O que é poluição por derramamento de petroleo

Por Juliana Amora[1]

Apesar do petróleo ser a principal fonte de energia atualmente, bem como o responsável pelo crescimento da economia em muitos países, e parâmetro para diversas comodidades da modernidade, o petróleo possui um ponto negativo: é extremamente prejudicial ao meio ambiente, causando diversos danos também a sociedade.

Neste artigo, explicaremos sobre as principais consequências advindas do derramamento de petróleo e alguns apontamentos possíveis, visando soluções para conter, evitar ou minimizar esse problema. Acompanhe conosco! Boa leitura!

O que é o derramamento de petróleo?

É um tipo de poluição causada pelo vazamento do petróleo, geralmente de navios ou plataformas. Para exemplificar a ação do petróleo, imagine o vazamento deste na água, espalhando-se pela superfície e formando uma camada considerável. Certamente, essa camada irá dificultar a passagem da luz e, consequentemente prejudicará a fotossíntese, afetando a vida de todos os seres vivos e organismos que têm o seu habitat na região impactada, tais como os peixes e aves.

Dentro dessa perspectiva, percebe-se que até mesmos os pequenos vazamentos são alarmantes, visto que estes também podem tomar proporções avassaladoras e muitas vezes irrecuperáveis. E, é por isso, que a poluição causada pelo derramamento de petróleo no mar, é considerada como uma das mais graves no mundo.

Quais são as principais causas?

Sabe-se que a extração do petróleo ocorre no fundo do mar. Ela é realizada através de equipamentos em plataformas ou navios, sendo as suas estruturas, as responsáveis por bombear o petróleo que se encontra abaixo do solo, levando até os navios ou oleodutos.

Os danos ambientais, causados pela extração do petróleo, são desencadeados pela exploração, por falhas humanas ou pelo excesso de pressão nos poços. Contudo, independentemente do motivo, uma grande quantidade de petróleo pode vazar, causando acidentes ambientais graves, liberando substâncias tóxicas aos seres vivos e organismos presentes no mar.

Os principais problemas causados pela extração do petróleo:

  • Lançamento no mar, da água utilizada para lavagem de tanques;
  • Acidentes com navios petroleiros;
  • Utilização de embarcações despreparadas;
  • Extração de alto volume, ou seja, que vá além da capacidade do tanque de coleta;
  • Explosão dos poços.

Consequências ambientais do derramamento de petróleo

Como dito anteriormente, o petróleo por ser menos denso do que a água, mantém-se na superfície do oceano. Por esse motivo, ele bloqueia a passagem de luz, impedindo a fotossíntese de diversas espécies de plantas e algas. Assim, esses organismos não conseguem mais produzir matéria orgânica e morrem por falta de energia.

O óleo entra pelas brânquias dos peixes, impedindo sua respiração, levando à morte por asfixia. Ademais, o petróleo gruda no corpo das aves, dificultando a regulação da temperatura e as impedindo de voar. Os mamíferos marinhos também possuem a capacidade de regular a temperatura prejudicada e morrem por causa do frio.

Além disso, os animais podem ingerir o óleo e contaminar toda a cadeia alimentar. O ser humano, além de sentir os impactos ambientais, sofre com a crise econômica, pois este problema afeta a pesca e o turismo.

Esses setores ficam prejudicados por muito tempo, uma vez que os danos causados pelo derramamento de petróleo permanecem por muitos anos. Mesmo quando há ação do homem, para reparar os danos, os resultados podem não ser satisfatórios, visto que a contaminação do ambiente marinho e terrestre podem ser avassaladores.

Soluções para prevenir, conter e evitar esse problema

A prevenção dos acidentes envolvendo vazamento de petróleo, passa pela manutenção frequente das plataformas de exploração e das máquinas utilizadas na extração do óleo. Medidas rígidas de fiscalização e punição daqueles que não cumprem as regras ajudam a coibir as más práticas e minimizam as chances de imprevistos.

Além de prevenir acidentes, é necessário ter atenção a uma prática realizada deliberadamente: o descarte no mar das águas utilizadas na lavagem dos reservatórios dos navios petroleiros ou no processo de extração do petróleo. Esses rejeitos devem ser tratados de maneira adequada antes de serem eliminados.

Investir na prevenção é a melhor maneira de evitar danos ambientais. Entretanto, uma vez acontecido o vazamento, é necessário iniciar com agilidade a recuperação da área atingida para que a correção seja satisfatória.

Em geral, a primeira medida que deve ser adotada é criar uma barreira para evitar que o óleo se espalhe. Essa contenção tem como objetivo proteger portos e áreas sensíveis e desviar o óleo para regiões onde possa ser recuperado.

Considerações Finais

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[1] Juliana Amora é graduanda em Direito pelo Centro Universitário UNA e assessora jurídica do Departamento de Compliance Ambiental e Riscos do grupo Verde Ghaia.

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O uso de combustíveis fósseis para geração de energia em processos urbanos e industriais teve seu início com a Revolução Industrial. De lá para cá, a demanda mundial por energia só aumentou, intensificando a exploração de áreas marinhas em busca de petróleo. Como consequência, episódios de contaminação ambiental por óleo tornaram-se recorrentes, causando graves prejuízos à fauna e flora aquática.

Conteúdo deste artigo

Grande parte do petróleo utilizado atualmente é extraído de bacias sedimentares oceânicas. Este composto é formado pela deposição de matéria orgânica de origem marinha no assoalho oceânico, processo que ocorre em altas profundidades (elevada pressão) e é dependente de alguns fatores como a produtividade primária na coluna d’água (que deve ser elevada), a circulação de água (sendo desejável baixa hidrodinâmica). Tais fatores, conjugados, resultam na decomposição mínima de matéria orgânica, criando condições favoráveis para a formação de petróleo (processo que também está relacionado à dinâmica sedimentar e à qualidade dos sedimentos) ao longo de milhões de anos. O petróleo é uma substância complexa, formada por inúmeros compostos químicos, dentre os quais se destacam os hidrocarbonetos. Estes, por sua vez, correspondem entre 50-98% deste composto, e são representados principalmente por formas alcanas, cicloalcanas e hidrocarbonetos aromáticos. O petróleo também é formado, em menor proporção, por compostos de enxofre (10%) e ácidos graxos (5%), além de inúmeras substâncias nitrogenadas e alguns metais pesados.

Embora extensamente abordados pela mídia, apenas uma pequena parte dos casos de poluição por petróleo estão atrelados à acidentes com grandes navios petroleiros; por outro lado, são as operações rotineiras de transporte de óleo e efluentes urbanos e industriais, os principais responsáveis pelo vazamento de petróleo para o ambiente marinho. No Brasil, a intensa exploração offshore levou ao desenvolvimento de uma rede de terminais marítimos para transporte e distribuição do produto ao longo da costa, aumentando a quantidade de derrames, e, por consequência, o impacto nas comunidades marinhas.

Uma série de processos físico-químicos ocorre quando o petróleo entra em contato com a água do mar. Em primeiro lugar, este composto pode se espalhar na superfície (interface água-ar), formando um filme superficial. Parte do petróleo derramado também pode evaporar, de acordo com as condições de temperatura e batimento do mar, e outra porção deste composto pode se solubilizar na água, processo que ocorre em maior intensidade nas primeiras horas após o derramamento. Além destas transformações, o petróleo também pode ser emulsificado (agregação, aumento do peso e volume de partículas), fracionado mecanicamente (quebrado/rompido) ou submergir na coluna d’água, devido à acréscimos em seu volume. Este composto também pode sofrer foto-oxidação, transformando os hidrocarbonetos originais em outras substâncias como os aldeídos, que são muito mais prejudiciais para a vida marinha do que os componentes originais (hidrocarbonetos). Por fim, o petróleo também pode ser degradado através da ação microbiana, processo conhecido como biodegradação. De forma geral, quanto maior o número de átomos de carbono presente na cadeia carbônica do composto, mais lenta é a sua evaporação e solubilização, tornando esse composto menos susceptível à biodegradação; desta forma, maior será a persistência deste óleo no meio ambiente.

Fatores ambientais e climatológicos também podem regular a intensidade dos impactos gerados pelo vazamento de óleo no ambiente marinho. Regiões mais abrigadas tendem a reter mais petróleo do que áreas hidrodinâmicas (com alta circulação de água), e fenômenos climáticos como a direção e intensidade dos ventos, e oceanográficos como as correntes marítimas, podem influenciar de forma significativa na dispersão e/ou diluição de manchas petrolíferas.

O que é poluição por derramamento de petroleo

Petróleo acumulado em uma praia. Foto: fish1715 / Shutterstock.com

Entre os principais métodos de limpeza deste composto em águas oceânicas, pode-se citar o uso de dispersantes, substâncias químicas que tem como finalidade a quebra das moléculas de petróleo; no entanto, esta estratégia pode ser prejudicial à fauna e flora marinhas, pois a quebra de hidrocarbonetos pode torná-los mais biodisponíveis para as espécies (através da absorção e ingestão de partículas). O uso de barragens flutuantes para conter a dispersão do petróleo, a queima deste combustível na superfície marinha, e a retirada de seu excesso por certos tipos de bóias absorventes presentes em embarcações marítimas, são outras alternativas utilizadas para controlar os vazamentos deste composto no mar.

Impactos sobre a vida marinha

O derramamento de óleo gera prejuízos instantâneos e a longo prazo para a fauna e flora marinhas, dentre as quais as algas, mamíferos e aves estão entre os organismos mais afetados. Em relação ao primeiro grupo, o impacto associado ao excesso de petróleo no ambiente marinho se revela nas taxas fotossintéticas e respiratórias, visto que o petróleo envolve as algas formando um filme que reduz a difusão de gases. Já os mamíferos e aves marinhas são afetados através da ingestão de hidrocarbonetos provenientes do petróleo, que envenenam estes animais. Além disso, a contaminação por óleo também interfere no isolamento térmico de mamíferos como lontras marinhas, por exemplo, e compromete o mecanismo de impermeabilização das penas de pássaros, prejudicando seu voo e mergulho no oceano, além de expor a pele sensível destes animais à temperaturas extremas, levando à morte por hipotermia.

O que é poluição por derramamento de petroleo

Aves são apenas um dos grupos de animais afetados pelo óleo derramado no mar. Foto: wim claes / Shutterstock.com

O petróleo também pode afetar peixes e invertebrados, pois apresenta efeito toxicológico. Mesmo após a limpeza do ambiente, partículas petrolíferas podem permanecer nas áreas afetadas por um longo período de tempo, sendo absorvidas e/ou ingeridas por organismos marinhos. Tais substâncias (hidrocarbonetos) podem acumular-se nos tecidos das espécies, afetando principalmente o fígado e gônadas – órgãos ricos em lipídeos. Desta forma, alterações nas taxas respiratória e de crescimento, deficiências reprodutivas e o inchaço do fígado, são fenômenos comumente observados para estes animais. O vazamento de óleo também pode afetar negativamente a sobrevivência de ovos e larvas de peixes juvenis.

Referências:

Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.

International Bird Rescue. https://www.bird-rescue.org/our-work/research-and-education/how-oil-affects-birds.aspx

NOOA: National Ocean Service. https://oceanservice.noaa.gov/facts/oilimpacts.html

NOOA: Office of Response and Restoration. https://response.restoration.noaa.gov/about/media/how-do-oil-spills-out-sea-typically-get-cleaned.html

Water Encyclopedia: Science and Issues. http://www.waterencyclopedia.com/Oc-Po/Oil-Spills-Impact-on-the-Ocean.html