Paralisia de Bell sinais de melhora

Paralisia de Bell sinais de melhora

Resumo. A paralisia de Bell é a lesão mais comum do nervo facial, caracterizando-se por um déficit motor agudo, comprometendo toda uma hemiface (metade da face) e atingindo o máximo em 72 horas, nesta fase variando entre um déficit motor total a parcial da musculatura hemifacial. O tratamento preconizado da PB é feito com corticosteróide e antiviral, devendo ser iniciado dentro das primeiras 72 horas, pois neste prazo pode diminuir a probabilidade de sequela. No geral o prognóstico da PB é bom, ocorrendo sinais de recuperação no primeiro mês em ~54% dos casos e aos 6 meses em ~85% dos casos; recuperação parcial ocorre em 10-15% dos pacientes com vários tipos de sequelas.

O que é a paralisia facial de Bell.  O nervo facial (NF) controla a motricidade da face, suprindo toda musculatura relacionada a expressão facial . O NF facial, nasce no sistema nervoso central a nível da ponte e atravessa o osso temporal; além de inervar a musculatura da expressão facial o nervo facial também contém ramos que controlam glandulas (salivares e lacrimal) e o paladar na língua. A PB é a lesão mais comum do NF, afeta o sexo masculino e feminino igualmente com prevalência  aproximada de 25 casos/100 hab ano (Minnesota, USA). A PB é um déficit motor agudo na musculatura da expressão facial, que se completa dentro de 72 horas após início, parece ser mais comum em diabéticos e hipertensos; recentemente infecção pelo vírus herpes simples têm sido evidenciada. Em geral a PB é unilateral (raramente bilateral) e monofásica (recidivas ocorrem em 8% dos casos). 

Paralisia de Bell sinais de melhora

A PB afeta um lado da face, sendo diferente de AVC.  O déficit motor dos músculos faciais na PB, atinge o máximo em 72 hrs, variando entretanto em intensidades leve, moderada a severa em cada caso. No lado comprometido, verifica-se que a PB compromete toda a hemiface, na parte inferior ocorre apagamento do sulco nasolabial, na parte média uma ptose e dificuldade no fechamento palpebral ,e, na parte superior  uma  dificuldade de franzir a fronte; este último achado diferencia a PB (figura  2) de uma paralisia central por AVC, na qual o déficit compromete apenas a parte inferior da face..

A face lesada então se torna assimétrica, desviada para o lado normal , com apagamento do sulco naso-geniano, lagoftalmo, desaparecimento das rugas e vincos faciais (a face fica lisa); fica difícil assobiar, franzir a testa e os alimentos ficam presos entre a bochecha e gengiva. O fechamento da pálpebra fica dificultado e na tentativa de fechá-la, ela permanece aberta e o olho faz uma rotação para cima (Sinal de Bell). No mesmo lado da PB associam-se alteração do paladar, lacrimejamento e dor retroauricular leve. Paralisia facial bilateral é rara na PB, estando na maioria dos casos relacionada a causa benigna como síndrome de Guillain-barré, encefalite de tronco cerebral, síndrome de Miller-Fisher,  hipertensão intracraniana benigna e multineuropatia craniana.

Paralisia de Bell sinais de melhora

O tratamento com corticosteróide e antiviral deve ser feito nas primeiras 72 hrs  da PB. As recomendações mais atuais para tratamento da PB (Baugh RF et al., 2013), indicam que após o reconhecimento da PB, deve-se instituir tratamento com prednisolona e antiviral (aciclovir, etc), dentro das primeiras 72 horas. Os antivirais parecem produzir um benefício adicional àquele da prednisolona, devendo ser prescritos não como monoterapia mas conjuntamente à prednisolona. Salientamos que a prednisolona está relativamente contra indicada em diabetes mellitus, obesidade mórbida, gravidez, doença psiquiátrica e intolerância prévia a esteróide. Também é importante o uso de colírio e protetor ocular para prevenção de ulcera de córnea, complicação esta, que pode culminar em perda visual devido ao ressecamento da córnea. Descompressão cirúrgica do NF facial não é tratamento recomendado na atualidade para PB (Baugh RF et al., 2013).

Diagnóstico e prognóstico. Diagnóstico refere-se aos meios clínicos e exames complementares que possam confirmar a neuropatia, o prognóstico, refere-se probabilidade da neuropatia evoluir com ou sem sequela (leve a severa). Na PB típica é extremamente prioritário o tratamento e não a investigação (Baugh RF et al., 2013). Devem ser investigados casos atípicos, ou seja, aqueles que apresentem paralisia com progressão além de 1 mês, ausência de retorno da função em 6 meses, envolvimento de outros nervos cranianos, dor cranial persistente desde o início do quadro, perda auditiva, sintomas vestibulares e otorreia (Klein CM et al., 2005). A ENMG do NF pode confirmar o diagnóstico clínico e pela medida dos potenciais motores (amplitude distal), pode indicar possibilidade de sequelas em função da redução desta amplitude; a ENMG entretanto é mais utilizada nos casos atípicos que na PB típica. 

Recuperação e sequelas na PB. Conforme discutimos no capítulo das lesões do nervo periférico, o nervo facial é um nervo relativamente curto e a recuperação do mesmo é determinada principalmente pela severidade da lesão. No geral a recuperação da PB é boa ocorrendo  sinais de recuperação no primeiro mês em ~54% dos casos e ~85% dos casos até os 6 meses; recuperação parcial ocorre em 10-15% dos pacientes com vários tipos de sequelas, as quais, podem ser relacionadas a fatores prévios como idade avançada, hipertensão arterial e paralisia facial severa (total). As principais sequelas são paralisia facial residual, espasmo hemifacial, sincinesia facial, mioquimia facial, sudorese gustatória, sudorese durante exercício, lágrimas de crocodilo etc. Recidivas podem ocorrer em 7,1% dos casos de PB.

Referências

Baugh RF, Basura GJ, Ishii LE Et al. Clinical practice guideline: Bell's Palsy executive summary. Otolaryngol Head Neck Surg. 2013 Nov;149(5):656-63

Klein CM. Diseases of the seventh cranial nerve. In: Dick PJ, Thomas PK. Peripheral Neuropathy 4th Ed, Philadelphia: Elsevier - Saunders (USA) 2005: pag 1219-1252

Oh SJ. In: Clinical Electroneuromyography: Nerve Conduction Studies. 3th ed, Philadelphia: LWW (2002) USA, pp 665-680

A paralisia de Bell, também conhecida como paralisia facial periférica, acontece quando o nervo facial fica inflamado e a pessoa perde o controle dos músculos de um lado do rosto, resultando em boca torta, dificuldade para fazer expressões e até sensação de formigamento.

Na maior parte das vezes, essa inflamação é temporária e acontece após uma infecção viral, como é caso da herpes, da rubéola ou da caxumba, melhorando entre algumas semanas até 6 meses. Mas também pode ser uma situação permanente, especialmente se existir alguma lesão no percurso do nervo facial.

O ideal é que qualquer tipo de paralisia facial seja avaliada por um médico, até porque, numa fase inicial pode ser sinal de uma situação mais grave, como um AVC, devendo ser corretamente identificada e tratada.

Principais sintomas

Alguns dos sintomas mais característicos da paralisia de Bell incluem:

  • Paralisia de um lado do rosto;
  • Boca torta e olho descaído;
  • Dificuldade para fazer expressões faciais, comer ou beber;
  • Dor ligeira ou formigamento no lado afetado;
  • Olho e boca secos;
  • Dor de cabeça;
  • Dificuldade para segurar a saliva.

Estes sintomas geralmente aparecem de forma rápida e afetam um lado do rosto, embora, em casos mais raros, também possa haver inflamação do nervo em ambos os lados do rosto, fazendo com que os sintomas apareçam dos dois lados da face.

Os sintomas da paralisia de Bell são semelhantes com alguns sinais de problemas graves, como AVC ou tumor cerebral, e por isso é importante que sempre exista avaliação de um médico.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico normalmente é iniciado com uma avaliação dos músculos do rosto e dos sintomas relatados, mas o médico também pode pedir alguns exames complementares, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e alguns exames de sangue. Estes testes, além de ajudar a chegar no diagnóstico da paralisia de Bell também permitem despistar outros problemas que podem ter como sintoma a paralisia facial.

O que pode causar a paralisia de Bell

A causa exata que causa a inflamação do nervo facial e o surgimento da paralisia de Bell ainda não é conhecida, no entanto, é comum que este tipo de alteração surja como após infecções virais como:

  • Herpes, simples ou zoster;
  • HIV;
  • Mononucleose;
  • Doença de Lyme.

Além disso, é mais comum em grávidas, pessoas com diabetes, pacientes com infecções do pulmão ou quando existe histórico da paralisia na família.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a paralisia de Bell pode ser feito através do uso de medicamentos e sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, sendo que a maioria das pessoas se recupera completamente em até 1 mês de tratamento.

No entanto, existem várias opções de tratamento:

1. Remédios

O tratamento medicamentoso da paralisia de Bell deve ser indicado por um neurologista e consiste no uso de corticoides, como prednisona ou prednisolona, e antivirais, como o aciclovir ou vanciclovir, que podem começar a serem usados até 3 dias depois do início dos sintomas.

Como a paralisia de Bell provoca contração muscular na face pode levar ao surgimento de dor, e nestas situações, podem ser recomendado a utilização de analgésicos, como a aspirina, dipirona ou paracetamol para aliviar este sintoma.

Além disso, se a paralisia impede o fechamento de um dos olhos, é preciso passar uma pomada diretamente no olho antes de dormir para protegê-lo evitando o ressecamento extremo, e durante o dia é importante o uso de um colírio lubrificante e de óculos de sol para proteger do sol e do vento. 

2. Fisioterapia 

Nas sessões de fisioterapia a pessoa realiza exercícios que ajudam a fortalecer a musculatura facial e melhorar a circulação sanguínea no nervo, como:

  1. Abrir e fechar os olhos com força;
  2. Tentar levantar as sobrancelhas;
  3. Aproximar as sobrancelhas, formando rugas verticais;
  4. Franzir a testa fazendo aparecer rugas horizontais na testa;
  5. Sorrir com força, mostrando os dentes e sem mostrar os dentes;
  6. Dar um 'sorriso amarelo';
  7. Apertar os dentes com força;
  8. Fazer um 'beicinho';
  9. Colocar uma caneta na boca e tentar fazer um desenho numa folha de papel;
  10. Aproximar os lábios como se quisesse 'mandar beijo';
  11. Abrir a boca o máximo que conseguir;
  12. Franzir o nariz, como se sentisse um mau-cheiro;
  13. Fazer bolinhas de sabão;
  14. Encher balões de ar;
  15. Fazer caretas;
  16. Tentar abrir as narinas.

Estes exercícios também podem ser feitos em casa para melhorar os sintomas mais rapidamente, mas devem ser sempre orientados por um fisioterapeuta, de acordo com cada caso.

Durante a realização destes exercícios o fisioterapeuta poderá usar um cubo de gelo enrolado numa folha de guardanapo para deslizar sobre a área paralisada como forma de estímulo para a contração muscular. Para ajudar a pessoa a fazer a contração o terapeuta poderá ajudar o sentido do movimento colocando 2 ou 3 dedos no rosto, que depois são retirados para que a pessoa consiga manter a contração adequadamente. 

3. Acupuntura

Alguns estudos têm sido desenvolvidos para avaliar os benefícios da acupuntura no tratamento para a paralisia de Bell, e alguns resultados apontam que esta técnica da medicina tradicional chinesa pode melhorar a função e reduzir a rigidez dos nervos da face, através da estimulação da fibras nervosas na pele e dos músculos do rosto. Veja mais como é feita a acupuntura.

4. Cirurgia

Em algumas situações, a cirurgia pode ser indicada pelo médico, principalmente em casos em que há bastante comprometimento do nervo facial, que somente é confirmado após fazer o exame de eletroneuromiografia. 

Após a cirurgia, pode ser indicado a realização de psicoterapia, para um apoio psicológico, porque quando a face fica muito diferente do que era antes, pode ser difícil para pessoa se reconhecer e se aceitar, principalmente quando se precisa desenvolver atividades profissionais em que há contato com outras pessoas.

5. Fonoaudiologia 

A sessões de fonoaudiologia são indicadas para reabilitação da pessoa que teve uma paralisia de Bell, pois ajuda a recuperar os movimentos e as expressões do rosto, além de ajudar a estimular as funções de fala, mastigação e deglutição. Este tipo de terapia deve ser feito por um profissional treinado e a quantidade de sessões por semana e o tempo de tratamento será determinado pelo fonoaudiólogo junto com o médico.

Quanto tempo demora a recuperação 

A recuperação completa deve acontecer em aproximadamente 3 a 4 meses, sendo que logo que se inicie a fisioterapia poderão ser notados alguns avanços. Cerca de 15% das pessoas que possuem essa paralisia facial periférica não se recuperam completamente, podendo haver necessidade de uso de botox ou de realizar uma cirurgia meses depois.