Como escreve comparativo de valores est correto

Flávia Neves

Professora de Português

As duas construções estão corretas e podem ser usadas de igual forma na realização de comparações.

Exemplos com melhor que

  • Viver é melhor que sonhar!
  • Hoje será melhor que ontem.
  • Nenhuma comida é melhor que chocolate.
  • Ele se acha melhor que os outros.
  • Você não é melhor que eu.

Exemplos com melhor do que

  • Viver é melhor do que sonhar!
  • Hoje será melhor do que ontem.
  • Nenhuma comida é melhor do que chocolate.
  • Ele se acha melhor do que os outros.
  • Você não é melhor do que eu.

Grau comparativo dos adjetivos

No grau comparativo, ocorre a comparação de uma característica em duas ou mais pessoas ou objetos.

Grau comparativo de inferioridade:

  • Meu pai é menos flexível que minha mãe.
  • Meu pai é menos flexível do que minha mãe.

Grau comparativo de superioridade:

  • Minha irmã é mais estudiosa que eu.
  • Minha irmã é mais estudiosa do que eu.

Melhor: grau comparativo de superioridade irregular

Melhor é a forma sintética do grau comparativo de superioridade do adjetivo bom e do adjetivo bem:

  • (mais) bom = melhor;
  • (mais) bem = melhor.

Existem outros adjetivos que se formam de modo irregular:

  • (mais) mau = pior;
  • (mais) grande = maior;
  • (mais) pequeno = menor.

Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

«Tão... como» e «tão... quanto» são estruturas sinónimas usadas na formação do comparativo de igualdade, em que se antepõe «o advérbio tão e se pospõe a conjunção1 como ou quanto ao adjetivo» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2001, p. 257), tal como se pode verificar pelos exemplos apresentados:

«Carlos é tão jovem como Álvaro.»

«José é tão nervoso quanto desatento.»

Portanto, são corretas as duas formas para a mesma frase:

«Ele tinha um sorriso tão amarelo como/quanto o dum chinês que nunca lava os dentes.»

Nota: Importa lembrar que, nas construções comparativas prototípicas, tão e tanto(a/os/as) são os primeiros termos de comparação utilizados, em português, para o comparativo de igualdade: «a forma tão surge com adjetivos e advérbios, como atestado em a) e b), tanto co-ocorre com nomes e com verbos, como mostram c) e d)» (cf. Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 2003, p. 733; manteve-se a ortografia do original)2:

a) «O Pedro é tão alto como o pai.»

b) «A raposa corre tão depressa como o galgo.»

c) «Não tenho tantos dicionários como gostaria de ter.»

d) «A raposa corre tanto como o galgo.»

Segundo as linguistas Ana Maria Brito e Gabriela Matos, na obra citada, «tão e tanto(s) co-ocorrem com o conetor como, podendo tanto(s) igualmente aparecer seguido de quanto(s), expressando no seu conjunto o comparativo de igualdade» (idem, pp. 733-734), tal como se observa no exemplo apresentado:

«A Maria comprou tantos dicionários de inglês quantos (os que) se achavam disponíveis na loja.»

1 Cunha e Cintra classificam como e quanto como conjunções comparativas, pois podem iniciar «uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação, de um confronto» (Cunha e Cintra, ob. cit., p. 583).

2 Com a aplicação do novo Acordo Ortográfico, a forma co-ocorrer passa a coocorrer. Cf. a resposta "A grafia de cocolaborador".

Com formas verbais finitas e com formas de infinitivo ou gerúndio, não se justifica «mais bem», ao contrário do que acontece com os particípios passados, tenham estes ou não uso adjetival. Deste modo, a forma correta é efetivamente «Ele é quem hoje melhor escreve na imprensa portuguesa», porque o verbo escrever ocorre num tempo finito (escreve corresponde à 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo).

Recorde-se, portanto, que os comparativos dos advérbios bem e mal são geralmente melhor e pior numa construção comparativa:

(1) «Ela escreve os relatórios melhor/pior do que ele.»

O mesmo acontece quando bem e mal ocorrem em construções de superlativo relativo (de superioridade):

(2) «Ela é quem escreve melhor/pior os relatórios.»

Contudo, quando acompanham particípios passados, os comparativos de bem e mal são, respetivamente, mais bem e mais mal:

(3) «Estes relatórios foram mais bem/mais mal escritos do que aqueles.»

(4) «Lemos os relatórios mais bem/mais mal escritos de sempre.»

O exemplo (3) ilustra o caso em que o particípio passado faz parte de uma construção passiva. Em (4), o particípio passado ocorre adjetivalmente.

Obs. 1: Na história da gramática prescritiva, nem sempre tem havido consenso quanto ao uso sistemático de mais bem  e mais mal nas condições acima referidas. Com efeito, Vasco Botelho de Amaral, no seu Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português (1958), observava que as formas melhor e pior como comparativos de bem e mal, quando estes advérbios se associavam a adjetivos participiais (este autor apenas fala em "adjetivos") sem formarem compostos. Botelho de Amaral considerava, portanto, que casos como bem-aventurado e mal feito (que ele interpretava como "malfeito") constituíam compostos e, portanto, os seus comparativos eram «mais bem-aventurado» e «mais mal feito», respetivamente. Já perante  sequências como «bem servido» e «mal imitado», este gramático não os via como compostos e, portanto, achava aceitáveis os comparativos «melhor servido» e «pior servido», entre outros casos para os quais encontra abonação literária. Seja como for, a ocorrência de «mais bem» e «mais mal» com particípios passados ou adjetivos destes derivados parece tornou-se prevalente, a ponto de a Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pág. 2145) sublinhar que «a incorporação [de mais com bem e mal] não é permitida», quando ocorre a «combinação do operador comparativo mais com uma estrutura adjetival ou participial iniciada por bem ou mal», apoiando-se nos seguintes exemplos (idem, ibidem): «O livro está [mais bem/mais mal] traduzido do que eu pensava.» (não se aceita «O livro está melhor/pior traduzido do que eu pensava.»); «Ele hoje está [mais bem/mais mal] disposto do que habitualmente.» (não se aceita «Ele hoje está melhor/pior] disposto do que habitualmente.») 

Obs. 2: Não obstante a apreciação feita no primeiro parágrafo desta resposta, importa assinalar que é correta a frase «ele escreve mais mal do que bem», dado que, intuitivamente, se afigura estranha a alternativa «ele escreve pior do que bem». Sem excluir que, nesta situação, a ocorrência de «mais mal» se deve à necessidade de evitar uma interpretação redundante – não será «escrever pior do que bem» simplesmente o mesmo que «escrever mal»? –, registe-se que Vasco Botelho de Amaral (op. cit.) igualmente se referiu a este caso (idem, pág. 366): «Note-se que é de uso empregar mais mal quando se expressam qualidades no mesmo sujeito: «V. Ex.ª escreve mais mal que bem.» Por outras palavras, quando os advérbios mal e bem são os próprios termos da comparação, emprega-se «mais mal do que bem». Sendo assim, parece ficar também legitimada uma frase em que ocorra «mais bem do que mal», por exemplo, como acontece neste diálogo: «– Ele escreve mais mal do que bem./ – Não concordo: ele escreve mais bem do que mal.» 

We use the adjectives and the adverbs to make the comparisons, let's check! / Usamos os adjetivos e os advérbios para fazer as comparações, vamos conferir!

The comparative and superlative adjectives and adverbs: / Os adjetivos e advérbios de comparativo e superlativo:

There are two forms for the adjectives in English: a comparative form (older, more beautiful) and a superlative form (oldest, most beautiful). When the adjectives is short you take er/est and when they are long you take more/most. The same as adjective, the adverbs can have two forms: a comparative form (faster, more gently) and a superlative form (fastest, most gently). / Existem duas formas de adjetivos em inglês: forma comparativa (mais velha, mais bonita) e forma superlativa (a mais velha, a mais bonita). Quando os adjetivos são curtos você coloca er/est e quando são longos, mais/o mais. O mesmo acontece com os advérbios, que também possuem duas formas: forma comparativa (mais rápido/mais gentilmente) e forma superlativa (o mais rápido, o mais gentilmente).

Look at the examples: / Veja os exemplos:

Your love is so much sweeter than everything I tasted. / Seu amor é muito mais doce do que tudo que já provei.

You make it easier to be. / Você faz isso ser mais fácil.

You are the smartest person I know. / Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço.

I'm the youngest woman in my class. / Eu sou a mulher mais nova da minha sala de aula.

This work is much more difficult than I thought. / Este trabalho é bem mais difícil do que eu pensava.

My city is the most beautiful city in the world. / Minha cidade é a mais bonita do mundo.

We can use the comparative in sentences to: / Podemos usar o comparativo em frases como:

Compare quantities: / Comparar quantidades:

There are more cats in her house. / Tem mais gatos na casa dela.

There's less traffic on weekends. / Tem menos tráfego nos finais de semana.

Make comparisons: / Fazer comparações:

She is more beautiful than you. / Ela é mais bonita do que você.

Yesterday was the most special day of my life. / Ontem foi o dia mais especial da minha vida.

Comparative and superlative / Comprativo e superlativo

How can we compare one thing to another? When we say that someone is smart we just know that this person is smart, but when we say that someone is smarter, we know that she or he is smarter than anyone else. We use the comparative form to make comparison between two things or people. / Como podemos comparar uma coisa com outra? Quando nós dizemos que alguém é inteligente apenas sabemos que essa pessoa é inteligente, porém quando dizemos que essa pessoa é mais inteligente, passamos a saber que ela é mais inteligente do que outra pessoa. Usamos a forma comparativa para fazer comparações entre duas coisas ou pessoas.

This is what turns it different from the superlative form. When we say “she is the smallest”, shows us that out of all the people she is the one, she is the winner, nobody is smaller than her. Because of that we use the comparative form we making a comparison between two things or people, as in the example: 'your book is bigger than mine'. And when we want to say that something or someone is unique in that thing then we would have used the superlative form and say: “He has the biggest feet of everybody here”. / Isto é o que a torna diferente da forma superlativa. Quando dizemos “ela é a mais inteligente”, nos mostra que de todas as pessoas ela é única, a vencedora, ninguém é mais inteligente do que ela. Por causa disso usamos a forma comparativa para fazer comparações entre duas coisas ou pessoas, como no exemplo: 'seu livro é maior do que o meu'. E quando queremos dizer que algo ou alguma pessoa é única naquela coisa, em algo, então temos que usar a forma superlativa e dizer: “Ele tem o pé maior que o meu”.

Other examples: / Outros exemplos:

I like you today more than I did yesterday. / Eu gosto de você hoje mais do que eu gostava ontem.

Of all the songs, that one seems the least deserving of the award. / De todas as músicas, aquela era a que menos merecia levar o prêmio.

She is the owner of the best cake ever. / Ela é a dona do melhor bolo de todos.

I can do it better than you. / Eu posso fazer isso melhor do que você.

He is the youngest man in his hometown. / Ele é o homem mais novo da sua cidade.

My mother is older than may father. / Minha mãe é mais velha que meu pai.

Another tips of constructions used in the comparisons are: not so...as and as...as. / Outros tipos de contruções usadas na comparação são: não tão...como e tão...quanto.

Look at the examples: / Veja os exemplos:

I'm not so pretty as you./ Eu não sou tão linda como você.

She is not so shy as me./ Ela não é tão tímida quanto eu.

She is as happy as you are./ Ela está tão feliz quanto nós.

The weather this autumn in my city is as bad as in yours. / O tempo neste outono em minha cidade está tão ruim quanto na sua.