Segundo Durkheim a divisão do trabalho social nas sociedades complexas tem como resultado

A divisão social do trabalho está relacionada à maneira pela qual as tarefas são organizadas e divididas no ambiente de trabalho, com a intenção de delimitar as funções realizadas, dinamizar o processo de produção como um todo e, consequentemente, garantir que o sistema de produção funcione de forma rápida e eficiente.

De forma geral, a divisão do trabalho delimita e define a maneira pela qual os indivíduos, dentro de uma sociedade, se organizam com a finalidade de produzir um objeto, produto ou mercadoria.

especialização da função, principalmente, quando trata-se da estrutura capitalista de produção, transforma o trabalhador em exímio conhecedor de apenas uma parte da produção - a parte na qual ele trabalha, sem, muitas vezes conhecer o processo de produção por completo.

A repetição da tarefa torna o trabalhador mais ágil na realização dos movimentos. Por conta disso, o trabalho na linha de produção torna-se mais rápido.

A divisão do trabalho, portanto, aumenta a produtividade por conta da redução de tempo que os trabalhadores levam para produzir a mercadoria final. Em contrapartida, na maior parte das vezes, o trabalhador não conhece integralmente o sistema de produção, já que torna-se especialista em apenas uma parte dele.

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Segundo Durkheim a divisão do trabalho social nas sociedades complexas tem como resultado
Engrenagens de máquinas

A divisão do trabalho tem algumas características que facilitam o entendimento amplo do conceito e a relação dele e as atividades cotidianas. Dentre as mais importantes merecem destaque:

  • Aumento da produtividade
  • Distinção física e intelectual do trabalho
  • Venda das mercadorias por preços menores
  • Distinção de Classes sociais

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O sociólogo francês Émile Durkheim pensa a divisão do trabalho a partir da interação social, que por sua vez, está inserida em uma organização maior: a sociedade.

Em sua tese de doutorado “Da divisão social do trabalho”, publicada em 1893, Durkheim analisa os fatores responsáveis pela unidade, estabilidade e continuidade das relações sociais no decorrer do tempo.

Na mesma obra, Durkheim afirma que a sociedade só existe e consegue se manter graças a um grau de consenso entre seus membros. Tal consenso social se distingue em dois tipos de solidariedade:

  • Solidariedade Mecânica: de acordo com o sociólogo, está presente em sociedades primitivas, como tribos, aldeias, clãs ou agrupamentos sociais. Nessas organizações sociais, os membros compartilham os mesmos valores sociais, as mesmas crenças religiosas, as mesmas formas de organização e trabalham de forma a suprir as necessidades do grupo como um todo. O compartilhamento de valores, crenças e formas de organização é o responsável pela coesão social.
  • Solidariedade Orgânica: é característica das sociedades modernas e mais complexas. Os indivíduos que compõem essas sociedades não compartilham das mesmas crenças religiosas, das mesmas formas de organização e nem das mesmas crenças. Cada indivíduo possui uma consciência própria. Nessas sociedades, a divisão do trabalho é evidente e crescente, o que aumenta o grau de interdependência dos indivíduos, uma vez que a dependência entre os seres sociais é grande, pois cada um depende diretamente do trabalho realizado pelo outro. Nesse tipo de sociedade, a coesão social é garantida a partir do direito, regras e leis.

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Para o alemão Karl Marx, as relações sociais são determinadas a partir do trabalho, das relações de produção e das mercadorias produzidas, desde as sociedades tribais até as sociedades capitalistas.

Para Marx, a divisão do trabalho só efetivou-se no momento da separação entre trabalho manual e trabalho intelectual. A divisão entre os tipos de trabalho aconteceu a partir da segmentação do trabalho na indústria e nas sociedades capitalistas.

No trabalho intelectual, os trabalhadores técnico-científicos são os responsáveis pela organização do sistema de produção e pela submissão dos operários ao sistema de produção capitalista. A divisão entre proletários e donos dos meios de produção é base para as explicações sobre desigualdade social.

Os operários, por sua vez, dedicam-se ao trabalho manual, numa relação de troca desigual com o dono da propriedade e com os trabalhadores técnico-científicos. A condição de trabalho dos proletários faz com que eles percam a noção completa do trabalho que realizam e passam a viver momentos de alienação.

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Max Weber analisa o trabalho a partir da ótica religiosa, estabelecendo divisões e diferenças entre o trabalho dos católicos e protestantes.

Na obra weberiana, a divisão do trabalho é determinada a partir das crenças religiosas que diferem protestantes e católicos. No escrito “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber faz uma detalhada análise, relacionando os protestantes ao sucesso nos trabalhos que desenvolvem na sociedade capitalista.

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Exercício de fixação

UFU/2000

De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica:

A pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.

B pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção.

C pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.

D pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.

Ao se debruçar sobre o estudo da sociedade industrial do século XIX, Émile Durkheim percebeu a importância de se compreender os fatores que explicariam a organização social, isto é, compreender o que garantia a vida em sociedade e uma ligação (maior ou menor) entre os homens. Chegou à conclusão de que os laços que prenderiam os indivíduos uns aos outros nas mais diferentes sociedades seriam dados pela solidariedade social, sem a qual não haveria uma vida social, sendo esta solidariedade do tipo mecânica ou orgânica.

Mas o que seria a solidariedade social? Para compreendê-la é preciso levar em consideração as ideias de consciência coletiva (ou comum) e consciência individual, também estudadas por esse autor. Cada um de nós teria uma consciência própria (individual) a qual teria características peculiares e, por meio dela, tomaríamos nossas decisões e faríamos escolhas no dia a dia. A consciência individual estaria ligada, de certo modo, à nossa personalidade. Mas a sociedade não seria composta pela simples soma de homens, isto é, de suas consciências individuais, mas sim pela presença de uma consciência coletiva (ou comum). A consciência individual sofreria a influência de uma consciência coletiva, a qual seria fruto da combinação das consciências individuais de todos os homens ao mesmo tempo. A consciência coletiva seria responsável pela formação de nossos valores morais, de nossos sentimentos comuns, daquilo que temos como certo ou errado, honroso ou desonroso e, dessa forma, ela exerceria uma pressão externa aos homens no momento de suas escolhas, em maior ou menor grau. Ou seja, para Durkheim a consciência coletiva diria respeito aos valores daquele grupo em que se estaria inserido enquanto indivíduo, e seria transmitida pela vida social, de geração em geração por meio da educação, sendo decisiva para nossa vida social. A soma da consciência individual com a consciência coletiva formaria o ser social, o qual teria uma vida social entre os membros do grupo.

Assim, podemos afirmar que a solidariedade social para Durkheim se daria pela consciência coletiva, pois essa seria responsável pela coesão (ligação) entre as pessoas. Contudo, a solidez, o tamanho ou a intensidade dessa consciência coletiva é que iria medir a ligação entre os indivíduos, variando segundo o modelo de organização social de cada sociedade. Nas sociedades de organização mais simples predominaria um tipo de solidariedade diferente daquela existente em sociedades mais complexas, uma vez que a consciência coletiva se daria também de forma diferente em cada situação. Para compreendermos melhor, basta uma simples comparação entre sociedades indígenas do interior do Brasil com sociedades industrializadas como as das regiões metropolitanas das principais capitais. O sentimento de pertencimento e de semelhança é muito maior entre os índios ao redor de um lago quando pescam do que entre os passageiros no metrô de São Paulo ao irem para o trabalho pela manhã. Dessa forma, segundo Durkheim, poderíamos perceber dois tipos de solidariedade social, uma do tipo mecânica e outra orgânica.

Numa sociedade de solidariedade mecânica, o indivíduo estaria ligado diretamente à sociedade, sendo que enquanto ser social prevaleceria em seu comportamento sempre aquilo que é mais considerável à consciência coletiva, e não necessariamente seu desejo enquanto indivíduo. Conforme aponta Raymond Aron em seu livro As etapas do pensamento sociológico (1987), nesse tipo de solidariedade mecânica de Durkheim, a maior parte da existência do indivíduo é orientada pelos imperativos e proibições sociais que vêm da consciência coletiva.

Segundo Durkheim, a solidariedade do tipo mecânica depende da extensão da vida social que a consciência coletiva (ou comum) alcança. Quanto mais forte a consciência coletiva, maior a intensidade da solidariedade mecânica. Aliás, para o indivíduo, seu desejo e sua vontade são o desejo e a vontade da coletividade do grupo, o que proporciona uma maior coesão e harmonia social.

Este sentimento estaria na base do sentimento de pertencimento a uma nação, a uma religião, à tradição, à família, enfim, seria um tipo de sentimento que seria encontrado em todas as consciências daquele grupo. Assim, os indivíduos não teriam características que destacassem suas personalidades, como apontamos no exemplo dado em relação à tribo indígena, por se tratarem de uma organização social “mais simples”.

Na construção de sua teoria, Durkheim também demonstrou como seriam as características gerais das sociedades de solidariedade do tipo orgânica. Para tanto, seria necessário compreendermos antes de tudo a ideia de divisão do trabalho social. Ao passo que o capitalismo se desenvolve e a produção em larga escala começa, os meios de produção foram se ampliando e requerendo cada vez mais funções especializadas. Além disso, e mais importante, as relações interpessoais necessárias à vida conforme aumentavam. Ampliava-se, dessa forma, a divisão do trabalho social, consequência do desenvolvimento capitalista, o que daria condições para o surgimento das sociedades com solidariedade do tipo orgânica.

Na solidariedade orgânica, ainda segundo Aron, ocorre um enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das proibições e, sobretudo, uma margem maior na interpretação individual dos imperativos sociais. Na solidariedade orgânica ocorre um processo de individualização dos membros dessa sociedade, os quais assumem funções específicas dentro dessa divisão do trabalho social. Cada pessoa é uma peça de uma grande engrenagem, na qual cada um tem sua função e é esta última que marca seu lugar na sociedade. A consciência coletiva tem seu poder de influência reduzido, criando-se condições de sociabilidade bem diferentes daquelas vistas na solidariedade mecânica, havendo espaço para o desenvolvimento de personalidades. Os indivíduos se unem não porque se sentem semelhantes ou porque haja consenso, mas sim porque são interdependentes dentro da esfera social.

Não há uma maior valorização daquilo que é coletivo, mas sim do que é individual, do individualismo propriamente dito, valor essencial – como sabemos – para o desenvolvimento do capitalismo. Contudo, apenas enquanto observação, é importante dizer que, ainda que o imperativo social dado pela consciência coletiva seja enfraquecido numa sociedade de solidariedade orgânica, é preciso que este mesmo imperativo se faça presente para garantir minimamente o vínculo entre as pessoas, por mais individualistas que sejam. Do contrário, teríamos o fim da sociedade sem quaisquer laços de solidariedade.

Diferenças à parte, podemos afirmar que tanto a solidariedade orgânica como a mecânica têm em comum a função de proporcionar uma coesão social, isto em uma ligação entre os indivíduos. Em ambas existiram regras gerais, a exemplo de leis sobre direitos e sanções. Enquanto nas sociedades mais simples de solidariedade mecânica prevaleceriam regras não escritas, mas de aceitação geral, nas sociedades mais complexas de solidariedade orgânica existiriam leis escritas, aparatos jurídicos também mais complexos. Em suma, Émile Durkheim buscou compreender a solidariedade social (e suas diferentes formas) como fator fundamental na explicação da constituição das organizações sociais, considerando para tanto o papel de uma consciência coletiva e da divisão do trabalho social.

Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

Sociologia - Brasil Escola