dianteira do avanço da Indústria.

Desde o fim da Idade Média, parte significativa da população se dirigia às cidades devido aos cercamentos (enclousers) do campo. Sem terra, os camponeses acabavam entrando nas fábricas que surgiam.

Também tinha colônias na África e na Ásia que garantiam fornecimento de matéria-prima com mão de obra barata.

Primeira Revolução Industrial

A Primeira Revolução Industrial ocorreu em meados do século XVIII e do século XIX. Sua principal característica foi o surgimento da mecanização que operou significativas transformações em quase todos os setores da vida humana.

Na estrutura socioeconômica, fez-se a separação definitiva entre o capital, representado pelos donos dos meios de produção, e o trabalho, representado pelos assalariados. Isto eliminou a antiga organização dos grêmios ou guildas que era o modo de produção utilizado pelos artesãos.

Desta maneira, surgem as primeiras fábricas que abrigam num mesmo espaço muitos operários. Cada um deverá operar uma máquina específica para realizar sua tarefa.

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
Mulheres e crianças eram usadas como mão de obra barata nas fábricas inglesas

Devido à baixa remuneração, condições de trabalho e de vida sub-humanas, os operários se organizam. Desta forma, associaram-se em organizações trabalhistas e sindicatos para reivindicar melhores jornadas menores e aumento de salários.

A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, transportes, agricultura, pecuária e todos os outros setores da economia, inclusive o cultural.

A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia burguesa na ordem econômica. Ao mesmo tempo acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da classe operária. Era o início de uma nova época, onde a política, a ideologia e a cultura gravitavam em dois polos: a burguesia industrial e financeira e o proletariado.

As fábricas empregavam grande número de trabalhadores. Todas essas inovações influenciaram a aceleração do contato entre culturas e a própria reorganização do espaço e do capitalismo.

Nessa fase, o Estado passou a participar cada vez mais da economia, regulando crises econômicas e o mercado e criando uma infraestrutura em setores que exigiam muitos investimentos.

Segunda Revolução Industrial

A partir do final do século XIX, o capitalismo se tornava cada vez menos competitivo e mais monopolista. Apenas poucas empresas ou países dominavam a produção e o comércio. Era a fase do capitalismo financeiro ou monopolista, característica marcante da Segunda Revolução Industrial.

Nesta época, o Império Alemão surge como a grande potência industrial. Com a abundância do minério de ferro e uma cultura militar, os alemães, capitaneados pela Prússia, fazem reformas políticas e econômicas que vão unificar o país e dotá-lo de uma indústria poderosa.

Desde então, se estabeleciam as bases do progresso tecnológico e científico, visando a inovação e o constante aperfeiçoamento dos produtos e técnicas, para melhorar o desempenho industrial.

Terceira Revolução Industrial

O ponto culminante do desenvolvimento industrial, em termos de tecnologia, teve início em meados do século XX, por volta de 1950, com o desenvolvimento da eletrônica. Esta permitiu o desenvolvimento da informática e a automação das indústrias.

Deste modo, as indústrias foram dispensando a mão de obra humana e passaram a depender cada vez mais das máquinas para fabricar seus produtos. O trabalhador intervinha como supervisor ou em apenas algumas etapas da produção.

Essa fase de novas descobertas caracterizou a Terceira Revolução Industrial ou revolução informática e tecnológica.

Revolução Industrial no Brasil

Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial
A fábrica de Tecelagem São Martinho, em Tatuí (SP), fundada em 1881, foi a maior fábrica de tecelagem do país

Enquanto na Inglaterra, no século XVIII, acontecia a Revolução Industrial, o Brasil, ainda colônia portuguesa, estava longe do processo de industrialização.

Após a independência houve apenas iniciativas isoladas em instalar indústrias no Brasil. No começo do século XX, fábricas têxteis, principalmente, surgiam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A industrialização no Brasil, contudo, só começou verdadeiramente em 1930, cem anos após a Revolução Industrial Inglesa.

Durante o governo de Getúlio Vargas, a centralização do poder no Estado Novo criou condições para que se iniciasse o trabalho de coordenação e planejamento econômico. Vargas pôs ênfase na industrialização por substituição de importações.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe uma desaceleração para a industrialização no Brasil, uma vez que interrompeu as importações de máquinas e equipamentos.

Mesmo assim, o Brasil através de acordos com os Estados Unidos, consegue fundar a Companhia Siderúrgica Nacional (1941) e a Usiminas (1942).

Após o conflito, o Estado retornaria suas atividades de investidor e impulsionaria a criação de indústrias como a Petrobras (1953).

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Como era o processo de produção antes da Revolução Industrial

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Bahamonde, Miguel & Villares, Ramón - El mundo contemporáneo, siglos XIX y XX. 2008. Ed. Taurus: Madrid.

Schlutz, Helga - Historia económica de Europa, 1500-1800. Artesanos, mercaderes y banqueros. 2001. Siglo XXI Editores: Madrid.