Por que a gente sente coceira

Da redação com assessorias 16/08/2019 15:04 - Atualizado em 30/04/2020 00:11

Por que a gente sente coceira
Apesar de surgir repentinamente, a coceira pode ser causada por diversos fatores, incluindo doenças mais graves - Foto: PixabayMuita gente sofre com problemas que afetam a pele e que geram coceira intensa, podendo até causar ferimentos. Apesar de ser comum, a ação de coçar pode indicar alguma doença mais séria.

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Segundo a dermatologista Joana Barbosa, a coceira ou prurido é definido como a sensação desagradável ou incômoda na pele, que provoca o ato ou vontade de coçar. "Esse sintoma se manifesta essencialmente na pele e/ou mucosas, podendo variar de leve a intenso, de localizado a generalizado e de intermitente a persistente", comenta a especialista.

Quando intensa e persistente, a dermatologista explica que a coceira vira um grande desafio, pois, em geral, é de difícil tratamento. "As causas da coceira podem ser várias, que vão desde estímulos de natureza química ou física. Quando diagnosticada, deve receber algumas classificações, e isso facilita a identificação das causas", afirma a médica.

De acordo com Joana Barbosa, a sensação de coceira sem um fator causal é considerada prurido primário. Já o secundário é aquele que acompanha uma doença e pode estar associado a problemas cutâneos (dermatite de contato, eczemas, atopia e outros), além de doenças sistêmicas (hepáticas, endócrinas e renais). "Ainda é possível classificar o prurido em agudo, com aparecimento rápido e progressivo; ou crônico, com mais de três semanas de evolução", esclarece a dermatologista.

Ela lembra que o ressecamento da pele é um sintoma que ocorre de forma sazonal, representando uma perda da barreira epidérmica, e pode induzir ou piorar um quadro de coceira. "Nestes casos, chamamos de prurido asteatósico ou xerótico.

Devemos promover o restabelecimento da superfície da pele antes de iniciar o tratamento da doença de base", diz a especialista.

Tratamento

A coceira pode ser tratada, inicialmente, com cuidados gerais da pele por meio da hidratação e da prevenção de danos. "Recomenda-se orientações de banho, uso de emolientes ou óleos e contato com tecidos não sintéticos. Em seguida, deve ser direcionado o tratamento para a doença de base; por exemplo, tratar as infecções, as alterações renais, endócrinas ou hepáticas. Ao mesmo tempo, é necessário melhorar a sensação incômoda de coceira e, para isso, é indicado o uso de anti-histamínicos, antidepressivos e/ou anti-inflamatórios", ressalta Joana.

*Publicado originalmente em 11/10/2017.

Texto originalmente publicado pela Super em 2003

Coçar o corpo pode ser gostoso porque anulamos uma sensação incômoda – a coceira. Nossa pele tem terminações nervosas sensíveis a estímulos químicos (detonados por substâncias) ou físicos (como arranhões, beliscões ou perfurações). Esses receptores se dividem em dois tipos: os de dor e os de coceira. Se sentimos coceira e arranhamos suavemente a pele, são ativados os receptores de dor, o que inibe o prurido. Isso porque, no caminho para o cérebro, dor e coceira trafegam pela mesma via de fibras dentro da medula espinhal, mas não ao mesmo tempo – e a dor tem a preferência nessa “estrada”. A sensação também depende da intensidade do estímulo. Pegar pesado demais na coçada pode machucar e doer de verdade.

A dermatologista Vanessa Feghali De Lucca dá um exemplo: “A picada de uma formiga pode causar uma coceira. Já a de um marimbondo dá dor”. A coceira ainda não foi completamente decifrada pela ciência, justamente por se tratar de um mecanismo muito similar à dor. Um dos maiores avanços nessa área aconteceu em 1997, quando a equipe do cientista alemão Martin Schmelz identificou os receptores específicos para a coceira. Entre as principais causas da coceira estão as reações alérgicas, como as que ocorrem com picadas de insetos, ingestão de alimentos estragados ou rejeição a algum medicamento. “Essas reações ativam o sistema imunológico e, com isso, há a liberação de uma substância chamada histamina”, exemplifica a neurologista Valéria Santoro Bahia, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A histamina estimula quimicamente os receptores da coceira da pele, causando aquele impulso irresistível. Dar uma coçadinha de vez em quando faz bem: “Além de aliviar a coceira, esfregar a pele aumenta o fluxo sanguíneo na região e melhora a defesa imunológica da área afetada”, afirma a médica Valéria. Entretanto, é bom não abusar, pois coçar demais a pele pode causar infecções secundárias e feridas.

1. PICADA VENENOSA

Ao picar uma pessoa, o inseto injeta nela substâncias tóxicas. Células de defesa chamadas mastócitos percebem o veneno e explodem. Assim elas liberam uma substância chamada histamina

2. A REAÇÃO DO CORPO

Solta na corrente sanguínea, a histamina provoca inchaço e estimula receptores nervosos, causando a coceira

Por que a gente sente coceira

Crédito, Getty Images

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Estudos apontam que que experimentamos cerca de cem coceiras por dia

Quando se trata da ciência da coceira, apenas arranhamos a superfície desse mistério, mas essa área negligenciada da medicina está revelando coisas surpreendentes sobre o cérebro humano.

Conheça a seguir as descobertas e fatos curiosos sobre esse fenômeno intrigante.

Estudos apontam que experimentamos cerca de cem coceiras por dia.

Você provavelmente tem uma ou duas agora mesmo. Pode se coçar, ninguém está olhando.

Toxinas incitam a liberação de histaminas, parte da resposta imune do seu corpo.

Isso faz com que as fibras nervosas enviem sinais de coceira ao cérebro.

Até recentemente, pensávamos que a coceira e a dor compartilhavam as mesmas trilhas da nossa rede de nervos.

Mas, em 1997, um estudo revelou que a coceira tem suas próprias fibras nervosas especializadas.

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A coceira não é algo que exclsuivo de seres humanos

Todas as fibras nervosas têm velocidades diferentes.

Os sinais de tato viajam a 320 km/h. A "dor rápida" (que ocorre se você tocar acidentalmente uma panela quente) avança a 128 km/h.

Já os sinais de coceira se arrastam a 3,2 km/h, mais lentamente do que o ritmo de uma caminhada.

Os cientistas provaram isso ao mostrar vídeos de camundongos se coçando para outros animais da mesma espécie.

Logo este grupo começou a se coçar também.

Mas, até o momento, os neurocientistas não têm uma ideia exata de como essa área do cérebro está envolvida neste fenômeno.

O ato de coçar ajuda a afastar insetos ou plantas venenosas.

Também faz com que seus vasos sanguíneos se expandam, permitindo a entrada de glóbulos brancos e plasma para limpar a toxina invasora.

É por isso que sua pele fica vermelha e manchada.

A serotonina é o neurotransmissor que os cientistas creditam por gerar sentimentos de bem-estar e felicidade.

Quanto mais serotonina cruzar seu corpo, mais feliz você se sente.

Não é difícil de entender, portanto, por que às vezes é difícil parar de se coçar.

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O ato de coçar é prazeroso

Isso foi apontado por um estudo publicado no periódico British Journal of Dermatology em 2012.

Os resultados mostraram que a coceira é sentida com mais intensidade no tornozelo.

Este também é o local em que o prazer de coçar é experimentado mais fortemente e onde persiste por mais tempo.

Cuidado com o ciclo da coceira!

Coçar a pele libera histamina extra, enviando mais sinais de coceira ao cérebro.

Se fizer isso muito, você vai machucar a pele, correndo o risco de ter uma infecção.

Pesquisadores descobriram que pessoas que sofrem de coceira crônica sentem níveis de desconforto e depressão semelhantes aos de pacientes com doenças crônicas.

De acordo com um estudo publicado pelo periódico Archives of Dermatology, aqueles que sofrem de coceira por semanas, meses ou até mesmo anos sentiram-se tão debilitados quanto aqueles que sofrem de dor crônica.

E não apenas isso: uma coceira persistente não deve ser ignorada, porque isso é associado a muitas condições, como doença hepática e linfomas.

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