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Show Noticia O Fique por Dentro desta semana mostra algumas personalidades surdas e ouvintes que fizeram história e conta um pouco a história dos surdos.
Trajetória das pessoas surdas: pessoas que ajudaram a escrever essa história A história dos surdos é fascinante. Entre exclusão, conquistas, retrocessos e reconquistas, se entrelaça à abordagem acerca das línguas de sinais e é escrita por muitas pessoas que contribuíram para a educação e formação das pessoas surdas. Alguns pensam que só ouvintes agiram nesse processo e os surdos apenas reagiram a iniciativas. Engano! Os próprios surdos têm mostrado seu protagonismo, revelado suas habilidades e escrito sua história ao longo dos anos. O Fique por Dentro desta semana mostra algumas personalidades surdas e ouvintes que fizeram história e conta um pouco a história dos surdos. Pessoas surdas que fizeram história Por muitos séculos, os surdos foram privados de educação e de vários outros direitos, mas no século XVIII aconteceram transformações profundas a partir do uso das línguas de sinais como línguas de instrução para os surdos, trazendo grandes saltos qualitativos para a sua educação e qualidade de vida. De pessoas às quais a sociedade antes considerara desprovidas da faculdade da razão, os surdos passaram a aprender com eficiência e a exercer papéis antes não imaginados para eles. Surgiram obras escritas por surdos, como as Observations de Pierre Desloges, publicada em 1779. Formaram-se engenheiros surdos, professores surdos, filósofos surdos, intelectuais surdos, líderes e militantes das comunidades surdos. Nessa época, muitas das escolas para surdos que iam sendo criadas tinham professores surdos e eram dirigidas por surdos. Os surdos também fundavam outras escolas em vários lugares do mundo. Dentre as personalidades surdas desse período, destacam-se:
Infelizmente, os relatos da comunidade surda não parecem ter sido registrados em tão grande volume como aconteceu com as personalidades ouvintes, mas encorajamos o leitor a pesquisar em outras fontes, como na produção da professora e pesquisadora surda Karin Strobel. Um dos materiais da professora Karin é referência para esta postagem. Voltando um pouco: a história anterior do povo surdo Nem sempre os surdos foram tratados de forma humana. Strobel mostra que na Idade Antiga os surdos eram adorados no Egito e na Pérsia, pois se acreditava que eles se comunicavam com os deuses, mas na Grécia e em Roma, eles eram assassinados e os que escapavam eram escravizados. Na Idade Média, eram tidos como objeto de curiosidade, como seres estranhos. Não podiam participar dos sacramentos religiosos, não tinham direito de casar, de receber herança, etc. Alguns eram assassinados pelas próprias famílias. Isso começa a mudar na Idade Moderna. O médico e filósofo Girolomo Cardamo concluiu que os surdos tinham habilidade para a razão e podiam aprender. Ele se comunicava com os surdos por meio de sinais e da escrita. Nesse período, famílias nobres começaram a prover as condições para a educação dos filhos surdos, preocupadas com o que aconteceria com suas heranças. Assim, esses filhos eram ensinados a falar e a ler para que pudessem receber os títulos e a herança. A partir daí, surgiram diversos educadores de surdos. Alguns educadores de surdos que ganharam notoriedade Como mostra Strobel, Berthier argumentava que houve várias iniciativas de educação de surdos, mais ou menos eficazes, que não tiveram notoriedade. Alguns dos educadores mais citados na história dos surdos são:
A continuidade no protagonismo das pessoas surdas Os surdos seguem exercendo seu protagonismo e usando seus talentos. Continuam surgindo artistas, professores, intelectuais, escritores surdos. Alguns exemplos no século XX são:
Hoje, há muitos surdos produzindo e pesquisando sobre o povo surdo e a cultura surda. Dentre estes mencionamos as professoras e pesquisadoras Gladis Perlin (UFSC) e a própria Karin Strobel (UFSC). Vá adiante, conheça as pessoas surdas e conheça mais sobre elas! *A expressão “surdo-mudo” era usada na época, mas já caiu em desuso. Veja o texto sobre nomenclaturas. **Para compreender melhor o conceito de povo surdo, leia os textos de Strobel e Peixoto. Links abaixo. Saiba mais: A surdez consiste na ausência total ou parcial de sons, decorrente de problemas auditivos. As primeiras referências aos surdos são encontradas na Lei Hebraica, na época do povo Hebreu. A deficiência auditiva na GréciaNo Egito, os surdos eram adorados, como se fossem deuses, serviam de mediadores entre os deuses e os faraós, sendo temidos e respeitados pela população. Na Antiguidade, alguns povos os lançavam ao mar ou em penhascos. Na Grécia, os surdos eram tratados como seres incompetentes e que por não possuírem uma linguagem, não eram capazes de raciocinar. Assim, não tinham direitos, eram marginalizados e muitas vezes condenados à morte. Sócrates, em 360 a.C., declarou que era aceitável os surdos se comunicarem com as mãos e o corpo. Os Romanos, influenciados pelo povo grego, também viam os surdos como seres imperfeitos e os excluía da sociedade. Mais tarde, Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos surdos pagavam por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os surdos podiam comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala, eram aceitos para a salvação da alma. John Beverley, em 700 d.C., foi o primeiro a ensinar uma pessoa surda a falar (em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de surdos. Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão “surdo-mudo” deixou de ser a designação do Surdo. Entretanto, foi o monge beneditino espanhol Pedro Ponce de León que recebeu créditos como o primeiro professor para surdos ao desenvolver um alfabeto manual, que ajudava os surdos a soletrar as palavras. Juan Pablo Bonet, padre espanhol, deu continuidade ao trabalho de León, ensinando os surdos a lerem e a falarem, utilizando outra metodologia, o método oral. Já, John Bulwer, médico britânico, publicou vários livros defendendo o uso de gestos entre os surdos. Nesse sentido, John Wallis (1616 a 1703) desistiu de ensinar os surdos a oralidade, dedicou-se somente a ensiná-los a escrever usando gestos. A criação do Instituto Nacional de Surdos-MudosO primeiro Instituto Nacional de Surdos-Mudos foi criado em Paris, por Charles Michel de L’Épée, nascido em 1712. Este instituto reconhecia a pessoa surda como um ser que tem a sua própria língua. Na Idade Contemporânea, Pierre Desloges publicou o primeiro livro escrito por um surdo. Ele se tornou surdo ao adquirir varíola aos sete anos, aprendendo a comunicar-se apenas por gestos. Em 1880, com a realização da Convenção Internacional de Milão, os educadores presentes determinaram a supremacia dos métodos orais puros. Sendo assim, qualquer forma de comunicação sem ser oral era proibida, sendo esses surdos rejeitados. A história dos surdos no BrasilNo Brasil, uma língua nacional de sinais passou a ser difundida a partir do segundo império. O educador francês Hernest Huet era surdo e foi o introdutor dessa metodologia aqui no Brasil. Ele fundou o Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos, por meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, no Rio de Janeiro, com apoio do imperador D. Pedro II. Este Instituto tratava crianças surdas somente do sexo masculino. Um século após sua fundação, por meio da Lei nº 3.198, de 6 de julho, a instituição tornar-se-ia o Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), que inicialmente utilizava a língua dos sinais, mas que em 1911 passou a adotar o oralismo puro. (O oralismo puro consiste em efetivar a comunicação por meio do entendimento dos movimentos normais dos lábios (lábios-leitura, leitura labial e leitura orofacial). O século XX assistiu, até a década de 60, uma abordagem quase exclusivamente oralista entre as escolas de surdos e nesta década estudos demonstraram insuficiente eficácia destes métodos no desenvolvimento linguístico e cognitivo da pessoa surda. Nos anos 50, uma série de inovações aconteceu em benefício à surdez. Surgiram, por exemplo, as primeiras escolas normais e jardins de infância para crianças surdas. Após esse período começou um movimento pelo resgate da língua de sinais, de forma bimodal (dois modos de linguagens), como uma fala de instrução, por meio da Filosofia da Comunicação Total (fazer uso simultâneo da língua de sinais e da língua oral). Fontes retiradas: A história da Educação do surdo. (Professor Isaías Leão). Em 1970, já havia tratamento para bebês surdos. Já em 1980, o INES intensificou o trabalho de pesquisas sobre a Língua Brasileira de Sinais e sobre a educação de surdos, criando o primeiro curso de especialização para professores na área da surdez. O Bilinguismo passou então a ser difundido. A reivindicação dos direitos nos anos 80Nos anos 80 e 90 teve início um movimento reivindicatório dentro da comunidade surda, advogando a primazia da língua de sinais na educação dos surdos, concomitante com o aprendizado da linguagem oral de forma diglossia (duas línguas independentes, ensinadas ou praticadas em momentos distintos). Atualmente, o INES é um centro de referência com atendimento diversificado para atender os surdos no Brasil. Outros nomes importantes para a história dos surdos nacional e internacionalmente são:
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