Uma incrível jornada a alternativa que melhor parafraseia

Quando falamos em fórmulas prontas, especialmente no Marketing Digital, um fenômeno curioso costuma acontecer por conta da generalização e da polarização.

Uma forma de se ver é que a fórmula deve ser seguida à risca, como um checklist — marcando etapa por etapa, passo a passo — para garantir uma reprodução fiel.

E a outra forma, influenciada por essa primeira, costuma ir direto para o outro extremo.

Ao ver uma aplicação tão engessada, a resposta é condenar a fórmula afirmando que quem trabalha com estruturas prontas mata a sua criatividade.

Mas adianto que isso só acontece quando insistimos em aplicar algo que não estudamos a fundo.

Para te mostrar isso, vamos falar de uma das estruturas mais famosas dentro do Storytelling: a Jornada do Herói.

A transformação das fórmulas em checklists

Ao pesquisar no Google por "jornada do herói", você vai encontrar inúmeros textos — inclusive, um que escrevi nos tempos de Rock Content — que simplificam suas 12 etapas em um texto de mil palavras.

Essa simplificação é necessária em textos assim, porque a pessoa que faz essa pesquisa quer encontrar um checklist.

Então, entregando isso para ela, as chances do texto aparecer melhor posicionado no Google aumentam consideravelmente.

Só que esses textos deveriam ser apenas um ponto de partida para compreender a Jornada do Herói, mas se tornaram o final. É daí que nascem os checklists.

O que é bem curioso, porque, logo no prefácio do livro que popularizou essa estrutura, “A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores”, o autor Christopher Vogler crava que ela deveria ser usada como uma forma, não uma fórmula.

Justamente para evitar sua aplicação como um checklist, mas parece que muitas pessoas não chegaram até essa página do livro.

Reprodução VS Inovação

Antes de discutirmos se a fórmula mata sua criatividade e te atrapalha de inovar, vale reforçar como elas costumam nascer — numa espécie de engenharia reversa, ou análise em retrospectiva.

Rory Sutherland fala sobre esse processo com uma analogia fantástica em seu excelente livro, Alchemy: The Dark Art and Curious Science of Creating Magic in Brands, Business, and Life:

"Imagine que você está escalando uma montanha que nunca foi escalada antes. Lá de baixo, é impossível dizer quais encostas são transitáveis (...) Sua escolha envolve muitas tentativas e erros: as rotas são experimentadas e abandonadas; há retrocesso e travessia frequentes.

Muitas das decisões que você toma podem basear-se apenas em instinto ou boa sorte. Mas, eventualmente, você chega ao topo e, assim que chega lá, o caminho ideal é aparente.

Você pode olhar para baixo e ver qual teria sido o melhor caminho a seguir, e isso agora se torna 'a rota padrão'.

Quando você descreve a rota que você fez para seus amigos montanhistas, você finge que foi a rota que você fez o tempo todo: com o benefício da retrospectiva, você declara que simplesmente escolheu essa rota por meio do bom senso."

— Rory Sutherland, Alchemy: The Dark Art and Curious Science of Creating Magic in Brands, Business, and Life

Esse trecho até poderia ser usado para criticar a fórmula final da escalada por ela desconsiderar as nuances e facilitar o processo.

Porém, em vez disso, vejo muito mais sentido em considerarmos que elas existem, mesmo que elas não estejam representadas na estrutura pronta.

Só não pense que aquela rota vai funcionar se decidirmos segui-la à risca. E menos ainda que ela funciona para qualquer montanha.

Então, ao tentarmos reproduzir a escalada, precisamos acrescentar algumas nuances com nossas próprias tentativas e erros. Mas seguindo a rota traçada, teremos um caminho familiar.

Trazendo para a Jornada do Herói, essa familiaridade pode facilitar bastante sua vida quando usada como limitação criativa ao contar uma história e, mais ainda, pela familiaridade com a audiência.

Porque, quando descartamos quaisquer estruturas e trabalhamos com algo completamente caótico — escolhendo a total inovação em vez da reprodução —, a estranheza pode afastar as pessoas.

Não é à toa que Hollywood continua usando vários elementos da Jornada do Herói em filmes produzidos para ter sucesso numa escala global. Poucas histórias conseguem arrastar tantas pessoas para o cinema quanto essa boa e velha estrutura — temperada com algumas nuances.

Então, por que não fazermos o mesmo em nossos trabalhos?

Um convite para você que leu até aqui

Este texto é uma versão alternativa inspirada em uma das aulas do curso de Escrita Criativa e Storytelling, que está de portas abertas para a 10ª turma.

Para que você não fique dependente de fórmulas prontas, falamos sobre elas no começo do curso (módulo 3) — quando cobriremos as principais estruturas para contar boas histórias (não apenas a Jornada do Herói).

Depois disso, ainda termos outros 8 módulos para aprofundar no que uma história precisa ter além de uma jornada. Assim, você terá as fórmulas disponíveis no seu arsenal e no seu repertório, para usá-las sempre que precisar, mas sem ficar preso a nenhuma delas.

Se você quer desenvolver sua escrita para produzir conteúdos mais autênticos, atrair mais leitores e prender sua atenção, a hora é essa.

Porque o curso vai te ensinar isso na prática, com vários exemplos e estudos de caso, seguindo 4 pilares principais:

1. Storytelling

2. Experiência do usuário como leitor

3. Escrita Criativa

4. Copywriting

Tudo para que você aprenda como desenvolver uma narrativa capaz de atrair, conectar, envolver e emocionar seus próximos leitores e suas próximas leitoras.

E só para não te pegar de surpresa, esta turma será a última que terá direito ao acesso vitalício e as inscrições vão até dia 24/01 — vulgo "próxima segunda".

Se quiser conferir a opinião de quem fez o curso, o depoimento mais recente que recebi foi do Guilherme Tonial:

"Um dos melhores cursos que já fiz sobre o tema, com dicas práticas objetivas e principalmente que funcionam. Me ajudou muito a desbloquear minha escrita, principalmente no começo da minha carreira.

Esse curso me ajudou a me afirmar como escritor e viver de escrita hoje, atuando como copywriter full-time. Dimitri é um excelente professor, didático com vários exemplos do dia a dia. Recomendo a todos que precisam de uma ajuda para melhorarem a sua qualidade de escrita e principalmente ter mais criatividade na hora de produzir conteúdo."

Clique aqui para conferir todas as informações sobre o curso e fazer sua inscrição.

Se tiver qualquer dúvida, sinta-se em casa para me perguntar :)

Fique à vontade também para me acompanhar no Instagram. Você me encontra por lá como @dimivieira

Publicado originalmente em dimitrivieira.com.

Sobre o autor

Muito prazer, meu nome é Dimitri Vieira. Sou um escritor e criador de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais.

Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo artigos e produzindo conteúdos na web, consegui unir o melhor desses três universos. O que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

Além de escrever, também sou professor do curso online de Escrita Criativa e Storytelling, que funciona no formato de turmas, e também do LinkedIn para Marcas Pessoais, que está sempre de portas abertas.

NOSSO SITE: www.portalimpacto.com.br PROF.: <strong>EQUIPE</strong> L. <strong>PORTUGUESA</strong> IMPACTO: A Certeza de Vencer!!! 01.(UFPa – PSS2 2009) Uma incrível jornada Há 5 mil anos, um pequeno grupo de pescadores japoneses, habitantes da ilha de Kyushu, no sul do Japão, se perdeu em alto-mar após uma tempestade. Semanas depois, levados pelas correntes marítimas que formam uma rota em círculo entre o Japão e o norte da América do Sul, os pescadores teriam aportado no litoral do Equador. Após um período de mútua adaptação, os viajantes japoneses ensinaram a manufatura cerâmica para a população local. Parece enredo de livro de aventura, mas, para os formuladores da teoria de migração transpacífica, os primeiros ceramistas americanos, treinados pelos orientais, foram os responsáveis por espalhar a nova tecnologia pelo Novo Mundo, por meio do processo chamado de difusão cultural, que consiste na transmissão do conhecimento de uma sociedade para outra. Para quem não é arqueólogo, provavelmente o primeiro pensamento após a leitura do parágrafo anterior será “essa viagem poderia de fato ter acontecido?”. Na verdade, toda a teoria engloba diversos aspectos problemáticos, proporcionais à odisséia que narra, e o efetivo sucesso da viagem é apenas um deles. Vários pesquisadores argumentam que a possibilidade técnica de uma viagem entre o litoral japonês e o equatoriano, 5 mil anos atrás, é praticamente nula, em razão da dificuldade de navegação em mar aberto, das condições climáticas ao longo da rota proposta, das baixas temperaturas, ou simplesmente da ausência de evidências arqueológicas atestando que populações dos períodos Jomon Antigo e Médio possuíam embarcações capazes de suportar tal jornada. Todavia, viagens oceânicas não foram totalmente inviáveis naquela época. Pesquisas baseadas em antigos textos chineses indicam, por exemplo, que a tecnologia náutica na China era mais sofisticada que a japonesa, contando inclusive com barcos de maior porte. Além disso, correntes marítimas que fluem a partir das Filipinas possibilitariam, de fato, a navegação entre o sul da Ásia e o litoral norte da América do Sul. A própria criadora da teoria da migração transpacífica, Betty Meggers, apresenta a expedição do barco Yaseigo III como exemplo concreto de uma viagem oceânica entre Japão e América do Sul com o intuito de rebater críticas à tese. Se tais viagens aconteceram no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia, encontrada em sítios do litoral norte do Equador, com datações entre 5000 e 3000 anos, seja uma derivação da Jomon, nem que a tecnologia oleira foi introduzida nas Américas. Elisangela Regina de Oliveira (texto adaptado) Revista Scientific American Brasil, Amazônia, nº1, 2008. 02. Em relação ao conteúdo abordado em “Uma incrível jornada”, é correto afirmar que esse texto a) documenta a viagem dos japoneses ao litoral do Equador. b) discute o processo de difusão cultural entre orientais e americanos. c) atesta viagens oceânicas, nos períodos Jomon Antigo e Médio. d) descreve a sofisticada tecnologia náutica na China, nos períodos Jomon Antigo e Médio. e) explica o fluxo das correntes marítimas entre o sul da Ásia e o litoral norte da América do Sul. 03. Considerando-se o trecho abaixo, “Se tais viagens aconteceram no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia [...] seja uma derivação da Jomon, nem que a tecnologia oleira foi introduzida nas Américas.”, a alternativa que apresenta uma paráfrase adequada desse trecho é 05 2 RELAÇÕES INTERTEXTUAIS: A PARÁFRASE E A PARÓDIA PARTE 2 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO LU 050410 PROT: 3372 a) Na hipótese de que tais viagens tenham acontecido no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia derive da Jomon, isto é, que seja resultado do processo de difusão cultural. b) Uma vez que tais viagens aconteceram no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia derive da Jomon, isto é, que seja resultado do processo de difusão cultural. c) Apesar de tais viagens terem acontecido no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia derive da Jomon, isto é, que seja resultado do processo de difusão cultural. d) Mesmo tais viagens tendo sido documentadas no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia derive da Jomon, isto é, que seja resultado do processo de difusão cultural. e) Como tais viagens não aconteceram no passado, isso não comprova que a cerâmica Valdivia derive da Jomon, isto é, que seja resultado do processo de difusão cultural. Texto para as próximas 2 questões (Ita) Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixa os portugais morrerem à míngua “Minha pátria é minha língua” Fala, Mangueira! Flor do Lácio, Sambódromo Lusamérica, latim em pó. O que quer O que pode Esta língua? (...) 01. A idéia central é que a) a língua portuguesa está repleta de dificuldades, principalmente prosódias e paródias, para os falantes brasileiros. b) autores de língua portuguesa, como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Camões, têm estilos diferentes. c) a pátria dos falantes é a língua, superando as fronteiras geopolíticas. d) na língua portuguesa, é fundamental a associação de palavras para criar efeitos sonoros. e) a escola de samba Mangueira é uma legítima representante dos falantes da língua portuguesa. 02.. No texto, Caetano Veloso fala de “paródias”. Em qual das alternativas abaixo o segundo texto NÃO parodia o primeiro? a) Penso, logo existo. / Penso, logo desisto. b) Quem vê cara não vê coração. / Quem vê cara não vê Aids. c) Nunca deixe para amanhã o que pode fazer hoje. / Nunca deixe para amanhã o que pode fazer depois de amanhã. d) Em terra de cego, quem tem um olho é rei. / Em terra de cego, quem tem um olho não abre cinema. e) Antes só do que mal acompanhado. / Antes mal acompanhado do que só. CONTEÚDO - 2011

  • Page 2: NOSSO SITE: www.portalimpacto.com.b