Porque ocorrem os movimentos migratórios

Porque ocorrem os movimentos migratórios
Porque ocorrem os movimentos migratórios

Juliana Bezerra

Professora de História

Os movimentos migratórios no Brasil se caracterizam por ser o deslocamento de cidadãos brasileiros dentro do território nacional.

Este fenômeno ocorre no País desde a sua fundação.

Afinal, o Brasil se formou com a imigração de colonos portugueses e com a imigração forçada dos negros africanos.

Tipos de migração

A migração é o movimento que uma pessoa faz ao deixar sua terra de origem em busca de outro lugar para se estabelecer.

Já migração interna se caracteriza pelo deslocamento de populações dentro de um mesmo país. Isto pode acontecer por motivos econômicos, catástrofes naturais, conflitos, etc.

No Brasil, temos vários exemplos de migração interna por conta dos modelos econômicos implantados no País. Por isso, quando um ciclo econômico se esgotava numa região, seus habitantes tinham que migrar para continuar a viver.

Existem vários tipos de migração interna. Vejamos os principais:

Êxodo rural: deslocamento de populações do campo para a cidade. No Brasil, este fenômeno começou na primeira metade do século XX.

Migração pendular: processo migratório que ocorre de uma cidade pequena para uma grande, diariamente, na região metropolitana das capitais. Neste caso, o migrante não estabelece sua residência no local para onde se desloca. Apenas se dirige ali para estudar ou trabalhar.

Migração sazonal ou transumância: o migrante vai para uma região para cumprir um trabalho específico como recolher frutos, cortar cana-de-açúcar, etc.

Migração de retorno: nas décadas de 10, do século XXI, com o crescimento da economia nordestina, muitos migrantes voltaram aos seus estados de origem.

No período colonial, observamos o primeiro movimento migratório na época da descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII.

No século XIX, com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808 e a Abertura dos Portos, em 1810, verificamos a chegada de vários europeus como franceses, poloneses, suíços, ingleses que vieram se estabelecer aqui.

Também neste século, com o crescimento do cultivo do café e proibição de importar pessoas escravizadas, foi estimulada a imigração italiana e alemã.

Na primeira metade do século XX, com o início da industrialização no Brasil, observamos o começo do êxodo rural para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Para fazermos uma comparação: o Brasil era predominantemente rural na década de 40, porém trinta anos mais tarde, já era um país de maioria urbana.

Exemplo de movimentos migratórios no Brasil foram a construção de Brasília, na década de 50, o estabelecimento da Zona Franca de Manaus (AM), nos anos 60 e a descoberta de ouro em Serra Pelada (PA), na década de 70.

Veja também: A construção de Brasília

Movimentos migratórios no Brasil na atualidade

O processo migratório brasileiro continua acontecendo no século XXI, mas com importantes mudanças a respeito dos anos anteriores.

Grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro já não atraem tanto aos migrantes. Agora, se verifica a busca por cidades de médio porte como Campinas (SP) e Ribeirão Preto (SP).

Igualmente, existe uma nova fronteira agrícola formada por uma faixa que se estende do Mato Grosso passando por Goiás, Tocantins, Maranhão e Piauí até o Pará. Nesta área estão os grandes produtos de exportação do Brasil como a soja e carne, além de minérios.

Também se observa a mudança no perfil do migrante. No passado, as pessoas de baixa renda eram a grande maioria que se deslocavam. Hoje, com acesso à informação, aqueles que têm mais escolaridade são os que estão se movimentando mais dentro do território nacional.

Temos mais textos sobre este assunto para você:

  • Migração
  • Tipos de Migração
  • Imigração no Brasil
  • Serra Pelada

Repórter Justiça - Migração interna (26/10/13). Consultado em 10.09.

DOTA; Ednelson Mariano e QUEIROZ, Silvana Nunes de - Migração interna em tempos de crise no Brasil. Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg. vol.21 no.2 São Paulo May/Aug. 2019 Epub Aug 22, 2019.

BAENINGER, Rosana - Migrações internas no Brasil no século 21: entre o local e o global. Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindoia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.

Migração é o deslocamento populacional pelo espaço geográfico, de forma temporária ou permanente, que desde o início da humanidade têm contribuído para a sobrevivência do ser humano. O homem quem migra o faz por alguma razão e, muitas vezes, a sobrevivência de um determinado grupo social depende de seu deslocamento pelo espaço, como, por exemplo, durante a pré-história, quando os primeiros seres humanos migravam em busca de alimento.

Razões para migração

Dentre as principais razões para a migração estão as de origem:

  • Econômica, quando o migrante sai em busca de melhores qualidades de vida, empregos, salários, muito comum em países ou regiões subdesenvolvidas.

  • Cultural e religiosa, no caso de grupos sociais que migram para o local com o qual identifica, como os muçulmanos que migram para Meca a fim de facilitar a prática de sua religião.

  • Políticas, ocorre com bastante frequência durante crises políticas, guerras, ditaduras, nas quais vários contingentes políticos migram, de forma livre ou forçada, para evitar os problemas de seu país. Exemplo disso, atualmente, são os refugiados sírios que deixam seu país para fugir de uma guerra civil que já dura quase 3 anos e contabiliza mais de 130 mil mortos.

  • Naturais, muito comum em lugares com a ocorrência de desastres ambientais, secas, frio intenso, calor excessivo etc.

Porque ocorrem os movimentos migratórios

Milhares de migrantes, muitos da Síria, Iraque e Afeganistão, realizam a travessia do mar Egeu, da Turquia, para chegar às ilhas gregas – porta de entrada da Europa *

No decorrer da história da humanidade, os grandes fluxos migratórios internacionais, ou seja, as principais direções de migração, ocorreram, principalmente, por razões econômicas, mas nem sempre se deslocaram para o mesmo sentido. Para se ter uma ideia, entre o século XVI até as primeiras décadas do século XX, o principal movimento migratório internacional ocorria da Europa para as outras regiões do globo, já que os países europeus foram os grandes responsáveis pela colonização da América, África e Ásia. No decorrer do século XX, o fluxo migratório passou a ser muito maior no sentido contrário, saindo dos países subdesenvolvidos para os países desenvolvidos da Europa e, principalmente, para os Estados Unidos e Canadá, que têm recebido muitos migrantes de várias partes do mundo, até mesmo da Europa, ou então de países mais pobres para países vizinhos que possuem economias mais estáveis, nesse caso os migrantes aproveitam que a entrada nesses países é facilitada por possuírem menos barreiras burocráticas e migram em busca de melhores condições de vida.

Essa mudança, no fluxo migratório, inicialmente foi bem recebida pelos países desenvolvidos, já que com o grande desenvolvimento econômico e industrial eles necessitavam de mão de obra barata que se sujeitasse a exercer tarefas mais pesadas, mas com o passar do tempo houve uma intensa mecanização no processo produtivo, diminuindo a necessidade de trabalhadores desqualificados. Com isso, muitos imigrantes perderam os seus empregos e passaram a contribuir para o aumento dos problemas sociais (desemprego, miséria, violência etc). Para tentar controlar a entrada de migrantes, e os problemas ocasionados pela grande reserva de trabalhadores desqualificados, vários países do mundo (países da Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá e outros) endureceram suas políticas relacionadas à migração, mas essas medidas não se mostraram eficazes, pois se tornou crescente o número de migrantes que entram nesses países ilegalmente e, por não possuírem visto, não podem trabalhar em trabalhos formais. Outros desafios provocados pelas migrações que os países desenvolvidos precisam lidar é o preconceito e a intolerância que parte de sua população possui em relação aos migrantes, já que por serem culpabilizados pelos problemas sociais e ainda possuírem hábitos e manifestações culturais distintas, muitas vezes são alvo de atitudes de preconceito ou intolerância.

De acordo com um relatório da ONU*, nos primeiros 15 anos do século XXI houve um aumento de 41% no número de migrantes no mundo, que chegou a aproximadamente 244 milhões, desses, cerca de um terço (76 milhões) vivem na Europa, 75 milhões na Ásia, continente que mais recebeu migrantes nesses últimos 15 anos, e 54 milhões na América do Norte. Considerando apenas o país com maior número de migrantes, os Estados Unidos lideram com 47 milhões de migrantes, seguido por Alemanha e Rússia, que possuem 12 milhões cada; Arábia Saudita com 10 milhões; Reino Unido com quase 9 milhões e Emirados Árabes Unidos com 8 milhões. Demonstrando, assim, que pelo menos nessas primeiras décadas do século XXI os fluxos migratórios para os países desenvolvidos ou países subdesenvolvidos com economias mais dinâmicas se manteve.

NOTAS

* Número de migrantes no mundo cresceu 41% entre 2000 e 2015, segundo ONU.

Por Thamires Olimpia

Graduada em Geografia